sexta-feira, 22 de setembro de 2017

PENITENCIÁRIAS

PENITENCIÁRIAS 1

Coincidindo com a crise prisional no país, encontro na sabedoria de Amália Domingo Soler, no fabuloso livro A Luz do Caminho, que está esgotado e logo estará reeditado, o notável capítulo A Eterna Justiça, que parece foi escrito para a atualidade do país, embora escrito a mais de um século. Faço aqui pequenas transcrições parciais do citado capítulo:
1)      Você então acredita que com suas prisões se consegue a cura do criminoso? É um equívoco gravíssimo, porque, como regra geral, seus condenados são homens quando entram nos calabouços, mas ali se convertem em feras indomáveis (...);
2)      (...) se dobram o corpo sob o poder do chicote, não dobram seu Espírito, pois continuamente se está vendo que os crimes mais terríveis, que os atentados mais cruéis, que o ódio mais concentrado, quem os sente ou os comete?
3)      Eis como funciona a corrigenda de um criminoso de ontem, e não é porque seja um monstro da iniquidade, mas porque matou, sem estudar a natureza do seu crime, as leis o condenaram a alguns anos de prisão.
4)      (...) entrou na prisão aturdido, surpreso e assustado por sua própria obra; entrou como aprendiz, como se costuma dizer, na oficina dos crimes e saiu mestre consumado, o que prova que seus castigos violentos produzem um resultado completamente negativo, o que não ocorreria se os criminosos fossem tratados como se tratam os enfermos.
5)      (...) embora falte muito para que os enfermos pobres sejam tratados nos hospitais com as considerações e atenções devidas, não os golpeiam e não os submetem a continuados jejuns para curar suas doenças; dão-lhes medicamentos, alimentos, fazem operações que, conquanto dolorosas, têm por objetivo separar o membro gangrenado do resto do corpo, para que este se conserve saudável.
6)      Ora, se assim tratam as enfermidades do organismo, com relativo acerto e com o sadio desejo de conseguir a cura completa, por que não fazem o mesmo com as enfermidades da alma?
7)      Que vocês pensam que são os criminosos? (...) cada um deles apresenta distinta enfermidade (...) quanta diferença existe na origem da criminalidade!
8)      Curar a doença por meio de um tratamento geral é como se num hospital cheio de enfermos, cada um com sua doença particular, dessem a todos o mesmo medicamento, pretendendo que se curasse com o mesmo remédio o tuberculoso incurável e aquele que somente tivesse uma leve febre.
9)      Dia chegará (...) em que suas horríveis prisões serão substituídas por casas de saúde, onde os criminosos serão julgados, não por juízes, mas por sábios psiquiatras, e cada ser que cometa um delito será um livro aberto no qual o médico encarregado de sua cura lerá constantemente.
10)    A doçura é o modo de corrigir os culpados; (...) os crimes diminuirão à medida que os criminosos sejam considerados doentes em estado gravíssimo que necessitam de especiais cuidados e múltiplas atenções, e de alguém que os ensine a trabalhar e, o que é mais difícil, a amar o trabalho (...)
11)    Que diferentes resultados obterá o sistema penitenciário de que se fará uso nos séculos vindouros!
Nossas autoridades precisam conhecer uma sábia orientação dessa natureza. O império do materialismo, da indiferença e o predomínio do egoísmo formam esse quadro complexo que estamos enfrentando no país. Daí a imperiosa necessidade da expansão da visão imortalista da vida, que não se resume a algumas décadas nesse corpo frágil que utilizamos.
Concluo com trecho no final do capítulo:
“(...) eduquem-nos (...) para que comecem a ser úteis a seus semelhantes, porque toda água que se dá aos sedentos, encontrá-la-ão depois em gotas de precioso bálsamo que lhes servirá mais tarde de alimento e vida (...)”.
Não é o grande desafio da nação?
Até onde vamos com nossa indiferença?
Multiplicam-se os condenados e penitenciários, esquecidas as autoridades do poder da educação (e sua estrutura, claro!).
Que, curiosamente, começa em casa, antes do berço, no aconchego familiar, no exemplo dos pais e no Evangelho do Cristo, único capaz de formar autênticos homens de bem.



