quinta-feira, 16 de maio de 2019

AMOR E MUDANÇAS


AMOR E MUDANÇAS[1]

O amor muda quem ama e altera para melhor o mundo em que vive.
Todos os atos humanos modificam a estrutura moral e espiritual do mundo. Quando sem amor, estabelecem conflitos e dão surgimento à agressividade e à violência; quando amorosos, criam climas de fraternidade e de entendimento recíproco, abrindo espaços para o desenvolvimento e progresso da sociedade.
O amor possui a força ciclópica de alterar todas as coisas, quer sejam percebidas ou ignoradas. O importante não é a visão dos acontecimentos, mas o significado que deles deflui. Por isso, o amor não pode ser dimensionado conforme os interesses de cada indivíduo, isto é, “eu amo porque me é conveniente, disso resultando-me um grande bem”, mas amar naturalmente, porque essa é a finalidade da vida.
Não apenas direcionar para os outros a seta do amor, porém vivê-lo, tê-lo introjetado no sentimento, de forma que se transforme em uma realização pessoal, constante e felicitadora.
Os grandes vultos da Humanidade, que se resolveram pelo amor, não se davam conta do quanto ofereciam em esforço e sentimento de abnegação em favor dos outros. Era-lhes tão natural a doação, que nem sequer sentiam desgaste ou aflição, quando incompreendidos ou não aceitos nos propósitos acalentados. Nunca desistiam, porque sabiam que o amor para alcançar o seu objetivo tem que romper as barreiras que tentam impedir-lhe o avanço. Sejam preconceitos sociais, religiosos, morais, raciais, que se vêm transferindo de uma para outra geração, e mesmo hoje, quando se supõe já não serem tão poderosos, ei-los embutidos no inconsciente de muitas realizações.
Uma das mudanças mais severas que o amor consegue operar, é quando descobre pessoas de quem não gosta, que lhe são inamistosas, mesmo adversárias, e devem ser conquistadas.
Não importa que mudem de atitude em relação àquele que as amará, mas que não lhe permaneçam antipáticas, nem provocadoras de mal-estar.
Como o objetivo essencial do amor é dar sem receber, mudar de comportamento em relação aos maus, não os tornando piores, aos perturbadores, não os fazendo mais alucinados, constitui um grande desafio que o esforço sincero logra resolver.
Invariavelmente há um desejo de tornar-se pessoa amorosa em relação às demais, às vezes conduzindo fel e amargura no coração, ansiedade na conduta, interrogações e conflitos na mente. Esse ainda é um estado de amor ausente, amor em desalinho, que deve ser corrigido, para que essa presença afável produza modificações internas, acalmando os torvelinhos Íntimos e apaziguando as aflições.
Trata-se da experiência do auto amor, fundamental para o amor ao próximo. Ninguém há que, em aflição, tenha tempo mental e emocional para amar quem se encontre distante e sem apresentar aparentemente necessidade de ser amado.
O amor é um estado natural na conduta, porque se irradia generoso, abarcando e preenchendo todo o espaço que defronta.
Muitas pessoas, que amam de maneira espontânea, não se dão conta do poder de que dispõem e de como conseguem mudar as pessoas que se lhes acercam, alterar os acontecimentos à sua volta, favorecer o mundo com os seus pensamentos e conduta.
Por mais humilde que seja a função exercida, aquele que ama sorri e contagia; os outros que perderam o endereço de si mesmos, despertando-os para outras responsabilidades.
