domingo, 2 de fevereiro de 2020

Conhecer mediunidade - Mediunidade curativa


MEDIUNIDADE CURATIVA[1]

MENTE E PSICOSSOMA – Compreendendo-se o envoltório psicossomático por templo da alma, estruturado em bilhões de células a se caracterizarem por atividade incessante, é natural imaginemos cada centro de força e cada órgão por departamentos de trabalho, interdependentes entre si, não obstante o caráter autônomo atribuível a cada um.
Semelhantes peças, no entanto, obedecem ao comando mental, sediado no cérebro, que lhes mantém a coesão e o equilíbrio, por intermédio das oscilações inestancáveis do pensamento.
Temos, assim, as variadas províncias celulares sofrendo o impacto constante das radiações mentais, a lhes absorverem os princípios de ação e reação, desse ou daquele teor, pelos quais os processos da saúde e da enfermidade, da harmonia e da desarmonia são associados e desassociados, conforme a direção que lhes imprima a vontade.
Naturalmente não podemos esquecer que o alimento comum garante a subsistência do corpo físico, através da permuta contínua de substâncias com a incessante transformação de energia, e isso acontece porque a força mental conjuga substância e energia na produção dos recursos de apoio à existência e dos elementos reguladores do metabolismo.
Além desses fatores, cabe-nos contar com os fatores mentais para a sustentação de todos os agentes da vida, que se fará dessa ou daquela forma, segundo a qualidade desses mesmos ingredientes.
Conforme a integridade desses princípios resultará a integridade do poder mecânico da mente para a formação dos anticorpos na intimidade das forças componentes do sistema sanguíneo.
SANGUE E FLUIDOTERAPIA – Salientando-se que o sistema hemático no corpo físico representa o conjunto das energias circulantes no corpo espiritual ou psicossoma, energias essas tomadas em princípio pela mente, através da respiração, ao reservatório incomensurável do fluido cósmico, e para ele que nos compete voltar à atenção, no estudo de qualquer processo fluidoterápico de tratamento ou de cura.
Relacionados com os centros psicossomáticos, os variados núcleos da vida sanguínea produzem as grandes coletividades corpusculares das hemácias, dos leucócitos, trombócitos, macrófagos, linfócitos, histiócitos, plasmócitos, monócitos e outras unidades a se dividirem, inteligentemente, em famílias numerosas, movimentando-se em trabalho constante, desde os fulcros geratrizes do baço e da medula óssea, do fígado e dos gânglios, até o âmago dos órgãos.
Fácil entender que todo desregramento de natureza física ou moral faz-se refletir, de imediato, por reações mentais conseqüentes, sobre as províncias celulares, determinando situações favoráveis ou desfavoráveis ao equilíbrio orgânico.
O pensamento é a força que, devidamente orientada, no sentido de garantir o nível das entidades celulares no reino fisiológico, lhes facilita a migração ou lhes acelera a mobilidade para certos efeitos de preservação ou defensiva, seja na improvisação de elementos combativos e imunológicos ou na impugnação aos processos patogênicos, com a intervenção da consciência profunda.
Deduzimos, sem dificuldade, que se é possível a hipnotização da mente humana, com vistas a certos fins, com mais propriedade operar-se-á a magnetização das entidades corpusculares, para efeitos determinados, no ajustamento das células.
MÉDIUM PASSISTA – Entendemos que a mediunidade curativa se reveste da mais alta importância, desde que alicerçada nos sentimentos mais puros da mais pura fraternidade.
É claro que não nos reportamos aos magnetizadores que desenvolvem as forças que lhes são peculiares, no trato da saúde humana.
Referimo-nos, sim, aos intérpretes da Espiritualidade Superior, consagrados à assistência providencial aos enfermos, para encorajar-lhes a ação.
Decerto, o estudo da constituição humana lhes é naturalmente aconselhável, tanto quanto ao aluno de enfermagem, embora não seja médico, se recomenda a aquisição de conhecimentos do corpo em si.
E do mesmo modo que esse aprendiz de rudimentos da Medicina precisa atentar para a assepsia do seu quadro de trabalho, o médium passista necessitará vigilância no seu campo de ação, porquanto de sua higiene espiritual resultará o reflexo benfazejo naqueles que se proponha socorrer.
Eis porque se lhe pede a sustentação de hábitos nobres e atividades limpas, com a simplicidade e a humildade por alicerces no serviço de socorro aos doentes, de vez que semelhantes fatores funcionarão à maneira do tungstênio na lâmpada elétrica, suscetível de irradiar a força da usina, produzindo a luz necessária à expulsão da sombra.
O investimento cultural ampliar-lhe-á os recursos psicológicos, facilitando-lhe a recepção das ordens e avisos dos instrutores que lhe propiciem amparo, e o asseio mental lhe consolidará a influência, purificando-a, além de dotar-lhe a presença com a indispensável autoridade moral, capaz de induzir o enfermo ao despertamento das suas próprias forças de reação.
MECANISMO DO PASSE – Tendo mencionado o fenômeno hipnótico em diversas passagens de nossas anotações, a ele recorreremos, ainda uma vez, para definir o medianeiro do passe magnético por autêntico representante do magnetizador espiritual, à frente do enfermo.
Estabelecido o clima de confiança, qual acontece entre o doente e o médico preferido, cria-se a ligação sutil entre o necessitado e o socorrista e, por semelhante elo de forças, ainda imponderáveis no mundo, verte o auxílio da Esfera Superior, na medida dos créditos de um e outro.
Ao toque da energia emanante do passe, com a supervisão dos benfeitores desencarnados, o próprio enfermo, na pauta da confiança e do merecimento de que dá testemunho, emitem ondas mentais características, assimilando os recursos vitais que recebe, retendo-os na própria constituição fisiopsicossomática, através das várias funções do sangue.
è O socorro, quase sempre hesitante a principio, corporifica-se à medida que o doente lhe confere atenção, porque, centralizando as próprias radiações sobre as províncias celulares de que se servem; regula-lhes os movimentos e lhes corrige a atividade, mantendo-lhes as manifestações dentro de normas desejáveis, e, estabelecida a recomposição, volve a harmonia orgânica possível, assegurando à mente o necessário governo do veículo em que se amolda.
VONTADE DO PACIENTE – O processo de socorro pelo passe é tanto mais eficiente quanto mais intensa se faça a adesão daquele que lhe recolhe os benefícios, de vez que a vontade do paciente, erguida ao limite máximo de aceitação, determina sobre si mesmo; mais elevados potenciais de cura.
Nesse estado de ambientação, ao influxo dos passes recebidos, as oscilações mentais do enfermo se condensam, mecanicamente, na direção do trabalho restaurativo, passando a sugeri-lo às entidades celulares do veículo em que se expressam, e os milhões de corpúsculos do organismo fisiopsicossomático tendem a obedecer, instintivamente, às ordens recebidas, sintonizando-se com os propósitos do comando espiritual que os agrega.
PASSE E ORAÇÃO – O passe, como gênero de auxílio, invariavelmente aplicável sem qualquer contra-indicação, é sempre valioso no tratamento devido aos enfermos de toda classe, desde as criancinhas tenras aos pacientes em posição provecta na experiência física, reconhecendo-se, no entanto, ser menos rico de resultados imediatos nos doentes adultos que se mostrem jungidos à inconsciência temporária, por desajustes complicados do cérebro.
Esclareçamos, porém, que, em toda situação e em qualquer tempo, cabe ao médium passista buscar na prece o fio de ligação com os planos mais elevados da vida, porquanto, através da oração, contará com a presença sutil dos instrutores que atendem aos misteres da Providência Divina, a lhe utilizarem os recursos para a extensão incessante do Eterno Bem.