O CONFLITO DA MENTIRA


O CONFLITO DA MENTIRA 1

Não lhes escrevo porque não conhecem a verdade, mas porque vocês a conhecem e porque nenhuma mentira procede da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? 
(1 João 2:21-22)

O médico Sigmund Freud, nascido em maio de 1856, criador da psicanálise, afiançava que a causa da histeria era de fundo psicológico, e não orgânico. Sua hipótese servia de base para os demais conceitos que desenvolvia, sobretudo sobre a estratificação do inconsciente.
Um ano após o nascimento de Freud, em 1857, nascia a Doutrina Espírita, consubstanciada pelas pesquisas e observações fecundas de Allan Kardec, pseudônimo do professor Rivail, um exímio pensador francês, que apresentava ao mundo, à época,  um novo e instigante princípio: a de que o espírito sobrevive ao túmulo e se comunica com os homens oferecendo novas revelações.
A imensa necessidade de reflexões que cogitavam um sentido maior para a vida começavam a ganhar espaço nas conversas entre os pensadores, educadores e cientistas da época.
A humanidade ainda carregava o ranço deixado pelos materialistas sistemáticos e niilistas.
O ser humano diante de inúmeras angústias, correspondentes aos períodos de aferição de valores morais, buscava respostas na ciência para suas anedônicas vidas, visto que estava desiludido com a religião oferecida pelos sacerdotes de todas as designações religiosas.
Ciência e a Filosofia encetam seus marcos ante ao homem afoito em encontrar respostas para os crescentes problemas existenciais.
O “mundo espiritual” providenciava naquela conjuntura, a reencarnação de espíritos que colaborariam com as reflexões propiciando o avanço dos conceitos humanos sobre o ser espiritual e a vida real.
A Verdade sempre produz obras que edificam. E o Cristo sempre à frente das conquistas humanas.
A advertência joanina ainda ecoa na psicosfera planetária: “Não lhes escrevo porque não conhecem a verdade, mas porque vocês a conhecem e porque nenhuma mentira procede da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo?”
Freud traz ao conhecimento acadêmico a teoria da consciência humana que se subdivide em três níveis: Consciente, Subconsciente e Inconsciente – o primeiro contém o material perceptível; o segundo, o material latente, mas passível de emergir à consciência com certa facilidade; e o terceiro contém o material de difícil acesso, isto é, o conteúdo mais profundo da mente, que está ligado aos instintos primitivos do homem.
As teses psicanalíticas não se inteiraram da verdade sobre a imortalidade da alma e a conservação de suas memórias emocionais, contudo desconfiava que nem tudo pertencia ao cérebro. Freud mostrou a psique e Kardec o espírito e sua imortalidade. Ambos mudaram o conceito do Soma. Isto é, existe algo além dele. Não era a finalidade de Freud provar ou comprovar a existência do espírito, porém contribuiu com as ideias espiritualistas, indiretamente, mostrando o outro lado das doenças.
O Espiritismo contempla e integra os seres humanos em suas três dimensões: física (orgânica), mental (psicológica) e espiritual.
Desde que o homem atingiu as faculdades da razão ele busca caminhos para suavizar a sua performance ou soluções para minimizar os impactos indesejáveis nas suas relações com o outro, com o mundo e com a divindade. O consciente, o pré-consciente e o inconsciente compõem as estruturas do homem eterno.
 A convivência com o próximo nem sempre é fator sereno e os conflitos de opiniões tendem a surgir nas experiências cotidianas.
A neurociência afirma que os comportamentos mentais que se repetem constroem “pontes” de fácil acesso para que se estabeleçam os hábitos.
A rede neural é composta de uma capacidade plástica espantosa. Dizemos que uma rede neural "aprende" quando uma ação (repetidas vezes) alimenta os circuitos de tal forma que, em situações futuras análogas, o conjunto alcance resultados melhores e mais rapidamente.
As sinapses disparada, vão construindo pontes; a fim de encurtar a distância e quando se dá conta o comportamento mental fora modelado surgindo o hábito.
Mentir, dissimular ou enganar passa-se a ser hábito dos fracos.
O conflito sobre mentir ou não surge quando o homem jaz sob confusão de valores e adota o caminho da mentira, a partir de então, o indivíduo passa a ter o comportamento mentiroso, blindando o sentimento de culpa.
O hábito da mentira é danoso ao homem, pois que este perde a referência de si mesmo.
A deformidade do caráter do indivíduo surge diante de pequenos episódios que por pusilanimidade e imaturidade moral não soube contornar.
A transparência, a autenticidade nas relações humanas constituiu um princípio ético a se conquistar.
Em que pese Sigmund Freud ter analisado os distúrbios de personalidade asseverando que muitos transtornos ofereciam um fator meramente psicológico e não necessariamente orgânicos, o Espiritismo vai além, pois aprecia a interação mente e corpo.
Assim sendo, explicam que os transtornos psíquicos e a saúde orgânica são espelhos de escolhas que fazemos razão pelo qual urge moldarmos na mente sadia as obras da verdade, apresentando o Cristo nas obras diárias, edificando assim a verdade na interação com o semelhante.