Um suave amigo da fraternidade encontrava-se aguardando o veículo que o levaria de volta ao lar, após dia fatigante de trabalho e de lutas. Apesar do cansaço que o tomava, do calor que dominava o entardecer, do tumulto à sua volta, ele mantinha-se sorrindo discretamente, sem permitir-se envolver pelo desequilíbrio que se agitava, generalizado, a gritaria, o ruído dos veículos e suas buzinas.
Aturdido cavalheiro acercou-se-lhe, e o interrogou com violência na voz:
— Você está sorrindo de mim ou para mim?
— Nem uma coisa, cavalheiro, nem outra. Eu estou sorrindo comigo mesmo – respondeu sem alterar-se. – Como não tenho razão para estar contrariado, alegro-me por estar vivo e em paz.
— Mesmo que neste inferno? – indagou o mal disposto senhor.
— Não o considero um inferno. Recordo-me dos que estão entediados na inutilidade, limitados nos movimentos em hospitais onde carpem dolorosas aflições, os que se encontram vencidos pelo arrependimento, os tristes e in-felizes... Como não estou com qualquer desses problemas, sorrio em agrade-cimento a Deus, homenageando todas as pessoas que se movimentam na busca de um lugar de triunfo na vida.
E continuou sorrindo. A sua expressão, leve e fraternal, desarmou o violento que, logo depois, passou a narrar-lhe as dificuldades que o atormentavam, as aflições que o maceravam, estabelecendo-se proveitoso diálogo, que terminou com uma nova e diferente interrogação do cavalheiro:
— Como poderei fazer para alterar esta paisagem de agonia em que me encontro?
— Amando a aflição – respondeu, sorrindo. – Quando se ama a objeção ela diminui de intensidade, quando se ama a vida ela se apresenta menos severa, mesmo porque, rebelando-se e odiando, somente se complica tudo, sem realizar outra senão a colheita de desespero que lhe segue empós.
O amor muda quem ama e altera para melhor o mundo em que vive.
Tão enriquecedores se tornam os momentos em que o ser se lhe entrega que a sua existência se transforma em um permanente estado de amor.
É certo que não concordará com tudo quanto ocorra, nem com aqueles que se caracterizam pelas arbitrariedades, ao crime, à insensatez. Não convirá com o erro em qualquer forma como se manifeste. Somente que não aumentará o seu raio de ação, diminuindo os efeitos danosos da sua vigência, diluindo as cargas de ódio e de revolta que produzem.
Igualmente não se faz melífluo, ou adota postura exterior sem o real consentimento do que o anima interiormente.
Por isso, não se trata de uma conquista momentânea, porém de uma realização de longo prazo, que sempre está sendo aprimorada e exercitada sem desfalecimento ou celeridade, conquistando cada passo no devido momento.
O amor estabelece uma ponte entre o ego e o self, fazendo que o eu interior recupere os tesouros de que se constitui muitas vezes malbaratados pela personalidade enfermiça ou indiferente aos valores do progresso.
O amor verdadeiro é uma forma de manter Cristo no pensamento, nas palavras e nos atos.
O amor transcende qualquer formulação verbal ou escrita, pessoal ou estabelecida, porquanto sempre se expressa conforme a ocasião e a circunstância.
Pode traduzir-se em um grande silêncio diante de uma ocorrência grave ou de uma canção de bondade em instante de pequena, mas profunda significação, num gesto de abnegação ou num olhar de enternecimento.
Tendo por missão mudar o mundo, o amor é a presença de Deus na psicosfera do planeta terrestre.



