terça-feira, 29 de novembro de 2016

A PORTA ESTREITA

    A PORTA ESTREITA
Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta da perdição e espaçoso o caminho que a ela conduz, e muitos são os que por ela entram. - Quão pequena é a porta da vida! quão apertado o caminho que a ela conduz! e quão poucos a encontram!
Mateus 7:13-14
Tendo-lhe alguém feito esta pergunta: Senhor, serão poucos os que se salvam?
Respondeu-lhes ele: - Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois vos asseguro que muitos procurarão transpô-la e não o poderão. - E quando o pai de família houver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater, dizendo: Senhor, abre-nos; ele vos responderá: não sei donde sois: - Pôr-vos-eis a dizer: Comemos e bebemos na tua presença e nos instruíste nas nossas praças públicas. - Ele vos responderá: Não sei donde sois; afastai-vos de mim, todos vós que praticais a iniquidade.
Então, haverá prantos e ranger de dentes, quando virdes que Abraão, Isaac, Jacob e todos os profetas estão no reino de Deus e que vós outros sois dele expelidos. - Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Setentrião e do Meio-Dia, que participarão do festim no reino de Deus. - Então, os que forem últimos serão os primeiros e os que forem primeiros serão os últimos.
Lucas 13:23-30
Larga é a porta da perdição, porque são numerosas as paixões más e porque o maior número envereda pelo caminho do mal. E estreita a da salvação, porque a grandes esforços sobre si mesmo é obrigado o homem que a queira transpor, para vencer suas más tendências, coisa a que poucos se resignam. E o complemento da máxima: "Muitos são os chamados e poucos os escolhidos.”.
Tal o estado da Humanidade terrena, porque, sendo a Terra mundo de expiação, nela predomina o mal. Quando se achar transformada, a estrada do bem será a mais frequentada.
Aquelas palavras devem, pois, entender-se em sentido relativo e não em sentido absoluto. Se houvesse de ser esse o estado normal da Humanidade, teria Deus condenado à perdição a imensa maioria das suas criaturas, suposição inadmissível, desde que se reconheça que Deus é todo, justiça e bondade.
Mas, de que delitos esta Humanidade se houvera feito culpada para merecer tão triste sorte, no presente e no futuro, se toda ela se achasse degredada na Terra e se a alma não tivesse tido outras existências?
Por que tantos entraves postos diante de seus passos?
Por que essa porta tão estreita que só a muito poucos é dado transpor, se a sorte da alma é determinada para sempre, logo após a morte?
Assim é que, com a unicidade da existência, o homem está sempre em contradição consigo mesmo e com a justiça de Deus.
Com a anterioridade da alma e a pluralidade dos mundos, o horizonte se alarga; faz-se luz sobre os pontos mais obscuros da fé; o presente e o futuro tornam-se solidários com o passado, e só então se pode compreender toda a profundeza, toda a verdade e toda a sabedoria das máximas do Cristo.



Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Edit. FEB, Cap. 18

sábado, 19 de novembro de 2016

O GOVERNO INTERNO

O GOVERNO INTERNO
 “Antes subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de algum modo a ficar reprovado.”
Paulo
I Coríntios 9:27

Efetivamente, o corpo é miniatura do Universo.
É imprescindível, portanto, saber governá-lo.
Representação em material terrestre da personalidade espiritual é razoável esteja cada um atento às suas disposições. Não é que a substância passiva haja adquirido poder superior ao da vontade humana, todavia, é imperioso reconhecer que as tendências inferiores procuram subtrair-nos o poder de domínio.
É indispensável esteja cada homem em dia com o governo de si mesmo.
A vida interior, de alguma sorte, assemelha-se à vida de um Estado.
O espírito assume a chefia, auxiliado por vários ministérios, quais os da reflexão, do conhecimento, da compreensão, do respeito e da ordem. As ideias diversas e simultâneas constituem apelos bons ou maus do parlamento íntimo.
Existem, no fundo de cada mente, extensas potencialidades de progresso e sublimação, reclamando trabalho.
O governador supremo que é o espírito, no cosmo celular, redige leis benfeitoras, mas nem sempre mobiliza os órgãos fiscalizadores da própria vontade. E as zonas inferiores continuam em antigas desordens, não lhes importando os decretos renovadores que não hostilizam, nem executam. Em se verificando semelhante anomalia, passa o homem a ser um enigma vivo, quando se não converte num cego ou num celerado.
Quem espera vida sã, sem autodisciplina, não se distancia muito do desequilíbrio ruinoso ou total.
É necessário instalar o governo de nós mesmos em qualquer posição da vida. O problema fundamental é de vontade forte para conosco, e de boa vontade para com os nossos irmãos.



