quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Conhecer a mediunidade - Cargas Elétricas e Cargas Mentais


CARGAS ELÉTRICAS e 
CARGAS MENTAIS[1]
EXPERIÉNCIA VULGAR – Para examinar as ocorrências do fenômeno mediúnico indiscriminado, referimo-nos linhas antes[2], ao fenômeno hipnótico de ordem popular, em que hipnotizadores e hipnotizados, sem qualquer recurso de sublimação do espírito, se entregam ao serviço de permuta dos agentes mentais.
Contudo, para gravar as linhas básicas de nosso estudo, recordemos a propagação indeterminada dos elétrons nas faixas da Natureza.
De semelhante propagação, qualquer pessoa pode retirar a prova evidente com vários objetos como, por exemplo, com a experiência clássica da caneta-tinteiro que, friccionada com um pano de lã, nos deixa perceber que as bolhas de ar existentes entre as fibras do pano fornecem os elétrons livres a elas agregados, elétrons que se acumulam na caneta mencionada, por suas qualidades dielétricas ou isolantes.
Efetuada a operação, elementos leves, portadores de cargas elétricas positivas ou, mais exatamente, muito pobres de elétrons, como sejam pequeninos fragmentos de papel, serão atraídos pela caneta, então negativamente carregada.
MÁQUINA ELETROSTÁTICA – Na máquina eletrostática ou indutora, utilizada nas experiências primárias de eletricidade, a ação se verifica semelhante à experiência da caneta-tinteiro.
Os discos de ebonite em atividade rotatória como que esfarelam as bolhas de ar, guardadas entre eles; comprimindo os elétrons que a elas se encontram frouxamente aderidos.
Com o auxílio de escovas, esses elétrons se encaminham às esferas metálicas, onde se aglomeram até que a carga se faça suficientemente elevada para que seja extraída em forma de centelha.
NAS CAMADAS ATMOSFÉRICAS – As correntes de elétrons livres estão em toda a parte.
Nos dias estivais, os conjuntos de átomos ou moléculas de água sobem às camadas atmosféricas mais altas, com o ar aquecido.
Nas zonas de altitude fria, aglutinam-se formando gotas que, em seguida, tombam na direção do solo, em razão de seu peso.
Todavia, as gotas que vertem de cima, sem chegarem ao chão, por se evaporarem na viagem de retorno, são surpreendidas em caminho pelas correntes de ar aquecido em ascensão e, atritando os elementos nesse encontro, o ar quente, na subida, extraídas moléculas d’água os elétrons livres que a elas se encontram fracamente aderidos; arrastando-os em turbilhões para a altura, acumulando-os nas nuvens, que se tornam então eletricamente carregadas.
Quando as correntes eletrônicas aí agregadas tiverem atingido certo valor, assemelham-se as nuvens, à máquinas indutoras, em que a tensão se eleva a milhões de volts, das quais os elétrons em massa, na forma de relâmpagos, saltam para outras nuvens ou para a terra, provocando descargas que, às vezes, tomam a feição de faíscas elétricas, em meio de aguaceiros e trovoadas.
Em identidade de circunstâncias, quando o planeta terrestre se encontra na direção de explosões eletrônicas partidas do Sol, cargas imensas de elétrons perturbam o campo terrestre, responsabilizando-se pelas tempestades magnéticas que afetam todos os processos vitais do Globo, – à existência humana inclusive, porquanto costumam desarticular as válvulas microscópicas do cérebro humano, impondo-lhes alterações nocivas, tanto quanto desequilibram as válvulas dos aparelhos radiofônicos, prejudicando-lhes as transmissões.
CORRENTES DE ELÉTRONS MENTAIS – Dentro de certa analogia, temos também as correntes de elétrons mentais, por toda a parte, formando cargas que aderem ao campo magnético dos indivíduos, ou que vagueiam, entre eles, à maneira de campos elétricos que acabam atraídos por aqueles que, excessivamente carregados, se lhes afeiçoem à natureza.
Recorrendo à imagem da caneta-tinteiro, em atrito com o pano de lã, e da máquina eletrostática, em que os elétrons se condicionam para a produção de centelhas, lembraremos que toda compressão de agentes mentais, através da atenção, gera em nossa alma; estados indutivos pelos quais atraímos cargas de pensamentos em sintonia com os nossos.
A leitura de certa página, a consulta a esse ou àquele livro, determinada conversação, ou o interesse voltado para esse ou aquele assunto, nos colocam em correlação espontânea com as Inteligências encarnadas ou desencarnadas que com eles se harmonizem, por intermédio das cargas mentais que acumulamos e emitimos, na forma de quadros ou centelhas em série, com que aliciamos para o nosso convívio mental os que se entregam a ideações análogas às nossas.
