terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Conhecer mediunidade - Efeitos intelectuais


EFEITOS INTELECTUAIS[1]
NAS OCORRÊNCIAS COTIDIANAS – No estudo da mediunidade de efeitos intelectuais, podemos invocar as ocorrências cotidianas para ilustrar a nossa conceituação de maneira simples.
Basta examinar o hábito, como cristalização do reflexo condicionado específico, para encontrá-la, a cada instante, nos próprios encarnados entre si.
Tomemos o homem moderno buscando o jornal da manhã, e vê-lo-emos procurando o setor do noticiário com que mais sintonize.
Se os negócios materiais lhe definem o campo de interesses imediatos, assimilará, automaticamente, todos os assuntos comerciais, emitindo oscilações condicionadas aos pregões e avisos divulgados.
Formará, então, largos raciocínios sobre o melhor modo de amealhar os lucros possíveis, e, se o cometimento demanda a cooperação de alguém, buscá-lo-á, incontinenti, na pessoa de um parente ou afeiçoado que lhe partilhe as visões da vida.
O sócio potencial de aventura ouvir-lhe-á as alegações e, mecanicamente, absorver-lhe-á os pensamentos, passando a incorporá-los na onda que lhe seja própria; mentalizando, os problemas e realizações previstos, em termos análogos.
Cada um de per si falará na ação em perspectiva, com impulsos e resoluções individuais, embora a idéia fundamental lhes seja comum.
Pelo reflexo condicionado específico, haurido através da imprensa, ambos produzirão raios mentais, subordinados ao tema em foco, comunicando-se intimamente um com o outro e partindo no encalço do objetivo.
Suponhamos, porém, que o leitor se decida pelos fatos policiais.
Avidamente procurará os sucessos mais lamentáveis e, finda a voluptuosa seleção dos crimes ou desastres apresentados, escolherá o mais impressionante aos próprios olhos, para nele concentrar a atenção.
Feito isso, começará exteriorizando na onda mental característica os quadros terrificantes que lhe nascem do cérebro, plasmando a sua própria versão, ao redor dos fatos ocorridos.
Nesse estado de ânimo, atrairá companhias simpáticas que, em lhe escutando as conjeturas, passarão a cunhar pensamentos da mesma natureza, associando-se-lhe à maneira íntima de ver, não obstante cada um se mostre em campo pessoal de interpretação.
Daí a instantes, se as formas-pensamentos fossem visíveis ao olhar humano, os comentaristas contemplariam no próprio agrupamento o fluxo tóxico de imagens deploráveis, em torno da tragédia, a lhes nascerem da mente no regime das reações em cadeia, espraiando-se no rumo de outras mentes interessadas no acontecimento infeliz.
E, por vezes, semelhantes conjugações de ondas desequilibradas culminam em grandes crimes públicos, nos quais Espíritos encarnados, em desvario, pelas idéias doentes que permutam entre si, se antecipam às manifestações da justiça humana, efetuando atos de extrema ferocidade, em canibalismo franco, atacados de loucura coletiva, para, mais tarde, responderem às silenciosas argüições da Lei Divina, cada qual na medida da colaboração própria, no que se refere à extensão do mal.
MEDIUNIDADE IGNORADA – Na pauta do reflexo condicionado específico, surpreendemos também vícios diversos, tão vulgares na vida social, como sejam a maledicência, a crítica sistemática, os abusos da alimentação e os exageros do sexo.
Esse ou aquele Espírito encarnado, sob o disfarce de um título honroso qualquer, lança o motivo Inconveniente numa reunião ou Conversação, e quantos lhe aderem ao mote passam a lançar oscilações mentais no plano menos digno que lhes diga respeito, plasmando formas-pensamentos estranhas, entre as quais permanece o conjunto em comunhão temporária, do qual cada um se retira experimentando excitação de natureza inferior, à caça de presa para os apetites que manifeste.
Como é fácil reconhecer, cada qual foi apenas influenciado de acordo com as suas inclinações, mas debita a si próprio os erros que venha a perpetrar, conforme a onda mental que deitou de si mesmo.
Tais notas ajudam a compreender os mecanismos da mediunidade de efeitos intelectuais em que encarnados e desencarnados se associam nas manifestações da chamada Metapsíquica subjetiva.
Qual se observa nos efeitos físicos, a eclosão da força psíquica nos efeitos intelectuais pode surgir em qualquer idade fisiológica, verificando-se, muita vez, a simbiose entre a entidade desencarnada e a entidade encarnada desde o renascimento dessa última, pela ocorrência da conjugação de ondas.
Em todos os continentes, podemos encontrar milhões de pessoas em tarefas dignas ou menos dignas – mais destacadamente os expositores e artistas da palavra, na tribuna e na pena, como veículos mais constantemente acessíveis ao pensamento – senhoreadas por Espíritos desenfaixados do liame físico, atendendo a determinadas obras ou influenciando pessoas para fins superiores ou inferiores, em largos processos de mediunidade ignorada, fatos esses vulgares em todas as épocas da Humanidade.
