quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

AMOR E RESISTÊNCIA


AMOR E RESISTÊNCIA[1]

O amor é possuidor de coragem imbatível, onde quer que se apresente.
Assevera-se equivocadamente que o amor torna a pessoa fragilizada, dependente, sujeita a ser enganada, em razão da confiança que deposita em outras criaturas que não são dignas sequer de respeito, menos de consideração.
O argumento, destituído de qualquer legitimidade, serve de bengala psicológica para aqueles que sofrem de conflitos e de insegurança, encontrando motivo para evadir-se da prática do sentimento elevado.
O amor fortalece sempre aquele que o cultiva, porque o vitaliza, e quando se direciona a alguém, de maneira nenhuma o torna submisso a esse afeto. Dá-lhe, ao inverso, uma visão correta dos valores que exornam o caráter do outro, sem que isso lhe diminua o sentimento que vigora em forma de estímulo e socorro, nunca para usufruir e beneficiar-se.
Certamente há muitas pessoas que não sabem entender o sublime fenômeno do amor, e se utilizam dessa dádiva com que os demais as honram, não correspondendo à confiança, procurando tirar proveito, enganar, explorar...
O amor, porém, não se equivoca quando é verdadeiro e tem as suas raízes fincadas nos objetivos elevados da lídima fraternidade.
É claro que percebe as manhas e deficiências morais daquele a quem se dirige, exatamente por ser nobre e produtivo, nunca se submetendo a quaisquer caprichos.
Se, por acaso, cede, em alguns momentos, talvez seja para demonstrar a qualidade de que se constitui, porém perfeitamente lúcido, conseguindo discernir os aparentes dos verdadeiros valores morais.
O amor é possuidor de coragem imbatível, onde quer que se apresente.
Quando Jesus jornadeava sob o peso da cruz pela via dolorosa, em abandono por quase todos aos quais se doara, estoicas mulheres que O amavam, romperam com o preconceito e desacataram o status perverso que as considerava inferiores, para segui-lo ao Calvário e ali ficarem até o momento ex-tremo.
Impulsionadas por essa energia incoercível, enfrentaram os doestos e as chocarrices dos maus e dos insanos sem qualquer receio, conscientes do dever de acompanhar Aquele que as convidara para o banquete da felicidade, ajudando-as a vencer todas as barreiras que as isolavam do mundo social, submetendo-as aos caprichos e às paixões primitivas dos dominadores das suas existências.
...E tornaram-se símbolo de vitória sobre as injunções penosas que as restringiam.
O amor deu forças a Jesus na Cruz, de forma que suportou todas as crueldades que Lhe foram impostas com sobranceria e misericórdia.
Fê-lo silenciar diante dos falsamente fortes, que pareciam ter poder sobre a Sua vida, permanecendo calado diante da massa ignara que tanto amava, para comunicar-se com o criminoso ao Seu lado, no momento extremo, concedendo-lhe esperança de renovação e de imortalidade em triunfo.
Resistindo à debilidade orgânica sob o exaurir das energias, foi o amor que Lhe facultou prosseguir durante as horas agônicas em irrestrita confiança em Deus.
Não bastassem todos os testemunhos, demonstrando a excelência desse incomparável sentimento, ainda pôde rogar ao Pai que perdoasse a ignorância e a ignomínia daquelas criaturas perdidas em si mesmas, que O matavam.
O amor é portador de expedientes inesperados, abrindo portas que pareciam fechadas e ampliando o seu campo de ação quando tudo são limites e pequenezes.
Foi o amor que levou o Mestre a reconvocar Simão Pedro ao ministério espiritual, arrancando-o do remorso resultante da negação e da culpa, de tal forma que, renovado, mais tarde se deu também em holocausto, tocado pela magia irradiante desse sublime sentimento.
Também foi o amor que inspirou o Rabi a buscar Judas nas regiões penosas do Mundo Espiritual inferior, para facultar-lhe oportunidades de redenção e de progresso através dos tempos, edificando-o para sempre.
Não há conjuntura difícil que o amor não solucione, nem situação penosa que não suavize e acalme.
A pessoa que ama não é ingênua, que possa ser facilmente enganada, nem é sagaz, astuta, para dominar. É lúcida, consciente do significado da vida e dos objetivos que deve perseguir, investindo-se de sentimentos relevantes, para que alcance, patamar a patamar, as Esferas da Imortalidade vitoriosa.
Quando não é autêntico, o amor é irracional, deixando-se amesquinhar e vencer pelos agiotas e chantagistas da emoção perturbada. Facilmente se re-bela e se desconcerta, tombando no desânimo e na mágoa, porque as suas não são as estruturas de segurança que facultam a elevação e conduzem ao bem verdadeiro.
O investimento no amor é o de maior segurança e rentabilidade, porque de sabor eterno, sem perigo de perder-se ou ser defraudado sob qualquer aspecto.
Há uma claridade interna que vige no amor, na qual tudo se esclarece e se torna fácil de entendimento.
Como luz, o amor é fonte inexaurível de energia benéfica, facultando saúde e promovendo a paz.
Enquanto existe, não se lhe extingue a luminescência nem lhe escasseia a harmonia.
Quando amas, tornas-te generoso e afável, mas não pródigo em excesso ou dedicado em extremo, caso as circunstâncias não te favoreçam com os meios para expores os sentimentos de afetividade e companheirismo.
Por isso, ninguém pode prejudicar-te ou desmerecer-te a confiança, em razão da claridade interior que te leva ao discernimento dos parâmetros que devem orientar a expansão da tua afabilidade.
Diante do leito do filhinho enfermo, noites a fio, pais abnegados têm forças para resistir a todos os lances dos dramas cruéis, sustentados pelo amor, sem dar-se conta de si mesmos, dos seus limites e das suas possibilidades.