Não nos propomos afirmar que o fenômeno da caneta-tinteiro ou do aparelho eletrostático seja igual à ocorrência da indução mental no cérebro.
Assinalamos apenas a analogia de superfície, para salientar a importância dos nossos pensamentos concentrados em certo sentido, porque é pela projeção de nossas idéias que nos vinculamos às Inteligências inferiores ou superiores de nosso caminho.
E para estampar, com mais segurança, a nossa necessidade de equilíbrio, perante a vida, recordemos que à maneira das correntes incessantes de força, que sustentam a Natureza terrestre, também o pensamento circula ininterrupto, no campo magnético de cada Espírito, extravasando-se para além dele, com as essências características a cada um.
Queira ou não, cada alma possui no próprio pensamento a fonte inestancável das próprias energias.
Correntes vivas fluem do íntimo de cada Inteligência, a se lhe projetarem no “halo energético”, estruturando-lhe a aura ou fotosfera psíquica, à base de cargas magnéticas constantes, conforme a natureza que lhes é peculiar, de certas formas semelhantes às correntes de força que partem da massa planetária, compondo a atmosfera que a envolve.
CORRENTES MENTAIS CONSTRUTIVAS – Assim como a Natureza encontra, na distribuição harmoniosa das próprias energias, o caminho justo para o próprio equilíbrio, sustentando-se em movimento contínuo, o Espírito identifica, no trabalho ordenado com segurança, a trilha indispensável para o seu clima ideal de euforia.
Quanto mais enobrecida a consciência, mais se lhe configurará a riqueza de imaginação e; poder mental, surgindo, portanto mais complexo o cabedal de suas cargas magnéticas ou correntes mentais, a vibrarem ao redor de si mesmo e a exigirem mais ampla quota de atividade construtiva no serviço em que se lhe plasmem vocação e aptidão.
Seja no esforço intelectual em elevado labor, na criação artística, nas obras de benemerência ou de educação, seja nas dedicações domésticas, nas tarefas sociais, nas profissões diversas, nas administrações públicas ou particulares, nos empreendimentos do comércio ou da indústria, no amanho da terra, no trato dos animais, nos desportos e em todos os departamentos de ação, o Espírito é chamado a servir bem, isto é; a servir no benefício de todos, sob pena de conturbar a circulação das próprias energias mentais, agravando os estados de tensão.
CORRENTES MENTAIS DESTRUTIVAS – Os referidos, estados de tensão, devidos a “núcleos de força na psicosfera pessoal”, procedem, quase sempre, à feição das nuvens pacíficas repentinamente transformadas pelas cargas anormais de elétrons livres em máquinas indutoras, atraindo os campos elétricos com que se fazem instrumentos da tempestade.
Acumulando em si mesma as forças autogeradas em processos de profundo desequilíbrio, a alma exterioriza forças mentais desajustadas e destrutivas, pelas quais atrai as forças do mesmo teor, caindo freqüentemente em cegueira obsessiva, da qual muitas vezes se afasta desorientada, pela porta indesejável do remorso, após converter-se em intérprete de inqualificáveis delitos.
Noutras circunstâncias, considerando-se que o processo da obliteração mental, ou acumulação desordenada das nuvens de tensão no campo da aura, se caracteriza por imensa gradação, se as criaturas conscientes não se dispõem à distribuição natural das próprias cargas magnéticas, em trabalho digno, estabelecem para si a degenerescência das energias.
Nessa posição, emitem ondas mentais perturbadas, pelas quais se ajustam a Inteligências perturbadas do mesmo sentido, arrojando-se a lamentáveis estações de aviltamento, em ocorrências deploráveis de obsessão, nas quais as mentes desvairadas ou caídas em monoideísmo vicioso se refletem mutuamente.
E chegadas a semelhantes conturbações, seja no arrastamento da paixão ou na sombra do vício, sofrem a aproximação de correntes mentais arrasadoras, oriundas dos seres empenhados à crueldade, por ignorância – encarnados ou desencarnados –, que, em lhes vampirizando a existência, lhes impõem disfunções e enfermidades de variados matizes, segundo os pontos vulneráveis que apresentem, criando no mundo vastas províncias de alienação e de sofrimento.