MEDIUNIDADE DISCIPLINADA – Imaginemos que certa personalidade se disponha a disciplinar as energias medianímicas, segundo os moldes morais da Doutrina Espírita, cujos postulados se destinam a solucionar, tão simplesmente quanto possível, todos os problemas do destino e do ser.
Admitida ao círculo da atividade espiritual, recolherá na oração o reflexo condicionado específico para exteriorizar as oscilações mentais próprias, no rumo da entidade desencarnada que mais de perto lhe comungue as ideações.
Decerto que, nos serviços de intercâmbio, experimentará largo período de vacilações e dúvidas, porquanto, morando no centro das próprias emanações e recolhendo a influenciação do plano espiritual – com que, muitas vezes, já se encontra inconscientemente automatizada –, a princípio supõe que as ondas mentais alheias incorporadas ao campo de seu Espírito não sejam mais que pensamentos arrojados do próprio cérebro.
Ilhado no fulcro da consciência, de acordo com a Lei do Campo Mental que especifica obrigações para cada ser guindado à luz da razão, habitualmente se tortura o medianeiro, perguntando, imponderado se não deve interromper o chamado “desenvolvimento mediúnico”, já que não consegue, de imediato, discernir as idéias que lhe pertencem das idéias que pertencem a outrem, sem aperceber-se de que ele próprio é um Espírito responsável, com o dever de resguardar a própria vida mental e de enriquecê-la com valores mais elevados pela aquisição de virtude e conhecimento.
PASSIVIDADE MEDIÚNICA – Se o médium consegue transpor, valoroso, a faixa de hesitações pueris, entendendo que importa, acima de tudo, o bem a fazer, procura ofertar a reta conduta, no reflexo condicionado específico da prece, à Espiritualidade Superior, e passa, então, a ser objeto da confiança dos Benfeitores desencarnados que lhe aproveitam as capacidades no amparo aos semelhantes, dentro do qual assimila o amparo a si mesmo.
Quanto mais se lhe acentuem o aperfeiçoamento e a abnegação, a cultura e o desinteresse, mais se lhe sutilizam os pensamentos, e, com isso, mais se lhe aguçam as percepções mediúnicas, que se elevam a maior demonstração de serviço, de acordo com as suas disposições individuais.
Com base no magnetismo enobrecido, os instrutores desencarnados influenciam os mecanismos do cérebro para a formação de certos fenômenos, como acontece aos musicistas que tangem as cordas do piano na produção da melodia. E assim como as ondas sonoras se associam na música, as ondas mentais se conjugam na expressão.
Se o instrumento oferece maleabilidade mais avançada, mais intensamente específico aparece o toque do artista.
Nessa base, identificamos a psicografia, desde a estritamente mecânica até a intuitiva, a incorporação em graus diversos de consciência, as inspirações e premonições.
CONJUGAÇÃO DE ONDAS – Vemos que a conjugação de ondas mentais surge, presente, em todos os fatos mediúnicos.
Atenta ao reflexo condicionado da prece, nas reuniões doutrinárias ou nas experiências psíquicas, a mente do médium passa a emitir as oscilações que lhe são próprias, às quais se entrosam aquelas da entidade comunicante, com vistas a certos fins.
É natural, dessa forma, que as dificuldades da filtragem mediúnica se façam, às vezes, extremamente preponderantes, porquanto, se não há riqueza de material interpretativo no fulcro receptor, as mais vivas fulgurações angélicas passarão despercebidas para quem as procura, com sede da luz do Além.
Cabe-nos reconhecer que excetuados os casos especiais, em que o medianeiro e a entidade espiritual se completam de modo perfeito, na maioria das circunstâncias, apesar da integração mental profunda entre um e outro, quase toda a exteriorização fisiológica no intercâmbio pertence ao médium, cujos traços característicos, via da regra, assinalarão as manifestações até que a força psíquica da humanidade se mostre mais intrinsecamente aperfeiçoada, para mais aprimorada evidência do Plano Superior.
CLARIVIDÊNCIA E CLARIAUDIÊNCIA – Idêntico mecanismo preside os fenômenos da clarividência e da clariaudiência porquanto, pela associação avançada dos raios mentais entre a entidade e o médium dotado de mais amplas percepções visuais e auditivas, a visão e a audição se fazem diretas, do recinto exterior para o campo íntimo, graduando-se, contudo, em expressões variadas.
Escasseando os recursos ultra-sensoriais, surgem nos médiuns dessa categoria a vidência e a audição internas, mais entranhadamente radicadas na conjugação de ondas.
Atuando sobre os raios mentais do medianeiro, o desencarnado transmite-lhe quadros e imagens, valendo-se dos centros autônomos da Visão profunda, localizados no diencéfalo, ou lhe comunica vozes e sons, utilizando-se da cóclea, tanto mais perfeitamente quanto mais intensamente se verifique a complementação vibratória nos quadros de freqüência das ondas, ocorrências essas nas quais se afigura ao médium possuir um espelho na intimidade dos olhos ou uma caixa acústica na profundez dos ouvidos.