[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XXII

Conhecer mediunidade - Desdobramento


DESDOBRAMENTO[1]

NO SONO ARTIFICIAL – Enfileirando algumas anotações com respeito ao desdobramento da personalidade, consoante as nossas referências ao hipnotismo comum; recordemos ainda o fenômeno da hipnose profunda, entre o magnetizador e o sensitivo.
Quem possa observar além do campo físico, reparará, à medida se afirme a ordem do hipnotizador, que se escapa abundantemente do tórax do “sujet”, caído em transe, um vapor branquicento[2] que, em se condensando qual nuvem inesperada, se converte, habitualmente à esquerda do corpo carnal, numa duplicata dele próprio, quase sempre em proporções ligeiramente dilatadas.
Tal seja o potencial mais amplo da vontade que o dirige, o sensitivo, desligado da veste física, passa a movimentar-se e, ausentando-se muita vez do recinto da experiência, atendendo a determinações recebidas, pode efetuar apontamentos a longa distância ou transmitir notícias, com vistas a certos fins.
Seguindo-lhe a excursão, vê-lo-emos, porém, constantemente ligado ao corpo somático por fio tenuíssimo, fio este muito superficialmente comparável, de certo modo, à onda do radar, que pode vencer imensuráveis distâncias, voltando, inalterável, ao centro emissor, não obstante sabermos que semelhante confronto resulta de todo impróprio para o fenômeno que estudamos no campo da inteligência.
Nessa fase, o paciente executa as ordens que recebeu desde que não constituam desrespeito evidente à sua dignidade moral, trazendo informes valiosos para as realidades do Espírito.
Notemos que aí, enquanto o carro fisiológico se detém resfolegante e imóvel, a individualidade real, embora teleguiada, evidencia plena integridade de pensamento, transmitindo, de longe, avisos e anotações através dos órgãos vocais, em circunstâncias comparáveis aos implementos do alto-falante, num aparelho radiofônico.
À semelhança do fluxo energético da circulação sanguínea, incessante no corpo denso, a onda mental é inestancável no Espírito.
Esmaecem-se as impressões nervosas e dorme o cérebro de carne, mas o coração prossegue ativo, no envoltório somático, e o pensamento vibra constante, no cérebro perispirítico.
NO SONO NATURAL – Na maioria das situações, a criatura, ainda extremamente aparentada com a animalidade primitivista, tem a mente como que voltada para si mesma, em qualquer expressão de descanso, tomando o sono para claustro remançoso das impressões que lhe são agradáveis, qual criança que, à solta, procura simplesmente o objeto de seus caprichos.
Nesse ensejo, configura na onda mental que lhe é característica as imagens com que se acalenta, sacando da memória a visualização dos próprios desejos, imitando alguém que improvisasse miragens, na antecipação de acontecimentos que aspira a concretizar.
Atreita ao narcisismo, tão logo demande o sono, quase sempre se detém justaposta ao veículo físico, como acontece ao condutor que repousa ao pé do carro que dirige, entregando-se à volúpia mental com que alimenta os próprios impulsos afetivos, enquanto a máquina se refaz.
Ensimesmada, a alma, usando os recursos da visão profunda, localizada nos fulcros do diencéfalo, e, plenamente desacolchetada do corpo carnal, por temporário desnervamento, não apenas se retempera nas telas mentais com que preliba satisfações distantes, mas experimenta de igual modo o resultado dos próprios abusos, suportando o desconforto das vísceras injuriadas por ele mesmo ou a inquietude dos órgãos que desrespeita, quando não padece a presença de remorsos constrangedores, à face dos atos reprováveis que pratica, porquanto ninguém se livra, no próprio pensamento, dos reflexos de si mesmo.
SONO E SONHO – Qual ocorre no animal de evolução superior, no homem de evolução positivamente inferior o desdobramento da individualidade, por intermédio do sono, é quase que absoluto estágio de mero refazimento físico.
No primeiro, em que a onda mental é simplesmente fraca emissão de forças fragmentárias, o sonho é puro reflexo das atividades fisiológicas. No segundo, em que a onda mental está em fase iniciante de expansão, o sonho, por muito tempo, será invariável ação reflexa de seu próprio mundo consciencial ou afetivo.
Evolui, no entanto, o pensamento na criatura que amadurece, espiritualmente, através da repercussão.
Como no caso do sensitivo que, fora do envoltório físico, vai até ao local sugerido pelo magnetizador, tomando-se a ordem determinante da hipnose artificial pelo reflexo condicionado que lhe comanda as idéias, a criatura na hipnose natural, fora do veículo somático; possui no próprio desejo o reflexo condicionado que lhe circunscreverá o âmbito da ação além da roupagem fisiológica, alongando-se até ao local em que se lhe vincula o pensamento.