Ama, portanto, a cada criatura, especialmente aquelas que não são dignas de amor, como filhos doentes que estão no seio da Humanidade esperando a tua doação, a fim de crescerem e de se libertarem das imperfeições morais em que se firmam.
Amando sempre, alcançarás o objetivo existencial e terás resistência para todos os embates que a vida sempre reserva.


[1] Livro: Garimpo de amor – Ditado pelo Espírito Joana de Angelis, psicografia de Divaldo P. Franco, Edit. LEAL. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
Fonte da imagem:  https://lojong.com.br/artigo/onde-esta-o-amor-na-resistencia-de-hoje-em-dia/

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

MÃOS LIMPAS


MÃOS LIMPAS[1]


“E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias.”
Atos, Cap. 19:11

O Evangelho não nos diz que Paulo de Tarso fazia maravilhas, mas que Deus operava maravilhas extraordinárias por intermédio das mãos dele.
O Pai fará sempre o mesmo, utilizando todos os filhos que lhe apresentarem mãos limpas.
Muitos espíritos, mais convencionalistas que propriamente religiosos, encontraram nessa notícia dos Atos uma informação sobre determinados privilégios que teriam sido concedidos ao Apóstolo.
Antes de tudo, porém, é preciso saber que semelhante concessão não é exclusiva. A maioria dos crentes prefere fixar o Paulo santificado sem apreciar o trabalhador militante.
Quanto custou ao Apóstolo a limpeza das mãos?
Raros indagam relativamente a isso.
Recordemos que o amigo da gentilidade fora rabino famoso em Jerusalém, movimentara-se entre elevados encargos públicos, detivera dominadoras situações; no entanto, para que o Todo-Poderoso lhe utilizasse as mãos, sofreu todas as humilhações e dispôs-se a todos os sacrifícios pelo bem dos semelhantes.
Ensinou o Evangelho sob zombarias e açoites, aflições e pedradas.
Apesar de escrever luminosas epístolas, jamais abandonou o tear humilde até a velhice do corpo.
Considera as particularidades do assunto e observa que Deus é sempre o mesmo Pai, que a misericórdia divina não se modificou, mas pede mãos limpas para os serviços edificantes, junto à Humanidade. Tal exigência é lógica e necessária, pois o trabalho do Altíssimo deve resplandecer sobre os caminhos humanos.


[1]  Livro: Caminho Verdade e Vida – Ditado pelo Espírito Emmanuel; psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. 74, Edit. FEB. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
 Fonte de imagem:  https://sites.google.com/site/luanalavagemdasmaos/

CONSIDERAÇÕES SOBRE A DIVINDADE E EXISTÊNCIA DE JESUS


UM POUCO SOBRE JESUS – O CRISTO DE DEUS
CONSIDERAÇÕES SOBRE A DIVINDADE E EXISTÊNCIA DE JESUS[1]

PERGUNTA: — Que dizeis a respeito do dogma católico, que afirma ter sido Jesus o próprio Deus encarnado, feito homem para salvar a humanidade?
RAMATÍS: — Em verdade, Jesus é o Espírito mais excelso e genial da Terra, da qual é o seu Governador Espiritual. Foi também o mais sublime, heroico e inconfundível Instrutor entre todos os mensageiros espirituais da vossa humanidade. A sua encarnação messiânica e a sua paixão sacrificial tiveram como objetivo acelerar, tanto quanto possível, o ritmo da evolução espiritual dos terrícolas, a fim de proporcionar a redenção do maior número possível de almas, durante a "separação do joio e do trigo, dos lobos e das ovelhas", no profético Juízo Final já em consecução no século atual.
PERGUNTA: — Podereis referir alguns aspectos e detalhes, quanto ao critério dessa separação em duas ordens distintas?
RAMATÍS: — O "trigo" e as "ovelhas" simbolizam os da "direita" do Cristo: são os pacíficos, altruístas, humildes e compassivos, representantes vivos das sublimes bem-aventuranças do Sermão da Montanha. O caso é semelhante ao que se processa num jardim, quando o jardineiro decide arrancar as ervas daninhas que asfixiam as flores; e, em seguida, aduba a terra, a fim de obter uma floração sadia e bela.
O outro grupo de espíritos situados à "esquerda" do Cristo, referidos na profecia como sendo o "joio" ou os "lobos", compõem-se dos maus, dos cruéis, avarentos, irascíveis, orgulhosos, egoístas, hipócritas, luxuriosos ou ciumentos. Semelhantes à erva daninha do jardim, eles serão "arrancados" ou "excluídos" da Terra para um planeta inferior, compatível com suas paixões e vícios. No entanto, como o Pai jamais perde uma só ovelha do seu rebanho, tais "esquerdistas", depois de "limpos" ou "redimidos" no exílio planetário purgatorial, regressarão à sua velha morada terrena para harmonizar-se à sua humanidade.
Conseqüentemente, os exilados da Terra sentir-se-ão "estranhos" no planeta para onde foram expulsos; e, em certas horas de nostalgia espiritual, criarão também a lenda de um Adão e Eva enxotados do Paraíso, por haverem abusado da "árvore da vida”. Então, no astro-exílio surgirá uma versão nova da lenda dos "anjos decaídos", como já aconteceu há milênios, na Terra, por parte dos exilados de outros orbes submetidos a juízo final semelhante. E quando esses expatriados voltarem a reencarnar na Terra, que é a sua "casa paterna", então o Pai se rejubilará!