[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XVIII

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Conhecer a mediunidade - Efeitos fisicos


EFEITOS FÍSICOS[1]
SIMBIOSES ESPIRITUAIS – Compreendendo-se que toda criatura se movimenta no seio das emanações que lhe são peculiares, intuitivamente perceberemos os processos simbióticos, dentro dos quais se efetua a influenciação das Inteligências desencarnadas que toma alguém para instrumento de suas manifestações Muitas vezes, essa ou aquela individualidade ao reencarnar traz; nos próprios passos, a companhia invisível dessa ou daquela entidade com a qual se mostre mais intensamente associada em tarefas e dívidas diferentes.
Harmonizadas na mesma onda mental, é possível sentir-lhes a integração, qual se fosse hipnotizador e hipnotizado, em processo de ajustamento.
Se a personalidade encarnada acusa possibilidades de larga desarticulação das Próprias forças anímicas, encontramos aí a mediunidade de efeitos físicos, suscetível de exteriorizar-se em graus diversos.
Eis porque comumente somos defrontados na Terra por jovens mal saídos da primeira infância, servindo de medianeiros a desencarnados menos esclarecidos que com eles se afinam, na produção dos fenômenos físicos de espécie inferior, como sejam batidas, sinais, deslocamentos e vozes de feição espetacular.
É certo que semelhantes evidências do plano extrafísico se devam, de modo geral, a entidades de pouca evolução, porquanto, imanizadas aos médiuns naturais a que se condicionam, entremostram-se entre os homens, à maneira de caprichosas crianças, em afetos e desafetos desgovernados, bastando, às vezes, simples intervenção de alguma autoridade moral, através da exortação ou da prece, para que as perturbações em andamento cessem de imediato.
Tal eclosão de recursos medianímicos, capaz de ocorrer em qualquer idade da constituição fisiológica, independe de quaisquer fatores de cultura da inteligência ou de aprimoramento da alma, por filiar-se a fatores positivamente mecânicos, tal qual ocorre nas demonstrações públicas de agilidade ou de força em que um ginasta qualquer, com treinamento adequado, apresentam variadas exibições.
MÉDIUM TELEGUIADO – Imagine que persista na individualidade encarnada a fácil desassociação das forças anímicas.
Nesse caso, temo-la habilitada ao fornecimento do ectoplasma ou plasma exteriorizado de que se valem; as Inteligências desencarnadas, para a produção dos fenômenos físicos que lhes denota a sobrevivência.
Chegada a esse ponto, se a criatura deseja cooperar na obra do esclarecimento humano, recebe do Plano Espiritual um guarda vigilante – mais comumente chamado “o guia”, segundo a apreciação terrestre –, guarda esse, porém, que, diante da esfera extrafísica tem as funções de um zelador ou de um mordomo responsável pelas energias do medianeiro, sempre de posição evolutiva semelhante.
Ambos passam a formar um circuito de forças, sob as vistas de Instrutores da Vida Maior, que os mobilizam a serviço da beneficência e da educação, em muitas circunstâncias com pleno desdobramento do corpo espiritual do médium, que passa a agir à feição de uma Inteligência teleguiada.
Daí nasce a Possibilidade da constituição dos círculos de estudo das ocorrências de materialização, com os fenômenos de telecinesia, a começarem nos “raps” e a culminarem na ectoplasmia visível.
DIFICULDADES DO INTERCÂMBIO – Não podemos esquecer que; o campo de oscilações mentais do médium – envoltório natural e irremovível que lhe pulsa do espírito – é o filtro de todas as operações nos fenômenos físicos.
Incorporam-se-lhe ao dinamismo psíquico os contingentes ectoplásmicos dos assistentes, aliados a recursos outros da Natureza; mas, ainda aí, os elementos essenciais pertencem ao médium que, consciente ou inconscientemente, pode interferir nas manifestações.
A exteriorização dos princípios anímicos nada tem a ver, em absoluto, com o aperfeiçoamento moral.
Cumpre destacar, assim, as dificuldades para a manutenção de largo intercâmbio dilatado e seguro, nesse terreno.
Basta leve modificação de propósito na personalidade medianímica seja em matéria de interesse econômico ou de conduta afetiva, para que se lhe alterem os raios mentais. Verificada semelhante metamorfose, esboçam-se-lhe, na aura ou fulcro energético, formas-pensamentos, por vezes em completo desacordo com o programa traçado no Plano Superior, ao mesmo tempo em que perigos consideráveis assomam na esfera do serviço a fazer, de vez que a transformação das ondas mediúnicas imprime novo rumo à força exteriorizada, que, desse modo, em certas ocasiões, pode ser manuseada por entidades desencarnadas, positivamente inferiores, famintas de sensações do campo físico.
