NO SONO PROVOCADO – Para maior compreensão de qualquer
fenômeno da transmissão mediúnica, não nos será lícito esquecer a ideoplastia, pela qual o
pensamento pode materializar-se, criando formas que muitas vezes se revestem de
longa duração, conforme a persistência da onda em que se expressam.
Entendendo-se
que os poderes mentais são inerentes tanto às criaturas
desencarnadas quanto às encarnadas, é natural que os elementos plásticos e
organizadores da idéia se exteriorizem dos médiuns, como também dos
companheiros que lhes comungam tarefas e experiências, estabelecendo-se
problemas espontâneos, cuja solução reclama discernimento.
Para
clarear o assunto, recordemos o circuito de forças existente entre magnetizador
e magnetizado, no sono provocado.
Se o
primeiro sugere ao segundo a existência de determinada imagem, em certo local,
de imediato a mente do “sujet”, governada pelo toque positivo que a orienta,
concentrará os próprios raios mentais no ponto indicado, aí plasmando o quadro
sugerido, segundo o principio da reflexão, pelo qual, como no cinematógrafo, a
projeção de cenas repetidas mantém a estabilidade transitória da imagem, com o
movimento e som respectivos.
O
hipnotizado contemplará, então, o desenho estabelecido, nas menores
particularidades de tessitura, e se o hipnotizador, sem preveni-lo, lhe coloca
um espelho à frente, o sensitivo para logo demonstra insopitável assombro, ao
fitar a gravura em dupla exibição, porquanto a imagem refletida parecer-lhe-á
tão real quanto a outra.
Emprega-se
comumente a palavra “alucinação” para designar tal fenômeno; contudo, a
definição não é praticamente segura, de vez que na ocorrência não entra em jogo
o devaneio ou a ilusão.
Qual
acontece nos espetáculos da televisão, em que a cena transmitida é
essencialmente real, através da conjugação de ondas, o quadro entretecido pela
mente do magnetizado, ao influxo do magnetizador, é fundamentalmente
verdadeiro, segundo análogo princípio, porque, fazendo convergir, em certa
região, as oscilações do próprio Espírito, o hipnotizado cria a gravura
sugerida, imprimindo-lhe vitalidade correspondente, à força da percussão sutil,
pela qual a tela se estrutura.
O
acontecimento, corriqueiro, aliás, dá noções exatas da ideoplastia em todas as atividades mediúnicas
comandadas por investigadores em que a exigência alcança as raias da presunção.
Multiplicando
instâncias, além da fiscalização compreensível e justa, não se precatam de que
se transformam em hipnotizadores incômodos, ao invés de estudiosos
equilibrados, interferindo no circuito de energias mantido entre o benfeitor
desencarnado e o servidor encarnado, obstando, assim, a realização de programas
do Plano Superior, com vistas à identificação e revelação da Espiritualidade
Maior.
NOS
FENÓMENOS FÍSICOS
- Nas sessões de efeitos físicos, ante as energias ectoplasmáticas
exteriorizadas no curso das tarefas em vias de efetivação pelo instrutor
espiritual, se o experimentador humano formula essa ou aquela reclamação, eis
que a mente mediúnica, qual ocorre ao “sujet”, na hipnose artificial, se deixa
empolgar pela ordem recebida, emitindo a própria onda mental, não mais no
sentido de atender ao amigo desencarnado que dirige a ação em foco, mas sim
para satisfazer ao pesquisador no campo físico.
Dai
porque, apreendendo, com mais segurança, as necessidades do médium e
respeitando-as com o elevado critério que se percebe, na complexidade do serviço em
desenvolvimento, as entidades indulgentes e sabias se retraem na
experiência, mantendo-se em guarda para proteger o conjunto, à maneira de
professores que, dentro das suas possibilidades, se colocam na posição de
sentinelas quando os alunos abandonam os objetivos enobrecedores da lição, a
pervagarem no terreno de caprichos inconseqüentes.
INTERFERÊNCIAS
IDEOPLASTICAS
– Imaginemos o orientador desencarnado, numa sessão de
ectoplasmia regularmente controlada, quando esteja constituindo a forma
de um braço com os recursos exteriorizados do médium, a planejar maior desdobramento
do trabalho em curso. Se, no mesmo instante, o experimentador terrestre,
tocando a forma tangível, solicita, por exemplo: – “uma pulseira, quero uma
pulseira no braço” –, de imediato a mente do médium recolhe o impacto da
determinação e, em vez de prosseguir sob o controle benevolente do operador desencarnado,
passa a obedecer ao investigador
humano, centralizando, de modo inconveniente,
a própria onda mental induzida sobre o braço já parcialmente materializado, aí
plasmando a pulseira, nas condições reclamadas.