[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XV
[2] Capítulo 13º deste livro

domingo, 5 de janeiro de 2020

Conhecer a mediunidade - Reflexo condicionado específico


REFLEXO CONDICIONADO ESPECÍFICO[1]

PRÓDROMOS DA HIPNOSE – Após observarmos o fenômeno do hipnotismo num espetáculo público, imaginemos que o magnetizador seja um homem digno de respeito, capaz de nutrir a confiança popular.
Suponhamos seja ele procurado por um cidadão qualquer, portador de doença nervosa, desejoso de tratar-se pela hipnose.
O enfermo tê-lo-á visto na exibição a que nos referimos ou dela terá recebido exato noticiário e, por isso mesmo, buscar-lhe-á o concurso, fortemente decidido a aceitar-lhe a orientação[2].
O hipnotizador, de imediato, adquire conhecimento da atitude simpática do visitante e acolhe-o com manifesto carinho.
Toma-lhe a mão, entrando de imediato na aura ou halo de forças do paciente, endereçando-lhe algumas inquirições.
Nesse toque direto, inocula-lhe vasta corrente revitalizadora, em lhe falando de bom ânimo e esperança, e o doente se lhe rende, satisfeito, aos apelos silenciosos de relaxamento da tensão que o castiga.
O consulente prestará ligeiros informes acerca dos sintomas de que se vê objeto, e o anfitrião, paternal, convidá-lo-á a sentar-se em larga poltrona que lhe faculte mais amplamente o repouso.
MECANISMO DO FENÔMENO HIPNÓTICO – Recorrendo, para exemplo, em nosso estudo, ao conhecido processo de Liébeault, o hipnotizador passará à ação franca, colocando-se à frente do enfermo.
E, situando de leve a mão esquerda sobre a sua cabeça, manterá dois dedos da mão direita, à distância aproximada de vinte a trinta centímetros dos olhos do paciente, de modo a formar com eles um ângulo elevado, compelindo-o a levantar os olhos, em atenção algo laboriosa, para que lhe fixe os dedos por algum tempo.
Com esse gesto, o magnetizador estará projetando o seu próprio fluxo energético sobre a epífise do hipnotizado, glândula esta de suma importância em todos os processos medianímicos[3], por favorecer a passividade dos núcleos receptivos do cérebro, provocando, ao mesmo tempo, a atenção ou o circuito fechado no campo magnético do paciente, cuja onda mental, projetada para além de sua própria aura, é imediatamente atraída pelas oscilações do magnetizador que a seu turno, lhe transmite a essência das suas próprias ordens.
Libertando as aglutininas mentais do sono, o passivo, na hipnose estimulada, se vê influenciado pela vontade que lhe comanda transitoriamente os sentidos, vontade essa a que, de maneira habitual, adere de “moto-próprio”, quase que alegremente.
É então que o hipnotizador, para fixar com mais segurança a sua própria atuação, exclama, em tom grave e calmo:
– “Não receie. Segundo o nosso desejo, passará você, em breves instantes, pela mesma transfiguração mental, a que se entrega; cada noite, transitando da vida ativa para o entorpecimento do sono, em que os seus ouvidos escutam sem qualquer esforço e no qual não se sente você; disposto a voluntária movimentação.
“Durma, descanse. Repouse na certeza de que não terá consciência do que ocorra em torno de nós! Despertará você do presente estado, quando me aprouver, perfeitamente aliviado e fortalecido pela supressão do desequilíbrio orgânico.”
O doente enlanguesce, satisfeito, acalentado pela sua própria onda mental de confiança, exteriorizada ao impacto do pensamento positivo que o controla, e o hipnotizador reafirma, tocando-lhe as pálpebras de leve:
– ”Durma tranqüilamente. Tudo está bem. Acordará livre de todo o mal. Acalme-se e espere. Não sofrerá qualquer incômodo. Dentro de alguns minutos, chamá-lo-ei à vigília.”
O doente dorme e o magnetizador retira-se por alguns minutos.
MECANISMO DA HIPNOTERAPIA – Enquanto adormecido, a própria onda mental do paciente, em movimento renovador e guardando consigo as sugestões benéficas recebidas atuam sobre as células do veículo fisiopsicossomático, anulando, tanto quanto possível, as inibições funcionais existentes.