No Terceiro Milênio, a Terra será promovida a um grau sideral ou curso espiritual superior, algo semelhante ao ginásio do currículo humano, cujos inquilinos ou moradora; serão os espíritos graduados à "direita" do Cristo, conforme João diz no seu Apocalipse (Cap. XXI, vers. 27): — "Não entrará nela (Terra) coisa alguma contaminada, nem quem cometa abominação ou mentira, mas somente aqueles que estão escritos no livro da vida do Cordeiro". Em verdade, no Terceiro Milênio[2], entrarão na Terra, pela "porta" da reencarnação, os espíritos devidamente ajustados ao Evangelho de Jesus, no simbolismo das "ovelhas", do "trigo" e dos "direitistas".
PERGUNTA: — Qual uma ideia mais ampla, quanto a Jesus ser o "Salvador" dos homens, conforme aludistes há pouco?
RAMATÍS: — As profecias do Velho Testamento sempre se referiram a um Messias, eleito de Deus, "Salvador" da humanidade terrena e libertador do Povo de Israel, cativo dos romanos. Mas os profetas não explicaram qual seria a natureza dessa "salvação" nem deixaram quaisquer indicações que pudessem esclarecer os exegetas modernos. No entanto, a humanidade do século XX já está capacitada para entender o sentido exato do vocábulo "Salvador", e também qual é a natureza da tarefa de Jesus junto aos homens.
O seu Evangelho, como um "Código Moral" dos costumes e das regras da vida angélica, proporciona a "salvação" do espírito do homem, libertando-o dos grilhões do instinto animal e das ilusões da vida material. Essa "salvação", no entanto, ainda se amplia noutro sentido, porque os redimidos ou "salvos" dos seus próprios pecados também ficam livres da emigração compulsória para um planeta inferior, cujo acontecimento já se processa na vossa época, simbolizado pelo "Fim dos Tempos" ou "Juízo Final"!
“Os evangelizados ou “salvos” das algemas das paixões da animalidade devem corresponder ao simbolismo do “trigo”, da -’ovelha” ou da "direita" do Cristo, a fim de ficarem desobrigados de uma emigração retificadora para outro orbe inferior, sendo-lhes permitido reencarnar-se na Terra, participando da humanidade sadia e pacífica predita para o Terceiro Milenio2. Em conseqüência, a humanidade futura será composta dos "escolhidos" a "direita" do Cristo e perfeitamente integrados no seu Evangelho redentor.
PERGUNTA: — Qual a outra afirmação da Igreja Católica, de que Jesus era o "Filho de Deus", como a segunda pessoa da Santíssima Trindade manifesta na carne?
RAMATÍS: — Jesus nunca afirmou que era o próprio Deus manifesto na segunda pessoa da Santíssima Trindade, nem se pronunciou diferente da natureza dos demais homens. Mas deixou bem claro a sua condição de irmão de todos os homens e filhos do mesmo Deus, quando por diversas vezes assim se dirigiu aos seus discípulos: "Eu vou a meu Pai e a vosso Pai, a meu Deus e a vosso Deus". B' evidente, nesse conceito, que ele se referia a Deus como o Pai de todos os homens; e a todos os homens como filhos desse mesmo Deus.
PERGUNTA: — Poderíeis citar-nos algum fato ou versículo do Novo Testamento, comprovando-nos o fato de Jesus não ser o próprio Deus encarnado?
RAMATÍS: — Deus, o Absoluto, o Infinito, jamais poderia ser enclausurado ou "comprimido" nas limitações da forma humana, assim como um pequeno lago não pode suportar e conter o volume das águas do oceano!
A Terra, planeta de educação primária a se mover entre bilhões de outros planetas mais evoluídos, jamais poderia justificar a derrogação das leis do Universo Moral, no sentido de o próprio Deus tomar a forma humana, para "salvar" a humanidade terrícola, ainda dominada pela cupidez, sensualidade, avareza, ciúme e orgulho! Isso seria tão absurdo, como se convocar um sábio da categoria de Einstein para ensinar os rudimentos da aritmética aos alunos primários!
Deus jamais precisaria encarnar-se na Terra para despertar os terrícolas, quanto aos objetivos superiores da vida imortal. A revelação espiritual não se faz de chofre; ela é gradativa e prodigalizada conforme o entendimento e o progresso mental dos homens. Assim, em épocas adequadas, baixaram à Terra instrutores espirituais como Antúlio, Numu, Orfeu, Hermes, Crisna, Fo-Hi, Lau Tse, Confúcio, Buda, Maharshi, Ramacrisna, Kardec e Ghandi, atendendo particularmente às características e aos imperativos morais e sociais do seu povo. Jesus, finalmente sintetizou todos os conhecimentos cultuados pelos seus precursores, e até por aqueles que vieram depois dele. O seu Evangelho, portanto, é uma súmula de regras e de leis do "Código Espiritual", estatuído pelo Alto, com a finalidade de promover o homem à sua definitiva cidadania angélica.
Aliás, é Jesus quem nos comprova não ser ele o próprio Deus, porquanto do alto da cruz, num dos seus momentos finais significativos, exclamou: — "Pai! Perdoai, pois eles não sabem o que fazem"! Por conseguinte, é absolutamente lógico e evidente que a sua súplica ao Pai, rogando pelos seus algozes, demonstra a existência na cruz do martírio de um "filho espiritual", feito homem e não o próprio Deus!  
Se Jesus fosse o próprio Céu feito carne, por que então ele se dirigiu a um Pai que, sem dúvida, estava nos Céus?[3]
PERGUNTA: — Somos de opinião que.Jesus, apesar de toda sua capacidade espiritual e graduação angélica, gozava de uma assistência excepcional do Alto. Essa designação de "Filho de Deus" devia referir-se mais propriamente ao fato dele exercer uma atividade incomum na Terra. Não é assim?