Livro Pão Nosso cap.158, Espírito Emanuel, psicografia Francisco C. Xavier, Edit. FEB

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

CÉU COM CÉU

CÉU COM CÉU
Mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consomem, e onde os ladrões não penetram nem roubam.
Jesus
Mateus, Cap. 6:20

Em todas as fileiras cristãs se misturam ambiciosos de recompensa que presumem encontrar, nessa declaração de Jesus, positivo recurso de vingança contra todos aqueles que, pelo trabalho e pelo devotamento, receberam maiores possibilidades na Terra.
O que lhes parece confiança em Deus é Ódio disfarçado aos semelhantes.
Por não poderem açambarcar os recursos financeiros à frente dos olhos, lançam pensamentos de critica e rebeldia, aguardando o paraíso para a desforra desejada.
Contudo, não será por entregar o corpo ao laboratório da natureza que a personalidade humana encontrará, automaticamente, os planos da Beleza Resplandecente.
Certo, brilham santuários imperecíveis nas esferas sublimadas, mas é imperioso considerar que, nas regiões imediatas à atividade humana, ainda encontramos imensa cópia de traças e ladrões, nas linhas evolutivas que se estendem além do sepulcro.
Quando o Mestre nos recomendou ajuntássemos tesouros no céu, aconselhava-nos a dilatar os valores do bem, na paz do coração. O homem que adquire fé e conhecimento, virtude e iluminação, nos recessos divinos da consciência, possui o roteiro celeste. Quem aplica os princípios redentores que abraça, acaba conquistando essa carta preciosa; e quem trabalha diariamente na prática do bem, vive amontoando riquezas nos Cimos da Vida.
Ninguém se engane, nesse sentido.
Além da Terra, fulgem bênçãos do Senhor nos Paramos Celestiais, entretanto, é necessário possuir luz para percebê-las.
É da Lei que o Divino se identifique com o que seja Divino, porque ninguém contemplará o céu se acolhe o inferno no coração.



Livro Pão Nosso cap.156, Espírito Emanuel, psicografia Francisco C. Xavier, Edit. FEB