Em tais sucessos, perturbações variadas podem ocorrer, desencorajando experiências magnificamente encetadas.
MÉDIUM E ASSISTENTES – Todavia, é imperioso anotar que não somente o fulcro mental do médium intervém nas atividades em grupo.
Cada assistente aí comparece com as oscilações que lhe são peculiares, tangenciando a esfera mediúnica em ação, e, se os pensamentos com que interfere nesse campo diferem dos objetivos traçados, com facilidade se erige, igualmente, em fator alternante, por insinuar-se, de modo indesejável, nos agentes de composição da obra esperada, impondo desequilíbrio ao conjunto, qual acontece ao instrumento desafinado numa orquestra comum.
Disso decorrem os embaraços graves para o continuísmo eficiente dos agrupamentos que se formam, na Terra, para as chamadas tarefas de materialização.
Se as entidades espirituais sensatas e nobres estão dependentes da faixa de ondas mentais do médium, para a condução correta das forças ectoplasmáticas dele exteriorizadas, o médium depende também da influência elevada dos circunstantes, para sustentar-se na harmonia ideal.
É por isso que, se o medianeiro tem o espírito parcialmente desviado da meta a ser atingida; sem dificuldade se rende, invigilante, às solicitações dos acompanhantes encarnados, quase sempre imperfeitamente habilitados para os cometimentos em vista, surgindo, então, as fraudes inconscientes, ao lado de perturbações outras de que se queixam, aliás inconsideradamente, os metapsiquistas, pois lidando com agentes mentais, longe ainda de serem classificados e catalogados em sua natureza, não podem aguardar equações imediatas como se lidassem com simples números.
LEI DO CAMPO MENTAL – Lamentam-se amargamente os metapsiquistas de que a maioria dos fenômenos mediúnicos se encontra eivados de obscuridades e extravagâncias, e de que, por isso mesmo, a doutrina da sobrevivência, para eles, se mostra repleta de impossibilidades.
Estabelecem exigências e, depois de atendidos, acusam a instrumentação medianímica de criar personalidades imaginárias; exageram a função dos chamados poderes inconscientes da vida mental, estranhando que a força psíquica, como recurso mediador entre encarnados e desencarnados, não procede na balança da observação humana à maneira, por exemplo, das combinações do cloro com o hidrogênio.
Com referência ao assunto, é imperioso salientar que se desconhece ainda, no mundo, a Lei do Campo Mental, que rege a moradia energética do Espírito, segundo a qual a criatura consciente; seja onde for, no Universo, apenas assimilará as influências a que se afeiçoe.
Cada mente é como se fora um mundo de per si, respirando nas ondas criativas que despede – ou na psicosfera em que gravita para esse ou aquele objetivo sentimental, conforme os próprios desejos –, sem o que a lei de responsabilidade não subsistiria.
Um médium, ainda mesmo nas mais altas situações de amnésia cerebral, do ponto de vista fisiológico, não está inconsciente de todo, na faixa da realidade espiritual, e agirá sempre, nunca à feição de um autômato perfeito, mas na posição de uma consciência limitada às possibilidades próprias e às disposições da própria vontade.
FUTURO DOS FENÔMENOS FÍSICOS – No entanto, devemos declarar que conhecemos, em vários países, alguns círculos de ação espiritual nos quais a sinergia das oscilações mentais entre médiuns, assistentes e entidades desencarnadas se ergue a níveis convenientes, facultando acontecimentos de profunda significação, nas províncias do espírito, não obstante, até certo ponto, servirem apenas como índice de poder mental ou de simples informações sem maior proveito para a Humanidade, tal o mecanismo compreensivelmente fechado em que se encerram.
A ciência humana, porém, caminha na direção do porvir.
A nós, os Espíritos desencarnados; interessa, no plano extrafísico, mais ampla sublimação, para que façamos ajustamento de determinados princípios mentais, com respeito à execução de tarefas específicas.
E aos encarnados interessa a existência em plano moral mais alto para que definam, com exatidão e propriedade, a substância ectoplasmática, analisando-lhe os componentes e protegendo-lhe as manifestações, de modo a oferecerem às inteligências Superiores mais seguros cabedais de trabalho, equacionando-se, com os homens e para os homens, a prova inconteste da imortalidade.