O homem do campo, no repouso físico, supera os fenômenos hipnagógicos e volta à gleba que semeou, contemplando aí, em Espírito, a plantação que lhe recolhe o carinho; o artista regressa à obra a que se consagra, mentalizando-lhe o aprimoramento; o espírito maternal se aconchega ao pé dos filhinhos que a vida lhe confia, e o delinqüente retorna ao lugar onde se encarcera a dor do seu arrependimento.
Atravessada a faixa das chamadas imagens eutópticas, exteriorizam de si mesmos os quadros mentais pertinentes à atividade em que se concentram, com os quais angariam a atenção das Inteligências desencarnadas que com eles se afinam, recolhendo sugestões para o trabalho em que se empenham, muito embora, à distância da veste somática, freqüentemente procedam ao modo de crianças conduzidas ao ambiente de pessoas adultas, mantendo-se entre as idéias superiores que recebem e as idéias infantis que lhes são próprias, do que resulta, na maioria das vezes, o aspecto caótico das reminiscências que conseguem guardar, ao retornarem à vigília.
Nesse estágio evolutivo, permanecem milhões de pessoas – representando a faixa de evolução mediana da Humanidade – rendendo-se, cada dia, ao impositivo do sono ou hipnose natural de refazimento, em que se desdobra, mecanicamente, entrando, fora do indumento carnal, em sintonia com as entidades que se lhes revelam afins, tanto na ação construtiva do bem, quanto na ação deletéria do mal, entretecendo-se-lhes o caminho da experiência que lhes é necessária à sublimação no porvir.
CONCENTRAÇÃO E DESDOBRAMENTO – Quantos se entregam ao labor da arte, atraem, durante o sono, as inspirações para a obra que realizam, compreendendo-se que os Espíritos enobrecidos assimilam do contacto com as Inteligências superiores os motivos corretos e brilhantes que lhes palpitam nas criações, ao passo que as mentes sarcásticas ou criminosas, pelo mesmo processo, apropriam-se dos temas infelizes com que se acomodam, acordando a ironia e a irresponsabilidade naqueles que se lhes ajustam aos pensamentos, pelo trabalho a que se dedicam.
Desdobrando-se no sono vulgar, a criatura segue o rumo da própria concentração, procurando, automaticamente, fora do corpo de carne, os objetivos que se casam com os seus interesses evidentes ou escusos.
Desse modo, mencionando apenas um exemplo dos contactos a que aludimos, determinado escritor exporá idéias edificantes e originais no que tange ao serviço do bem, induzindo os leitores à elevação de nível moral, ao passo que outro exibirá elementos aviltantes, alinhando escárnio ou lodo sutil com que corrompe as emoções de quantos se lhe entrosam à maneira de ser.
INSPIRAÇÃO E DESDOBRAMENTO – Dormindo o corpo denso, continua vigilante a onda mental de cada um – presidindo ao sono ativo, quando registra no cérebro dormente as impressões do Espírito desligado das células físicas, e ao sono passivo, quando a mente, nessa condição, se desinteressam, de todo, da esfera carnal.
Nessa posição, sintoniza-se com as oscilações de companheiros desencarnados ou não, com as quais se harmonize, trazendo para a vigília no carro de matéria densa, em forma de inspiração, os resultados do intercâmbio que levou a efeito, porquanto raramente consegue conscientizar as atividades que empreendeu no tempo de sono.
Muitos apelos do plano terrestre são atendidos, integralmente ou em parte, nessa fase de tempo.
Formulado esse ou aquele pedido ao companheiro desencarnado, habitualmente surge à resposta quando o solicitante se acha desligado do vaso físico. Entretanto, como nem sempre o cérebro físico está em posição de fixar o encontro realizado ou a informação recebida, os remanescentes da ação espiritual, entre encarnados e desencarnados, permanecem, naqueles Espíritos que ainda se demorem chumbados à Terra, à feição de quadros simbólicos ou de fragmentárias reminiscências, quando não sejam na forma de súbita intuição, a expressarem, de certa forma, o socorro parcial ou total que se mostrem capazes de receber.
DESDOBRAMENTO E MEDIUNIDADEAs ocorrências referidas vigem na conjugação de ondas mentais, porque apenas excepcionalmente consegue a criatura encarnada desvencilhar-se de todas as amarras naturais a que se prende; adstrita as conveniências e necessidades de redenção ou evolução que lhe dizem respeito.
É imperioso notar, porém, que considerável número de pessoas, principalmente as que se adestraram para esse fim, efetuam incursões nos planos do Espírito, transformando-se, muitas vezes, em preciosos instrumentos dos Benfeitores da Espiritualidade, como oficiais de ligação entre a esfera física e a esfera extrafísica.
Entre os médiuns dessa categoria, surpreenderemos todos os grandes místicos da fé, portadores de valiosas observações e revelações para quantos se decida marchar ao encontro da Verdade e do Bem.
Cumpre destacar, entretanto, a importância do estudo para quantos se vejam chamados a semelhante gênero de serviço, porque, segundo a Lei do Campo Mental, cada Espírito somente logrará chegar, do ponto de vista da compreensão necessária, até onde se lhe paire o discernimento.