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

JESUS NA SAMARIA

JESUS NA SAMARIA
Descendo Jesus de Jerusalém para Cafarnaum, seguido de alguns discípulos, nas suas habituais jornadas a pé, alcançou a Samaria, quando o crepúsculo já se fazia mais sombrio.
Felipe, André e Tiago, estando com fome, deixaram o Mestre a repousar junto de uma pequena herdade e demandaram o lugarejo mais próximo, em busca de alimento.
O Messias, olhando em torno de si, reconheceu que se encontrava ao lado da Fonte de Jacob. Envolvida nos revérberos do Sol que ia ceder lugar às sombras da noite que se aproximava, uma mulher acercou-se do antigo poço e observou que o Mestre lhe ia ao encontro com a bela e costumeira placidez do semblante, e lhe pedia de beber.
- Como sendo tu um judeu, me pedes um favor a mim, que sou samaritana?
Jesus descansou na interlocutora o olhar tranquilo e redarguiu:
- Os judeus e samaritanos terão por ventura, necessidades diversas entre si?
Bem se vê que não conheces os dons de Deus, porquanto se houvesse guardado os mandamentos divinos, compreenderias que te posso dar água viva.
- Que vem a ser essa água viva? – inquiriu a samaritana impressionada. Onde a tens, se a água aqui existente é apenas a deste poço? Acaso serias maior que nosso pai Jacob que no-la deu desde o princípio?
- Mulher, a água viva é aquela que sacia toda sede: vem do amor infinito de Deus e santifica as criaturas.
E envolvendo a samaritana no doce magnetismo de seu olhar, continuou:
Este poço de Jacob secará um dia. No leito da terra em que agora repousam suas águas claras, a serpente poderá fazer seu ninho. Não sentes a verdade de minhas afirmativas, ante a tua sede de todos os dias? Não obstante levares cheio o cântaro voltará logo ao poço, com uma nova sede. Entretanto, os que beberem da água viva estará eternamente saciado.
Para esses não mais haverá a necessidade material que se renova a cada instante da vida.
Perene conforto lhes refrescará os corações através dos caminhos mais acidentados, sob o sol ardente dos desertos do mundo...
A mulher escutava presa de funda impressão, aquelas palavras que lhe chegavam ao santuário do espírito com a solenidade de uma revelação.
- Senhor, dá-me dessa água! - exclamou interessada.
- Mas ouve! - disse-lhe Jesus. E o Mestre passou a esclarecê-la sobre fatos e circunstâncias íntimas de sua vida particular, explicando-lhe o que se fazia necessário para que a sagrada emoção do amor divino lhe iluminasse a alma, afastando-a de todas as circunstâncias penosas da existência material.
Observando que não havia segredos para Jesus, a samaritana chorou e respondeu:
- Senhor vê que és de fato um profeta de Deus. Meu espírito está cheio de boa vontade e desde muito ,penso na melhor maneira de purificar a minha vida e santificar os meus atos. Entretanto, é tal a confusão que observo em torno de mim, que não sei como adorar a Deus. Os meus familiares e vizinhos afirmam que é indispensável celebrar o culto ao todo Poderoso neste monte (Garizim). Os judeus nos combatem e asseveram que nenhuma cerimônia terá valor fora dos muros de Jerusalém. As discórdias nesta Região têm chegado ao cúmulo. Já que tenho a felicidade de ouvir as tuas palavras, ensina-me o melhor caminho.
O Mestre observou-a compadecido e exclamou:
- Tens razão. As divergências têm implantado a maior desunião entre os membros da grande família humana. Entretanto, o pastor vem ao redil para reunir as ovelhas que os lobos dispersaram. Em verdade, afirmo-te que virá um tempo em que não se adorará a Deus nem neste monte, nem no templo suntuoso de Jerusalém. Porque o Pai é Espírito e só em espírito deve ser adorado. Por isso venho abrir o templo dos corações sinceros para que todo culto a Deus se converta em íntima comunhão entre o homem e seu criador.
Suave silêncio se fez entre ambos. Enquanto Jesus parecia sondar o invisível com o seu luminoso olhar, a samaritana meditava.
Daí a alguns instantes, acompanhados de grande número de populares; chegavam os discípulos, admirando-se todos de encontrarem o Messias em conversação íntima com uma mulher. Nenhum deles, todavia aventurou qualquer observação menos digna ou imprudente.
Observando que o Messias se preparava para retirar-se em busca da aldeia mais próxima, a samaritana impressionada com as suas revelações, solicitou a presença de seus familiares e vizinhos, a fim de lhe ouvirem a palavra.
