NA CRUZ[1]
“Ele salvou a muitos e a si mesmo não pôde
salvar-se.”
Mateus, 27:42
Sim, ele redimira
a muitos...
Estendera o amor e a verdade, a paz e a luz; levantara enfermos e ressuscitara
mortos.
Entretanto, para
ele mesmo erguia-se a cruz entre ladrões.
Em verdade, para
quem se exaltara tanto, para quem atingira o pináculo, sugerindo indiretamente
a própria condição de Redentor e Rei, a queda era enorme...
Era o Príncipe da Paz e achava-se vencido pela guerra dos
interesses inferiores.
Era o Salvador e não se salvava.
Era o Justo e padecia a suprema injustiça.
Jazia o Senhor
flagelado e vencido.
Para o consenso
humano era a extrema perda.
Caíra, todavia, na
cruz.
Sangrando, mas de
pé.
Supliciado, mas de
braços abertos.
Relegado ao
sofrimento, mas suspenso da Terra.
Rodeado de ódio e
sarcasmo, mas de coração içado ao Amor.
Tombara, vilipendiado e esquecido, mas, no outro dia,
transformava a própria dor em glória divina. Pendera-lhe
a fronte, em pastada de sangue, no madeiro, e
ressurgia, à luz do sol, ao hálito de um jardim.
Convertia-se a derrota escura em vitória
resplandecente. Cobria-se o
lenho afrontoso de claridades celestiais Para a Terra inteira.
Assim também ocorre no círculo de nossas vidas.
Não tropeces no
fácil triunfo ou na auréola barata dos crucificadores.
Toda vez que as circunstâncias te compelirem a
modificar o roteiro da própria vida, prefere o sacrifício de ti mesmo,
transformando a tua dor em auxílio para muitos, porque todos aqueles que
recebem a cruz, em favor dos semelhantes, descobrem o
trilho da eterna ressurreição.
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