MEDIUNIDADE E RELIGIÃO – Misturada à magia
vulgar, a mediunidade é de todos os tempos no mundo.
Confundida
entre os totens e manitus, nas raças primitivas, alteia-se, gradativamente, e surge;
suntuosa e complexa, nos templos iniciáticos dos povos antigos, ou rebaixada e
desordenada, entre os magos da praça pública.
Ocioso
seria enumerar sucessos e profecias, constantes dos livros sagrados das
religiões, nas épocas anciãs.
A cada passo, nas recordações de todas
elas, encontramos referências a manifestações de anjos e demônios, evocações e
mensagens de seres desencarnados, visões e sonhos, encantamentos e exorcismos.
REFLEXO CONDICIONADO E
MEDIUNIDADE
– Em toda a parte, desde os amuletos das tribos mergulhadas em profunda ignorância
até os cânticos sublimados dos santuários religiosos dos tempos modernos, vemos
o reflexo condicionado, facilitando a exteriorização de recursos da mente, para o intercâmbio com o plano espiritual.
Talismãs e altares, vestes e paramentos, símbolos e imagens, vasos
e perfumes, não passam de petrechos destinados a incentivar a produção de ondas
mentais, nesse ou naquele sentido, atraindo forças do mesmo tipo que as
arremessadas pelo operador dessa ou daquela cerimônia mágica ou religiosa e
pelas assembléias que os acompanham, visando a certos fins.
E
compreendendo-se que os semelhantes se atraem; o bruxo que se vale da mandrágora para endereçar
vibrações deprimentes a certa pessoa, a esta procura induzir à emissão de
energias do mesmo naipe com que, à base de terror, assimila correntes mentais inferiores,
prejudicando a si mesma, sempre que não possua a integridade da consciência
tranqüila; o sacerdote
de classe elevada, toda vez que aproveita os elementos de sua fé para consolar um
espírito desesperado, está impelindo-o à produção de raios mentais enobrecidos,
com os quais forma o clima adequado à recepção do auxilio da Esfera Superior; o médico que encoraja o paciente,
usando autoridade e doçura, inclina-o a gerar, em favor de si mesmo, oscilações
mentais restaurativas, pelas quais se relaciona com os poderes curativos
estuantes em todos os escaninhos da Natureza; o professor, estimulando o discípulo a dominar o
aprendizado desta ou daquela expressão, impulsiona-o a condicionar os elementos
do próprio espírito, ajustando-lhe a onda mental para incorporar a carga de
conhecimento de que necessita.
GRANDEZA DA ORAÇÃO – Observamos em
todos os momentos da alma, seja no repouso ou na atividade, o reflexo
condicionado (ou
ação independente da vontade que se segue, imediatamente, a uma excitação
externa)
na base das operações da mente, objetivando
esse ou aquele gênero de serviço.
Dai
resulta o impositivo da vigilância sobre a nossa própria orientação, de vez que
somente a conduta reta
sustenta o reto pensamento e, de posse do reto pensamento, a oração,
qualquer que seja o nosso grau de cultura intelectual, é
o mais elevado toque de indução para que nos coloquemos, para logo, em regime de
comunhão com as Esferas Superiores.
De
essência divina, a prece será sempre o reflexo positivamente sublime do
Espírito, em qualquer posição, por obrigá-lo a despedir de si mesmo os
elementos mais puros de que possa dispor.
No
reconhecimento ou na petição, na diligência ou no êxtase, na alegria ou na dor,
na tranqüilidade ou na aflição; ei-la exteriorizando a consciência que a
formula, em efusões indescritíveis, sobre as quais as ondulações do Céu corrigem o magnetismo torturado; da
criatura, insulada no
sofrimento educativo da Terra, recompondo-lhe as faculdades profundas.
A mente
centralizada na oração pode ser comparada a uma flor estelar, aberta ante o
Infinito, absorvendo-lhe o orvalho nutriente de vida e luz.
Aliada à higiene do espírito, a prece representa
o comutador das correntes mentais, arrojando-as à sublimação.
EQUILIBRIO E PRECE – É indispensável
compreender que a Inteligência encarnada conta com múltiplos meios de preservar
o corpo físico em que se demora.