[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XVII

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Conhecer a mediunidade - Fenômeno Magnético da Vida Humana


FENÔMENO MAGNÉTICO 
DA VIDA HUMANA[1]

HIPNOSE DE PALCO E HIPNOSE NATURAL – Analisando a ocorrência mediúnica, na base do reflexo condicionado, assinalemos mais alguns aspectos de semelhante estudo, na esfera do cotidiano.
Assistindo ao fenômeno hipnótico indiscriminado, nas demonstrações públicas, presenciamos alguém senhoreando o psiquismo de diversas pessoas, por alguns minutos; mas, na experiência diária, vemos o mesmo fenômeno em nossas relações, uns com os outros.
Na exibição popular, o magnetizador pratica a hipnose que se hierarquiza por muitos graus de passividade nos hipnotizados.
Na vida comum; todos praticam espontaneamente a sugestão, em que a obediência maquinal se gradua, em cada um de nós, através de vários graus de rendição à influência alheia. Tal situação começa no berço.
CENTRO INDUTOR DO LARO lar é o mais vigoroso centro de indução que conhecemos na Terra.
À maneira de alguém que recebe esse ou aquele tipo de educação em estado de sonolência, o Espírito reencarnado, no período infantil, recolhe dos pais os mapas de inclinação e conduta que lhe nortearão a existência, em processo análogo ao da escola primária, pelo qual a criança é impelida a contemplar ou imaginar certos quadros, para refleti-los no desenvolvimento natural da instrução.
As almas valorosas, dotadas de mais alto padrão moral, segundo as aquisições já feitas em numerosas reencarnações de trabalho e sacrifício, constituem exceções no ambiente doméstico, por se sobreporem a ele, exteriorizando a vontade mais enérgica de que se fazem mensageiras.
Contudo, via de regra; a maioria esmagadora de Inteligências encarnadas retratam psicologicamente aqueles que lhes deram o veículo físico, transformando-se, por algum tempo, em instrumentos ou médiuns dos genitores, à face do ajustamento das ondas mentais que lhes são próprias, em circuitos conjugados, pelos quais permutam entre si os agentes mentais de que se nutrem.
Somente depois que experiências mais fortes lhes renovam a feição interior, costuma os filhos alterar de maneira mais ampla os moldes mentais recebidos.
OUTROS CENTROS INDUTORES – Em todos os planos determina a Providência do Criador seja a criatura amparada com segurança.
Cada consciência que renasce no campo físico traz consigo as ligações do agrupamento espiritual a que se filia, demonstrando as afinidades profundas de que a onda mental dá notícia no fluxo revelador com que se apresenta.
Se os pais guardam sintonia com as forças a que se lhes jungem fluidicamente os filhos, a vida prossegue harmoniosa, como que sobre rodas nas quais as crenas se mostram perfeitamente engrenadas.
Entretanto, se há divergência, passada a primeira infância, começam atritos e desencontros, à face das interferências inevitáveis, com perturbações dos circuitos em andamento.
Surgem as incompatibilidades e disparidades que a genética não consegue explicar.
Enredados à influência de companheiros que permanecem fora do vaso fisiológico, os filhos, nessas circunstâncias, evidenciam tendências inquietantes, sem que os genitores consigam reivindicar a autoridade de que se revestem.
Todavia, a escola edificante espera-os, nas linhas da civilização, para restaurar-lhes, desde cedo, as noções de ordem superior, diante da vida, exalçando os conceitos de elevação moral, imprescindíveis ao aprimoramento da alma.
Transfiguram-se, então, os mestres comuns em orientadores dos aprendizes que, se atentos ao ensino, se fazem médiuns temporários das mentes que os instruem, através do mesmo fenômeno de harmonização das ondas mentais, porquanto o professor, ensinando, torna mais lenta as oscilações que despede, enquanto que os alunos, aprendendo, fazem mais curtas as oscilações que lhes são peculiares, verificando-se o necessário ajuste de nível para que a permuta dos agentes espirituais se faça com segurança.
Os discípulos que fogem deliberadamente ao dever da atenção, relaxando os compromissos que abraçam, permanecem ausentes do benefício, ligados a circuitos outros que lhes retardam a marcha na direção da cultura, por desertarem dos exercícios que lhes favoreceriam mais dilatada iluminação intima.
E, além da escola, surgem, para os rebentos do lar terrestre, as obrigações do trabalho profissional em que a personalidade segue no encalço da vocação ou soma de experiência que já conquistou na vida.
Cada oficina de ação construtiva, seja qual for a linha de serviço em que se expresse, é novo educandário para a criatura em lide no campo humano, em que a chefia, a escalonar-se através de condutores diversos, convoca os cooperadores, nos vários círculos da subalternidade, ao esforço de melhoria e sublimação.
Ainda aqui, vemos, por intermédio da mesma ocorrência de harmonização mental, os que orientam erguidos à condição de Espíritos protetores, e os que obedecem transformados em instrumentos para determinadas realizações.
TODOS SOMOS MÉDIUNS – Nos centros de atividade referidos em nosso estudo, encontramos o reflexo condicionado e a sugestão como ingredientes indispensáveis na obra de educação e aprimoramento.
Urge reconhecer que a liberdade é tanto maior para a alma quanto maior a parcela de conhecimento que se lhe debite no livro da existência.
Por isso mesmo, quanto mais cresça em possibilidades, nesse ou naquele sentido, mais se lhe desdobram caminhos à visão, constrangendo-a a vigiar sobre a própria escolha.
Mais extensa mordomia, responsabilidade mais extensa.
Isso acontece porque, com a intensificação de nossa influência, nesse ou naquele campo de interesses, mais persistentes se fazem os apelos em torno, para que não nos esqueçamos do dever primordial a cumprir.
Quem avança está invariavelmente entre a vanguarda e a retaguarda.
E a romagem para Deus é uma viagem de ascensão.
Toda subida, quanto qualquer burilamento, pede suor e disciplina.
Todo estacionamento é repouso enquistante.
Somos todos, assim, médiuns, a cada passo refletores das forças que assimilamos, por força de nossa vontade, na focalização da energia mental.
PERSEVERANÇA NO BEM – É imprescindível recordar o impositivo da perseverança no bem.
O comprazimento nessa ou naquela espécie de atitude ou companhia, leitura ou conversação menos edificantes, estabelece em nós o reflexo condicionado pelo qual inconscientemente nos voltamos para as correntes invisíveis que representam.
É desse modo que formamos hábitos indesejáveis pelos quais nos fazemos pasto de entidades vampirizantes acabando na feição de arcabouços vivos para moléstias fantasmas.
Pensando ou conversando constantemente sobre agentes enfermiços, quais sejam a acusação indébita e a critica destrutiva, o deboche, e a crueldade incorporou de imediato, a influência das criaturas encarnadas e desencarnadas que os alimentam, porque o ato de voltar a semelhantes temas, contrários aos princípios que ajudam a vida e a regeneram, se transforma em reflexo condicionado de caráter doentio; automatizando-nos a capacidade de transmitir tais agentes mórbidos responsáveis por largo acervo de enfermidade e desequilíbrio.
GRADAÇÃO DAS OBSESSÕES – Muitas vezes, em nossos estados de tensão deliberada, inclinamo-nos para forças violentas que se nos insinuam no halo psíquico, aí criando fermentações infelizes que resultam em atitudes de cólera arrasadora, pelas quais, desprevenidamente, nos transformamos na vida, em médiuns de ações delituosas, arrastados nos fenômenos de associação; dos agentes mento-eletromagnéticos da mesma natureza, semelhantes aos que caracterizam as explosões de recursos químicos, nas conhecidas reações em cadeia.
É assim que somos, por vezes, loucos temporários, grandes obsidiados de alguns minutos, alienados mentais em marcadas circunstâncias de lugar ou de tempo, ou, ainda, doentes do raciocínio em crises periódicas, médiuns lastimáveis da desarmonia, pela nossa permanência longa em reflexos condicionados viciosos, adquirindo compromissos de grave teor nos atos menos felizes que praticamos, semi-inconscientemente, sugestionados uns pelos outros, porquanto, perante a Lei, a nossa vontade é responsável em todos os nossos problemas de sintonia.