RAMATÍS: — Não foi a condição excepcional da "Filho de Deus", como um ser divino e acima da contextura humana dos terrícolas, nem o efeito de uma assistência privilegiada, o sustento de Jesus na sua obra redentora, mas a sua fé ardente e convicção inabalável em favor da humanidade terrena. Ele já possuía em si mesmo, por força de sua hierarquia espiritual, a ventura ou a paz tão desejada pelo homem terreno. O êxito absoluto na sua tarefa salvacionista não dependeu de proteções celestiais privilegiadas; mas, do seu amor intenso e puro, de seu afeto desinteressado e incondicional para com o homem! Essas virtudes expandiam-se naturalmente de sua alma e contagiavam quanto o cercavam, assim como o cravo e o jasmim não pode evitar que o perfume inerente à sua natureza floral também se desprenda sobre as demais flores do jardim!
Jesus não tinha dúvidas quanto à realidade do "Reino de Deus" a ser fundado entre os homens, porque esse ideal era manifestação espontânea de sua própria alma, já liberada da roda viciosa das encarnações planetárias. Nada mais o atraía para os gozos e os entretenimentos da vida carnal! Todo o fascínio e convite capcioso do mundo exterior não conseguiam aliciá-lo para o seu reinado "cesariano", ou fazê-lo desistir daquele "reino de Deus", que ele pregava ao homem, no sentido de "salvá-lo" da ilusão e do cativeiro carnal!
A tarefa messiânica de Jesus desenrolava-se sem quaisquer hesitações de sua parte, sustentada pela vivência superior do seu próprio espírito. A sua presença amiga e o seu semblante sereno impressionavam a todos os ouvintes, quer fossem os apóstolos, discípulos, simpatizantes, homens do povo ou até inimigos!
Assim como o calor revigora o corpo enregelado, sua presença semeava o ânimo e a esperança, fazendo as criaturas esquecerem os próprios interesses da existência humana. A fonte que mitiga a sede dos viandantes não precisa de "interferências misteriosas" para aliviar os sedentos; ela já possui o atributo refrescante como condição inerente à sua própria natureza. Jesus também era uma fonte sublime e abençoada de "água espiritual", sempre pronta a mitigar a sede de afeto, de alegria e de esperança dos peregrinos da vida terrena, sem usar de armas agressivas, de moedas, de recursos políticos, de credenciais acadêmicas para divulgar a "Boa Nova" ! Em vez de recrutar os seus discípulos entre os doutos e os ricos, escolheu-os entre os pescadores rudes e Ignorantes, porém honestos e sinceros. Espírito magnânimo e sábio, embora humilde, ninguém poderia superá-lo ou vencê-lo no ambiente terráqueo, pois sua aura excelsa, radiante de luz, embora imperceptível aos sentidos dos que o cercavam, traçava fronteiras defensivas contra as más intenções e os maus pensamentos dos seus detratores.
PERGUNTA: — Porventura Jesus também evoluiu de modo idêntico aos demais homens, conforme vos referistes às suas encarnações noutros mundos?
RAMATÍS: — Jesus também foi imaturo de espírito e fez o mesmo curso espiritual evolutivo através de mundos planetários, já desintegrados no Cosmo. Isso foi há muito tempo, mas decorreu sob o mesmo processo semelhante ao aperfeiçoamento dos demais homens. Em caso contrário, o Criador também não passaria de um ente injusto e faccioso,capaz de conceder privilegias a alguns de seus filhos preferidos e deserdar outros menos simpáticos, assemelhando-se aos políticos terrenos, que premiam os seus eleitores e hostilizam os votantes de outros partidos. Em verdade, todas as almas equacionam sob igual processo evolutivo na aquisição de sua consciência espiritual e gozam dos mesmos bens e direitos siderais!
Jesus alcançou a angelitude sob a mesma Lei que também orienta o selvagem embrutecido para a sua futura emancipação espiritual, tornando-o um centro criador de novas consciências no seio do Cosmo. Ele forjou a sua consciência espiritual sob as mesmas condições educativas do bem e do mal, do puro e do impuro, da sombra e da luz, tal qual acontece hoje com a vossa humanidade! Os orbes que lhe serviram de aprendizado planetário já se extinguiram e se tornaram em pó sideral, mas as suas humanidades ainda vivem despertas pelo Universo, sendo ele um dos seus venturosos cidadãos.
PERGUNTA: — Alguns espíritas afirmam que a evolução de Jesus processou-se em linha reta. Podeis esclarecer-nos a esse respeito?
RAMATÍS: — Essa afirmação não tem fundamento coerente, pois a simples presunção de Jesus ter sido criado espiritualmente e com um impulso de inteligência, virtude ou sabedoria inata, constituiria um privilégio de Deus a uma alma de sua preferência! Isso desmentiria o atributo divino de bondade e Justiça infinitas do próprio Criador. Aliás, não há desdouro algum para o Mestre ter evoluído sob o regime da mesma lei a que estão sujeitos os demais espíritos, pois isso ainda confirma a grandeza do seu espírito aperfeiçoado pelo próprio esforço. Nenhum espírito nasce perfeito, nem possui qualquer sentido especial para a sua ascese espiritual à parte; todos são criados simples e ignorantes, cuia consciência ou "livre arbítrio" se manifesta através do "tempo-eternidade", mas sem anular o esforço pessoal na escalonada da angelitude.
E Jesus não fugiu á essa regra comum, pois forjou a sua consciência de Amor e Sabedoria Cósmica ao nível dos homens, lutando, sofrendo e aprendendo os valores espirituais no intercâmbio dos mundos materiais. Ele tornou-se um ente sublime porque se libertou completamente das paixões e dos vícios humanos; mas não se eximiu do contato com as impurezas do mundo carnal! A sublimidade da flor não reside apenas na sua conformação formosa, mas, acima de tudo, na sua capacidade de transformar detritos dos monturos em cálices floridos e odoríferos!
