A prática e as pesquisas
realizadas por psicólogos demonstram a necessidade de se repensar a questão da
educação[2].
dos filhos.
Depois que as experiências
provaram que o método do autoritarismo,
aplicado por nossos pais, estava ultrapassado e de certa forma ineficiente,
optou-se por outro método menos eficaz e até danoso: o da
“liberdade sem responsabilidade”.
“liberdade sem responsabilidade”.
Considerada por alguns psicólogos
como prejudicial ao desenvolvimento sadio da criança, a palavra
“não” foi banida do vocabulário de muitos pais, que hoje amargam
profundamente a total falta de
controle sobre a prole.
controle sobre a prole.
Inadvertidamente e sem exames mais
acurados, os pais modernos aceitaram a filosofia do “tudo pode”, não
levando em conta a necessidade de se estabelecerem limites para que haja
harmonia dentro do lar.
Depois de perder o controle da situação, muitos apelaram para outro método desastroso: o da
barganha.
Impotentes diante da teimosia dos
filhos, criados sem as normas básicas de disciplina, os pais se perdem nos
labirintos das “compensações”, em que tudo é negociado.
Se
for hora de ir para a cama e o filho não obedece, a mãe logo lança mão de algum
motivo para a “negociata”: “se você for dormir, a mamãe deixa você jogar aquela
fita de ‘game’ violenta, que você tanto
gosta”.
gosta”.
Nesse caso, bastaria que a mãe,
consciente da sua missão de educadora, tomasse seu filho pela mão e o conduzisse
com carinho e firmeza para a cama.
Ou, ainda, se é hora do banho e o
“anjinho” faz corpo mole, a mãe logo faz outro “trato”, esquecendo-se de que quanto mais se
negocia com a criança, mais ela exigirá para fazer o que é sua
obrigação.
Alguns psicólogos defendem a volta
do autoritarismo na educação dos filhos, mas isso já ficou provado que
não dá bons resultados. Seria “domesticação” ao invés de educação.
Considerando-se que a educação,
segundo Allan Kardec, no comentário da questão 685a[1], de O Livro dos Espíritos
é: “A arte de formar caracteres” temos de convir que a barganha
somente sirva
para “deformar” os caracteres dos nossos educandos.
para “deformar” os caracteres dos nossos educandos.
Ademais, se levarmos em conta que
nossos filhos são Espíritos encarnados que vêm do espaço para progredir,
trazendo em si mesmos as experiências pretéritas, boas ou não, entenderemos que
a grande missão dos pais é ensinar-lhes a dignidade, não pelo autoritarismo,
mas pela autoridade
moral, isto é, ensinar pelo exemplo.
moral, isto é, ensinar pelo exemplo.
Nossos filhos não aceitam somente não como resposta. Eles merecem
e precisam de uma explicação coerente. Não falamos de justificativas, mas de
diálogo.
Se existe um horário para dormir,
se é preciso tomar banho, se não se pode comprar esse ou aquele brinquedo, a
criança tem o direito de saber por quê.
Dizendo, por exemplo, que não
podemos comprar o brinquedo que ela tanto quer porque o orçamento não comporta,
ela entenderá, ao passo que se dissermos um “não” somente, ela ficará revoltada
por pensar que não compramos por má vontade.
Tudo isso requer muito
investimento, que não quer dizer “perda de tempo”, como muitos pais afirmam.
Investimento de tempo, paciência, afeto e carinho. A tarefa não é tão difícil e
certamente é mais
eficaz.
eficaz.
Como espíritas, deveremos ter
sempre em mente a advertência de Santo Agostinho, em O Evangelho Segundo o
Espiritismo:
Lembrai-vos de que a cada pai e a
cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?
Se por culpa vossa ele se conservou atrasado, tereis
como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores, quando de vós dependia que
fosse ditoso.
[2] Educar não pode limitar-se a instruir, a transmitir informação, nem a transmitir competências; integra não só questões de autonomia, mas também problemas de autoridade, de tradição e de transmissão da cultura. https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o
[1] 685-a. Mas o que fará o velho que precisa trabalhar para
viver e não pode?
– O forte deve trabalhar para
o fraco; na falta da família, a sociedade deve ampará-lo: é a lei da caridade. Não basta dizer ao homem que ele deve
trabalhar, é necessário também que o que vive do seu trabalho encontre
ocupação, e isso nem sempre acontece. Quando a falta de trabalho se generaliza,
toma as proporções de um flagelo, como a escassez. A ciência econômica procura
o remédio no equilíbrio entre a produção e o consumo, mas esse equilíbrio,
supondo-se que seja possível, sofrerá sempre intermitências e durante essas
fases o trabalhador tem necessidade de viver. Há um elemento que não se
ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a
educação. Não a educação intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral
pelos livros, mas a que consiste na arte de formar os caracteres, aquela que
cria os hábitos, porque educação é conjunto de hábitos adquiridos. Quando se
pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem
princípios, sem freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das
conseqüências desastrosas desse fato? Quando essa arte for conhecida,
compreendida e praticada, o homem seguirá no mundo os hábitos de ordem e
previdência para si mesmo e para as seus, de respeito pelo que é respeitável,
hábitos que lhe permitirão atravessar de maneira menos penosa os maus dias
inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que somente uma
educação bem compreendida pode curar. Nisso está o ponto de partida, a elemento
real do bem estar, a garantia da segurança de todos (47).
(47) A concepção espírita do
trabalho como lei natural, determinante ao mesmo tempo da evolução do homem e
da Natureza, coincide com o princípio marxista segundo o qual, nas próprias
palavras de Marx: “Agindo sobre a Natureza, que está fora dele, e
transformando-a por meio da ação, o homem se transforma também a si mesmo”.
Vemos, no item 676, que “sem o trabalho o homem permaneceria na infância
intelectual”. O Espiritismo não encara, pois, o trabalho como “uma condenação”,
segundo dizem alguns marxistas, mas como uma necessidade da evolução humana e
da evolução terrena. Trabalhar não é sofrer, mas progredir, desenvolver-se,
conquistar a felicidade. A diferença está em que, para os marxistas, a
felicidade se encontra nos produtos materiais do trabalho na Terra, enquanto
para os espíritas, além dos proventos imediatos da Terra, o trabalho
proporciona também os da evolução espiritual. Por isso não basta
dar trabalho ao homem, sendo também necessário dar-lhe educação moral, ou seja, orientação
espiritual para que ele possa tirar do trabalho todos os proventos que este lhe
pode dar. Um mundo socialista, de trabalho e abundância para todos, mas sem
perspectivas espirituais, seria tão vazio e aborrecido como um mundo espiritual
de ociosidade, segundo o prometido pelas religiões. O paraíso
terrestre do marxismo equivaleria ao paraíso celeste dos beatos. O Espiritismo
não aceita um extremo nem outro, colocando as coisas em seu devido lugar. (N.
do T.)
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