[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XVI

Conhecer a mediunidade - Cargas Elétricas e Cargas Mentais


CARGAS ELÉTRICAS e 
CARGAS MENTAIS[1]
EXPERIÉNCIA VULGAR – Para examinar as ocorrências do fenômeno mediúnico indiscriminado, referimo-nos linhas antes[2], ao fenômeno hipnótico de ordem popular, em que hipnotizadores e hipnotizados, sem qualquer recurso de sublimação do espírito, se entregam ao serviço de permuta dos agentes mentais.
Contudo, para gravar as linhas básicas de nosso estudo, recordemos a propagação indeterminada dos elétrons nas faixas da Natureza.
De semelhante propagação, qualquer pessoa pode retirar a prova evidente com vários objetos como, por exemplo, com a experiência clássica da caneta-tinteiro que, friccionada com um pano de lã, nos deixa perceber que as bolhas de ar existentes entre as fibras do pano fornecem os elétrons livres a elas agregados, elétrons que se acumulam na caneta mencionada, por suas qualidades dielétricas ou isolantes.
Efetuada a operação, elementos leves, portadores de cargas elétricas positivas ou, mais exatamente, muito pobres de elétrons, como sejam pequeninos fragmentos de papel, serão atraídos pela caneta, então negativamente carregada.
MÁQUINA ELETROSTÁTICA – Na máquina eletrostática ou indutora, utilizada nas experiências primárias de eletricidade, a ação se verifica semelhante à experiência da caneta-tinteiro.
Os discos de ebonite em atividade rotatória como que esfarelam as bolhas de ar, guardadas entre eles; comprimindo os elétrons que a elas se encontram frouxamente aderidos.
Com o auxílio de escovas, esses elétrons se encaminham às esferas metálicas, onde se aglomeram até que a carga se faça suficientemente elevada para que seja extraída em forma de centelha.
NAS CAMADAS ATMOSFÉRICAS – As correntes de elétrons livres estão em toda a parte.
Nos dias estivais, os conjuntos de átomos ou moléculas de água sobem às camadas atmosféricas mais altas, com o ar aquecido.
Nas zonas de altitude fria, aglutinam-se formando gotas que, em seguida, tombam na direção do solo, em razão de seu peso.
Todavia, as gotas que vertem de cima, sem chegarem ao chão, por se evaporarem na viagem de retorno, são surpreendidas em caminho pelas correntes de ar aquecido em ascensão e, atritando os elementos nesse encontro, o ar quente, na subida, extraídas moléculas d’água os elétrons livres que a elas se encontram fracamente aderidos; arrastando-os em turbilhões para a altura, acumulando-os nas nuvens, que se tornam então eletricamente carregadas.
Quando as correntes eletrônicas aí agregadas tiverem atingido certo valor, assemelham-se as nuvens, à máquinas indutoras, em que a tensão se eleva a milhões de volts, das quais os elétrons em massa, na forma de relâmpagos, saltam para outras nuvens ou para a terra, provocando descargas que, às vezes, tomam a feição de faíscas elétricas, em meio de aguaceiros e trovoadas.
Em identidade de circunstâncias, quando o planeta terrestre se encontra na direção de explosões eletrônicas partidas do Sol, cargas imensas de elétrons perturbam o campo terrestre, responsabilizando-se pelas tempestades magnéticas que afetam todos os processos vitais do Globo, – à existência humana inclusive, porquanto costumam desarticular as válvulas microscópicas do cérebro humano, impondo-lhes alterações nocivas, tanto quanto desequilibram as válvulas dos aparelhos radiofônicos, prejudicando-lhes as transmissões.
CORRENTES DE ELÉTRONS MENTAIS – Dentro de certa analogia, temos também as correntes de elétrons mentais, por toda a parte, formando cargas que aderem ao campo magnético dos indivíduos, ou que vagueiam, entre eles, à maneira de campos elétricos que acabam atraídos por aqueles que, excessivamente carregados, se lhes afeiçoem à natureza.
Recorrendo à imagem da caneta-tinteiro, em atrito com o pano de lã, e da máquina eletrostática, em que os elétrons se condicionam para a produção de centelhas, lembraremos que toda compressão de agentes mentais, através da atenção, gera em nossa alma; estados indutivos pelos quais atraímos cargas de pensamentos em sintonia com os nossos.
A leitura de certa página, a consulta a esse ou àquele livro, determinada conversação, ou o interesse voltado para esse ou aquele assunto, nos colocam em correlação espontânea com as Inteligências encarnadas ou desencarnadas que com eles se harmonizem, por intermédio das cargas mentais que acumulamos e emitimos, na forma de quadros ou centelhas em série, com que aliciamos para o nosso convívio mental os que se entregam a ideações análogas às nossas.
Não nos propomos afirmar que o fenômeno da caneta-tinteiro ou do aparelho eletrostático seja igual à ocorrência da indução mental no cérebro.
Assinalamos apenas a analogia de superfície, para salientar a importância dos nossos pensamentos concentrados em certo sentido, porque é pela projeção de nossas idéias que nos vinculamos às Inteligências inferiores ou superiores de nosso caminho.
E para estampar, com mais segurança, a nossa necessidade de equilíbrio, perante a vida, recordemos que à maneira das correntes incessantes de força, que sustentam a Natureza terrestre, também o pensamento circula ininterrupto, no campo magnético de cada Espírito, extravasando-se para além dele, com as essências características a cada um.
Queira ou não, cada alma possui no próprio pensamento a fonte inestancável das próprias energias.
Correntes vivas fluem do íntimo de cada Inteligência, a se lhe projetarem no “halo energético”, estruturando-lhe a aura ou fotosfera psíquica, à base de cargas magnéticas constantes, conforme a natureza que lhes é peculiar, de certas formas semelhantes às correntes de força que partem da massa planetária, compondo a atmosfera que a envolve.
CORRENTES MENTAIS CONSTRUTIVAS – Assim como a Natureza encontra, na distribuição harmoniosa das próprias energias, o caminho justo para o próprio equilíbrio, sustentando-se em movimento contínuo, o Espírito identifica, no trabalho ordenado com segurança, a trilha indispensável para o seu clima ideal de euforia.
Quanto mais enobrecida a consciência, mais se lhe configurará a riqueza de imaginação e; poder mental, surgindo, portanto mais complexo o cabedal de suas cargas magnéticas ou correntes mentais, a vibrarem ao redor de si mesmo e a exigirem mais ampla quota de atividade construtiva no serviço em que se lhe plasmem vocação e aptidão.
Seja no esforço intelectual em elevado labor, na criação artística, nas obras de benemerência ou de educação, seja nas dedicações domésticas, nas tarefas sociais, nas profissões diversas, nas administrações públicas ou particulares, nos empreendimentos do comércio ou da indústria, no amanho da terra, no trato dos animais, nos desportos e em todos os departamentos de ação, o Espírito é chamado a servir bem, isto é; a servir no benefício de todos, sob pena de conturbar a circulação das próprias energias mentais, agravando os estados de tensão.
CORRENTES MENTAIS DESTRUTIVAS – Os referidos, estados de tensão, devidos a “núcleos de força na psicosfera pessoal”, procedem, quase sempre, à feição das nuvens pacíficas repentinamente transformadas pelas cargas anormais de elétrons livres em máquinas indutoras, atraindo os campos elétricos com que se fazem instrumentos da tempestade.
Acumulando em si mesma as forças autogeradas em processos de profundo desequilíbrio, a alma exterioriza forças mentais desajustadas e destrutivas, pelas quais atrai as forças do mesmo teor, caindo freqüentemente em cegueira obsessiva, da qual muitas vezes se afasta desorientada, pela porta indesejável do remorso, após converter-se em intérprete de inqualificáveis delitos.
Noutras circunstâncias, considerando-se que o processo da obliteração mental, ou acumulação desordenada das nuvens de tensão no campo da aura, se caracteriza por imensa gradação, se as criaturas conscientes não se dispõem à distribuição natural das próprias cargas magnéticas, em trabalho digno, estabelecem para si a degenerescência das energias.
Nessa posição, emitem ondas mentais perturbadas, pelas quais se ajustam a Inteligências perturbadas do mesmo sentido, arrojando-se a lamentáveis estações de aviltamento, em ocorrências deploráveis de obsessão, nas quais as mentes desvairadas ou caídas em monoideísmo vicioso se refletem mutuamente.
E chegadas a semelhantes conturbações, seja no arrastamento da paixão ou na sombra do vício, sofrem a aproximação de correntes mentais arrasadoras, oriundas dos seres empenhados à crueldade, por ignorância – encarnados ou desencarnados –, que, em lhes vampirizando a existência, lhes impõem disfunções e enfermidades de variados matizes, segundo os pontos vulneráveis que apresentem, criando no mundo vastas províncias de alienação e de sofrimento.


