sexta-feira, 18 de maio de 2018

A ARTE DE FORMAR CARACTERES

A ARTE DE FORMAR CARACTERES[1]
A prática e as pesquisas realizadas por psicólogos demonstram a necessidade de se repensar a questão da educação[2]. dos filhos.
Depois que as experiências provaram que o método do autoritarismo, aplicado por nossos pais, estava ultrapassado e de certa forma ineficiente, optou-se por outro método menos eficaz e até danoso: o da
liberdade sem responsabilidade”.
Considerada por alguns psicólogos como prejudicial ao desenvolvimento sadio da criança, a palavra “não” foi banida do vocabulário de muitos pais, que hoje amargam profundamente a total falta de
controle sobre a prole.
Inadvertidamente e sem exames mais acurados, os pais modernos aceitaram a filosofia do “tudo pode”, não levando em conta a necessidade de se estabelecerem limites para que haja harmonia dentro do lar.
Depois de perder o controle da situação, muitos apelaram para outro método desastroso: o da barganha.
Impotentes diante da teimosia dos filhos, criados sem as normas básicas de disciplina, os pais se perdem nos labirintos das “compensações”, em que tudo é negociado.
Se for hora de ir para a cama e o filho não obedece, a mãe logo lança mão de algum motivo para a “negociata”: “se você for dormir, a mamãe deixa você jogar aquela fita de ‘game’ violenta, que você tanto
gosta”.
Nesse caso, bastaria que a mãe, consciente da sua missão de educadora, tomasse seu filho pela mão e o conduzisse com carinho e firmeza para a cama.
Ou, ainda, se é hora do banho e o “anjinho” faz corpo mole, a mãe logo faz outro “trato”, esquecendo-se de que quanto mais se negocia com a criança, mais ela exigirá para fazer o que é sua obrigação.
Alguns psicólogos defendem a volta do autoritarismo na educação dos filhos, mas isso já ficou provado que não dá bons resultados. Seria “domesticação” ao invés de educação.
Considerando-se que a educação, segundo Allan Kardec, no comentário da questão 685a[1], de O Livro dos Espíritos é: “A arte de formar caracteres temos de convir que a barganha somente sirva
para “deformar” os caracteres dos nossos educandos.
Ademais, se levarmos em conta que nossos filhos são Espíritos encarnados que vêm do espaço para progredir, trazendo em si mesmos as experiências pretéritas, boas ou não, entenderemos que a grande missão dos pais é ensinar-lhes a dignidade, não pelo autoritarismo, mas pela autoridade
moral, isto é, ensinar pelo exemplo.
Nossos filhos não aceitam somente não como resposta. Eles merecem e precisam de uma explicação coerente. Não falamos de justificativas, mas de diálogo.
Se existe um horário para dormir, se é preciso tomar banho, se não se pode comprar esse ou aquele brinquedo, a criança tem o direito de saber por quê.
Dizendo, por exemplo, que não podemos comprar o brinquedo que ela tanto quer porque o orçamento não comporta, ela entenderá, ao passo que se dissermos um “não” somente, ela ficará revoltada por pensar que não compramos por má vontade.
Tudo isso requer muito investimento, que não quer dizer “perda de tempo”, como muitos pais afirmam. Investimento de tempo, paciência, afeto e carinho. A tarefa não é tão difícil e certamente é mais
eficaz.
Como espíritas, deveremos ter sempre em mente a advertência de Santo Agostinho, em O Evangelho Segundo o Espiritismo: 
Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?
Se por culpa vossa ele se conservou atrasado, tereis como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores, quando de vós dependia que fosse ditoso.





[2] Educar não pode limitar-se a instruir, a transmitir informação, nem a transmitir competências; integra não só questões de autonomia, mas também problemas de autoridade, de tradição e de transmissão da cultura.     https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o


[1] 685-a. Mas o que fará o velho que precisa trabalhar para viver e não pode?
– O forte deve trabalhar para o fraco; na falta da família, a sociedade deve ampará-lo: é a lei da caridade. Não basta dizer ao homem que ele deve trabalhar, é necessário também que o que vive do seu trabalho encontre ocupação, e isso nem sempre acontece. Quando a falta de trabalho se generaliza, toma as proporções de um flagelo, como a escassez. A ciência econômica procura o remédio no equilíbrio entre a produção e o consumo, mas esse equilíbrio, supondo-se que seja possível, sofrerá sempre intermitências e durante essas fases o trabalhador tem necessidade de viver. Há um elemento que não se ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar os caracteres, aquela que cria os hábitos, porque educação é conjunto de hábitos adquiridos. Quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, sem freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das conseqüências desastrosas desse fato? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem seguirá no mundo os hábitos de ordem e previdência para si mesmo e para as seus, de respeito pelo que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar de maneira menos penosa os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que somente uma educação bem compreendida pode curar. Nisso está o ponto de partida, a elemento real do bem estar, a garantia da segurança de todos (47).

(47) A concepção espírita do trabalho como lei natural, determinante ao mesmo tempo da evolução do homem e da Natureza, coincide com o princípio marxista segundo o qual, nas próprias palavras de Marx: “Agindo sobre a Natureza, que está fora dele, e transformando-a por meio da ação, o homem se transforma também a si mesmo”. Vemos, no item 676, que “sem o trabalho o homem permaneceria na infância intelectual”. O Espiritismo não encara, pois, o trabalho como “uma condenação”, segundo dizem alguns marxistas, mas como uma necessidade da evolução humana e da evolução terrena. Trabalhar não é sofrer, mas progredir, desenvolver-se, conquistar a felicidade. A diferença está em que, para os marxistas, a felicidade se encontra nos produtos materiais do trabalho na Terra, enquanto para os espíritas, além dos proventos imediatos da Terra, o trabalho proporciona também os da evolução espiritual. Por isso não basta dar trabalho ao homem, sendo também necessário dar-lhe educação moral, ou seja, orientação espiritual para que ele possa tirar do trabalho todos os proventos que este lhe pode dar. Um mundo socialista, de trabalho e abundância para todos, mas sem perspectivas espirituais, seria tão vazio e aborrecido como um mundo espiritual de ociosidade, segundo o prometido pelas religiões. O paraíso terrestre do marxismo equivaleria ao paraíso celeste dos beatos. O Espiritismo não aceita um extremo nem outro, colocando as coisas em seu devido lugar. (N. do T.)

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