Cada vez que nos reportamos aos serviços
da cura, é justo pensar nos enfermos, que transcendem o quadro da diagnose
comum.
Enxameiam, aflitos, por toda parte, aguardando medicação.
Há os que cambaleiam de fome, a esmolarem doses de
alimentação adequada.
Há os que tremem desnudos, requisitando a internação em
roupa conveniente.
Há os que caem desalentados, a esperarem pela injeção de
bom ânimo.
Há os que arrojaram nos tormentos da culpa, rogando tranquilizantes
do esquecimento.
Há os que se conturbam nas trevas da obsessão a pedirem
palavras de luz por drágeas de amor.
Há os que choram de saudade nos aposentos do coração,
suplicando a bênção do reconforto.
Há os que foram mentalmente mutilados por desenganos
terríveis, a suspirarem por recursos de apoio.
E há, ainda, aqueles outros que se envenenaram de egoísmo
e frieza, desespero e ignorância, exigindo a terapêutica incessante da desculpa
incondicional.
x.x.x
Ajuda, sim, aos
doentes do corpo, mas não desprezes os doentes da alma, que caminham na Terra, aparentemente robustos,
carregando enfermidades imanifestas que lhes consomem o pensamento e desfiguram
a vida.
Todos podemos ser instrumentos do bem, uns para com os
outros.
Não esperes que o companheiro se acame prostrado ou febril para
estender-lhe esperança e remédio.
Auxilia-o, hoje mesmo, sem humilhar ou ferir, de vez que a
verdadeira caridade, tanto quanto possível é tratamento indolor da necessidade
humana.
Os
emissários do Cristo curam os nossos males em divino silêncio.
Diante dos outros, procedamos nós
igualmente assim.
Somos nós! Uns precisando um dos outros assim somos nós!
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