Assim como é impossível a um professor analfabeto ensinar os alunos ignorantes do ABC, Jesus também não poderia prescrever aos homens a cura dos seus pecados, caso ele já não os tivesse vivido em si mesmo! Justamente por ele ter sofrido do mesmo mal, então conhecia o medicamento capaz de curar a enfermidade moral da humanidade terrena! ... Jesus, alhures, já foi um pecador como qualquer homem do mundo; porém, ele venceu as ilusões da vida carnal, superou a coação implacável do instinto animal e seu coração transbordante de Amor envolve todos os cidadãos da Terra!
PERGUNTA: — Que dizeis de certos autores, alguns sinceros e outros apenas talentosos, quando asseguram que Jesus foi apenas um "mito" e jamais existiu fisicamente no seio da humanidade terrena?
RAMATÍS: — E' indiscutível que Jesus não só comprovou as predições do Velho Testamento, como ainda correspondeu completamente às esperanças do Alto na sua missão espiritual junto aos terrícolas. Os profetas tentaram comunicar aos judeus as premissas principais da identificação do Messias, assim como o tempo de sua vinda ao orbe, pois asseguraram que Israel seria o povo eleito para tal evento tão importante. Conforme as predições de Isaías (Cap.II, vers. 6 a 8), depois do advento do Salvador, todas as coisas se ajustariam, pois até o "cordeiro se deitaria com o lobo, o leão comeria a palha junto ao boi e um pequeno menino conduziria as feras". E as profecias ainda advertiam a raça de Israel, eleita para o advento do Messias, quanto à sua queixa, mais tarde, ao exclamar que "o povo para o qual viera, não o conhecera". Corroborando tal predição, os judeus de hoje ainda adoram Moisés, profeta irascível, vingativo e até cruel; e olvidam Jesus, pleno de amor, bondade e renúncia, porque, realmente, "ainda não reconheceram o seu verdadeiro Messias"!
Efetivamente, causa estranheza o fato de certos autores ainda considerarem Jesus um mito ou embuste religioso, e lhe negarem a vida física e coerente na Terra. Em verdade, Jesus é justamente o ser cada vez mais vivo entre os homens; pois a sua doutrina, crescendo em todos os sentidos, já influencia até os povos afeiçoados aos credos de outros instrutores. Se o fulgor da Roma de Augusto ofuscou os historiadores da época, fazendo-os ignorar a figura de Jesus, isso não o elimina da face da Terra, nem o desfiguram as lendas semelhantes já atribuídas a Adonis, Crisna, Buda, Orfeu, Átis, Osiris, Dionísio ou Mitras. Apesar das inequívocas referências históricas sobre Aníbal, Júlio César, Carlos Magno ou Napoleão; ou mesmo sobre filósofos excepcionais, como Sócrates, Platão, Epicuro, Aristóteles, Spinoza ou Marco Aurélio, eis que Jesus, o "mito", sobrepuja, em celebridade, a todos esses homens famosos!
Por que Jesus, o "mito", supera a realidade e vive cada vez mais positivo e imprescindível no coração da humanidade* terrena, enquanto famosos personagens "históricos" arrefecem no seu prestígio através dos tempos? Em verdade, os homens já experimentaram todas as filosofias, reformas religiosas e todos os códigos morais e sociais, e, no entanto, não lograram uma solução definitiva para os seus problemas angustiosos. A humanidade terrena do século XX, cada vez mais neurótica e desesperada, pressente a sua derrocada inevitável, ante o requinte e a fúria dos mesmos conflitos odiosos e guerras fratricidas do passado! Os homens da caverna não evoluíram nem se humanizaram; apenas trocaram o tacape pelo revólver de madrepérola, ou o porrete pela metralhadora eletrônica! Matava-se a pedras e paus, um de cada vez; hoje, mata-se urna civilização derretendo a sob o impacto da bomba atômica! Paradoxalmente, não é a cultura e a experiência real transmitidas pela História o fundamento convincente para solucionar os problemas humanos tão aflitivos na atualidade. As criaturas estão tomadas pela desconfiança; duvidam da ciência que lhes dá o conforto material, mas não lhes ameniza a angústia do coração; descreem de todas inovações sociais e educativas, que planejam um futuro brilhante mas não proporcionam a paz de espírito! No entanto, Jesus, o "mito" esquecido pela história profana, ainda é o único medicamento salvador do homem moral e psiquicamente enfermo do século atual! Só o seu Amor e o seu Evangelho poderão amainar as paixões humanas e harmonizar os seres numa convivência pacífica e jubilosa! Se Jesus fosse fruto da fantasia religiosa, então teríamos de concordar com a inversão de todos os valores do conhecimento humano, a ponto de não distinguirmos o fantasioso do real! Que força poderosa alimentou a vivência desse Mestre Cristão "imaginário", fazendo-nos reconhecer-lhe um porte moral e espiritual do mais alto quilate humano? Qualquer homem pode negar a existência de Jesus; porém, jamais há de oferecer ao mundo conturbado e corrupto uma solução mais certa e mais eficaz do que o seu Evangelho!
PERGUNTA: — Existe alguma fonte histórica que anotou a figura de Jesus?
RAMATÍS: — Alguns estudiosos confiaram na referência feita por Josefo, na sua obra "Antiguidade dos Judeus", 93 anos depois de Cristo, aceitando como relato histórico da autenticidade do Mestre Galileu a seguinte passagem: "Nesse tempo viveu Jesus, um homem santo, se homem pode ser chamado, porque fez coisas admiráveis, que ensinou aos homens; e inspirado recebeu a Verdade. Era seguido por muitos judeus e muitos gregos. Foi o Messias".