Surgida
à interferência, o serviço da Esfera Espiritual sofre enorme dificuldade de
ação, diminuindo-se o proveito da assembléia encarnada.
E, na mesma
pauta, requerimentos fúteis e pedidos desordenados dos circunstantes provocam
ocorrências ideoplasticas
de manifesta incongruência, baixando o teor das manifestações, por viciarem a
mente mediúnica, ligando-a a influência de agentes inferiores que, não raro,
passam a atuar com manifesto desprestígio dos projetos de sublimação, a
princípio acalentados pelo conjunto de pessoas irmanadas para o intercâmbio.
MEDIUNIDADE
E RESPONSABILIDADE – Decerto não invocamos o relaxamento para o governo das
reuniões de ectoplasmia, nem endossamos a irresponsabilidade.
Recordamos
simplesmente que a bancarrota de muitos círculos organizados para o trato dos
efeitos físicos e, notadamente, da materialização, se deve à própria incúria ou
impertinência daqueles que os constituem, na maioria das vezes, indagadores e
pedinchões inveterados que descambam, imperceptivelmente, para a leviandade,
comprometendo a obra ideada para o bem, porquanto interpõem os mais estranhos
recursos na edificação programada, provocando enganos ou fraudes inconscientes
e intervenções menos desejáveis em resposta à irresponsabilidade deles mesmos.
EM
OUTROS FENÔMENOS
– idênticos fenômenos com a ideoplastia
por base são comuns na fotografia transcendente, em seus vários tipos, porque,
se o instrumento mediúnico, e acompanhantes, não demonstram mais alta
compreensão dos atributos que lhes cabem na mediação entre os dois planos,
preponderando com a força de suas próprias oscilações mentais sobre as energias
exteriorizadas, perde-se, como é natural, o ascendente da Esfera Superior, que
sulcaria a experiência com o selo de sua presença iluminativa impondo-se-lhe
tão somente a marca dos encarnados inquietos, ainda incapazes de formar o campo
indispensável à receptividade dos agentes de ordem mais elevada.
Na
mediunidade de efeitos intelectuais, a ideoplastia assume papel extremamente importante, porque certa
classe de pensamentos constantemente repetidos sobre a mente mediúnica menos experimentada
pode constrangê-la a tomar certas imagens, mantidas pela onda mental
persistente, como situações e personalidades reais, tal qual uma criança que
acreditasse estar contemplando essa paisagem ou aquela pessoa, tão só por
ver-lhes o retrato animado num filme.
NA
MEDIUNIDADE AVILTADA – Onde os agentes ideoplasticos assumem caráter dos mais
significativos desde épocas imemoriais no mundo, é justamente nos círculos do
magismo, dentro dos quais a mediunidade rebaixada a processos inferiores de manifestação
se deixa aprisionar por seres de posição primitiva ou por Inteligências
degradadas que cunham idéias escravizantes para quantos se permitem vampirizar.
Aceitando
sugestões deprimentes, quantos se entregam ao culto da magia aviltante
arremessam de si próprios as imagens menos dignas a que se vinculam,
engendrando tabus dos quais dificilmente se desvencilham, à face do terror que
lhes instila o demorado cativeiro às forças da ignorância.
Submetida
à mente, a idolatria desse jaez[2],
passa a manter, por sua própria conta, os agentes com que se tortura tanto mais
intensamente quanto mais extensa se lhe revele a sensibilidade receptiva, porque,
com mais alevantado poder de plasmagem mental, a criatura mais facilmente gera,
para si mesma, tanto o bem que a tonifica quanto o mal que a perturba.
E não se
diga que o assunto vige preso a mero entrechoque de aparências, de vez que a sugestão é poder
inconteste, ligando a alma, de maneira inequívoca, às criações que lhes são
inerentes no mundo íntimo, obrigando-a a recolher as resultantes da treva ou da
luz a que se afeiçoe.
[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia
de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XIX
[2] Índole,
espécie, gênero: não confio em indivíduos de tal jaez. - https://www.dicio.com.br/jaez/
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