[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XXI
[2] Ectoplasma. (Nota do customizador)

domingo, 26 de janeiro de 2020

Conhecer mediunidade - Psicometria


PSICOMETRIA[1]

MECANISMO DA PSICOMETRIA – Expondo algumas anotações em torno da psicometria, considerada nos círculos medianímicos por faculdade de perceber o lado oculto do ambiente e de ler impressões e lembranças, ao contacto de objetos e documentos, nos domínios da sensação a distância, não é demais traçar sintéticas observações acerca do pensamento, que varia de criatura para criatura, tanto quanto a expressão fisionômica e as marcas digitais.
Destacaremos, assim, que, em certos indivíduos, a onda mental a expandir-se, quando em regime de “circuito fechado”, na atenção profunda, carreia consigo agentes de percepção avançada, com capacidade de transportar os sentidos vulgares para além do corpo físico, no estado natural de vigília.
O fluido nervoso ou força psíquica, a desarticular-se dos centros vitais, incorpora-se aos raios de energia mental exteriorizados, neles configurando o campo de percepção que se deseje plasmar, segundo a dileção da vontade, conferindo ao Espírito novos poderes sensoriais.
Ainda aqui, o fenômeno pode ser apreendido, guardando-se por base de observação as experiências do hipnotismo comum, nas quais o sensitivo – muitas vezes pessoa em que a força nervosa está mais fracamente aderida ao carro fisiológico – deixa escapar com facilidade essa mesma força, que passa de pronto, ao impacto espiritual do magnetizador.
O hipnotizado, na profundez da hipnose, pode, então, libertar a sensibilidade e a motricidade, transpondo as limitações conhecidas no cosmo físico.
Nestas ocorrências, sob a sugestão do magnetizador, o “sujet”, com a energia mental de que dispõe, desassocia o fluido nervoso de certas regiões do veículo carnal, passando a registrar sensações fora do corpo denso, em local sugerido pelo hipnotizador, ou impede que a mesma força circule em certo membro – um dos braços, por exemplo –, que se faz praticamente insensível enquanto perdure a experiência, até que, ao toque positivo da vontade do magnetizador, ele mesmo reconduza o próprio pensamento revitalizante para o braço inerte, restituindo-lhe a energia psíquica temporariamente subtraída.
PSICOMETRIA E REFLEXO CONDICIONADO – Nas pessoas dotadas de forte sensibilidade, basta o reflexo condicionado, por intermédio da oração ou da centralização de energia mental, para que, por si mesmas, desloquem mecanicamente a força nervosa correspondente a esse ou àquele centro vital do organismo fisiopsicossomático, entrando em relação com outros impérios vibratórios, dos quais extraem o material de suas observações psicrométricas.
Aliás, é imperioso ponderar que semelhantes faculdades, plenamente evidenciadas nos portadores de sensibilidade mais extensamente extroversível, esboçam-se, de modo potencial, em todas as criaturas, através das sensações instintivas de simpatia ou antipatia com que se acolhem ou se repelem umas às outras, na permuta incessante de radiações.
Pela reflexão, cada Inteligência pressente, diante de outra, se está sendo defrontada por alguém favorável ou não à direção nobre ou deprimente que escolheu para a própria vida.
FUNÇÃO DO PSICOMETRA – Clareando o assunto quanto possível, vamos encontrar no médium de psicometria a individualidade que consegue desarticular, de maneira automática, a força nervosa de certos núcleos, como, por exemplo, os da visão e da audição, transferindo-lhes a potencialidade para as próprias oscilações mentais.
Efetuada a transposição, temos a idéia de que o medianeiro possui olhos e ouvidos a distância do envoltório denso, acrescendo, muitas vezes, a circunstância de que tal sensitivo, por auto decisão, não apenas desassocia os agentes psíquicos dos núcleos aludidos, mas também opera o desdobramento do corpo espiritual, em processo rápido, acompanhando o mapa que se lhe traça às ações no espaço e no tempo, com o que obtém, sem maiores embaraços, o montante de impressões e informações para os fins que se tenha em vista.
INTERDEPENDÊNCIA DO MÉDIUM – Como em qualquer atividade coletiva entre os homens, é forçoso convir que médium algum possa agir a sós, no plano complexo da psicometria.
Igualmente, aí, o sensitivo está como peça interdependente no mecanismo da ação.
E como é fartamente compreensível, se os companheiros desencarnados ou encarnados da operação a realizar não guardam entre si os ascendentes da harmonização necessária, claro está que; a onda mental do instrumento mediúnico somente em circunstâncias muito especiais não se deixará influenciar pelos elementos discordantes, invalidando-se, desse modo, qualquer possibilidade de êxito nos tentames empreendidos.
Nesse campo, as formas-pensamentos adquirem fundamental importância, porque todo objeto deliberadamente psicometrado já foi alvo de particularizada atenção.
Quem apresenta ao psicômetra um pertence de antepassados, na maioria das vezes já lhe invocou a memória e, com isso, quando não tenha atraído para o objeto o interesse afetivo, no Plano Espiritual, terá desenhado mentalmente os seus traços ou quadros alusivos às reminiscências de que disponha, estabelecendo, assim, recursos de indução para que as percepções ultra-sensoriais do médium se lhe coloquem no campo vibratório correspondente.
CASO DE DESAPARECIMENTO – Noutro aspecto, imaginemos que determinado objeto seja conduzido ao sensitivo para ser psicometrado, com vistas a certos objetivos.
Para clarear a asserção, suponhamos que uma pessoa acaba de desaparecer do quadro doméstico, sem deixar vestígio.
Buscas minuciosas são empreendidas sem resultado.
Lembra-se alguém de tomar-lhe um dos pertences de uso pessoal.
Um lenço por exemplo.
A recordação é submetida a exame de um médium que reside à longa distância, sem que informe algum lhe seja prestado.
O médium recolhe-se e, a breve tempo, voltando da profunda introspecção a que se entregou, descreve, com minúcias, a fisionomia e o caráter do proprietário, reporta-se ao desaparecimento dele, explana sobre pequeninos incidentes em torno do caso em lide, esclarece que o dono desencarnou, de repente, e informa o local em que o cadáver permanece.
Verifica-se a exatidão de todas as notas e, comumente, atribui-se ao psicômetra a autoria integral da descoberta.
Entretanto, analisado o episódio do Plano Espiritual, outras facetas ele revela à visão do observador.
Desencarnado o amigo a que aludimos, afeição que ele possua na esfera extrafísica interessa-se em ajudá-lo, auxílio esse que se estende, naturalmente, à sua equipe doméstica. Pensamentos agoniados daqueles que ficaram e pensamentos ansiosos dos que residem na vanguarda do Espírito entrecruzam-se na procura movimentada.
Alguém sugere a remessa do lenço para investigações psicrométricas e a solução aparece coroada de êxito.
Os encarnados vêem habitualmente apenas o sensitivo que entrou em função, mas se esquecem, não raro, das inteligências desencarnadas que se lhe incorporam à onda mental, fornecendo-lhe todos os avisos e instruções, atinentes ao feito.
AGENTES INDUZIDOS – Todos os objetos e ambientes psicometrados são, quase sempre, francos mediadores entre a esfera física e a esfera extrafísica, à maneira de agentes fortemente induzidos, estabelecendo fatores de telementação entre os dois planos.
Nada difícil, portanto, entender que, ainda aí prevalece o problema do merecimento e da companhia.
Se o consulente e o experimentador não se revestem de qualidades morais respeitáveis para o encontro do melhor a obter, podem carrear à presença do sensitivo, elementos desencarnados menos afins com a tarefa superior a que se propõem, e, se o intermediário humano não está espiritualmente seguro, a consulta ou a experiência resulta em fracasso perfeitamente compreensível.
Nossas anotações, demonstrando o extenso campo da influenciação dos desencarnados, em todas as ocorrências da psicometria, não excluem, como é natural, o reconhecimento de que a matéria assinala sistemas de vibrações, criados pelos contactos com os homens e com os seres inferiores da Natureza, possibilitando as observações inabituais das pessoas dotadas de poderes sensoriais mais profundos, como por exemplo, na visão, através de corpos opacos, na clarividência e na clariaudiência telementadas, na apreensão críptica[2] da sensibilidade e nos diversos recursos radiestésicos que se filiam notadamente aos chamados fenômenos de telestesia.