Mas, a nosso ver, as provas mais autênticas da vida de Jesus são as referências à perseguição aos "cristãos", isto é, os seguidores do Cristo! Havendo cristãos martirizados por <e recusarem a abandonar a doutrina do seu líder Jesus, cujos fatos foram registrados pela História, conclui-se que o Mestre Jesus não foi um mito, mas uma figura real, malgrado i ausência de apontamentos históricos. Quanto à existência dos cristãos e do seu martírio, basta consultar as obrais e anotações de Plínio, o Moço, Suetônio, Tácito e outros da mesma época.
Também se pode considerar um relato autêntico a carta enviada a Tibério, pelo senador Públio Lentulo, quando presidente da Judéia, narrando a existência de "um homem de grandes virtudes chamado Jesus, pelo povo inculcado de profeta da verdade e pelos seus discípulos de filho de Deus.É um homem de justa estatura, muito belo no aspecto; e há tanta majestade no Seu rosto, obrigando os que o vêem a amá-lo ou a temê-lo.Tem os cabelos cor de amêndoa madura, são distendidos até as orelhas; e das orelhas, até as espáduas; são da cor da terra, porém, reluzentes. Ao meio da sua fronte, uma linha separando os cabelos, na forma em uso pelos nazarenos. Seu rosto é cheio; de aspecto muito sereno; nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face; o nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, semelhante aos cabelos, não muito longa e separada pelo meio; seu olhar é muito afetuoso e grave; terá os olhos expressivos e claros, resplandecendo no seu rosto como os raios do sol; porém, ninguém pode olhar fixo o seu semblante, pois se resplende, subjuga; e quanto ameniza, comove até às lágrimas ! Faz-se amar e é alegre; porém, com gravidade. Nunca alguém o viu rir, mas, antes, chorar"[4].
PERGUNTA: — Sob a vossa opinião, quais são as fontes não históricas, mas autênticas, para informarem sobre a existência de Jesus?
RAMATÍS: — Sem dúvida, a fonte mais autêntica não histórica é a narrativa dos quatro evangelistas, apesar de interpolações e dos retoques que sofreu, inclusive também quanto a algumas contradições existentes entre os próprios narradores. Mas é fonte idônea, porque manteve a unidade psicológica e os propósitos messiânicos do espírito de Jesus. Entre os quatro evangelistas, dois deles foram testemunhas oculares dos acontecimentos ali narrados; e, por isso, mostram-se vivos e naturais nos seus relatos; os outros dois interrogaram minuciosamente as testemunhas que presenciaram as atividades de Jesus ou delas participaram na época. Superando as interpolações perceptíveis a uma analisa percucientes os quatro evangelistas se mostram imparciais, singelos e seguros, pois eles narram os fatos diretamente, sem muitas divagações.
Há nos seus relatos um grande espírito de honestidade e de certeza absoluta naquilo que foi a vida de Jesus. Certamente existem algumas diferenças quanto à movimentação da pessoa do Mestre nos escritos dos quatro evangelistas*, mas não há dúvida alguma no tocante à sua existência real. Outras provas da evidência são as cartas ou epístolas atribuídas a Paulo, as quais possuem a força comunicativa das suas atividades cristãs e transmitem o odor refrescante da "Boa Nova" e do "Reino de Deus" apregoados por Jesus! [5]
Evidentemente, os historiadores não se preocupam em focalizar a pessoa de Jesus, por achá-la de pouca importância na época, pois se tratava de um simples carpinteiro, arvorado em rabino, e a pregar estranha moral num mundo conturbado pelas mais violentas paixões e vícios! A história jamais poderia prever no seio da comunidade de tantos rabis insignificantes da Palestina, que um deles se tornaria o líder de milhões de criaturas nos séculos vindouros, pregando somente o amor aos inimigos e a renúncia aos bens do mundo, cm troca de um hipotético "reino celestial".
Além disso, Jesus era filho da Galileia, uma terra de homens ignorantes e rudes, coletividade de gentios, indignos de figurarem na história. No entanto, malgrado essas deficiências, Jesus projetou-se além dos séculos testemunhado pelos homens que o conheceram e pelos discípulos integrados em sua vida messiânica. Ninguém duvida da existência de Pedra e Paulo de Tarso; nem dos encontros do próprio Paulo com Pedro, Tiago e João. As próprias divergências e lumes existentes nas relações desses apóstolos, competindo para se mostrarem mais dignos do Mestre Jesus, já desencarnados, chegaram até o vosso século sem perder a sua autenticidade! Paulo refere-se à última ceia e à crucificação de Jesus, como se tivesse realmente participado de tais acontecimentos tão dramáticos para a humanidade.[6]
Enfim, as contradições encontradas entre os próprios evangelistas são apenas de minúcias, pois não modificam a inexistência das narrativas, e ali Jesus permanece de um modo fiel e coerente. E' inadmissível que no curto espaço de uma geração, homens ignorantes, rudes e iletrados, pudessem inventar uma personalidade tão viva e inconfundível em sua contextura moral, como foi Jesus! Em verdade, a força do Amor e o espírito de confraternização manifestos na sua mensagem influíram sobre milhares de criaturas até aos nossos dias, impondo a existência lógica e indiscutível de Jesus, ou então outro homem deve substituí-lo! Afaste-se Jesus da autoria do Evangelho, por que ele não figura na história profana de modo convincente, e a humanidade terá de criar outro "mito", ou outro homem, para então justificar esse "Código Moral" de profunda beleza espiritual!
De todos os acontecimentos narrados pela própria História, Jesus ainda é a figura mais fascinante e convincente para nos condicionar a uma vida espiritualmente elevada. Jamais houve qualquer lenda ou narrativa a consumir tantas páginas em milhares de obras, capaz de atrair tanto interesse e admiração à consciência do homem terreno.