Como se observa, o agente positivo atua como fator desencadeante da recuperação, que passa a ser efetuada pelo próprio paciente, em todos os casos de hipnoterapia ou reflexoterapia.
O hipnotizador, depois de um quarto de hora, fará novamente voltar à vigília, e o enfermo, desperto, acusa por vezes grandes melhoras.
Naturalmente, agradece ao benfeitor o socorro assimilado; contudo, o magnetizador agiu apenas como recurso de excitação e influência, porque as oscilações mentais em ação restaurativa dos tecidos celulares foram exteriorizadas pelo próprio consulente.
OBJETOS E REFLEXOS ESPECIFICOS – No segundo dia do tratamento hipnótico, o paciente com mais facilidade se confiará à vontade orientadora que o dirige.
Bastar-lhe-á o reencontro com o hipnotizador para entrar no reflexo condicionado, pelo qual começa a automatizar o ato de arrojar de si mesmo as próprias forças mentais, impregnadas das imagens de saúde e coragem que ele mesmo recorporifica no pensamento, recordando os apelos recebidos na véspera.
E assim procede o enfermo; no mesmo regime de condicionamento, até que a contemplação de um simples objeto que lhe tenha sido presenteado pelo magnetizador, com o fim de ajudá-lo a liberar-se de qualquer crise, na linha de ocorrências da moléstia nervosa de que se haja curado, será o suficiente para que se entregue à hipnose de recuperação por sua própria conta.
Semelhante medida, que explica o suposto poder curativo de certas relíquias materiais ou dos chamados talismãs da magia, pode ser interpretada como reflexo condicionado específico, porquanto, sem a presença do hipnotizador, suscetível de imprimir novas modalidades à onda mental de que tratamos, o objeto aludido servirá – muito particularmente nesse caso – como reflexo determinado para o refazimento orgânico, em certo sentido.
CIRCUITO MAGNÉTICO E CIRCUITO MEDIÜNICO – Se o paciente, depois de curado, prossegue submisso ao hipnotizador, sustentando-se entre ambos o intercâmbio seguro, dentro de algum tempo ambos se encontrarão em circuito mediúnico perfeito.
A onda mental do magnetizado, reeducada para a extirpação da moléstia anteriormente apresentada, terá atendido ao restabelecimento da região em desequilíbrio, mostrando-se, agora, sadia e harmônica para os serviços da troca, na hipótese do continuísmo de contacto.
Voltando-se diariamente para o magnetizador que, a seu turno, diariamente a influencia, e devidamente ajustada ao cérebro em que se apóia do ponto de vista da resistência do campo, passará a refletir a onda mental da vontade a que livremente se submete, absorvendo-lhe as inclinações e os desígnios.
Verificam-se aí os mais avançados processos de telementação, inclusive o desdobramento controlado, pelo qual o passivo, ausente do corpo físico, sob a indução preponderante do hipnotizador, apenas verá e ouvirá de acordo com a orientação particular a que se sujeita.
É o estado de permuta magnética aperfeiçoada, em que o passivo, na hipnose ou na vigília, transmite com facilidade as determinações e propósitos do mentor, na esfera das suas possibilidades de expressão.
AUTO-MAGNETIZAÇÃO – Ainda há que apreciar uma ocorrência importante.
Se o hipnotizador não mais tem contacto com o passivo e se o passivo prossegue interessado no progresso de suas conquistas espirituais, este consegue, à custa de esforço, por intermédio da profunda concentração das energias mentais, na lembrança dos fenômenos a que se consagrou junto ao magnetizador, cair em hipnose ou letargia, catalepsia ou sonambulismo – ainda pelo reflexo condicionado igualmente específico –, afastando-se do envoltório carnal, em plena consciência, para entrar em contacto com entidades encarnadas ou desencarnadas de sua condição ou para provocar por si mesmo certa categoria de fenômenos físicos, mediante a aplicação de energia acumulada, com o que se explicam as ocorrências do faquirismo oriental, nas quais a própria vontade do operador, parcial ou integralmente separado do corpo somático, exerce determinada ação sobre as células físicas e extrafísica, estabelecendo acontecimentos inabituais para o mundo rotineiro dos cinco sentidos.