Tiago e André haviam trazido pão e frutas, insistindo com Jesus para que se alimentasse. O Mestre, porém, aproveitou o instante pra mais uma vez ensinar o caminho do Reino, com as palavras amigas, compondo parábolas singelas. Muita gente se aglomerava para ouvi-lo. Eram viajantes que demandavam regiões diferentes, a par de grande grupo de samaritanos de opiniões exaltadas. A enorme assembleia se pôs a caminho, mas o Messias continuou espalhando as suas promessas de esperança e consolação.
Nesse ínterim, Felipe consultou os companheiros e, aproximando-se de Jesus, rogou-lhe carinhosamente:
- Mestre, por favor, aceite um pouco de pão.
- Não de preocupes, Felipe – disse o Messias. – Não tenho fome. Aliás, recebo um alimento que talvez meus próprios discípulos ainda não puderam conhecer.
- Qual? – atalhou o apóstolo com interesse.
- Antes de tudo, meu alimento é fazer a vontade daquele Pai misericordioso e justo que a este mundo me enviou, a fim de ensinar o seu amor e a sua verdade. Meu sustento é realizar sua obra.
- É verdade – observou o discípulo, olhando a multidão que os acompanhava.
Levaremos para Cafarnaum mais este triunfo, porque é incontestável que obtiveste aqui entre os samaritanos um dos nossos maiores êxitos.
Tiago e André ouviam silenciosos; o diálogo.
Às palavras entusiásticas do apóstolo, o Mestre sorriu e acrescentou:
- Não é isso propriamente o que me interessa. O êxito mundano pode ser uma ondulação de superfície. O que necessitamos em todas as situações é atender o que o Pai deseja de nós. Como todo o seu apelo é o do bem, eu trabalho, mas sem me prender ao anseio das vitórias imediatas.
E dirigindo o olhar para a turba compacta de seus seguidores, exclamou para os companheiros:
Acaso já poderíamos admitir que somos compreendidos? Calemo-nos por alguns instantes a fim de ouvirmos a opinião dos que nos seguem os passos.
Fez-se silêncio entre ele e os três discípulos, de modo que podiam ouvir distintamente os diálogos travados entre os que os acompanhavam.
-  Acreditas que seja este homem o Cristo prometido? – perguntava um samaritano de boa figura a seus amigos – De minha parte, não aceito semelhante impostura. Este nazareno é um explorador da piedade popular - É certo – concordava o interpelado – mesmo porque em sua terra, não chega a valer um denário. Pelos parentes é tido como inimigo do trabalho e há quem duvide da sua preguiçosa cabeça.
- É um louco de boa aparência – exclamava uma mulher idosa para a filha – pelo menos esta é a opinião que já ouvi de habitantes de Cafarnaum; entretanto para mim, acredito.
que seja um grande velhaco. Porque se meteu com pescadores quando alega ser tão sábio? Por que não se transfere para Jerusalém ou Tiberíades? Bem sabe a razão disso. Lá encontraria homens cultos, que lhe confundiriam a presunção.
Mais próximo de Jesus, um rapaz sentenciava em voz discreta:
- Quando chegamos, foi ele achado sozinho com uma mulher. Que te parece esta circunstância?
- Perguntava a um companheiro de caminhada.
- Certamente desejava salva-la a seu modo. – Replicou com malicioso riso o inquirido.
Num grupo vizinho, falava-se acaloradamente:
- Este homem é um espertalhão orgulhoso – dizia convicto um velhote – só faz milagres junto das grandes multidões, para que sintam virtudes sobrenaturais nas suas mágicas.
E não tem caridade – acrescentou outro – pois ainda há pouco tempo, quando o procuraram em Cafarnaum para um sinal do Céu, fugiu para o monte, sob o protesto de fazer orações.
A noite começava a cair de todo. No alto brilhavam as primeiras estrelas. Jesus sentou-se com os discípulos, à margem do caminho, para um momento de repouso.
André, Tiago e Felipe estavam espantados; com o que tinham visto e ouvido.
Aparentemente o Mestre aureolado de imenso êxito; entretanto, verificaram a profunda incompreensão do povo. Foi então que Jesus, com a serenidade de todos os instantes os esclareceu cheio de sua bondade imperturbável:
- Não vos admireis da lição deste dia. Quando veio o Batista, procurou o deserto, nutrindo-se de mel selvagem.
Os homens alegaram que em sua companhia estava o espírito de Satanás. A mim, pelo motivo de participar das alegrias do Evangelho, chama-me glutão e beberrão. Esta é a imagem do campo onde temos que operar. Por toda parte encontraremos samaritanos discutidores, atentos aos êxitos e referências do mundo. Observai a estrada para não cairdes, porque o discípulo do Evangelho não se pode preocupar senão com a vontade de Deus, com o seu trabalho sob as vistas do Pai e com a aprovação de sua consciência.