Indubitavelmente, quanto mais os ateus e outros negadores se empenham em "extinguir" ou apagar a figura do Jesus, mais ele se impõe acima de todas as dúvidas, sobrepuja a própria História e mais vibra no coração dos crentes. Por conseguinte, é vã e tola qualquer pretensão de negar a sua existência, pois a despeito de todas as negativas, ele sempre ressurge irradiando luz e amor, na tela viva da consciência humana!
PERGUNTA: — Outros escritores expõem dados históricos e descrevem Jesus como um "sedicioso" incurso nas leis penais da época, cuja doutrina sob sua chefia fracassou ante os poderes judeus e romanos constituídos em Jerusalém. Que dizeis?
RAMATÍS: — Basta o conteúdo do Evangelho vivido e ensinado por Jesus, para desmentir qualquer afirmativa quanto a ele ter sido deliberadamente um rebelde ou sedicioso. Jamais o Mestre Cristão desejou alguma coisa do mundo material, cuja vida terrena foi centralizada exclusivamente em torno dos bens imperecíveis do espírito eterno Ele viveu trinta e três anos na face da Terra sem ater-se a quaisquer interesses mundanos; e ninguém poderá inculpá-Io de um só fato ou empreendimento egoísta, que lhe tenha dado relevo pessoal no ambiente político ou sacerdotal do mundo. Nasceu e desencarnou extremamente pobre, encerrando seus dias heroicos sem valer-se dos favores ou conluios com os poderosos da época.
O homem sedicioso é sempre um rebelde, um inconformado, pois é criatura ávida do poder temporal e da exaltação sobre os seus conterrâneos. Os grandes sediciosos ou Indisciplinados que a a História nem sempre registra com carinho e gratidão, chamaram-se Davi, Átila, Gengis-Kan, Asoka, Alexandre, Aníbal, Tito, César, Carlos Magno, Ivã o Terrível, Napoleão, Kaiser, Stalin, Hitler, Mussolini e outros, os quais, juntamente com certas qualidades excepcionais, como a obstinação, capacidade de comando, arrojo, ambição e estratégia, manifestaram também os pecados do orgulho, da crueldade, pilhagem, vingança ou libidinosidade!
Sem dúvida, alguns desses homens foram gênios ou heróis; outros, apenas loucos ou paranóicos. Não contestamos que tenham influído ou modificado os destinos dos povos no transcorrer de uma época, pois a Suprema Lei faz surgir o bem dos destroços do próprio mal, aproveitando a impetuosidade, paixão selvagem, cobiça ambição e o arrojo dos sediciosos, para efetuar as grandes transformações históricas e sociais no mundo. Escravos dos desejos de glórias ou de riquezas, muitas vezes eles abriram as comportas da dor e do sofrimento para os seus próprios comparsas das vidas passadas, agindo como os carrascos implacáveis nas provas de resgate Cármino do pretérito. Examinando as tropelias sangrentas narradas no Velho Testamento, podemos certificar-nos do imenso número de soldados, comparsas e aventureiros judeus, que naquela época praticaram as mais bárbaras atrocidades. No entanto, sob o gládio da justiça divina, eis que eles retornaram à carne travestido ainda na figura de judeus, porém, humilhados e vítimas dos nazistas nos famigerados campos de concentração e em mortes cruéis, para resgatar os débitos clamorosos do pretérito![7]
Mas a Lei aproveita esses homens atrabiliários e cruéis e os mobiliza como matéria-prima para trazer o Bem pelo Mal, pois eles aproximam povos, fundem fronteiras, derrubam tiranias, extinguem feudos seculares, sacodem o pó das velhas dinastias, abrem clareira para novas relações humanas, proporcionando o ambiente eletivo para novos ensaios políticos e sociais de vida entre os sobreviventes. Durante a revolução francesa cometeram-se as mais bárbaras atrocidades e injustiças sob o slogan esperançoso de "Liberdade, Fraternidade e Igualdade". A pilhagem foi organizada e oficializada pelos poderes dominantes; dela não se beneficiaram apenas os pobres e os injustiçados, mas também os oportunistas, os delinquentes e os facínoras, espécie de corvos adejando sobre a carniça! Mas, paradoxalmente, desse movimento sangrento e sarcasticamente amparado pelos próprios conceitos da moral superior, nasceram os princípios que depois consolidaram urna jurisprudência mais digna e a soberania popular pela doutrina da Democracia!
Quantas vezes surgem da ralé, indivíduos inexpressivos, que se projetam no furor dos empreendimentos e das tropelias sangrentas, ávidos de gloriosas mundanas e festejados pelas multidões tolas, dominados pelo cabotinismo e pela paranoia perigosa? Servis, incultos, temerosos, enfermiços., frustrados, miseráveis e impotentes, depois se tornam monstros, bárbaros, impiedosos, cínicos, irascíveis, brutos e orgulhosos, quando são guindados ao poder absoluto, passando a desforrar-se dos mínimos vexames e ressentimentos que acumularam durante os seus dias inexpressivos e desfavoráveis?[8]
No entanto, Jesus sempre foi criatura pacífica, de atitudes claras e honestas, esclarecendo que o seu "reino não era deste mundo", e cuja conduta não era dúbia, nem capciosa, jamais se assemelhando a qualquer sedicioso do mundo Nunca praticou em sua vida qualquer ato de rebeldia, desforra ou crueldade que pudesse nivelá-lo à conduta dos homens despóticos e belicosos! O seu bom senso sempre aconselhava aos homens "dar a César o que é de César; e a Deus o que é de Deus"; a sua autoridade espiritual merece o culto de todas as escolas espiritualistas do mundo; que lhe cultuam a memória na conta de um elevado Mestre! Os esoteristas, teosofistas, rosa-cruzes e iogas reconhecem Jesus como entidade já liberada do Jugo do Carma, um "Avatar" ou Instrutor Espiritual de alta estirpe; enfim, um "eleito" de elevada categoria sideral e de amplitude cósmica. Ele foi um eleito que trouxe à Terra o Bem pelo Bem, e não apenas um "escolhido" que pode semear o Bem pelo Mal.[9]
PERGUNTA: — Se Jesus não era um sedicioso, como pôde ser enquadrado sob as leis romanas, em cuja época se punia os rebeldes e os criminosos pela crucificação?
