(Re)conciliação é momento de amor no
desenvolvimento dos elevados valores da vida.
A existência física de
todos os indivíduos é assinalada por sofrimentos e lutas que não cessam. Sai-se
de um estágio difícil e inicia-se outro, defrontando-se novas formas de
experiências, nas quais o desalento e a dificuldade parecem unir-se para
obstaculizar a marcha do viandante.
Aqui é alguém que deserta da companhia, ali é a trama da
ignorância travestida de perversidade, conspirando contra a paz, mais adiante é
a infâmia urdindo dissabores sem conto. E o viajante do carreiro carnal, também
desestruturado emocionalmente e sem os requisitos espirituais para compreender
as ocorrências necessárias, acumula amarguras e decepções, que se transformam
em ressentimentos e ódios perturbadores.
Ignorando a legitimidade do amor, por não o haver ainda
vivenciado, acredita que qualquer tentativa de insculpi-lo no íntimo redundará
inútil, senão perniciosa, em razão de, aparentemente, não haver campo para a sua vigência.
Acumulando fel e desar, quem assim se comporta recua ante as
possibilidades de expressar afeto, desconfiando das manifestações dessa
natureza que lhe são direcionadas.
Sem dar-se
conta torna-se pessimista, em relação às demais pessoas, à sociedade, à vida,
tornando-se amargo e desinteressado de relacionamentos mais profundos, receando
experimentar sofrimentos mais graves.
O amor, no entanto, é poderoso elixir de longa vida, que restitui
as energias gastas e as esperanças fanadas.
Os acontecimentos nefastos que são relacionados, de forma alguma
defluem da sua natureza, sendo antes fruto do primarismo do
sentimento humano que se apresenta em forma inicial de crescimento,
direcionando-se no rumo da afetividade.
Porque ainda asselvajado, não possui uma ética de comportamento
que estabeleça o código de como proceder em relação ao outro, àquele a quem se
dirige, permanecendo instável, interesseiro, amorfo, não definido. A
me-dida que conquista as paisagens do sentimento, altera a constituição e passa
a expressar-se de maneira diferente, propiciadora de confiança, estabelecendo
elos de legitimidade com que se aformoseia e se encanta.
O amor jamais causa dissabor, nunca
decepciona nem se desaponta.
Isso
porque nada espera em resposta, evitando impor-se como manifestação egoísta ou
tornando-se cediço em nome da afeição, quando a sua deva ser a atitude de
coerência com a realidade.
Eis por que, no amor, uma das maneiras
mais graves de manifestar-se será quando convidado a negar algo que não
corresponde à legitimidade dos acontecimentos ou simplesmente não deva ser
concedido. Pode chocar; jamais iludir, não temendo a reação daquele a quem se
dirige e que, talvez, não lhe compreenda a atitude veraz, dignificadora.
O amor, também, mesmo nos momentos mais
ásperos, jamais interrompe a sua ação, permanecendo integral, embora não
manifesto de maneira objetiva, sensorial.
Nessa atitude
silenciosa e quase desconhecida emite energias de alta potência que vitalizam o
ser amado, que lhe ignora a procedência.
O amor é conciliador, no entanto não se
acumplicia com aquilo que é incorreto.
Possui o dom de perdoar, olvidando todo o
mal apenas para recordar-se de todo o bem que pode vislumbrar em
qualquer ação ou pessoa.
Reconcilia-se
com o adversário, aquele que se fez inimigo e se comprazia em manter uma
atitude hostil, responsável por situações desagradáveis e prejudiciais. Não
cobra estipêndios morais, a fim de estabelecer a paz.
Expressa
a verdadeira conciliação, auxiliando o incompreendido ou malsinado a conviver
em harmonia com aquele que o infelicitou ou lhe gerou problemas, não os
recordando, tampouco solicitando esclarecimentos e justificações, aliás, muito
do agrado do egoísmo doentio.
A
conciliação, que é filha direta do perdão e da compaixão, faculta inusual
júbilo do sentimento, que tudo apaga e esquece, compreendendo que aqueles
comportamentos anteriores eram resultado da ignorância e das experiências
iniciais do processo evolutivo.
Reconciliado no mundo interior,
aquele que ama esparge jovialidade, modificando a aparência física que retrata
o estado emocional interno, assim catalisando simpatia e saúde espiritual.
Essa
conquista de reconciliação não espera, necessariamente, o ressarcimento, e
porque nada aguarda nunca se decepciona quando ainda permanece incompreendida
ou não é aceita pelo outro, o seu opositor.
Não é
importante que aquele a quem seja dirigida agasalhe-a, considerando-a
oportunidade adequada para o estabelecimento da paz. O seu valor consiste no
que significa para quem a desenvolve, pouco lhe importando os resultados que
disso advenham.
O amor é rico de conciliação, porque sabe que
essa é a atitude melhor, que somente pode produzir frutos sazonados, e que um
dia esplenderá em um hino de solidariedade e de paz entre todos os seres.
Por
extensão, confia no poder dessa força intangível, mas que movimenta o Universo,
sabendo inconscientemente que, cedo ou tarde, a sua doação retornará pelos
movimentos especiais de fraternidade, entendimento e amizade.
Não seja estranhável se a pessoa que deseja
realmente amar envolve-se em problemas e conflitos. Por não saber ainda
os mecanismos sutis do amor, procura expressá-lo nas ocasiões inadequadas às
pessoas imaturas e despreparadas, recebendo de volta complicações e dúvidas
ultrajantes.
É compreensível que tal aconteça se for
considerado que o amor exterioriza-se no emaranhado dos relacionamentos,
interligando pessoas de temperamentos diversos, de diferentes culturas e
condutas, não as julgando ou as condenando, não concordando ou deixando de
anuir com a sua forma de ser.
Aprende-se a amar. O sentimento surge
espontâneo, porém desenvolve-se pela experiência, mediante a sabedoria e
convivência com os demais seres humanos.
Os relacionamentos não são muito fáceis, porque cada um tem
a sua própria historiografia escrita na sua maneira de ser.
Dificilmente dois indivíduos respondem da
mesma forma aos apelos do amor, seguindo, não poucas vezes, veredas diferentes.
O amor os entende e avança ao seu lado até
onde é possível, prosseguindo não conforme agradaria, porém consoante lhe convém.
Esse é um
dos momentos mágicos do amor e da conciliação: saber onde parar, quando prosseguir e como fazê-lo…
O Mestre
do amor referiu-se com imensa propriedade: Reconcilia-te com o teu adversário, enquanto estás no
caminho com ele.
Para
que haja essa (re)conciliação é necessário que o amor impere no país dos
sentimentos, oferecendo paz e perdão ao ofensor, sem o que o gesto de busca e
encontro perderia o seu significado, por manter apenas uma posição exterior.
(Re)conciliação é momento de amor em
pleno estágio de desenvolvimento dos elevados valores da vida.
[1] Fonte: Livro – Garimpo de Amor – ditado do
Espírito Joana de Ângelis, psicografia
de Divaldo Pereira Franco, Ed LEAL,
O amor tudo pode, tudo resolve, tudo harmoniza🙏✨
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