domingo, 30 de dezembro de 2018

NO MUNDO


NO MUNDO[1]
Andre Luiz

Se te devotas ao Evangelho de Jesus, não te esqueças, de que a treva pede luz, de que o mal pede o bem, de que a dor pede consolo, de que a chaga pede alívio, de que o pântano pede socorro, de que o incêndio pede água, de que a ignorância pede ensino, de que a maldade pede bons exemplos, de que o ódio pede amor, de que a maldição pede bênçãos, de que a penúria pede assistência e compreensão.
Não olvides, se procuras o Mestre, que Jesus foi claridade para cegos, limpeza para os hansenianos, movimento para os inertes e entendimento para os loucos.
E se desejas unir-te ao Senhor, serve incessantemente ao mundo, porque o mundo é a bendita escola onde trabalharemos, dia a dia, a obra-prima de nossa veste nupcial para comparecermos, um dia, renovados e felizes, ao banquete da alegria imortal.


[1] Livro: Tende Bom Animo – psicografia de Francisco Cândido Xavier e Carlos Antonio Baccelli, Edit. FEB. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
   Fonte da imagem: http://planeta-terra.info/

A PERGUNTA DO GUIA


 A PERGUNTA DO GUIA[1]
Irmão José

D. Maria Rita era médium de incorporação.
Embora os achaques constantes, era devotada ao serviço.
Trabalhava com afinco, organizando a sopa que o Centro Espírita oferecia aos mais carentes.
Confeccionava enxovais para os recém-nascidos.
Aplicava passes aos enfermos.
Orientava os jovens.
No entanto, estava sempre atormentada por muitas dores. Distúrbios estomacais, cefaleias, reumatismo...
Um dia, logo após deitar-se, saiu de forma consciente do corpo, encontrando-se com Logogrifo, o vigilante guia espiritual que lhe orientava as atividades da terra.
Bondoso amigo – principiou por dizer a serva do bem – Tenho feito o que posso...
Luto comigo mesma para perseverar na tarefa, mas o meu fardo pesa muito...
Peço-lhe que interceda por minha saúde, pois estou cansada de médicos e remédios...
E meio sem jeito, arrematou: Será que já não tenho merecimento suficiente para me livrar de vez dos males que me atormentam?!
Fitando-a, sorridente e afável, o protetor simplesmente indaga:
Minha irmã, e se você se liberasse dessas pequeninas indisposições orgânicas que a mantêm vinculada à fé, distanciando-se do caminho em que vem cumprindo com fidelidade os deveres que competem?!
D. Maria Rita nada respondeu, contudo dali para frente, o seu semblante, antes carregado e taciturno, iluminou-se de uma nova alegria.


[1] Livro: Tende Bom Animo – psicografia de Francisco Cândido Xavier e Carlos Antonio Baccelli, Edit. FEB. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.

sábado, 29 de dezembro de 2018

MÁ VONTADE


MÁ VONTADE[1]


“Não vos comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas.”
Paulo
Efésios, 5:11

Má vontade gera sombra.
A sombra favorece a estagnação.
A estagnação conserva o mal.
O mal entroniza a ociosidade.
A ociosidade cria a discórdia.
A discórdia desperta o orgulho.
O orgulho acorda a vaidade.
A vaidade atiça a paixão inferior.
A paixão inferior provoca a indisciplina.
A indisciplina mantém a dureza de coração.
A dureza de coração impõe a cegueira espiritual.
A cegueira espiritual conduz ao abismo.
Entregue às obras infrutuosas da incompreensão, pela simples má vontade; pode o homem rolar indefinidamente ao precipício das trevas.


[1] Livro: Pão Nosso – Ditado pelo Espírito Emmanuel; psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. 66 Edit. FEB. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
   Fonte da imagem:  http://www.otaviosaleitao.com.br/noticias/pesquisa-ibope-mostrou-uma-ma-vontade-generalizada-confira

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

FERMENTO VELHO


FERMENTO VELHO[1]

"Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que seja uma nova massa."
Paulo
I Coríntios 5:7