[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XV
[2] Capítulo 13º deste livro

domingo, 5 de janeiro de 2020

Conhecer a mediunidade - Reflexo condicionado específico


REFLEXO CONDICIONADO ESPECÍFICO[1]

PRÓDROMOS DA HIPNOSE – Após observarmos o fenômeno do hipnotismo num espetáculo público, imaginemos que o magnetizador seja um homem digno de respeito, capaz de nutrir a confiança popular.
Suponhamos seja ele procurado por um cidadão qualquer, portador de doença nervosa, desejoso de tratar-se pela hipnose.
O enfermo tê-lo-á visto na exibição a que nos referimos ou dela terá recebido exato noticiário e, por isso mesmo, buscar-lhe-á o concurso, fortemente decidido a aceitar-lhe a orientação[2].
O hipnotizador, de imediato, adquire conhecimento da atitude simpática do visitante e acolhe-o com manifesto carinho.
Toma-lhe a mão, entrando de imediato na aura ou halo de forças do paciente, endereçando-lhe algumas inquirições.
Nesse toque direto, inocula-lhe vasta corrente revitalizadora, em lhe falando de bom ânimo e esperança, e o doente se lhe rende, satisfeito, aos apelos silenciosos de relaxamento da tensão que o castiga.
O consulente prestará ligeiros informes acerca dos sintomas de que se vê objeto, e o anfitrião, paternal, convidá-lo-á a sentar-se em larga poltrona que lhe faculte mais amplamente o repouso.
MECANISMO DO FENÔMENO HIPNÓTICO – Recorrendo, para exemplo, em nosso estudo, ao conhecido processo de Liébeault, o hipnotizador passará à ação franca, colocando-se à frente do enfermo.
E, situando de leve a mão esquerda sobre a sua cabeça, manterá dois dedos da mão direita, à distância aproximada de vinte a trinta centímetros dos olhos do paciente, de modo a formar com eles um ângulo elevado, compelindo-o a levantar os olhos, em atenção algo laboriosa, para que lhe fixe os dedos por algum tempo.
Com esse gesto, o magnetizador estará projetando o seu próprio fluxo energético sobre a epífise do hipnotizado, glândula esta de suma importância em todos os processos medianímicos[3], por favorecer a passividade dos núcleos receptivos do cérebro, provocando, ao mesmo tempo, a atenção ou o circuito fechado no campo magnético do paciente, cuja onda mental, projetada para além de sua própria aura, é imediatamente atraída pelas oscilações do magnetizador que a seu turno, lhe transmite a essência das suas próprias ordens.
Libertando as aglutininas mentais do sono, o passivo, na hipnose estimulada, se vê influenciado pela vontade que lhe comanda transitoriamente os sentidos, vontade essa a que, de maneira habitual, adere de “moto-próprio”, quase que alegremente.
É então que o hipnotizador, para fixar com mais segurança a sua própria atuação, exclama, em tom grave e calmo:
– “Não receie. Segundo o nosso desejo, passará você, em breves instantes, pela mesma transfiguração mental, a que se entrega; cada noite, transitando da vida ativa para o entorpecimento do sono, em que os seus ouvidos escutam sem qualquer esforço e no qual não se sente você; disposto a voluntária movimentação.
“Durma, descanse. Repouse na certeza de que não terá consciência do que ocorra em torno de nós! Despertará você do presente estado, quando me aprouver, perfeitamente aliviado e fortalecido pela supressão do desequilíbrio orgânico.”
O doente enlanguesce, satisfeito, acalentado pela sua própria onda mental de confiança, exteriorizada ao impacto do pensamento positivo que o controla, e o hipnotizador reafirma, tocando-lhe as pálpebras de leve:
– ”Durma tranqüilamente. Tudo está bem. Acordará livre de todo o mal. Acalme-se e espere. Não sofrerá qualquer incômodo. Dentro de alguns minutos, chamá-lo-ei à vigília.”
O doente dorme e o magnetizador retira-se por alguns minutos.
MECANISMO DA HIPNOTERAPIA – Enquanto adormecido, a própria onda mental do paciente, em movimento renovador e guardando consigo as sugestões benéficas recebidas atuam sobre as células do veículo fisiopsicossomático, anulando, tanto quanto possível, as inibições funcionais existentes.
Como se observa, o agente positivo atua como fator desencadeante da recuperação, que passa a ser efetuada pelo próprio paciente, em todos os casos de hipnoterapia ou reflexoterapia.
O hipnotizador, depois de um quarto de hora, fará novamente voltar à vigília, e o enfermo, desperto, acusa por vezes grandes melhoras.