Livro Boa Nova, Espírito Irmão X - Humberto de Campos, psicografia Francisco C. Xavier, Edit. FEB

CRER EM VÃO

 CRER EM VÃO
Pelo qual também sois salvos se o retiver tal como vo-lo tenho anunciado, se não é que crestes em vão.
Paulo I Coríntios 15:2

Qual acontece a muitas flores que não atingirão a frutescência na estação adequada, existem inúmeras almas, nos serviços da crença, que não alcançam em longos períodos de luta terrestre a iluminação de si mesmas, por haverem crido em vão nos trilhos da vida.
Paulo de Tarso foi muito explícito quando asseverou aos coríntios que eles seriam salvos se retivessem o Evangelho.
A revelação de Jesus é campo extenso onde há lugar para todos os homens, em nos referindo aos serviços diversos.
Muitos chegam à obra, todavia, não passam além da letra, cooperando nas organizações puramente intelectuais; uns improvisam sistemas teológicos, outros contribuem na estatística e outros ainda se preocupam com a localização histórica do Senhor.
É imperioso reconhecer que toda tarefa digna se reveste de utilidade a seu tempo, de conformidade com os sentimentos do colaborador; contudo, no que condiz com a vida eterna que o Cristianismo nos desdobra ao olhar, é imprescindível retermos em nós o ensinamento do Mestre, com vistas à necessária aplicação.
Cada aprendiz há de ser uma página viva do livro que Jesus está escrevendo com o material evolutivo da Terra. O discípulo gravará o Evangelho na própria existência ou então se preparará ao recomeço do aprendizado, porquanto, sem fixar em si mesmo a luz da lição, debalde terá crido.



Livro Pão Nosso cap.149, Espírito Emanuel, psicografia Francisco C. Xavier, Edit. FEB

CEIFEIROS

 CEIFEIROS
Então disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros.
Mateus, Cap. 9:37

O ensinamento aqui não se refere à colheita espiritual dos grandes períodos de renovação no tempo, mas sim à seara de consolações que o Evangelho envolve em si mesmo.
Naquela hora permanecia em torno do Mestre a turba de corações desalentados e errantes que, segundo a narrativa de Mateus, se assemelhava a rebanho sem pastor. Eram fisionomias acabrunhadas e olhos súplices em penoso abatimento.
Foi então que Jesus ergueu o símbolo da seara realmente grande, ladeada, porém de raros ceifeiros.
É que o Evangelho permanece no mundo pôr bendita messe celestial, destinada a enriquecer o espírito humano, entretanto, a percentagem de criaturas dispostas ao trabalho da ceifa é muito reduzida. A maioria aguarda o trigo beneficiado ou o pão completo para a alimentação própria.
Raríssimos são aqueles que enfrentam os temporais, o rigor do trabalho e as perigosas surpresas que o esforço de colher reclama do trabalhador devotado e fiel.
Em razão disto, a multidão dos desesperados e desiludidos continua passando no mundo, em fileira crescente, através dos séculos.
Os abnegados operários do Cristo prosseguem onerados em virtude de tantos famintos que cercam a seara, sem a precisa coragem de buscarem por si o alimento da vida eterna. E esse quadro persistirá na Terra, até que os bons consumidores aprendam a ser também bons ceifeiros.