Existem velhas fermentações de natureza mental, que representam tóxicos perigosos ao equilíbrio da alma.
Muito comum observarmos companheiros ansiosos por íntima identificação com o pretérito, na teia de passadas reencarnações.
Acontece, porém, que a maioria dos encarnados na Terra não possui uma vida pregressa respeitável e digna, em que possam recolher sementes de exemplificação cristã.
Quase todos nos embebedávamos com o licor mentiroso da vaidade, em administrando os patrimônios do mundo, quando não nos embriagávamos com o vinho destruidor do crime, se chamados a obedecer nas obras do Senhor.
Quem possua forças e luzes para conhecer experiências fracassadas, compreendendo a própria inferioridade, talvez aproveite algo de útil, relendo páginas vivas que se foram. Os aprendizes desse jaez, contudo, são ainda raros, nos trabalhos de recapitulação na carne, junto da qual a Compaixão Divina concede ao servo falido a bênção do esquecimento para a valorização das novas iniciativas.
Não guardes, portanto, o fermento velho no coração.
Cada dia nos conclama à vida mais nobre e mais alta.
Reformemo-nos, à claridade do Infinito Bem, a fim de que sejamos nova massa espiritual nas mãos de Nosso Senhor Jesus.


[1] Livro: Vinha de Luz – Ditado pelo Espírito Emmanuel; psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. 64, Edit. FEB. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
Fonte de imagem: https://estudosbiblicos.gospelprime.com.br/vai-um-fermento-ai/

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

AMOR A SI MESMO


AMOR A SI MESMO[1]

Jesus viveu o amor a si mesmo, à medida que se entregava ao próximo, a Humanidade.