[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XIV
[2] A utilização dos fenômenos hipnóticos serve, neste livro, simplesmente para explicar os mecanismos da mediunidade, e não para induzir os companheiros do Espiritismo a praticá-los em suas tarefas, porquanto o nosso objetivo primordial é o serviço da Doutrina Espírita que devemos tomar por disciplinadora de todos os fenômenos que nos rodeiam, na esfera das ocorrências mediúnicas a beneficio de nossa própria melhoria moral. (Nota do Autor espiritual.)
[3] Para mais claro entendimento do assunto, indicamos ao leitor a releitura do capitulo 2º do livro “Missionário da Luz”, do mesmo Autor espiritual, recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier. (Nota da Editora.)


domingo, 29 de dezembro de 2019

Conhecer a mediunidade - Fenômeno hipnótico indiscriminado


FENÔMENO HIPNÓTICO INDISCRIMINADO[1]
HIPNOTISMO VULGAR – No exame dos sucessos devidos ao reflexo condicionado, é importante nos detenhamos, por alguns instantes, no hipnotismo vulgar.
Há quem diga que o ato de hipnotizar se filia à ciência de atuar sobre o espírito alheio, e, para que a impressão provocada, nesse sentido, se faça duradoura e profunda é imperioso se não desenvolva maior intimidade entre o magnetizador e a pessoa que lhe serve de instrumento, porquanto a faculdade de hipnotizar, para persistir em alguém, reclama dos outros; obediência e respeito.
Reparemos o fenômeno hipnótico em sua feição mais simples, a evidenciar-se, muita vez, em espetáculos públicos menos edificantes.
O operador pede silêncio, e, para observar quais as pessoas mais suscetíveis de receber-lhe a influenciação, roga que todos os presentes fixem determinado objeto ou local, proibindo perturbação e gracejo.
Anotamos aqui a operação inicial do “circuito fechado”.
Exteriorizando-se em mais rigoroso regime de ação e reação sobre si mesma, a corrente mental dos assistentes capazes de entrar em sintonia com o toque de indução do hipnotizador passa a absorver-lhe os agentes mentais, predispondo-se a executar-lhe as ordens.
Semelhantes pessoas não precisarão estar absolutamente coladas à região espacial em que se encontra a vontade que as magnetiza.
Podem estar até mesmo muito distanciadas, sofrendo-lhe a influência através do rádio, de gravações e da televisão.
Desde que se rendam, profundamente, à sugestão inicial recebida, começam a emitir certo tipo de onda mental com todas as potencialidades criadoras da ideação comum, e ficam habilitadas a plasmar as formas-pensamentos que lhes sejam sugeridas, formas essas que, estruturadas pelos movimentos de ação dos princípios mentais exteriorizados, reagem sobre elas próprias, determinando os efeitos ou alucinações que lhes imprima a vontade a que se submetem.
Temos aí a perfeita conjugação de forças ondulatórias.
GRAUS DE PASSIVIDADE – Induzidos pelo impacto de comando do hipnotizador, os hipnotizados produzem oscilações mentais com freqüência peculiar a cada um, oscilações essas que, partindo deles, entram automaticamente em relação com a onda de forças positivas do magnetizador, voltando a eles próprios com a sugestão que lhes é desfechada, estabelecendo para si mesmos o campo alucinatório em que lhe responderão aos apelos.
Cada instrumento, nesse passo, após demonstrar obediência característica, revelar-se-á em determinado grau de passividade.
A maioria estará em posição de hipnose vulgar, alguns cairão em letargia e alguns raros em catalepsia ou sonambulismo.
Nos dois primeiros casos (isto é, na hipnose e na letargia), as pessoas apassivadas, à frente do magnetizador, terão libertado, em condições anômalas, certa classe de aglutininas mentais que facultam o sono comum, obscurecendo os núcleos de controle do Espírito, nos diversos departamentos cerebrais.
Além disso, correlacionam-se com a onda-motor da vontade a que se sujeitam, substancializando, na conduta que lhes é imposta, os quadros que se lhes apresentem.
Nos dois segundos (na catalepsia e no sonambulismo provocado), as oscilações mentais dos hipnotizados, a reagirem sobre eles mesmos, determinam o desprendimento parcial ou total do perispírito ou psicossoma, que, não obstante mais ou menos liberto das células físicas, se mantém sob o domínio direto do magnetizador, atendendo-lhe as ordenações.
IDÉIA-TIPO E REFLEXOS INDIVIDUAIS – Na hipnose ou na letargia, os passivos controlados executam habitualmente cenas que provocam admiração pela jogralidade com que se manifestam.