Além dos inestimáveis serviços da pele
e da mucosa intestinal que o defendem das intromissões indébitas de elementos
físicos e químicos, prontos a lhe arruinarem a estabilidade, o homem consegue mobilizar
todo um sistema de quimioterapia bacteriana, atualmente em plena evolução para
mais ampla eficiência, com a antibiose ou atuação bacteriostática levada a
efeito por determinadas unidades microbianas sobre outras, na vanguarda dos
processos imunológicos.
É possível, então, coibir, com relativa
segurança, a febre tifóide, as disenterias, a tuberculose, as riquetsioses, a
psitacose, as infecções pulmonares e urinárias, etc.; entretanto, não acontece o mesmo, quando nos reportamos à atmosfera psicológica em que toda
criatura se submerge na vida social do Planeta.
Visto a
distância, o homem, na arena carnal, pode ser comparado a um viajor na selva de
pensamentos heterogêneos, aprendendo, por intermédio de rudes exercícios, a
encontrar o seu próprio caminho de libertação e de ascese. Mentalmente exposto a todas as
influências psíquicas, é imperioso se eduque para governar os próprios
impulsos, aperfeiçoando-se moral e intelectualmente, para que se lhe aprimorem
as projeções.
No que
tange à saúde e manutenção do corpo e no que se refere à aquisição de
conhecimentos, utiliza a consulta a médicos e nutricionistas, professores e
orientadores diversos. É natural, dessa forma, se valha da prece para angariar a inspiração de que precisa
a fim de afinizar-se com as diretrizes superiores.
No circuito de forças estabelecidas com a
oração, a alma não apenas se predispõe a regenerar o equilíbrio das células
físicas viciadas ou exaustas, através do influxo das energias renovadoras que
incorpora, espontaneamente, assimilando os raios da Vida Mais Alta a que se dirige,
mas também reflete as sugestões iluminativas das Inteligências desencarnadas de
condição mais nobre, com as quais se coloca em relação.
PRECE E RENOVAÇÃO – Na floresta mental
em que avança o homem freqüentemente se vê defrontado por vibrações subalternas
que o golpeiam de rijo, compelindo-o à fadiga e à irritação, sejam elas
provenientes de ondas enfermiças, partidas dos desencarnados em posição de
angústia e que lhe partilham o clima psíquico, ou de oscilações desorientadas
dos próprios companheiros terrestres desequilibrados a lhe respirarem o
ambiente.
Todavia, tão
logo se envolva nas vibrações balsâmicas da prece, ergue-se-lhe o
pensamento aos planos sublimados, de onde recolhe as idéias transformadoras dos
Espíritos benevolentes e amigos, convertidos em vanguardeiros de seus passos,
na evolução.
Orar constitui a fórmula básica da
renovação íntima,
pela qual divino entendimento desce do Coração da Vida para a vida do coração.
Semelhante
atitude da alma, porém, não deve, em tempo algum, resumir-se a simplesmente
pedir algo ao Suprimento Divino, mas pedir, acima de tudo, a compreensão quanto
ao plano da Sabedoria Infinita, traçado para o seu próprio aperfeiçoamento, de maneira a
aproveitar o ensejo de trabalho e serviço no bem de todos, que vem a ser o bem
de si mesma.
MEDIUNIDADE E PRECE – A mediunidade, na
ordem superior da vida, esteve sempre associada à oração, para converter-se no
instrumento da obra iluminativa do mundo.
Entre os
egípcios e hindus, chineses e penas, gregos e cipriotas, gauleses e romanos, a
prece, expressando invocação ou louvor, adoração ou meditação, é o agente refletor do Plano Celeste sobre
a alma do homem.
Orando,
Moisés recolhe, no Sinai, os mandamentos que alicerçam a justiça de todos os
tempos e, igualmente em prece, seja nas margens do Genesaré ou em pleno Tabor,
respirando o silêncio de Getsêmani ou nos braços da cruz, o Cristo revela na
oração o reflexo condicionado de natureza divina, suscetível de
facultar a sintonia entre a criatura e o Criador.
[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia
de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XXV