O amor que se deve oferecer ao próximo é consequência natural do amor que se reserva a si mesmo, sem cuja presença muito difícil será a realização plena do objetivo da afetividade.
Somente quando a pessoa se ama é que pode ampliar o sentimento nobre, distribuindo-o com aquelas que a cercam, bem como o estendendo aos demais seres vivos e à mãe Natureza.
O amor a si mesmo deve ser desenvolvido através da meditação e da autoanálise, porque, ínsito no ser, necessita de estímulos para desdobrar-se, enriquecendo a vida.
Esse autoamor é constituído pelo respeito que cada qual se deve ofertar, trabalhando em favor dos valores éticos que lhe jazem latentes e merecem ser ampliados, de forma que se transformem em luzes libertadoras da ignorância e em paz de espírito que impregne as outras vidas.
Sem esse amor a si mesmo, a pessoa não dispõe de recursos para encorajar o seu próximo no empreendimento da autovalorização e do auto crescimento, detendo-se nas sensações mais grosseiras do imediatismo, longe dos estímulos dignificantes e libertadores.
O amor a si mesmo dá dimensão emocional sobre a responsabilidade que se deve manter pela existência e sobre o esforço para dignificá-la a cada instante, aprofundando conhecimentos e sublimando emoções, direcionadas sempre para as mais elevadas faixas da Espiritualidade.
Dessa forma, é fácil preservar-se as conquistas interiores e desenvolvê-las mediante a aplicação dos códigos da fraternidade e da compaixão, da caridade e do perdão.
A consciência de si mesmo, inspirada pelo autoamor torna-se lúcida quanto aos enganos cometidos, ensejando-se oportunidade de reparação, ao tempo em que faculta ao próximo a compreensão das suas dificuldades na busca da felicidade.
Compreendendo a finalidade da existência terrena, a pessoa desperta para o amor a si mesma, trabalha sem desespero, confia sem inquietação, serve sem humilhação, produz sem servilismo e avança sem tensões perturbadoras no rumo dos objetivos essenciais da vida.
O amor a si mesmo contribui para a valorização das conquistas logradas e torna-se estímulo para novos tentames com vistas à realização de uma existência plena.
Ninguém, que se disponha a amar sem resolver as inquietações internas, que lhe produzem desamor, que conspiram contra a autoestima, conseguirá o desiderato.
Invariavelmente a falta do amor a si mesmo decorre de conflitos que remanescem da infância mal amada, de frustrações acumuladas e de projetos que não se consumaram conforme foram anelados, dando surgimento aos complexos de inferioridade, a insegurança e a fugas psicológicas.
Muitas vezes, a pessoa que se não ama, encontra motivos frívolos para justificar o sentimento de vazio existencial, transferindo para o próximo àquilo que gostaria de desfrutar ou de possuir.
São detalhes físicos, que parecem retirar o conforto e a satisfação pessoal, na aparência ou na constituição, dificuldades de inteligência, posição social, problemas na saúde que, sem dúvida, não merecem maior consideração, e deverão ser enfrentados de maneira positiva, diferente, proporcionando estímulos para novos enfrentamentos, vitória a vitória.
Durante muito tempo, a pessoa coleciona o azinhavre da insatisfação consigo mesma, atribuindo-se fracassos que, em realidade, jamais ocorreram, infelicidades que não têm justificação, quando fazem comparações com outras pessoas que acredita; ditosas e sem problemas.
Em uma atitude conflitiva, tenta amar-se, em luta feroz por acumular dinheiro, conseguir destaque na sociedade, tornar-se importante, invejada... Entrega-se ao trabalho exaustivo, inconscientemente para fugir à sua realidade, ou supondo-se insubstituível no desempenho da tarefa ou realização a que se entrega.
Ao começar a amar-se, descobrem que são as pequenas coisas, aquelas aparentemente sem grande importância, que constituem significados alentadores.
Momentos de solidão para autoanálise e reflexão, instantes de prece silenciosa, refazimento através da música, de caminhadas tranquilas, de carícias a crianças ou animais, de cuidados com plantas, flores e adornos vivos, sentindo a vida fluir de todo lado.
Em outras ocasiões, conversações edificantes, destituídas de objetivos imediatistas, cuidados com a alma, preservando-lhe a lucidez em relação aos deveres e aos compromissos que lhe dizem respeito.
A seguir, torna-se necessária uma avaliação daquilo que é útil em relação ao que é secundário e a que se atribui significado exagerado.
O amor a si mesmo desempenha uma ação auto terapêutica, porque liberta dos conflitos de autopunição, de autocensura e de autocompaixão.
A compreensão dos próprios limites e possibilidades enseja um sentimento de alegria pelo já conseguido e de encorajamento em relação ao que ainda pode ser alcançado.
No cultivo desse propósito, o egoísmo não consegue alojamento, porque não há a ambição de posse ou de domínio, de superioridade ou de vitória, senão sobre as próprias paixões perturbadoras.
Jesus viveu o amor a si mesmo, à medida que se entregava ao próximo, à Humanidade.
Nunca se permitiu descurar da tarefa para a qual veio ao mundo.
Jamais se facultou transferir o culto do dever, mesmo quando perseguido, caluniado, vigiado pelos adversários gratuitos.
Não se facultou a tristeza ou a depressão, embora não faltassem motivos e circunstâncias para conduzi-lo ao desânimo.
Impertérrito manteve-se afável com os enfermos e cansativos companheiros de ministério, dócil ante as misérias morais dos doentes da alma compadecidos da ignorância que vigia em toda parte, confiante em Deus em todos os instantes, até mesmo no Calvário...
...E por conhecer a grandeza de que era constituído não falhou, não temeu, não deixou de amar, embora desamado, injuriado e aparentemente vencido, terminando por vencer todas as injunções perversas e seus sequazes.


[1] Livro: Garimpo de amor – Ditado pelo Espírito Joana de Angelis, psicografia de Divaldo P. Franco, Edit. LEAL. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
Fonte da imagem:  https://amigosterapeutas.wordpress.com/2016/08/09/perdoar-a-si-mesmo/

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

PODERES OCULTOS


PODERES OCULTOS[1]


“E onde quer que ele entre; fosse nas cidades, nas aldeias ou nos campos, depunham os enfermos nas praças e lhe rogavam que os deixasse tocar ao menos na orla de seu vestido; e todos os que nele tocavam, saravam.”
Marcos, 6:56