O hipnotizador dará, por exemplo, a dez passivos, em ação, a idéia de frio, asseverando que a atmosfera se tornou subitamente gélida.
Expedirão todos eles, para logo, ondas mentais características, associando as imagens que sejam capazes de formular.
Semelhantes vibrações encontram na onda mental do hipnotizador o agente excitante que lhes alimenta o fluxo crescente na direção do objetivo determinado.
No decurso de instantes, essas vibrações terão reagido muitas vezes sobre os cérebros que as geram e entretecem, inclinando-os a agir como se realmente estivessem em pleno inverno.
Cada um, entretanto, procederá no vaivém das oscilações de maneira diversa.
Aqui, um deles abotoará fortemente o casaco; ali, outro se encolherá, vergando a cabeça para a frente; acolá, outro fará gestos de quem toma agasalhos, utilizando objetos em desacordo com os que imagina, e, além, ainda outros tremerão impacientes, como que desamparados à ventania de um temporal.
O toque excitante do hipnotizador lançou uma idéia; contudo, as mentes por ele impressionadas responderam em sintonia, mas segundo os reflexos peculiares a si mesmas.
AULA DE VIOLINO – Na mesma ordem de fenômenos, o hipnotizador sugerirá aos mesmos passivos, em sono provocado, que se encontram numa aula de música e que lhes cabe o dever de ensaiarem ao violino.
A mente de cada um despedirá ondas de acordo com a ordem recebida, criando a forma-pensamento respectiva.
Em poucos segundos, sob o controle do magnetizador, tê-la-ão plasmado com tanto realismo quanto lhes seja possível.
Os mais achegados ao culto do referido instrumento assumirão atitude consentânea com o estudo mentalizado, conjugando movimentos harmoniosos, com a dignidade de um concertista, enquanto os adventícios da música exibirão gestos grotescos, manobrando a forma-pensamento mencionada quais se fossem crianças injuriando a arte musical.
Em todos, os estados anômalos a que nos referimos, os sujets governados demonstrarão certo grau de passividade. Da hipnose semi-consciente ao sonambulismo profundo, numerosas posições se evidenciam.
HIPNOSE E TELEMENTAÇÃO – Em determinados estágios da ocorrência hipnótica, verifica-se o desprendimento parcial da personalidade, com o deslocamento de centros sensoriais.
Ainda aí, porém, o hipnotizado, no centro das irradiações mentais que lhe são próprias, permanece controlado pela onda positiva da vontade a que se submete.
Nessa condição, esse ou aquele passivo pode ainda representar o papel de suposta personalidade, conforme a sugestão que o magnetizador lhe incuta.
O hipnotizador escolherá, de preferência, uma figura popular, um cantor, um literato ou um regente de orquestra que esteja no âmbito de conhecimento do passivo em ação e incliná-lo-á a sentir-se como sendo a pessoa lembrada.
Imediatamente o sujet estampará, no próprio fluxo de energia mental, a figura do artista, do escritor ou do maestro, de acordo com as possibilidades da própria imaginação, tomará da pena, erguerá a voz, ou empunhará a forma-pensamento de uma batuta, por ele mesmo criada, manobrando os mecanismos da mente para substancializar a sugestão recebida.
Entretanto, se o magnetizador lembra algum maestro de aldeia, ou escritor sem projeção, ou algum cantor obscuro, conhecido apenas dele, não será tão fácil ao passivo atender-lhe as ordens, por falta de recursos imaginativos a serem apostos por ele mesmo nas próprias oscilações mentais, o que apenas será conseguido após longos exercícios de telementação especializada entre ambos.
SUGESTÃO E AFINIDADE – Estabelecida a sugestão mais profunda, o hipnotizador pode traçar ao sujet, com pleno êxito, essa ou aquela incumbência de somenos importância, para ser executada após desperte do sono provocado, seja oferecer um lápis ou um copo d’água a certa pessoa, sugestão essa que por seu caráter elementar é absorvida pela onda mental do passivo, em seu movimento de refluxo, incorporando-se-lhe, automaticamente, ao centro da atenção, para que a vontade lhe dê curso no instante preciso.
Isso, porém, não aconteceria de modo tão simples se a sugestão envolvesse processos de mais alta responsabilidade na esfera da consciência, porquanto, nos atos mais complexos do Espírito, para que haja sintonia nas ações que envolvam compromisso moral, é imprescindível que a onda do hipnotizador se case perfeitamente à onda do hipnotizado, com plena identidade de tendências ou opiniões, qual se estivessem jungidos, moralmente, um ao outro nos recessos da afinidade profunda.