[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XX
[2] O mesmo que: oculta, cifrada, escondida, hermética, misteriosa. Que habita cavernas... https://www.dicio.com.br/pesquisa.php?q=cr%C3%ADptica

Conhecee mediunidade - Ideoplastia


IDEOPLASTIA[1]

NO SONO PROVOCADO – Para maior compreensão de qualquer fenômeno da transmissão mediúnica, não nos será lícito esquecer a ideoplastia, pela qual o pensamento pode materializar-se, criando formas que muitas vezes se revestem de longa duração, conforme a persistência da onda em que se expressam.
Entendendo-se que os poderes mentais são inerentes tanto às criaturas desencarnadas quanto às encarnadas, é natural que os elementos plásticos e organizadores da idéia se exteriorizem dos médiuns, como também dos companheiros que lhes comungam tarefas e experiências, estabelecendo-se problemas espontâneos, cuja solução reclama discernimento.
Para clarear o assunto, recordemos o circuito de forças existente entre magnetizador e magnetizado, no sono provocado.
Se o primeiro sugere ao segundo a existência de determinada imagem, em certo local, de imediato a mente do “sujet”, governada pelo toque positivo que a orienta, concentrará os próprios raios mentais no ponto indicado, aí plasmando o quadro sugerido, segundo o principio da reflexão, pelo qual, como no cinematógrafo, a projeção de cenas repetidas mantém a estabilidade transitória da imagem, com o movimento e som respectivos.
O hipnotizado contemplará, então, o desenho estabelecido, nas menores particularidades de tessitura, e se o hipnotizador, sem preveni-lo, lhe coloca um espelho à frente, o sensitivo para logo demonstra insopitável assombro, ao fitar a gravura em dupla exibição, porquanto a imagem refletida parecer-lhe-á tão real quanto a outra.
Emprega-se comumente a palavra “alucinação” para designar tal fenômeno; contudo, a definição não é praticamente segura, de vez que na ocorrência não entra em jogo o devaneio ou a ilusão.
Qual acontece nos espetáculos da televisão, em que a cena transmitida é essencialmente real, através da conjugação de ondas, o quadro entretecido pela mente do magnetizado, ao influxo do magnetizador, é fundamentalmente verdadeiro, segundo análogo princípio, porque, fazendo convergir, em certa região, as oscilações do próprio Espírito, o hipnotizado cria a gravura sugerida, imprimindo-lhe vitalidade correspondente, à força da percussão sutil, pela qual a tela se estrutura.
O acontecimento, corriqueiro, aliás, dá noções exatas da ideoplastia em todas as atividades mediúnicas comandadas por investigadores em que a exigência alcança as raias da presunção.
Multiplicando instâncias, além da fiscalização compreensível e justa, não se precatam de que se transformam em hipnotizadores incômodos, ao invés de estudiosos equilibrados, interferindo no circuito de energias mantido entre o benfeitor desencarnado e o servidor encarnado, obstando, assim, a realização de programas do Plano Superior, com vistas à identificação e revelação da Espiritualidade Maior.
NOS FENÓMENOS FÍSICOS - Nas sessões de efeitos físicos, ante as energias ectoplasmáticas exteriorizadas no curso das tarefas em vias de efetivação pelo instrutor espiritual, se o experimentador humano formula essa ou aquela reclamação, eis que a mente mediúnica, qual ocorre ao “sujet”, na hipnose artificial, se deixa empolgar pela ordem recebida, emitindo a própria onda mental, não mais no sentido de atender ao amigo desencarnado que dirige a ação em foco, mas sim para satisfazer ao pesquisador no campo físico.
Dai porque, apreendendo, com mais segurança, as necessidades do médium e respeitando-as com o elevado critério que se percebe, na complexidade do serviço em desenvolvimento, as entidades indulgentes e sabias se retraem na experiência, mantendo-se em guarda para proteger o conjunto, à maneira de professores que, dentro das suas possibilidades, se colocam na posição de sentinelas quando os alunos abandonam os objetivos enobrecedores da lição, a pervagarem no terreno de caprichos inconseqüentes.
