terça-feira, 28 de agosto de 2018

IRRESPONSABILIDADE


IRRESPONSABILIDADE[1]

Somos nós mesmos que fazemos os nossos caminhos e depois os denominamos de fatalidade.
Não é coerente que cada um de nós trabalhe para alcançar a própria felicidade?
Não é lógico que devemos nos responsabilizar apenas por nossos atos?
Não nos afirma a sabedoria do Evangelho que seríamos conhecidos, exclusivamente, pelas nossas obras?
Fazer os outros seguros e felizes é missão impossível de realizar, se acreditarmos que depende unicamente de nós a plenitude de sua concretização. Se assim admitimos, passamos, a partir de então, a esperar e a cobrar retribuição; em outras palavras, a reciprocidade.
Não seria mais fácil que cada um de nós conquistasse sua felicidade para que depois pudesse desfrutá-la, convivendo com alguém que também a conquistou por si mesmo?
Qual a razão de a ofertarmos aos outros e, por sua vez, os outros a concederem a nós? Por certo, só podemos ensinar ou partilhar o que aprendemos.
Assim disse Pedro, o apóstolo: “Não tenho ouro nem prata; mas o que tenho, isso te dou.”
Dessa maneira, vivemos constantemente colocando nossas necessidades em segundo plano e, ao mesmo tempo, nos esquecendo de que a maior de todas as responsabilidades é aquela que temos para com nós mesmos.
Os acontecimentos exteriores de nossa vida são o resultado direto de nossas atitudes internas. A princípio, podemos relutar para assimilar e entender esse conceito, porque é melhor continuarmos a acreditar que somos vítimas indefesas de forças que não estão sob o nosso controle.
Efetivamente, somos nós mesmos que fazemos os nossos caminhos e depois os denominamos de fatalidade.
Pergunta Kardec aos Semeadores da Nova Revelação.
“Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? (...) são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre-arbítrio?”,
E eles respondem:
“A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar... Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino...”.
É inevitável para todos nós o fato de que vivemos, invariavelmente, escolhendo. A condição primordial do livre-arbítrio é a escolha e, para que possamos viver, toma-se indispensável escolher sempre. Nossa existência se faz através de um processo interminável de escolhas sucessivas.
Eis aqui um fato incontestável da vida: o amadurecimento do ser humano inicia-se quando cessam suas acusações ao mundo.
Entretanto, há indivíduos que se julgam perseguidos por um destino cruel e censuram tudo e todos, menos eles mesmos.
Recusam, sistematicamente, a responsabilidade por suas desventuras, atribuindo a culpa às circunstâncias e às pessoas, bem como não reconhecem a conexão existente entre os fatos exteriores e seu comportamento mental. No íntimo, essas pessoas não definiram limites em seu mundo interior e vivem num verdadeiro emaranhado de energias desconexas. Os limites nascem das nossas decisões profundas sobre o que acreditamos serem nossos direitos pessoais.
Nossas demarcações estabelecem nosso próprio território, cercam nossas forças vitais e determinam as linhas divisórias de nosso ser individual. Há um espaço delimitado onde nós terminamos e os outros começam.
Algumas criaturas aprenderam, desde a infância, o senso dos limites com pais amadurecidos. Isso os mantém firmes e saudáveis dentro de si mesmas. Outras, porém, não. Quando atingiram a fase adulta, não sabiam como distinguir quais são e quais não são suas responsabilidades. Muitas construíram muros de isolamento que as separaram do crescimento e da realização interior, ou ainda paredes com enormes cavidades que as tomaram suscetíveis a urna confusão de suas emoções com as de outras pessoas.
Limites é o portal dos bons relacionamentos. Têm como objetivo nos tomar firmes e conscientes de nós mesmos, a fim de sermos capazes de nos aproximar dos outros sem sufocá-los ou desrespeitá-los. Visam também evitar que sejamos constrangidos a não confiar em nós mesmos.
Ser responsável implica ter a determinação para responder pelas consequências das atitudes adotadas.
Ser responsável é assumir as experiências pessoais, para atingir uma real compreensão dos acertos e dos desenganos.
Ser responsável é decidir por si mesmo para onde ir e descobrir a razão do próprio querer.
Não existem “vítimas da fatalidade”; nós é que somos os promotores do nosso destino.
Somos a causa dos efeitos que ocorrem em nossa existência.
Aceitar o princípio da responsabilidade individual e estabelecer limites descomplica nossa vida, tomando-nos cada vez mais consciente de tudo o que acontece ao nosso derredor.
Escolhendo com responsabilidade e sabedoria, poderemos transmutar, sem exceção, as amarguras em que vivemos na atualidade. A auto responsabilidade nos proporcionará a dádiva de reconhecer que qualquer mudança de rota no itinerário de nossa “viagem cósmica” dependerá, invariavelmente, de nós.


[1] Livro: As Dores da Alma – Ditado pelo Espírito Hamed; psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto, Edit. Boa Nova. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.

Um comentário:

  1. Exatamente!! Tudo que avaconte em nossas vidas, o primeiro a permitir somos nós! Vamos muitas das vezes trilhando em caminhos que não nos conduz, guardamos dentro de nós magoss, egoísmo, mais costumes, azedumes etc... E aí sofremos as consequências.

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