[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XIII

Conhecer a mediunidade - Reflexo condicionado


REFLEXO CONDICIONADO[1]
IMPORTÂNCIA DA REFLEXÃO – Entendendo-se que toda mente vibra na onda de estímulos e pensamentos em que se identifica, facilmente perceberemos que cada Espírito gera em si mesmo inimaginável potencial de forças mento-eletromagnéticas, exteriorizando nessa corrente psíquica os recursos e valores que acumula em si próprio.
Daí nasce à importância da reflexão em todos os setores da vida.
É que, gerando força criativa incessante em nós, assimilamos, por impulso espontâneo, as correntes mentais que se harmonizem com o nosso tipo de onda, impondo às mentes simpáticas o fruto de nossas elucubrações e delas recolhendo o que lhes seja característico, em ação que independe da distância espacial, sempre que a simpatia esteja estabelecida e, com mais objetividade e eficiência, quando o serviço de troca mental se evidencie assegurado conscientemente.
TIPOS DE REFLEXOS – Vale à pena recordar o conhecimento dos reflexos condicionados, em evolução na escola instituída por Pavlov.
Esse campo de experiências traz a estudo os reflexos congênitos ou incondicionados, quais os chamados protetores, alimentares, posturais e sexuais, detentores de vias nervosas próprias, como que hauridos da espécie, seguros e estáveis, sem necessidade do córtex, e os reflexos adquiridos ou condicionados, que não surgem espontaneamente, mas sim conquistados pelo indivíduo, no curso da existência.
Os reflexos adquiridos ou condicionados, que se utilizam da intervenção necessária do córtex cerebral, desenvolvem-se sobre os reflexos preexistentes, à maneira de construções emocionais, por vezes instáveis, e sobre os alicerces das vias nervosas, que pertencem aos seguros reflexos congênitos ou absolutos.
EXPERIÊNCIA DE PAVLOV – Lembremo-nos de que Pavlov, em uma de suas experiências, separou alguns cães do convívio materno, desde o nascimento, sujeitando-os ao aleitamento artificial. Como é lógico, revelaram naturalmente os reflexos congênitos, qual o patelar e o córneo-palpebral, mas, quando lhes foi mostrada a carne, tanto aos olhos quanto ao olfato, não segregaram saliva, não obstante à frente do alimento tradicional da espécie, demonstrando a esperada secreção apenas quando a carne lhes foi colocada na boca.
Desde então, os animais se habituaram a formar a mencionada secreção, sempre que o referido alimento lhes fosse apresentado à vista ou ao olfato.
Observemos que o estímulo provocou um reflexo condicionado, como que em regime de enxertia sobre o reflexo congênito desencadeado pelo alimento introduzido na boca.
REFLEXOS PSIQUICOS – Os princípios de reflexão podem ser aplicados aos reflexos psíquicos.
Compreenderemos desse modo, que o ato de alimentar-se é um hábito estratificado na personalidade do cão, em processo evolucionista, através de reencarnações múltiplas, e que o ato de preferir carne, mesmo em se tratando de alimento ancestral da espécie a que se entrosa, é um hábito que ele adquire, formando impressões novas sobre um campo de sensações já consolidadas.
Recorremos à imagem simplesmente para salientar que os nossos reflexos psíquicos condicionados se revestem de suma importância em nossas ligações mentais diversas.
E esses reflexos são – todos eles – presididos e orientados pela indução.
Nos cães de Pavlov a que nos reportamos, a faculdade de comer representa atitude espontânea, como aquisição mental automática, mas o interesse pela carne a que foram habituados define uma atitude excitante, compelindo-lhes a mente a exteriorizar uma onda característica que age como pensamento fragmentário, em torno deles, a reagir neles próprios, notadamente sobre as células gustativas. Do mesmo modo, variados estímulos aparece nos animais aludidos, segundo o desdobramento das impressões que lhes atingem o acanhado mundo sensório, acentuando-lhes a experiência.
Podemos, assim, apreciar a riqueza dos reflexos condicionados, pelos quais se expande a vida mental do Espírito humano, em que a razão, por luz do discernimento, lhe faculta o privilégio da escolha.
É nesses reflexos condicionados da atividade psíquica que principiam para o homem de pensamentos elementares os processos inconscientes da conjugação mediúnica, porquanto, emitindo a onda das idéias que lhe são próprias, ao redor dos temas que lhe sejam afins, exterioriza na direção dos outros as imagens e estímulos que acalenta consigo, recebendo, depois, sobre si mesmo os princípios mentais que exteriorizou, enriquecidos de outros agentes que se lhe sintonizem com as criações mentais.
AGENTES DE INDUÇÃO – Temos plenamente evidenciada a auto-sugestão, encorajando essa ou aquela ligação, esse ou aquele hábito, demonstrando a necessidade de auto policiamento em todos os interesses de nossa vida mental, porquanto, conquistada a razão, com a prerrogativa da escolha de nossos objetivos, todo o alvo de nossa atenção se converte em fator indutivo, compelindo-nos a emitir os valores do pensamento contínuo na direção em que se nos fixe a idéia, direção essa na qual encontramos os princípios combináveis com os nossos, razão por que, automaticamente, estamos ligados em espírito com todos os encarnados ou desencarnados que pensa como pensamos, tão mais estreitamente quão mais estreita a distância entre nós e eles, isto é, quanto mais intimamente estejamos comungando a atmosfera mental uns dos outros, independentemente de fatores espaciais.
Uma conversação, essa ou aquela leitura, a contemplação de um quadro, a idéia voltada para certo assunto, um espetáculo artístico, uma visita efetuada ou recebida, um conselho ou uma opinião representam agentes de indução, que variam segundo a natureza que lhes é característica, com resultados tanto mais amplos quanto maior se nos faça a fixação mental ao redor deles.
USO DO DISCERNIMENTO – A liberdade de escolha, na pauta das Leis Divinas, é clara e incontestável nos processos da consciência.
Ainda mesmo em regime de prisão absoluta, do ponto de vista físico, o homem, no pensamento, é livre para eleger o bem ou o mal para as rotas do Espírito.
O discernimento deve ser assim, usado por nós outros à feição de leme que a razão não pode esquecer à matroca[2], de vez que se a vida física está cercada de correntes eletrônicas por todos os lados, a vida espiritual, da mesma sorte, jaz imersa em largo oceano de correntes mentais e, dentro delas, é imprescindível saibamos procurar a companhia dos espíritos nobres, capazes de auxiliar a nossa sustentação no bem, para que o bem, como aplicação das Leis de Deus, nos eleve à vida superior.