[1] Livro: Garimpo de amor – Ditado pelo Espírito Joana de Angelis, psicografia de Divaldo P. Franco, Edit. LEAL. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.

terça-feira, 14 de maio de 2019

TEUS FILHOS


TEUS FILHOS[1]

Estamos dentro da tua casa, para falar de teus filhos, A experiência nos convida a dizer-te que teus filhos são Espíritos que não nasceram de tua carne, O corpo é apenas uma veste trocável, na seqüência que orienta a reencarnação. Teus filhos que já chegaram ou que estão por chegar são sensíveis nos primeiros anos de vida e na juventude, podendo herdar muito da tua conduta, tanto visual como pelas vibrações que as ações emitem. 
Vê bem as responsabilidades dos pais para com os filhos! Mas, se queres, podemos ajudar-te com algumas informações acerca da convivência com os filhos dentro de casa e podemos, tendo prazer, doar o que aprendemos pela experiência. O mundo é uma escola valiosa e imensurável, que nos ajuda a entender a sabedoria da vida.
Quando começas a gerar o corpo do teu filho, o Espírito já se encontra ligado a ele por fios invisíveis e poderosos, sendo capaz de registrar o que pensas e fazes. Tem cuidado no período de gestação; se queres ajudá-lo, começa desde já a formação de seu corpo alinhando os teus pensamentos com o Amor; não entres em discussões com ninguém; não difames os companheiros; não injuries teus irmãos; faze desaparecer de teus pensamentos idéias de ódio, de orgulho e de egoísmo; entra na falange da caridade e obedece a seus ditames, pois ela, a rainha das virtudes, gera a amizade.
Procura viver em plena paz, trabalhando em favor dos que sofrem, beneficiando a ti mesmo, fechando os ouvidos à maledicência e cerrando os olhos onde as trevas queiram te mostrar o que não deve ser visto.
Procura desenvolver a afeição a todos os teus irmãos, por que a simpatia é medicamento para todos os males do corpo e da alma; a melancolia somente permanece em quem se esquece do bem e da coletividade.
Os teus filhos falam-te de onde eles estiverem, sem que ninguém pergunte. Cria-os com bondade, sem deixar despercebida a energia, quando necessária. A caridade mais segura é a praticada dentro do lar e ela pode refletir a vida toda na tua vida e na vida dos teus filhos. Alimenta a estima por eles, que eles te devolverão todo esse material de amor.
É dever dos pais saber dar exemplos pela conduta ensinada e vivida pelo Cristo. Faze o culto do Evangelho no lar, pois com esta disposição serás mais beneficiado e os luminares da eternidade acompanhar-te-ão em todos os teus esforços de aprender a servir, A tua casa é o teu mundo; se já conquistaste a harmonia nele, passa a ajudar o mundo do teu vizinho, sem interferir nos seus deveres particulares; sempre surgem oportunidades que devem ser aproveitadas; a dedicação aos que nos cercam; nos leva à paz de consciência.
Se o nosso tema é Amizade, procura fazer amigos sem as compras favoráveis ao interesse particular; ajuda-os com uma mão, sem que a outra veja. Esta é caridade divina, na divina expressão do amor; e teus filhos, observando isto, passarão a fazê-lo também, copiando-te os gestos.
E isto é nobre, pela nobreza do próprio ato.


[1] Livro: Tua Casa – Ditado pelo Espírito Ayrtes; psicografia de João Nunes Maia, Cap. 05. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

FERMENTO ESPIRITUAL


FERMENTO ESPIRITUAL[1]

“Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?”
Paulo
I Coríntios, 5:6

O fermento é uma substância que excita outras substâncias, e nossa vida é sempre um fermento espiritual com que influenciamos as existências alheias.
Ninguém vive só.
Temos conosco milhares de expressões do pensamento dos outros e milhares de outras pessoas nos guardam a atuação mental, inevitavelmente.
Os raios de nossa influência entrosam-se com as emissões de quantos nos conhecem direta ou indiretamente, e pesam na balança do mundo para o bem ou para o mal.
Nossas palavras determinam palavras em quem nos ouve, e, toda vez que não formos sinceros, é provável que o interlocutor seja igualmente desleal.
Nossos modos e costumes geram modos e costumes da mesma natureza, em torno de nossos passos, mormente naqueles que se situam em posição inferior à nossa, nos círculos da experiência e do conhecimento.
Nossas atitudes e atos criam atitudes e atos do mesmo teor, em quantos nos rodeiam, porquanto aquilo que fazemos atinge o domínio da observação alheia, interferindo no centro de elaboração das forças mentais de nossos semelhantes.
O único processo, portanto, de reformar edificando é aceitar as sugestões do bem e praticá-las intensivamente, por intermédio de nossas ações.
Nas origens de nossas determinações, porém, reside a idéia.
A mente, em razão disso, é a sede de nossa atuação pessoal, onde estivermos.
Pensamento é fermentação espiritual. Em primeiro lugar estabelece atitudes, em segundo gera hábitos e, depois, governa expressões e palavras, através das quais a individualidade influencia na vida e no mundo. Regenerado, pois, o pensamento de um homem, o caminho que o conduz ao Senhor se lhe revela reto e limpo.


[1] Livro: Fonte Viva – Ditado pelo Espírito Emmanuel; psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. 76 Edit. FEB. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.

terça-feira, 7 de maio de 2019

TEUS ANIMAIS


TEUS ANIMAIS[1]