RAMATÍS: — O sacerdócio judaico conseguiu arquitetar provas materiais e testemunhos contra Jesus, entre os próprios seguidores e a turba que o aplaudira à sua entrada em Jerusalém, conseguindo incriminá-lo como "sedicioso" Junto a Pôncio Pilatos, Procurador de Roma na Judéia.
Prendeu-no à conta de um malfeitor comum, malgrado ele só ter lutado com as armas da ternura, bondade e amor! Mas os verdadeiros motivos da sua crucificação, cujo holocausto o Mestre Jesus aceitou sem qualquer protesto, exigem um capítulo especial a ser compilado nesta obra.


[1] Livro: O Sublime Peregrino, Ed. Freitas Bastos S/A, 6ª edição, Cap 01, Ditada pelo Espírito Ramatís, psicografada por Hercilio Maes.
   Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
   Fonte da imagem: https://divagacoesligeiras.blogs.sapo.pt/a-historia-da-grande-corrida-pela-vida-451304
[2] Vide a obra de Ramatís "Mensagens do Astral", cap. I, II e XI, respectivamente, "Os Tempos são Chegados", "O Juízo Final" e"Os que Emigrarão para um Planeta Inferior".
[3] Nota do Revisor: ─ Vide Epístola aos Gaiatas, cap. IV,vers. 4: "Mas quando veio o cumprimento do tempo, enviou Deus o seu filho, nascido de mulher,nascido sujeito à lei”. É evidente que Paulo de Tarso, nessa epistola, deixa bem claro que Jesus não é Deus.E se o Mestre foi nascido de mulher e sujeito à lei, é óbvio que nasceu com um corpo carnal e de modo comum e humano, como os demais homens. A citação de Paulo não admite outra conclusão.
[4] O retrato de Jesus feito por Públio Lentulo foi publicado pela “Revista Internacional do Espiritismo” e também se encontra na introdução da obra “A vida de Jesus ditada Por Ele mesmo”.
[5] Vide Epístolas aos Romanos, V e vers.9; Coríntios, Ie vers. 23,XIV, vers.3,Gálatas,II e vers,21;Efésios, II e vers.20 e 21; Timóteo II, vers.8.
[6] Coríntios,XI,vers.23 e 6;XV, vers.3 e Gálatas II, vers.20
[7] Nota do Médium: — Segundo certo comunicado mediúnico por entidade de reconhecido critério espiritual, Hitler, no passado, foi o rei Davi e que comandou inúmeras vezes as hecatombes sangrentas registradas amiúde, na Bíblia. Mas, de acordo com a lei de "quem com ferro fere, com ferro será ferido", o seu espírito retornou à Terra, na Alemanha, e, sob a injunção do Carma, abriu as comportas do sofrimento redentor para os seus próprios comparsas e soldados que comandou outrora e lhe cumpriram fielmente as ordens bárbaras. Assim, os mesmos judeus que ele trucidou neste século, nos campos de concentração, já tinham vivido com ele e eram os mesmos soldados e comparsas impiedosos, afeitos aos massacres dos povos vencidos. Como exemplo a esmo, das barbaridades cometidas pelo rei Davi e seus exércitos, no passado, eis o que si encontra em "Reis, Livro 2.°,cap. XII ,Vers.31 “ e transcrevemos: “E trazendo os seus moradores, os mandou serrar; e que passassem por cima deles as carroças ferradas; e que os fizessem em pedaços com cutelos; e os botassem em fornos de cozer tijolos; assim o fez com todas as cidades dos amonitas; e voltou Davi com todo o seu exército para Jerusalém”.
[8] Nota do Revisor: — E' ainda o caso do Hitler, que, em sua juventude, foi indivíduo enfermiço, ignorante, taciturno e pobre, mal sucedido com os amigos e sustentando-se mediante trabalhos rudes e humildes, tais como limpar ruas, carregar bagagens, servir de pedreiro, puxar terras ou remover neve, conseguindo, a muito custo, a divisa de cabo na cozinha do exercito alemão. No entanto, quando assumiu o poder na Alemanha, então, ele vingou-se furiosamente de todas as mágoas e ressentimentos que sofrera na juventude, por parte da sociedade, dos militares e dos Judeus especuladores. Dominado pela megalomania de profunda exaltação, de um misticismo egocêntrico e mórbido, que o fazia supor-se um predestinado para dominar e dirigir o mundo, extravasou o seu furor paranóico e atrabiliário, a sua perversidade e vingança. Causando a catástrofe guerreira de 1939, onde foram organizados os diabólicos campos de concentração e as câmaras de gás para extinguir e assassinar os judeus.
[9] Vide a obra “Do País da Luz”, cap.IV,1º vol., psicografia de Fernando de Lacerda, na qual o espírito de Napoleão diz o seguinte: ─”O eleito é sempre escolhido; mas o escolhido não é eleito. O eleito foi escolhido por Deus para fazer o Bem pelo Bem; o escolhido pode ser para fazer o Bem pelo Mal. O eleito foi Jesus. Eu fui escolhido.”  Nesta comunicação. Napoleão compara sua existência turbulenta e ambiciosa com a missão terna e pacífica de Jesus