INTERFERÊNCIAS IDEOPLASTICAS – Imaginemos o orientador desencarnado, numa sessão de ectoplasmia regularmente controlada, quando esteja constituindo a forma de um braço com os recursos exteriorizados do médium, a planejar maior desdobramento do trabalho em curso. Se, no mesmo instante, o experimentador terrestre, tocando a forma tangível, solicita, por exemplo: – “uma pulseira, quero uma pulseira no braço” –, de imediato a mente do médium recolhe o impacto da determinação e, em vez de prosseguir sob o controle benevolente do operador desencarnado, passa a obedecer ao investigador humano, centralizando, de modo inconveniente, a própria onda mental induzida sobre o braço já parcialmente materializado, aí plasmando a pulseira, nas condições reclamadas.
Surgida à interferência, o serviço da Esfera Espiritual sofre enorme dificuldade de ação, diminuindo-se o proveito da assembléia encarnada.
E, na mesma pauta, requerimentos fúteis e pedidos desordenados dos circunstantes provocam ocorrências ideoplasticas de manifesta incongruência, baixando o teor das manifestações, por viciarem a mente mediúnica, ligando-a a influência de agentes inferiores que, não raro, passam a atuar com manifesto desprestígio dos projetos de sublimação, a princípio acalentados pelo conjunto de pessoas irmanadas para o intercâmbio.
MEDIUNIDADE E RESPONSABILIDADE – Decerto não invocamos o relaxamento para o governo das reuniões de ectoplasmia, nem endossamos a irresponsabilidade.
Recordamos simplesmente que a bancarrota de muitos círculos organizados para o trato dos efeitos físicos e, notadamente, da materialização, se deve à própria incúria ou impertinência daqueles que os constituem, na maioria das vezes, indagadores e pedinchões inveterados que descambam, imperceptivelmente, para a leviandade, comprometendo a obra ideada para o bem, porquanto interpõem os mais estranhos recursos na edificação programada, provocando enganos ou fraudes inconscientes e intervenções menos desejáveis em resposta à irresponsabilidade deles mesmos.
EM OUTROS FENÔMENOS – idênticos fenômenos com a ideoplastia por base são comuns na fotografia transcendente, em seus vários tipos, porque, se o instrumento mediúnico, e acompanhantes, não demonstram mais alta compreensão dos atributos que lhes cabem na mediação entre os dois planos, preponderando com a força de suas próprias oscilações mentais sobre as energias exteriorizadas, perde-se, como é natural, o ascendente da Esfera Superior, que sulcaria a experiência com o selo de sua presença iluminativa impondo-se-lhe tão somente a marca dos encarnados inquietos, ainda incapazes de formar o campo indispensável à receptividade dos agentes de ordem mais elevada.
Na mediunidade de efeitos intelectuais, a ideoplastia assume papel extremamente importante, porque certa classe de pensamentos constantemente repetidos sobre a mente mediúnica menos experimentada pode constrangê-la a tomar certas imagens, mantidas pela onda mental persistente, como situações e personalidades reais, tal qual uma criança que acreditasse estar contemplando essa paisagem ou aquela pessoa, tão só por ver-lhes o retrato animado num filme.
NA MEDIUNIDADE AVILTADA – Onde os agentes ideoplasticos assumem caráter dos mais significativos desde épocas imemoriais no mundo, é justamente nos círculos do magismo, dentro dos quais a mediunidade rebaixada a processos inferiores de manifestação se deixa aprisionar por seres de posição primitiva ou por Inteligências degradadas que cunham idéias escravizantes para quantos se permitem vampirizar.
Aceitando sugestões deprimentes, quantos se entregam ao culto da magia aviltante arremessam de si próprios as imagens menos dignas a que se vinculam, engendrando tabus dos quais dificilmente se desvencilham, à face do terror que lhes instila o demorado cativeiro às forças da ignorância.
Submetida à mente, a idolatria desse jaez[2], passa a manter, por sua própria conta, os agentes com que se tortura tanto mais intensamente quanto mais extensa se lhe revele a sensibilidade receptiva, porque, com mais alevantado poder de plasmagem mental, a criatura mais facilmente gera, para si mesma, tanto o bem que a tonifica quanto o mal que a perturba.
E não se diga que o assunto vige preso a mero entrechoque de aparências, de vez que a sugestão é poder inconteste, ligando a alma, de maneira inequívoca, às criações que lhes são inerentes no mundo íntimo, obrigando-a a recolher as resultantes da treva ou da luz a que se afeiçoe.