Livro Pão Nosso cap.148, Espírito Emanuel, psicografia Francisco C. Xavier, Edit. FEB

NÃO É SÓ


NÃO É SÓ
Mas agora despojai-vos também de todas estas coisas: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes de vossa boca.
Paulo
Colossenses, Cap. 3:8

Na atividade religiosa, muita gente crê na reforma da personalidade, desde que o discípulo da fé se desligue de certos bens materiais.
Um homem que distribua grande quantidade de rouparia e alimento entre os necessitados é tido à conta de renovado no Senhor; contudo, isto constitui modalidade da verdadeira transformação, sem representar o conjunto das características que lhe dizem respeito.
Há criaturas que se despojam de dinheiro em favor da beneficência, mas não cedem no terreno da opinião pessoal, no esforço sublime de renunciação.
Enormes fileiras de aprendizes proclamam-se dispostas à prática do bem; no entanto, exigem que os serviços de benemerência se executem conforme os seus caprichos e não segundo Jesus.
Em toda parte, ouvem-se fervorosas promessas de fidelidade ao Cristo; todavia, ninguém conseguirá semelhante realização sem observar o conjunto das obrigações necessárias.
Pequeno erro de cálculo pode trair o equilíbrio de um edifício inteiro. Eis por que em se despojando alguém de algum patrimônio material, a benefício dos outros, não se esqueça também de desintegrar, em derredor dos próprios passos, os velhos envoltórios do rancor, do capricho doentio, do julgamento apressado ou da leviandade criminosa, dentro dos quais afivelamos pesada máscara ao rosto, de modo a parecer o que não somos.


Livro Pão Nosso cap.147, Espírito Emanuel, psicografia Francisco C. Xavier, Edit. FEB

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A GRANDE PERGUNTA

   A GRANDE PERGUNTA
 “E por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?”
Jesus
Lucas, cap. 6: 46

Em lamentável indiferença, muitas pessoas esperam pela morte do corpo, a fim de ouvirem as sublimes palavras do Cristo.
Não se compreende, porém, o motivo de semelhante propósito. 
O Mestre permanece vivo em seu Evangelho de Amor e Luz.
É desnecessário aguardar ocasiões solenes para que lhe ouçamos os ensinamentos sublimes e claros.
Muitos aprendizes aproximam-se do trabalho santo, mas desejam revelações diretas. Teriam mais fé, asseguram displicentes, se ouvissem o Senhor, de modo pessoal, em suas manifestações divinas. Acreditam-se merecedores de dádivas celestes e acabam considerando que o serviço do Evangelho é grande em demasia para o esforço humano e põem-se à espera de milagres imprevistos, sem perceberem que a preguiça sutilmente se lhes mistura à vaidade, anulando-lhes as forças.
Tais companheiros não sabem ouvir o Mestre Divino em seu verbo imortal.
Ignoram que o serviço deles é aquele a que foram chamados, por mais humildes lhes pareçam as atividades a que se ajustam.
Na qualidade de político ou de varredor, num palácio ou numa choupana, o homem da Terra pode fazer o que lhe ensinou Jesus.
É por isso que a oportuna pergunta do Senhor deveria gravar-se de maneira indelével em todos os templos, para que os discípulos, em lhe pronunciando o nome, nunca se esqueçam de atender, sinceramente, às recomendações do seu verbo sublime.



Livro Caminho Verdade e Vida cap.47, Espírito Emanuel, psicografia Francisco C. Xavier, Edit. FEB

AMOR FRATERNAL

   AMOR FRATERNAL
Permaneça o amor fraternal.
Paulo
Hebreus Cap. 13: 1
As afeições familiares, os laços consanguíneos, as simpatias naturais podem ser manifestações muito santas da alma, quando a criatura as eleva no altar do sentimento superior, contudo, é razoável que o espírito não venha a cair sob o peso das inclinações próprias.
O equilíbrio é a posição ideal.  Por demasia de cuidado, inúmeros pais prejudicam os filhos.
Por excesso de preocupações, muitos cônjuges descem às cavernas do desespero, defrontados pelos insaciáveis monstros do ciúme que lhes aniquilam a felicidade.
Em razão da invigílância, belas amizades terminam em abismo de sombra.
O apelo evangélico, por isto mesmo, reveste-se de imensa importância.
A fraternidade pura é o mais sublime dos sistemas de relações entre as almas.
O homem que se sente filho de Deus e sincero irmão das criaturas não é vitima dos fantasmas do despeito, da inveja, da ambição, da desconfiança. Os que se amam fraternalmente alegram-se com o júbilo dos companheiros; sentem-se felizes com a ventura que lhes visita os semelhantes.
As afeições violentas, comumente conhecidas na Terra, passam vulcânicas e inúteis.
Na teia das reencarnações, os títulos afetivos modificam-se constantemente. É que o amor fraternal, sublime e puro, representando o objetivo supremo do esforço de compreensão, é a luz imperecível que sobreviverá no caminho eterno.