Em quase todas as casas existem animais. Eles fazem parte da criação de Deus, na concretização do ideal divino. Se quisermos a ajuda deles no lar, porque esquecê-los e maltratá-los?
Cuidemos desses nossos irmãozinhos menores, que a evolução algum dia os colocará no lugar que hoje desfrutas. A vida é uma seqüência de valores, que conquistamos com as bênçãos do Senhor. Teus animais são teus amigos! Depois do fenômeno que chamas de morte, eles passam a existir com mais vida, pois existe o reino dos animais e grandes almas cuidam deles em delicado preparo, para revestirem outros corpos, como é feito com os próprios homens.
Quem cuida bem dos animais, tem sempre ao seu lado as falanges de Espíritos encarregados de fazê-los evoluir. Como recebem grande cota de benefícios da própria natureza, a vida não fica devendo nada a ninguém – o que damos recebemos; nada escapa da justiça, tanto na função do máximo, como na do mínimo. É preciso, acima de muita coisa, Confiar. A confiança gera o entusiasmo de viver e nos fornece por processos que escapam aos nossos sentidos, a abundância do que desejamos desde que o Senhor ache conveniente para o nosso bem. Estuda a natureza, com a inteligência que Deus te deu e poderás observar o maquinismo divino construindo e doando todo o bem para os filhos da criação. Tudo o que te propuseres fazer, faze-o com firmeza e fica certo de que a visualização do bem é força poderosa e mais visível em toda a tua criação.
Os teus animais são teus amigos, em quem podes Confiar. Eles representam os primeiros degraus da escala do teu amor. Se o teu coração manifesta amor pelos animais, certamente que não podes esquecer o amor aos teus semelhantes. Se os teus semelhantes já recebem afeto e carinho de tua parte, com muito mais fulgor deves amar a Deus sobre todas as coisas. Este é, pois, o teu caminho que, trilhado, jamais, te fará errar o roteiro da felicidade.
O mundo em que vives é um céu com todas as qualidades do Reino de Deus. Basta a quem ainda não o encontrou, procurá-lo pelos meios que o próprio Senhor nos ensinou e a porta da entrada não estará longe; ela reside nos fios dos sentimentos e tem mil e uma chaves que devem ser manejadas para abri-la com eficiência, e as chaves são os dons, senão as virtudes muito bem apresentadas no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O que queres mais? Tudo está pronto à espera da boa vontade dos Espíritos! Começa com os teus animais, se os tens em casa, sem que o fanatismo perturbe o teu discernimento, e, se possível, conversa com eles, que nada se perde. O que falares a esses irmãos ficará gravado em lugar que Deus sabe, e isso basta. Ajudar os animais não é somente dar-lhes comida; O verbo é o maior alimento como acontece com os próprios homens. Quando não se conversa com o doente podes analisar - ele começa a definhar. A palavra bem posta na boca é semente divina e alimento do céu.
Aprendamos a conversar, que a fala pode nos levar à paz interior; porém, se a usarmos para a discórdia, para a maledicência, ciúme ou inveja, plantaremos espinhos por onde passarmos e quando voltarmos pelos mesmos caminhos, eles irão nos ferir, pela força da lei, buscando os seus criadores.
Abençoemos os animais, que eles também são filhos de Deus!


[1] Livro: Tua Casa – Ditado pelo Espírito Ayrtes; psicografia de João Nunes Maia, Cap. 04. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

ADMINISTRAÇÃO


ADMINISTRAÇÃO[1]

“Dá conta de tua administração.”
Jesus
Lucas, 16:2

Na essência, cada homem é servidor pelo trabalho que realiza na obra do Supremo Pai, e, simultaneamente, é administrador, porquanto cada criatura humana detém possibilidades enormes no plano em que moureja.
Mordomo do mundo não é somente aquele que encanece os cabelos, à frente dos interesses coletivos, nas empresas públicas ou particulares, combatendo intrigas mil, a fim de cumprir a missão a que se dedica.
Cada inteligência da Terra dará conta dos recursos que lhe foram confiados.
A fortuna e a autoridade não são valores únicos de que devemos dar conta hoje e amanhã o corpo é um templo sagrado.
A saúde física é um tesouro.
A oportunidade de trabalhar é uma bênção.
A possibilidade de servir é um obséquio divino.
O ensejo de aprender é uma porta libertadora.
O tempo é um patrimônio inestimável.
O lar é uma dádiva do Céu.
O amigo é um benfeitor.
A experiência benéfica é uma grande conquista.
A ocasião de viver em harmonia com o Senhor, com os semelhantes e com a Natureza é uma glória comum a todos.
A hora de ajudar os menos favorecidos de recursos ou entendimento é valiosa.
O chão para semear, a ignorância para ser instruída e a dor para ser consolada são apelos que o Céu envia sem palavras ao mundo inteiro.
Que fazes, portanto, dos talentos preciosos que repousam em teu coração, em tuas mãos e no teu caminho?
Vela por tua própria tarefa no bem, diante do Eterno, porque chegará o momento em que o Poder Divino te pedirá: — “Dá conta de tua administração.”