Não raro, surgem nas fileiras espiritualistas estudiosos afoitos a procurarem, de qualquer modo, a aquisição de poderes ocultos que lhes confira posição de evidência. Comumente, em tais circunstâncias, enchem-se das afirmativas de grande alcance.
O anseio de melhorar-se, o desejo de equilíbrio, a intenção de manter a paz, constituem belos propósitos; no entanto, é recomendável que o aprendiz não se entregue a preocupações de notoriedade, devendo palmilhar o terreno dessas cogitações com a cautela possível.
Ainda aqui, o Mestre Divino oferece a melhor exemplificação.
Ninguém reuniu sobre a Terra tão elevadas expressões de recursos desconhecidos quanto Jesus. Aos doentes, bastava tocar-lhe as vestiduras para que se curasse de enfermidades dolorosas; suas mãos devolviam o movimento aos paralíticos, a visão aos cegos.
Entretanto, no dia do Calvário, vemos o Mestre ferido e ultrajado, sem recorrer aos poderes que lhe constituíam apanágio divino, em benefício da própria situação.
Havendo cumprido a lei sublime do amor, no serviço do Pai, entregou-se à sua vontade, em se tratando dos interesses de si mesmo. A lição do Senhor é bastante significativa.
É compreensível que o discípulo estude e se enriqueça de energias espirituais, recordando-se, porém, de que, antes do nosso, permanece o bem dos outros e que esse bem, distribuído no caminho da vida, é a voz que falará por nós a Deus e aos homens, hoje ou amanhã.


[1]  Livro: Caminho Verdade e Vida – Ditado pelo Espírito Emmanuel; psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. 70, Edit. FEB. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
 Fonte de imagem:  http://thecabulouso.blogspot.com/2013/01/poderes-mentais.html

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

REPRESSÃO


REPRESSÃO[1]
Chorar é muito natural. Quando estamos em contato com nossas emoções e sentimentos, sabemos o que eles nos querem dizer e mostrar.
Não devemos reter nossas lágrimas. São elas nossas energias emocionais que se materializam e precisam ser expressas.
Chorar é muito natural. Quando estamos em contato com nossas emoções e sentimentos, sabemos o que eles nos querem dizer e mostrar sobre nossas carências e nossas relações com os outros.
Quase todos nós aprendemos como sentir ou como esconder nossas emoções na infância. A formação da nossa personalidade está ligada, sem contar a outros tantos fatores, ao aprendizado da vida atual. Fatos e atitudes semelhantes costumam provocar nas crianças emoções comparáveis; portanto, não podemos nos esquecer da influência do meio e da cultura no desenvolvimento de nossa emotividade.
Emoções e sentimentos são simples e primários; são como são: não adianta enfeitá-los ou tentar explicá-los. O desenvolvimento, porém, da nossa maneira de “sentir agindo” se forma de acordo com nosso grau evolutivo somado à nossa vontade e ao ambiente em que vivemos.
Ninguém sente emoções somente em determinadas partes do corpo, mas sim em todo o organismo. No entanto, a mesma emoção pode provocar atitudes completamente diversas nas pessoas.
Durante uma apresentação teatral ou musical, podemos observar as mais controvertidas emoções na plateia diante das mesmas circunstâncias de estímulo. Os seres humanos são espíritos milenares que vivem temporariamente em corpos transitórios; essa a razão da diversidade de sentimentos.
Em caso de falecimento de entes queridos, chorar de modo intenso é uma emoção perfeitamente compreensível. Porém, se aprendemos com adultos preconceituosos que “homens nunca devem chorar”, reprimimos nossas emoções naturais e passamos a criar barreiras psicológicas em nossa vida íntima. É saudável, pois, em certas circunstâncias, demonstrar tristeza; reprimi-la é doentio.
Não estamos nos referindo aos comportamentos espetaculares de exibição dramática, mas à necessidade de expressar a dor da separação.
Muitos escondem suas lágrimas, pois querem demonstrar a seus amigos e familiares que são altamente espiritualizados. Afirmam que o choro é reação anormal de criaturas revoltadas. Na verdade, esse julgamento infeliz é observado nos denominados “juízes ideológicos”; perderam suas conexões com a sensibilidade.
Alguns aprenderam que não devemos chorar pelos nossos mortos queridos, pois lhes ensinaram que, enquanto permanecerem derramando lágrimas, seus afetos não ficarão em paz. O verdadeiro problema que se estabelece é a rebeldia e a inconformação perante as Leis da Vida, não as lágrimas que derivam da saudade e do amor que nutrimos pelos seres que partiram.
Outros reagem ante os funerais de familiares com um “entorpecimento emocional”, não derramando uma lágrima sequer. Pessoas podem acusá-los de indiferentes e insensíveis, por não conseguirem avaliar o cansaço físico excessivo dessas criaturas naquele momento, pelas noites e noites desgastantes que viveram durante a longa doença do afeto que partiu.
Outros ainda tomam atitudes de coragem impassível diante da dor, por terem aderido a doutrinas estoicas. Posteriormente, no entanto, sentem-se culpados, porque não choraram o quanto queriam chorar.
Para os que têm fé e aceita a vida após a morte, a separação é vista de forma temporária, ficando mais fácil para eles superarem os momentos dolorosos do “adeus” na desencarnação. Sabem que o progresso é inevitável e, por isso, consideram a morte o fim de uma etapa e o início de outra melhor.
“Sensibiliza os Espíritos o lembrarem-se deles os que lhes foram caros na Terra.” (55)
As lágrimas são mensageiras da saudade, são as águas cristalinas do coração, que surgem das profundezas de nossa alma.
X.X.X
As mutilações de qualquer gênero são sempre uma repressão cruel e violenta às leis naturais da vida.
Os espíritos transitam por uma escala vastíssima de reencarnações, através dos milênios, ocupando posições ora masculinas ora femininas, o que lhes confere, geralmente, certas características bissexuais. Ser homem ou mulher é uma transitoriedade do mundo físico.
Além das diversidades biológicas, naturais e inerentes dos corpos masculinos e femininos, encontramos outras tantas nas áreas psíquicas, sociais e reencarnatórias. Todas essas diferenças sofrem as pressões das regras sociais da educação vigente e dos costumes de uma época, juntamente com a ação das glândulas sexuais. Isso nos leva a classificar as atitudes humanas com certas predominâncias, masculinas ou femininas.
Os espíritos não têm sexo; portanto, em toda personalidade humana existem traços de masculinidade e de feminilidade. Isso não quer dizer que uma mulher com traços masculinos seja anormal, mas sim que existem aspectos sexuais típicos e diferentes em cada criatura.
Dessa forma, cada ser se distingue por determinadas peculiaridades no mundo afetivo e, por isso, a tendência emocional da criatura, muitas vezes, difere e independe de sua morfologia orgânica.
Na infância, os pais se encarregam de transmitir às crianças as primeiras noções sobre sexualidade, mas nem sempre guiam seus filhos para um bom entendimento das faculdades genésicas. Em muitas ocasiões, fixam preconceitos na mente infantil, os quais, mais tarde, gerarão diversos desequilíbrios da libido.
As religiões ortodoxas e controladoras atribuem ao sexo uma proibição divina. Afirmam que todos os seres humanos nascem com o “pecado original”, ou seja, pelos erros sexuais cometidos por Adão e Eva, considerados como os “pais da humanidade”, e que todos precisam ser purificados pelo batismo. Colocam ainda a abstenção sexual como condição imprescindível para se atingir a santidade, olvidando-se de que tudo o que existe na Natureza foi gerado por Deus e que a sexualidade é parte integrante de nossa criação divina.
Adultos imaturos do ponto de vista espiritual reprimem os impulsos sexuais nas crianças, atribuindo malícia ou precocidade, por desconhecerem que as energias sexuais são forças criativas inerentes aos seres humanas e importantíssimas para seu desenvolvimento psicoemocional.
Desconhecem ainda que somente pequena parte dessa energia age na atividade sexual propriamente dita. O restante dessa força criativa se generaliza nas manifestações das atividades sociais, intelectuais, físicas, emocionais e espirituais do indivíduo. Ao inibirem um setor, estão comprometendo o todo, quer dizer, os seres humanos não funcionam por partes separadas, mas num processo de interdependência. Não podemos tocar num elemento sem afetarmos todo o crescimento psicológico em evolução.
“Que se deve pensar das mutilações operadas no corpo do homem...? (...) A Deus não pode agradar o que seja inútil e o que for nocivo lhe será sempre desagradável. (...) Deus só é sensível aos sentimentos que elevam para ele a alma. Obedecendo-lhe à lei e não a violando é que podereis forrar-vos ao jugo da vossa matéria terrestre.” (56)
A energia sexual pode trazer satisfações tanto nas atividades afetivas e emocionais quanto em quaisquer das atividades intelectuais, espirituais e orgânicas, proporcionando ao indivíduo uma sensação de bem-estar e facilitando sua criatividade.
A ideia de sexualidade proposta pela Doutrina Espírita há mais de cento e quarenta anos, encontra apoio nas modernas teorias psicológicas, leva o indivíduo a uma ótica transcendente do sexo e o faz abandonar essa visão simplista, biológica e materialista; a que ele sempre foi relegado.
Entendemos por mutilação não somente a privação ou a destruição visível de partes do nosso corpo, mas também a ocorrida de forma imperceptível, oculta ou velada.
Podemos cobrir os impulsos sexuais com o manto da simulação. Substituímo-los por outros, inventamos desculpas e álibis convincentes para ocultá-los de nós mesmos e dos outros; porém, eles não desaparecem.
As mutilações de qualquer gênero são sempre uma repressão cruel e violenta às leis naturais da vida; no entanto, todos nós somos convocados a planejar uma vida sexual equilibrada.
Abstenção imposta gera desequilíbrio, mas a educação, aliada ao controle e à responsabilidade, será sempre a meta segura para o emprego respeitável e nobre das forças sexuais.