Livro Pão Nosso cap.141, Espírito Emanuel, psicografia Francisco C. Xavier, Edit. FEB

O ESPINHO

 O ESPINHO
E para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, mensageiro de Satanás.
Paulo.
II Coríntios, Cap. 12:7

Atitude sumamente perigosa louvar o homem a si mesmo, presumindo desconhecer que se encontra em plano de serviço árduo, dentro do qual lhe compete emitir diariamente testemunhos difíceis. É posição mental não somente ameaçadora, quanto falsa, porque lá vem um momento inesperado em que o espinho do coração aparece.
O discípulo prudente alimentará a confiança sem bazófia, revelando-se corajoso sem ser metediço. Reconhece a extensão de suas dividas para com o Mestre e não encontra glória em si mesmo, por verificar que toda a glória pertence a Ele mesmo, o Senhor.
Não são poucos os homens do mundo, invigilantes e inquietos, que, após receberem o incenso da multidão, passam a curtir as amarguras da soledade; muitos deles se comprazem nos galarins da fama, qual se estivesse convertidos em ídolos eternos, para chorarem, mais tarde, a sós, com o seu espinho ignorado nos recessos do ser.
Por que assumir posição de mestre infalível, quando não passamos de simples aprendizes?
Não será mais justo servir ao Senhor, na mocidade ou na velhice, na abundância ou na escassez, na administração ou ‘na subalternidade, com o espírito de ponderação, observando os nossos pontos vulneráveis, na insuficiência e imperfeição do que temos sido, até agora?
Lembremo-nos de que Paulo de Tarso esteve com Jesus pessoalmente; foi indicado para o serviço divino em Antioquia pelas próprias vozes do Céu; lutou, trabalhou e sofreu pelo Evangelho do Reino e, escrevendo aos coríntios, já envelhecido e cansado, ainda se referiu ao espinho que lhe foi dado para que se não exaltasse no sublime trabalho das revelações.



Livro Pão Nosso cap.126, Espírito Emanuel, psicografia Francisco C. Xavier, Edit. FEB

CONDIÇÃO COMUM



   CONDIÇÃO COMUM

Imediatamente, o pai do menino, clamando com lágrimas, disse: Eu creio Senhor, ajuda a minha incredulidade.
Marcos, Cap. 9:24

Aquele homem da multidão, em se aproximando de Jesus com o filho enfermo, constitui expressão representativa do espírito comum da humanidade terrestre.
Os círculos religiosos comentam excessivamente a fé em Deus, todavia, nos instantes da tempestade, são escassos os devotos que permanecem firmes na confiança.
Revelam-se as massas muito atentas aos cerimoniais do culto exterior, participam das edificações alusivas à crença, contudo, ante as dificuldades do escândalo, quase toda gente resvala no despenhadeiro das acusações recíprocas.
Se falha um missionário, verifica-se a debandada. A comunidade dos crentes pousa os olhos nos homens falíveis, cegos às finalidades ou indiferentes às instituições. Em tal movimento de insegurança espiritual, sem paradoxo, as criaturas humanas creem e descreem, confiando hoje e desfalecendo amanhã.
Somos defrontados, ainda, pelo regime de incerteza de espíritos infantis que mal começam a conceber noções de responsabilidade.
Felizes, pois, aqueles que, à maneira do pai necessitado, se acercar do Cristo, confessando a precariedade da posição Intima. Assim, em afirmando a crença com a boca pedirá, ao mesmo tempo, ajuda para a sua falta de fé, atestando com lágrimas a própria miserabilidade.



Livro Pão Nosso cap.123, Espírito Emanuel, psicografia Francisco C. Xavier, Edit. FEB