[1] Livro: Fonte Viva – Ditado pelo Espírito Emmanuel; psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. 75 Edit. FEB. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

COMO SOFRES?


COMO SOFRES?[1]


"Mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte."
Pedro
I PEDRO, 4:16

Não basta sofrer simplesmente para ascender à glória espiritual. Indispensável é saber sofrer, extraindo as bênçãos de luz que a dor oferece ao coração sequioso de paz.
Muita gente padece, mas quantas criaturas se complicam, angustiadamente, por não saberem aproveitar as provas retificadoras e santificantes?
Vemos os que recebem a calúnia, transmitindo-a aos vizinhos; os que são atormentados por acusações, arrastando companheiros às perturbações que os assaltam; e os que pretendem eliminar enfermidades reparadoras, com a desesperação.
Quantos corações se transformam em poços envenenados de ódio e amargura, porque pequenos sofrimentos lhes invadiram o circulo pessoal?
Não são poucos os que batem à porta da desilusão, da descrença, da desconfiança ou da revolta injustificáveis, em razão de alguns caprichos desatendidos.
Seria útil sofrer com a volúpia de estender o sofrimento aos outros?
Não será agravar a divida o ato de agressão ao credor, somente porque resolveu ele chamar-nos a contas?
Raros homens aprendem a encontrar o proveito das tribulações.
A maioria menospreza a oportunidade de edificação e, sobretudo, agrava os próprios débitos, confundindo o próximo e precipitando companheiros em zonas perturbadas do caminho evolutivo.
Todas as criaturas sofrem no cadinho das experiências necessárias, mas bem poucos espíritos sabem padecer como cristãos, glorificando a Deus.


[1] Livro: Vinha de Luz – Ditado pelo Espírito Emmanuel; psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. 80, Edit. FEB. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

AMOR E COMPREENSÃO


AMOR E COMPREENSÃO[1]