[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XIX
[2] Índole, espécie, gênero: não confio em indivíduos de tal jaez. - https://www.dicio.com.br/jaez/

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Conhecer mediunidade - Efeitos intelectuais


EFEITOS INTELECTUAIS[1]
NAS OCORRÊNCIAS COTIDIANAS – No estudo da mediunidade de efeitos intelectuais, podemos invocar as ocorrências cotidianas para ilustrar a nossa conceituação de maneira simples.
Basta examinar o hábito, como cristalização do reflexo condicionado específico, para encontrá-la, a cada instante, nos próprios encarnados entre si.
Tomemos o homem moderno buscando o jornal da manhã, e vê-lo-emos procurando o setor do noticiário com que mais sintonize.
Se os negócios materiais lhe definem o campo de interesses imediatos, assimilará, automaticamente, todos os assuntos comerciais, emitindo oscilações condicionadas aos pregões e avisos divulgados.
Formará, então, largos raciocínios sobre o melhor modo de amealhar os lucros possíveis, e, se o cometimento demanda a cooperação de alguém, buscá-lo-á, incontinenti, na pessoa de um parente ou afeiçoado que lhe partilhe as visões da vida.
O sócio potencial de aventura ouvir-lhe-á as alegações e, mecanicamente, absorver-lhe-á os pensamentos, passando a incorporá-los na onda que lhe seja própria; mentalizando, os problemas e realizações previstos, em termos análogos.
Cada um de per si falará na ação em perspectiva, com impulsos e resoluções individuais, embora a idéia fundamental lhes seja comum.
Pelo reflexo condicionado específico, haurido através da imprensa, ambos produzirão raios mentais, subordinados ao tema em foco, comunicando-se intimamente um com o outro e partindo no encalço do objetivo.
Suponhamos, porém, que o leitor se decida pelos fatos policiais.
Avidamente procurará os sucessos mais lamentáveis e, finda a voluptuosa seleção dos crimes ou desastres apresentados, escolherá o mais impressionante aos próprios olhos, para nele concentrar a atenção.
Feito isso, começará exteriorizando na onda mental característica os quadros terrificantes que lhe nascem do cérebro, plasmando a sua própria versão, ao redor dos fatos ocorridos.
Nesse estado de ânimo, atrairá companhias simpáticas que, em lhe escutando as conjeturas, passarão a cunhar pensamentos da mesma natureza, associando-se-lhe à maneira íntima de ver, não obstante cada um se mostre em campo pessoal de interpretação.
Daí a instantes, se as formas-pensamentos fossem visíveis ao olhar humano, os comentaristas contemplariam no próprio agrupamento o fluxo tóxico de imagens deploráveis, em torno da tragédia, a lhes nascerem da mente no regime das reações em cadeia, espraiando-se no rumo de outras mentes interessadas no acontecimento infeliz.
E, por vezes, semelhantes conjugações de ondas desequilibradas culminam em grandes crimes públicos, nos quais Espíritos encarnados, em desvario, pelas idéias doentes que permutam entre si, se antecipam às manifestações da justiça humana, efetuando atos de extrema ferocidade, em canibalismo franco, atacados de loucura coletiva, para, mais tarde, responderem às silenciosas argüições da Lei Divina, cada qual na medida da colaboração própria, no que se refere à extensão do mal.
MEDIUNIDADE IGNORADA – Na pauta do reflexo condicionado específico, surpreendemos também vícios diversos, tão vulgares na vida social, como sejam a maledicência, a crítica sistemática, os abusos da alimentação e os exageros do sexo.
Esse ou aquele Espírito encarnado, sob o disfarce de um título honroso qualquer, lança o motivo Inconveniente numa reunião ou Conversação, e quantos lhe aderem ao mote passam a lançar oscilações mentais no plano menos digno que lhes diga respeito, plasmando formas-pensamentos estranhas, entre as quais permanece o conjunto em comunhão temporária, do qual cada um se retira experimentando excitação de natureza inferior, à caça de presa para os apetites que manifeste.
Como é fácil reconhecer, cada qual foi apenas influenciado de acordo com as suas inclinações, mas debita a si próprio os erros que venha a perpetrar, conforme a onda mental que deitou de si mesmo.
Tais notas ajudam a compreender os mecanismos da mediunidade de efeitos intelectuais em que encarnados e desencarnados se associam nas manifestações da chamada Metapsíquica subjetiva.
Qual se observa nos efeitos físicos, a eclosão da força psíquica nos efeitos intelectuais pode surgir em qualquer idade fisiológica, verificando-se, muita vez, a simbiose entre a entidade desencarnada e a entidade encarnada desde o renascimento dessa última, pela ocorrência da conjugação de ondas.
Em todos os continentes, podemos encontrar milhões de pessoas em tarefas dignas ou menos dignas – mais destacadamente os expositores e artistas da palavra, na tribuna e na pena, como veículos mais constantemente acessíveis ao pensamento – senhoreadas por Espíritos desenfaixados do liame físico, atendendo a determinadas obras ou influenciando pessoas para fins superiores ou inferiores, em largos processos de mediunidade ignorada, fatos esses vulgares em todas as épocas da Humanidade.
