CARGAS ELÉTRICAS e
EXPERIÉNCIA
VULGAR
– Para examinar as ocorrências do fenômeno mediúnico indiscriminado,
referimo-nos linhas antes[2],
ao fenômeno hipnótico de ordem popular, em que hipnotizadores e hipnotizados,
sem qualquer recurso de sublimação do espírito, se entregam ao serviço de
permuta dos agentes mentais.
Contudo, para gravar as linhas básicas de
nosso estudo, recordemos a propagação indeterminada dos elétrons nas faixas da
Natureza.
De
semelhante propagação, qualquer pessoa pode retirar a prova evidente com vários
objetos como, por exemplo, com a experiência clássica da caneta-tinteiro que,
friccionada com um pano de lã, nos deixa perceber que as bolhas de ar existentes
entre as fibras do pano fornecem os elétrons livres a elas agregados, elétrons
que se acumulam na caneta mencionada, por suas qualidades dielétricas ou
isolantes.
Efetuada
a operação, elementos leves, portadores de cargas elétricas positivas ou, mais
exatamente, muito pobres de elétrons, como sejam pequeninos fragmentos de
papel, serão atraídos pela caneta, então negativamente carregada.
MÁQUINA
ELETROSTÁTICA
– Na máquina eletrostática ou indutora, utilizada nas experiências primárias de
eletricidade, a ação se verifica semelhante à experiência da caneta-tinteiro.
Os discos
de ebonite em atividade rotatória como que esfarelam as bolhas de ar, guardadas
entre eles; comprimindo os elétrons que a elas se encontram frouxamente
aderidos.
Com o
auxílio de escovas, esses elétrons se encaminham às esferas metálicas, onde se
aglomeram até que a carga se faça suficientemente elevada para que seja
extraída em forma de centelha.
NAS
CAMADAS ATMOSFÉRICAS – As correntes de elétrons livres estão em toda a parte.
Nos dias
estivais, os conjuntos de átomos ou moléculas de água sobem às camadas
atmosféricas mais altas, com o ar aquecido.
Nas zonas
de altitude fria, aglutinam-se formando gotas que, em seguida, tombam na
direção do solo, em razão de seu peso.
Todavia,
as gotas que vertem de cima, sem chegarem ao chão, por se evaporarem na viagem
de retorno, são surpreendidas em caminho pelas correntes de ar aquecido em
ascensão e, atritando os elementos nesse encontro, o ar quente, na subida,
extraídas moléculas d’água os elétrons livres que a elas se encontram fracamente
aderidos; arrastando-os em turbilhões para a altura, acumulando-os nas nuvens, que se tornam então eletricamente
carregadas.
Quando as
correntes eletrônicas aí agregadas tiverem atingido certo valor, assemelham-se
as nuvens, à máquinas indutoras, em que a tensão se eleva a milhões de volts,
das quais os elétrons em massa, na forma de relâmpagos, saltam para outras
nuvens ou para a terra, provocando descargas que, às vezes, tomam a feição de
faíscas elétricas, em meio de aguaceiros e trovoadas.
Em
identidade de circunstâncias, quando o planeta terrestre se encontra na direção
de explosões eletrônicas partidas do Sol, cargas imensas de elétrons perturbam
o campo terrestre, responsabilizando-se pelas tempestades magnéticas que afetam
todos os processos vitais do Globo, – à existência humana
inclusive, porquanto costumam desarticular as válvulas microscópicas do cérebro
humano, impondo-lhes alterações nocivas, tanto quanto
desequilibram as válvulas dos aparelhos radiofônicos, prejudicando-lhes as
transmissões.
CORRENTES DE ELÉTRONS MENTAIS – Dentro de certa analogia,
temos também as correntes de elétrons mentais, por toda a parte, formando
cargas que aderem ao campo magnético dos indivíduos, ou que vagueiam, entre
eles, à maneira de campos elétricos que acabam atraídos por aqueles que,
excessivamente carregados, se lhes afeiçoem à natureza.
Recorrendo
à imagem da caneta-tinteiro, em atrito com o pano de lã, e da máquina
eletrostática, em que os elétrons se condicionam para a produção de centelhas, lembraremos que toda compressão de agentes mentais, através da atenção,
gera em nossa alma; estados indutivos pelos quais atraímos cargas de
pensamentos em sintonia com os nossos.
A leitura de certa página, a consulta a
esse ou àquele livro, determinada conversação, ou o interesse voltado para esse
ou aquele assunto, nos colocam em correlação espontânea com as Inteligências
encarnadas ou desencarnadas que com eles se harmonizem, por intermédio das
cargas mentais que acumulamos e emitimos, na forma de quadros ou centelhas em
série, com que aliciamos para o nosso convívio mental os que se entregam a
ideações análogas às nossas.
Não nos
propomos afirmar que o fenômeno da caneta-tinteiro ou do aparelho eletrostático
seja igual à ocorrência da indução mental no cérebro.
Assinalamos
apenas a analogia de superfície, para salientar a importância dos nossos
pensamentos concentrados em certo sentido, porque é pela projeção de nossas idéias que nos
vinculamos às Inteligências inferiores ou superiores de nosso caminho.
E para
estampar, com mais segurança, a nossa necessidade de equilíbrio, perante a
vida, recordemos que à maneira das correntes incessantes de força, que
sustentam a Natureza terrestre, também o pensamento circula ininterrupto, no campo magnético de cada Espírito,
extravasando-se para além dele, com as essências características a cada um.
Queira ou não, cada alma possui no próprio
pensamento a fonte inestancável das próprias energias.
Correntes
vivas fluem do íntimo de cada Inteligência, a se lhe projetarem no “halo
energético”, estruturando-lhe a aura ou fotosfera psíquica, à base de cargas
magnéticas constantes, conforme a natureza que lhes é peculiar, de certas
formas semelhantes às correntes de força que partem da massa planetária,
compondo a atmosfera que a envolve.
CORRENTES
MENTAIS CONSTRUTIVAS – Assim como a Natureza encontra, na distribuição
harmoniosa das próprias energias, o caminho justo para o próprio equilíbrio,
sustentando-se em movimento contínuo, o Espírito identifica, no trabalho ordenado
com segurança, a trilha indispensável para o seu clima ideal de euforia.
Quanto mais enobrecida a consciência, mais se lhe configurará a
riqueza de imaginação e; poder mental, surgindo, portanto mais complexo o
cabedal de suas cargas magnéticas ou correntes mentais, a vibrarem ao redor de
si mesmo e a exigirem mais ampla quota de atividade construtiva no serviço em
que se lhe plasmem vocação e aptidão.
Seja
no esforço intelectual em elevado labor, na criação artística, nas obras de
benemerência ou de educação, seja nas dedicações domésticas, nas tarefas
sociais, nas profissões diversas, nas administrações públicas ou particulares,
nos empreendimentos do comércio ou da indústria, no amanho da terra, no trato
dos animais, nos desportos e em todos os departamentos de ação, o Espírito é chamado a servir bem, isto é; a servir no benefício de todos, sob pena de
conturbar a circulação das próprias energias mentais, agravando os estados de
tensão.
CORRENTES
MENTAIS DESTRUTIVAS – Os referidos, estados de tensão, devidos a “núcleos de
força na psicosfera pessoal”, procedem, quase sempre, à feição das nuvens
pacíficas repentinamente transformadas pelas cargas anormais de elétrons livres
em máquinas indutoras, atraindo os campos elétricos com que se fazem
instrumentos da tempestade.
Acumulando
em si mesma as forças autogeradas em processos de profundo desequilíbrio, a
alma exterioriza forças mentais desajustadas e destrutivas, pelas quais atrai
as forças do mesmo teor, caindo freqüentemente em cegueira
obsessiva, da qual muitas vezes se afasta desorientada, pela porta indesejável do remorso, após
converter-se em intérprete de inqualificáveis delitos.
Noutras
circunstâncias, considerando-se que o processo da obliteração mental, ou
acumulação desordenada das nuvens de tensão no campo da aura, se caracteriza
por imensa gradação, se as criaturas conscientes não se
dispõem à distribuição natural das próprias cargas magnéticas, em trabalho
digno, estabelecem para si a degenerescência das energias.
Nessa posição, emitem ondas
mentais perturbadas, pelas quais se ajustam a Inteligências perturbadas do
mesmo sentido, arrojando-se a lamentáveis estações de aviltamento, em
ocorrências deploráveis de obsessão, nas quais as mentes desvairadas ou caídas
em monoideísmo vicioso se refletem mutuamente.
E chegadas a semelhantes conturbações, seja no
arrastamento da paixão ou na sombra do vício, sofrem a aproximação de correntes
mentais arrasadoras, oriundas dos seres empenhados à crueldade, por ignorância
– encarnados ou desencarnados –, que, em lhes vampirizando a existência, lhes impõem disfunções e enfermidades de variados matizes, segundo os
pontos vulneráveis que apresentem, criando no mundo vastas províncias de
alienação e de sofrimento.
[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia
de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XV
[2] Capítulo 13º deste livro