A compreensão que o amor propicia conduz à solidariedade nos momentos difíceis.
O amor que não compreende expressa interesse pessoal, que se projeta noutrem, não sendo o que pretende.
Quando se ama realmente, a compreensão das dificuldades e falhas do outro se apresenta como natural; destituída de ambição retributiva. Essa compreensão é rica de doação de afeto espontâneo, que descobre o outro conforme é, não lhe exigindo modificações que ainda não pode operar, nem encontrar-se em níveis de elevação espiritual que faltam ser conseguidos. Como conseqüência, ninguém pode obrigar que outrem o ame, não obstante seja o seu um grande amor e, por isso, despido da paixão que objetiva alterar o comportamento do ser amado.
Desse modo, em qualquer faixa de amor, a compreensão deve assinalar todos os passos de conquista, em constante ascendência.
O amor ilumina e harmoniza.
É a alma da felicidade que preenche todos os espaços e aspirações do ser humano.
As pessoas esvaziadas e perturbadas pelas posses externas acreditam que a felicidade reside na sucessão das glórias que o poder faculta e nos recursos que amealha.
Ledo equívoco, porque o tormento da posse aflige e impulsiona a sua vítima a logros cada vez mais desmedidos, reduzindo-lhe a existência a uma busca sem fim.
Narra-se que o sábio Sólon, grande magistrado de Atenas, visitando o rei Creso, da Lídia, considerado o homem mais rico do seu tempo, foi convidado a conhecer-lhe o suntuoso palácio, contemplar suas jóias e outros tesouros, seus magníficos jardins e participar de um banquete especialmente preparado para homenageá-lo.
Terminado o repasto incomum, Creso, auto-deslumbrado pelo narcisismo que o caracterizava, perguntou ao nobre visitante:
— Qual o homem mais feliz do mundo?
Aguardava ser apontado e prelibava a satisfação, quando ouviu, algo decepcionado, a resposta do erudito visitante:
— Recordo-me de um homem pobre que morava em Atenas, chamado Telus que, em minha opinião, era o homem mais feliz do mundo.
— E por quê? – indagou frustrado, Creso.
— Bem, porque era honesto, havendo trabalhado por toda a vida, a fim de criar os filhos com dignidade, oferecendo-lhes correta educação. E quando se encontrava mais velho, ao invés de receber a retribuição dos filhos, ofereceu-se ao exército, doando a vida em defesa da sua cidade.
— Haveria outrem – volveu Creso, à interrogação – que o pudesse seguir como a segunda pessoa mais feliz do mundo?
Houve um silêncio constrangedor em face da expectativa que o rei exteriorizava, de ser apontado pelo sábio, o que não ocorreu.
Logo após, Sólon redarguiu:
— Conheci dois jovens em Atenas que, ficando órfãos na infância, trabalharam com persistência, honorabilidade, e mantiveram o lar pobre com dignidade, incluindo a genitora que era muito doente. Quando ela morreu ofereceram sua vida a Atenas, a fim de a servirem com dedicação e desapego até a própria morte.
Novo desencanto do ambicioso, que indagou irritado:
— Como é possível ser superado por essa gente pobre, eu que tenho tanto poder e riqueza?
Sem qualquer ressentimento, Sólon encerrou a entrevista, afirmando:
— Ninguém há que possa dizer que sois feliz ou desditoso antes da vossa morte, porquanto ninguém pode imaginar os infortúnios de que se pode ser vítima, de um para outro momento, ou a tristeza que sempre espia os venturosos e os vence.
Anos mais tarde, Creso foi vencido por Ciro, rei dos persas, e por pouco não morreu, tornando-se-lhe vassalo submisso.
A felicidade independe do que se tem momentaneamente, mas sim daquilo que se é, estruturalmente constituído pelo amor.
Essa compreensão que o amor propicia conduz à solidariedade nos momentos difíceis, nas grandes dores, na solidão e na amargura que periodicamente afligem todas as criaturas.
Em ocasiões de sofrimento superlativo, o amor apresenta-se solidário, em várias expressões de compreensão do que ocorre, auxiliando sem exigência, participando da aflição, erguendo o ânimo e sustentando antes que a adversidade alucine a sua vítima.
Sem a necessidade dos gestos grandiosos, manifesta-se nos pequenos acontecimentos e situações que alimentam aquele que se encontra combalido e o erguem de volta ao lugar onde deve encontrar-se, de forma a poder prosseguir e superar o incidente infeliz.
Nas tragédias, aparece gentil, impossibilitando que o outro sucumba ante o peso da amargura e do dissabor excessivo.
Além da compreensão solidária, emerge em todos os momentos como forma de gratidão pela vida e suas manifestações, nas expressivas como nas singelas formas em que se apresenta.
Enquanto a pessoa não experimenta o suave envolvimento do amor, movimenta-se nas heranças dos desejos, nos cipoais dos instintos, sofrendo sempre quando os seus interesses não se encontram atendidos e suas aspirações não são respeitadas.
Lentamente, porém, à medida que as dúlcidas vibrações do amor a tomam desembaraçam-se das penosas injunções do primarismo e liberta-se da escravidão da posse, da fantasia em torno da felicidade pelo que tem.
Um amadurecimento interior se lhe opera lento e prodigioso, facultando-lhe alegria e desprendimento, consciência de dever e respeito por todos e por tudo.
Reconhece que, localizada no contexto universal, a sua tarefa essencial é a de auto-iluminação, que logo se desdobra em serviço a favor do progresso, mediante a consideração pela ordem, não a violando, nem a submetendo aos caprichos e desaires que lhe predominam no mundo íntimo.
Alimentada pela seiva nutriente do amor, desenvolvem-se os demais sentimentos da compaixão e da ternura, da caridade e do perdão, que são as partituras que mantêm as melodias da vida feliz.
Envolvida nessa vibração de fraternal compreensão dos acontecimentos, das outras pessoas e suas dificuldades, dos fenômenos que se manifesta na existência, o amor desenvolve-lhe os valores mais elevados e a induz à gloriosa tarefa de servir e passar despercebida, deixando, porém, suas luminosas pegadas pelo caminho transitado...
A vida é um perene convite ao amor e à compreensão dos limites que exornam cada pessoa no seu processo de crescimento para Deus.
Quanto mais se lhe alargam os horizontes do desenvolvimento emocional e moral, mais o amor se lhe apossa do ser, alcançando as demais criaturas e inundando de bênçãos tudo a sua volta.
Ama, pois, sem qualquer tipo de limite ou de interesse passional.
O amor é luz, não a detenhas, evitando que predomine a escuridão...


[1] Livro: Garimpo de amor – Ditado pelo Espírito Joana de Angelis, psicografia de Divaldo P. Franco, Edit. LEAL. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.