MEDIUNIDADE DISCIPLINADA – Imaginemos que certa personalidade se disponha a disciplinar as energias medianímicas, segundo os moldes morais da Doutrina Espírita, cujos postulados se destinam a solucionar, tão simplesmente quanto possível, todos os problemas do destino e do ser.
Admitida ao círculo da atividade espiritual, recolherá na oração o reflexo condicionado específico para exteriorizar as oscilações mentais próprias, no rumo da entidade desencarnada que mais de perto lhe comungue as ideações.
Decerto que, nos serviços de intercâmbio, experimentará largo período de vacilações e dúvidas, porquanto, morando no centro das próprias emanações e recolhendo a influenciação do plano espiritual – com que, muitas vezes, já se encontra inconscientemente automatizada –, a princípio supõe que as ondas mentais alheias incorporadas ao campo de seu Espírito não sejam mais que pensamentos arrojados do próprio cérebro.
Ilhado no fulcro da consciência, de acordo com a Lei do Campo Mental que especifica obrigações para cada ser guindado à luz da razão, habitualmente se tortura o medianeiro, perguntando, imponderado se não deve interromper o chamado “desenvolvimento mediúnico”, já que não consegue, de imediato, discernir as idéias que lhe pertencem das idéias que pertencem a outrem, sem aperceber-se de que ele próprio é um Espírito responsável, com o dever de resguardar a própria vida mental e de enriquecê-la com valores mais elevados pela aquisição de virtude e conhecimento.
PASSIVIDADE MEDIÚNICA – Se o médium consegue transpor, valoroso, a faixa de hesitações pueris, entendendo que importa, acima de tudo, o bem a fazer, procura ofertar a reta conduta, no reflexo condicionado específico da prece, à Espiritualidade Superior, e passa, então, a ser objeto da confiança dos Benfeitores desencarnados que lhe aproveitam as capacidades no amparo aos semelhantes, dentro do qual assimila o amparo a si mesmo.
Quanto mais se lhe acentuem o aperfeiçoamento e a abnegação, a cultura e o desinteresse, mais se lhe sutilizam os pensamentos, e, com isso, mais se lhe aguçam as percepções mediúnicas, que se elevam a maior demonstração de serviço, de acordo com as suas disposições individuais.
Com base no magnetismo enobrecido, os instrutores desencarnados influenciam os mecanismos do cérebro para a formação de certos fenômenos, como acontece aos musicistas que tangem as cordas do piano na produção da melodia. E assim como as ondas sonoras se associam na música, as ondas mentais se conjugam na expressão.
Se o instrumento oferece maleabilidade mais avançada, mais intensamente específico aparece o toque do artista.
Nessa base, identificamos a psicografia, desde a estritamente mecânica até a intuitiva, a incorporação em graus diversos de consciência, as inspirações e premonições.
CONJUGAÇÃO DE ONDAS – Vemos que a conjugação de ondas mentais surge, presente, em todos os fatos mediúnicos.
Atenta ao reflexo condicionado da prece, nas reuniões doutrinárias ou nas experiências psíquicas, a mente do médium passa a emitir as oscilações que lhe são próprias, às quais se entrosam aquelas da entidade comunicante, com vistas a certos fins.
É natural, dessa forma, que as dificuldades da filtragem mediúnica se façam, às vezes, extremamente preponderantes, porquanto, se não há riqueza de material interpretativo no fulcro receptor, as mais vivas fulgurações angélicas passarão despercebidas para quem as procura, com sede da luz do Além.
Cabe-nos reconhecer que excetuados os casos especiais, em que o medianeiro e a entidade espiritual se completam de modo perfeito, na maioria das circunstâncias, apesar da integração mental profunda entre um e outro, quase toda a exteriorização fisiológica no intercâmbio pertence ao médium, cujos traços característicos, via da regra, assinalarão as manifestações até que a força psíquica da humanidade se mostre mais intrinsecamente aperfeiçoada, para mais aprimorada evidência do Plano Superior.
CLARIVIDÊNCIA E CLARIAUDIÊNCIA – Idêntico mecanismo preside os fenômenos da clarividência e da clariaudiência porquanto, pela associação avançada dos raios mentais entre a entidade e o médium dotado de mais amplas percepções visuais e auditivas, a visão e a audição se fazem diretas, do recinto exterior para o campo íntimo, graduando-se, contudo, em expressões variadas.
Escasseando os recursos ultra-sensoriais, surgem nos médiuns dessa categoria a vidência e a audição internas, mais entranhadamente radicadas na conjugação de ondas.
Atuando sobre os raios mentais do medianeiro, o desencarnado transmite-lhe quadros e imagens, valendo-se dos centros autônomos da Visão profunda, localizados no diencéfalo, ou lhe comunica vozes e sons, utilizando-se da cóclea, tanto mais perfeitamente quanto mais intensamente se verifique a complementação vibratória nos quadros de freqüência das ondas, ocorrências essas nas quais se afigura ao médium possuir um espelho na intimidade dos olhos ou uma caixa acústica na profundez dos ouvidos.


[1] Fonte: Mecanismos da Mediunidade, Ditado pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB, Capitulo XVIII