[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XII

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Conhecer a mediunidade - Onda mental


ONDA MENTAL[1]
ONDA HERTZIANA – Examinando sumariamente as forças corpusculares de que se constituem todas as correntes atômicas do Plano Físico, podemos compreender, sem dificuldade, no pensamento ou radiação mental, a substância de todos os fenômenos do espírito, a expressar-se por ondas de múltiplas frequências.
Valendo-nos de idéia imperfeita, podemos compará-lo, de início, à onda hertziana, tomando o cérebro como sendo um aparelho emissor e receptor ao mesmo tempo.
PENSAMENTO E TELEVISÃO – Recorrendo ainda a recursos igualmente incompletos, recordemos a televisão, cujos serviços se verificam à base de poderosos feixes eletrônicos devidamente controlados.
Nos transmissores dessa espécie, é imperioso conjugar a aparelhagem necessária à captação, transformação, irradiação e recepção dos sons e das imagens de modo simultâneo.
De igual maneira, até certo ponto, o pensamento, a formular-se em ondas, age de cérebro a cérebro, quanto a corrente de elétrons, de transmissor a receptor, em televisão.
Não desconhecemos que todo Espírito é fulcro gerador de vida onde se encontre.
E toda espécie de vida começa no impulso mental.
Sempre que pensamos, expressando o campo íntimo na ideação e na palavra, na atitude e no exemplo, criamos formas pensamentos ou imagens-moldes que arrojamos para fora de nós, pela atmosfera psíquica que nos caracteriza a presença.
Sobre todos os que nos aceitem o modo de sentir e de ser, consciente ou inconscientemente, atuamos à maneira do hipnotizador sobre o hipnotizado, verificando-se o inverso, toda vez que aderimos ao modo de ser e de sentir dos outros.
O campo espiritual de quem sugestiona gera no âmbito da própria imaginação os esboços ou planos que se propõe exteriorizar, assemelhando-se, então, à câmara de imagens do transmissor vulgar, em que o iconoscópio, com o jogo de lentes adequadas, focaliza a cena sobre a face sensível do mosaico que existe numa das extremidades dele mesmo, iconoscópio, ao passo que um dispositivo explorador, situado na outra extremidade, fornece um feixe tênue de elétrons ou raio explorador que percorre toda a superfície do mosaico.
Quando o raio explorador alcança a superfície do mosaico, desprende-se deste uma corrente elétrica de potência proporcional à luminosidade da região que está atravessando e, compreendendo-se que a maior ou menor luminosidade dos pontos diversos do mosaico equivale à imagem sobre ele mesmo refletida, perceberemos com facilidade que as variações de intensidade da corrente fornecida pelo mosaico equivalem à metamorfose das cenas em eletricidade, variações que respondem pelas modificações das cores e respectivos semitons.
As imagens arremessadas através do dispositivo de focalização da câmara, atingindo o mosaico, se fazem invisíveis ao olhar comum.
Nessa fase da transmissão, os vários pontos do mosaico acumulam; maior ou menor corrente elétrica, segundo a porção de luz a incidir sobre eles.
Somente depois dessa operação, que prossegue em variadas minudências técnicas, é que a cena passa ao transmissor da imagem, a reconstituir-se, através do cinescópio ou válvula da imagem, no aparelho receptor, válvula essa cujo funcionamento é quase análogo ao do iconoscópio, na transmissão, embora fisicamente não se pareçam.
CÉLULAS E PEÇAS – Com muito mais primor de organização, o cérebro ou cabine de manifestação do Espírito, tanto quanto possamos conhecer-nos, do ponto de vista da estrutura mental, na nossa presente condição evolutiva, possui nas células e implementos que o servem aparelhagens correspondentes às peças empregadas em televisão para a emissão e recepção das correntes eletrônicas, exteriorizando as ondas que lhe são características, a transportarem consigo estímulos, imagens, vozes, cores, palavras e sinais múltiplos, através de vias aferentes e eferentes, nas faixas de sintonia natural.
As válvulas, câmaras, antenas e tubos destinados à emissão dos elétrons, ao controle dos elétrons emitidos, à formação dos feixes corpusculares e respectiva deflexão vertical e horizontal e a operações outras para que o mosaico ou espelho elétrico forneça os sinais de vídeo, equivalentes à metamorfose da cena em corrente elétrica, e para que a tela fluorescente converta de novo os sinais de vídeo na própria cena óptica, a exprimir-se nos quadros televisionados, – configuram-se, admiravelmente, nos recursos sensíveis do cérebro, sistema nervoso, plexos e glândulas endócrinas, enriquecidos de outros elementos sensoriais no veículo físico e psicossomático, cabendo-nos, ainda, acentuar que a nossa comparação peca demasiado pela pobreza conceptual, porquanto, em televisão, na atualidade, há conjuntos distintos para emissão e recepção, quando o Espírito, na engrenagem individual do cérebro, conta com recursos avançados para serviços de emissão e recepção simultâneos.
ALAVANCA DA VONTADE – Reconhecemos que toda criatura dispõe de oscilações mentais próprias, pelas quais entra em combinação espontânea com a onda de outras criaturas desencarnadas ou encarnadas que se lhe afinem com as inclinações e desejos, atitudes e obras, no quimismo inelutável do pensamento.
Compreendendo-se que toda partícula de matéria em movimentação se caracteriza por impulso inconfundível, fácil ser-nos-á observar que cada Espírito, pelo poder vibratório de que seja dotado, imprimirá aos seus recursos mentais o tipo de onda ou fluxo energético que lhe define a personalidade, a evidenciar-se nas faixas superiores da vida, na proporção das grandezas morais, do ponto de vista de amor e sabedoria, que já tenha acumulado em si mesmo.
E para manejar as correntes mentais, em serviço de projeção das próprias energias e de assimilação das energias alheias, dispõe a alma, em si, da alavanca da vontade, por ela vagarosamente construída em milênios e milênios de trabalho automatizante.
A principio, adstrita aos círculos angustos do primitivismo, a vontade, agarrada ao instinto de preservação, faz do Espírito um inveterado monomaníaco do prazer inferior.
Avançando pelo terreno inicial da experiência, aparece o homem qual molusco inteligente, sempre disposto a fechar o circuito das próprias oscilações mentais sobre si mesmo, em monoideísmo intermitente.
VONTADE E APERFEIÇOAMENTO – A memória e a imaginação, ainda curtas, limitam a volição do homem a simples tendência que, no fundo, é aspecto primário da faculdade de decidir.
Ele mesmo opera a retração da onda mental que o personaliza, repelindo as vibrações que o inclinem ao burilamento sempre difícil e à expansão sempre laboriosa, para deter-se no reino afetivo das vibrações que o atraem, onde encontra os mesmos tipos de onda dos que se lhe assemelham, capazes de entreter-lhe a egolatria, no gregarismo das longas simbioses em repetidas reencarnações de aprendizagem.
A civilização, porém, chega sempre.
O progresso impõe novos métodos e a dor estilhaça envoltórios.
As modificações da escolha acompanham a ascensão do conhecimento.
A vontade de prazer e a vontade de domínio, no curso de largos séculos, convertem-se em prazer de aperfeiçoar e servir, acompanhados de autodomínio.
CÍCLOTRON[2] DA VONTADE – Arremessa a criatura, naturalmente, a própria onda mental na direção dos Espíritos que penetraram mais amplos horizontes da evolução.
Alcançando semelhante estágio de consciência, a vontade, no campo do Espírito, desempenha o papel do cíclotron no mundo da Química, bombardeando automaticamente os princípios mentais que se lhe contraponham aos impulsos. E é, ainda, com essa faculdade determinante que ela preside as junções de onda, junto àquelas que se proponha assimilar, no plano das sintonias, de vez que, quanto mais elevado o discernimento, mais livre se lhe fará a criação mental originária para libertar e aprisionar, enriquecer e sublimar, agravar os males ou acrescentar os próprios bens na esfera do destino.



[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XI
[2] Na física de partículascíclotron (português brasileiro) ou ciclotrão (português europeu) é um equipamento no qual um feixe de partículas sofre a ação de um campo elétrico com uma freqüência alta e constante e um campo magnético perpendicular estático. Foi inventado em 1929 por Ernest Lawrence que o usou em experimentos com partículas com 1 MeV (Um Mega elétron-Volt).- https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclotron