SERIA
INÚTIL[1]
“Respondeu-lhes: Já vo-lo disse e não
ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir?”
João – 9.27
É muito freqüente a preocupação de muitos religiosos, no sentido de transformarem
os amigos compulsoriamente, conclamando-os às suas convicções particularistas.
Quase sempre se empenham em longas e fastidiosas discussões, em contínuos jogos
de palavras, sem uma realização sadia ou edificante.
O coração sinceramente renovado na fé, entretanto, jamais procede assim.
É indispensável diluir o prurido de superioridade que infesta o
sentimento de grande parte dos aprendizes, tão logo se deixam conduzir a novos
portos de conhecimento, nas revelações gradativas da sabedoria divina, porque
os discutidores de más inclinações se incumbem de interceptar-lhes a marcha.
A resposta do cego de nascença aos judeus argutos e inquiridores é padrão
ativo para os discípulos sinceros.
Lógico que o seguidor de Jesus
não negará um esclarecimento acerca do Mestre, mas se já explicou o assunto, se
já tentou beneficiar o irmão mais próximo com os valores que o felicitam, sem
atingir o alheio entendimento, para que
discutir?
Se um homem ouviu a
verdade, e não a compreendeu; fornece evidentes sinais de paralisia espiritual.
Ser-lhe-á inútil, portanto, escutar repetições imediatas, porque ninguém
enganará o tempo, e o sábio que desafiasse o ignorante rebaixar-se-ia ao título
de insensato.
Não percas, pois, as tuas horas através de elucidações minuciosas e repetidas
para quem não as pode entender, antes que lhe sobrevenham no caminho o sol e a
chuva, o fogo e a água da experiência.
Tens mil recursos de trabalhar em favor de teu amigo, sem provocá-lo ao teu
modo de ser e à tua fé.
[1] Livro: Pão Nosso – Ditado pelo Espírito Emmanuel;
psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. 37, Edit. FEB
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