Naturalmente, agradece ao benfeitor o socorro assimilado; contudo, o magnetizador agiu apenas como recurso de excitação e influência, porque as oscilações mentais em ação restaurativa dos tecidos celulares foram exteriorizadas pelo próprio consulente.
OBJETOS E REFLEXOS ESPECIFICOS – No segundo dia do tratamento hipnótico, o paciente com mais facilidade se confiará à vontade orientadora que o dirige.
Bastar-lhe-á o reencontro com o hipnotizador para entrar no reflexo condicionado, pelo qual começa a automatizar o ato de arrojar de si mesmo as próprias forças mentais, impregnadas das imagens de saúde e coragem que ele mesmo recorporifica no pensamento, recordando os apelos recebidos na véspera.
E assim procede o enfermo; no mesmo regime de condicionamento, até que a contemplação de um simples objeto que lhe tenha sido presenteado pelo magnetizador, com o fim de ajudá-lo a liberar-se de qualquer crise, na linha de ocorrências da moléstia nervosa de que se haja curado, será o suficiente para que se entregue à hipnose de recuperação por sua própria conta.
Semelhante medida, que explica o suposto poder curativo de certas relíquias materiais ou dos chamados talismãs da magia, pode ser interpretada como reflexo condicionado específico, porquanto, sem a presença do hipnotizador, suscetível de imprimir novas modalidades à onda mental de que tratamos, o objeto aludido servirá – muito particularmente nesse caso – como reflexo determinado para o refazimento orgânico, em certo sentido.
CIRCUITO MAGNÉTICO E CIRCUITO MEDIÜNICO – Se o paciente, depois de curado, prossegue submisso ao hipnotizador, sustentando-se entre ambos o intercâmbio seguro, dentro de algum tempo ambos se encontrarão em circuito mediúnico perfeito.
A onda mental do magnetizado, reeducada para a extirpação da moléstia anteriormente apresentada, terá atendido ao restabelecimento da região em desequilíbrio, mostrando-se, agora, sadia e harmônica para os serviços da troca, na hipótese do continuísmo de contacto.
Voltando-se diariamente para o magnetizador que, a seu turno, diariamente a influencia, e devidamente ajustada ao cérebro em que se apóia do ponto de vista da resistência do campo, passará a refletir a onda mental da vontade a que livremente se submete, absorvendo-lhe as inclinações e os desígnios.
Verificam-se aí os mais avançados processos de telementação, inclusive o desdobramento controlado, pelo qual o passivo, ausente do corpo físico, sob a indução preponderante do hipnotizador, apenas verá e ouvirá de acordo com a orientação particular a que se sujeita.
É o estado de permuta magnética aperfeiçoada, em que o passivo, na hipnose ou na vigília, transmite com facilidade as determinações e propósitos do mentor, na esfera das suas possibilidades de expressão.
AUTO-MAGNETIZAÇÃO – Ainda há que apreciar uma ocorrência importante.
Se o hipnotizador não mais tem contacto com o passivo e se o passivo prossegue interessado no progresso de suas conquistas espirituais, este consegue, à custa de esforço, por intermédio da profunda concentração das energias mentais, na lembrança dos fenômenos a que se consagrou junto ao magnetizador, cair em hipnose ou letargia, catalepsia ou sonambulismo – ainda pelo reflexo condicionado igualmente específico –, afastando-se do envoltório carnal, em plena consciência, para entrar em contacto com entidades encarnadas ou desencarnadas de sua condição ou para provocar por si mesmo certa categoria de fenômenos físicos, mediante a aplicação de energia acumulada, com o que se explicam as ocorrências do faquirismo oriental, nas quais a própria vontade do operador, parcial ou integralmente separado do corpo somático, exerce determinada ação sobre as células físicas e extrafísica, estabelecendo acontecimentos inabituais para o mundo rotineiro dos cinco sentidos.


[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XIV
[2] A utilização dos fenômenos hipnóticos serve, neste livro, simplesmente para explicar os mecanismos da mediunidade, e não para induzir os companheiros do Espiritismo a praticá-los em suas tarefas, porquanto o nosso objetivo primordial é o serviço da Doutrina Espírita que devemos tomar por disciplinadora de todos os fenômenos que nos rodeiam, na esfera das ocorrências mediúnicas a beneficio de nossa própria melhoria moral. (Nota do Autor espiritual.)
[3] Para mais claro entendimento do assunto, indicamos ao leitor a releitura do capitulo 2º do livro “Missionário da Luz”, do mesmo Autor espiritual, recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier. (Nota da Editora.)