Referencias:
55 LE 320 – Sensibiliza os Espíritos o lembrarem-se deles os que lhes foram caros na Terra?
Muito mais do que podeis supor. Se são felizes, esse fato lhes aumenta a felicidade. Se são desgraçados, serve-lhes de lenitivo.”
56 LE 725 – Que se deve pensar das mutilações operadas no corpo do homem ou dos animais?
A que propósito, semelhante questão? Ainda uma vez; inquiri sempre vós mesmos se é útil aquilo de que porventura se trate. A Deus não pode agradar o que seja inútil e o que for nocivo lhe será sempre desagradável. Porque, ficai sabendo, Deus só é sensível aos sentimentos que elevam para ele a alma. Obedecendo-lhe à lei e não a violando é que podereis forrar-vos ao jugo da vossa matéria terrestre.



[1] Livro: As Dores da Alma – Ditado pelo Espírito Hamed; psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto, Edit. Boa Nova. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
Fonte da imagem: http://danielladidio.com.br/divertidamente-o-que-seria-de-nos-sem-as-emocoes/

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

ACUSAÇÃO INDÉBITA


ACUSAÇÃO INDÉBITA[1]

No capítulo da censura, comumente chega a nossa vida um momento de perplexidade, à frente do quais muito companheiros se mostram ameaçados pelo desânimo.

Não se trata da ocasião em que somos induzidos a reprovar os outros e nem mesmo daquela em que somos repreendidos, em razão de nossas quedas.
Reportamo-nos à hora em que nos vemos acusados por faltas que não perpetramos e por intenções que nos afloram à mente.
Desejamos falar das circunstâncias em que somos julgados por falsas aparências, dando lugar a comentários depreciativos em torno de nós mesmos.
* * *
Teremos agido no bem de todos e, em seguida, analisados sob o prisma diferente, qual se estivéssemos diligenciando gratificar o próprio egoísmo; de outras vezes assumimos posição de auxílio ao próximo, empenhando nossas melhores energias, e tivemos nossas palavras ou providências, sob a interpretação infeliz, atraindo-nos à crítica desapiedada, até mesmo naqueles amigos a quem oferecemos o coração.
Atingindo esse ponto nevrálgico no caminho, não te permitas o mentiroso descanso no esmorecimento.
Traz-se a consciência tranquila, entre os limites naturais de tuas obrigações ante as obrigações alheias, ora pelos que te censuram ou injuriam e prossegue centralizando a própria atenção no desempenho dos encargos que o senhor te confiou, de vez que o tempo é o juiz silencioso de cada um de nós.
* * *
Ouve a todos, trabalhando e trabalhando.
Responde a tudo, servindo e servindo.
* * *
Nos dias nublados, quando as sombras se amontoem ao redor de teus passos, converte Toda tendência à lamentação em mais trabalho, e transfigura as muitas palavras de auto justificação, que desejarias dizer, em mais serviço, conversando com os outros através do idioma inarticulado do dever retamente cumprido, porquanto se, em verdade, não temos o coração claramente aberto à observação dos que nos cercam no mundo, a todo instante, a justiça nos segue e em toda parte Deus nos vê.


[1] Livro: Rumo Certo – Ditado pelo Espírito Emmanuel; psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. 11 Edit. FEB. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
   Fonte da imagem: https://pt.depositphotos.com/52997337/stock-illustration-accusation.html