quinta-feira, 16 de maio de 2019

AMOR E MUDANÇAS


AMOR E MUDANÇAS[1]

O amor muda quem ama e altera para melhor o mundo em que vive.
Todos os atos humanos modificam a estrutura moral e espiritual do mundo. Quando sem amor, estabelecem conflitos e dão surgimento à agressividade e à violência; quando amorosos, criam climas de fraternidade e de entendimento recíproco, abrindo espaços para o desenvolvimento e progresso da sociedade.
O amor possui a força ciclópica de alterar todas as coisas, quer sejam percebidas ou ignoradas. O importante não é a visão dos acontecimentos, mas o significado que deles deflui. Por isso, o amor não pode ser dimensionado conforme os interesses de cada indivíduo, isto é, “eu amo porque me é conveniente, disso resultando-me um grande bem”, mas amar naturalmente, porque essa é a finalidade da vida.
Não apenas direcionar para os outros a seta do amor, porém vivê-lo, tê-lo introjetado no sentimento, de forma que se transforme em uma realização pessoal, constante e felicitadora.
Os grandes vultos da Humanidade, que se resolveram pelo amor, não se davam conta do quanto ofereciam em esforço e sentimento de abnegação em favor dos outros. Era-lhes tão natural a doação, que nem sequer sentiam desgaste ou aflição, quando incompreendidos ou não aceitos nos propósitos acalentados. Nunca desistiam, porque sabiam que o amor para alcançar o seu objetivo tem que romper as barreiras que tentam impedir-lhe o avanço. Sejam preconceitos sociais, religiosos, morais, raciais, que se vêm transferindo de uma para outra geração, e mesmo hoje, quando se supõe já não serem tão poderosos, ei-los embutidos no inconsciente de muitas realizações.
Uma das mudanças mais severas que o amor consegue operar, é quando descobre pessoas de quem não gosta, que lhe são inamistosas, mesmo adversárias, e devem ser conquistadas.
Não importa que mudem de atitude em relação àquele que as amará, mas que não lhe permaneçam antipáticas, nem provocadoras de mal-estar.
Como o objetivo essencial do amor é dar sem receber, mudar de comportamento em relação aos maus, não os tornando piores, aos perturbadores, não os fazendo mais alucinados, constitui um grande desafio que o esforço sincero logra resolver.
Invariavelmente há um desejo de tornar-se pessoa amorosa em relação às demais, às vezes conduzindo fel e amargura no coração, ansiedade na conduta, interrogações e conflitos na mente. Esse ainda é um estado de amor ausente, amor em desalinho, que deve ser corrigido, para que essa presença afável produza modificações internas, acalmando os torvelinhos Íntimos e apaziguando as aflições.
Trata-se da experiência do auto amor, fundamental para o amor ao próximo. Ninguém há que, em aflição, tenha tempo mental e emocional para amar quem se encontre distante e sem apresentar aparentemente necessidade de ser amado.
O amor é um estado natural na conduta, porque se irradia generoso, abarcando e preenchendo todo o espaço que defronta.
Muitas pessoas, que amam de maneira espontânea, não se dão conta do poder de que dispõem e de como conseguem mudar as pessoas que se lhes acercam, alterar os acontecimentos à sua volta, favorecer o mundo com os seus pensamentos e conduta.
Por mais humilde que seja a função exercida, aquele que ama sorri e contagia; os outros que perderam o endereço de si mesmos, despertando-os para outras responsabilidades.
Um suave amigo da fraternidade encontrava-se aguardando o veículo que o levaria de volta ao lar, após dia fatigante de trabalho e de lutas. Apesar do cansaço que o tomava, do calor que dominava o entardecer, do tumulto à sua volta, ele mantinha-se sorrindo discretamente, sem permitir-se envolver pelo desequilíbrio que se agitava, generalizado, a gritaria, o ruído dos veículos e suas buzinas.
Aturdido cavalheiro acercou-se-lhe, e o interrogou com violência na voz:
— Você está sorrindo de mim ou para mim?
— Nem uma coisa, cavalheiro, nem outra. Eu estou sorrindo comigo mesmo – respondeu sem alterar-se. – Como não tenho razão para estar contrariado, alegro-me por estar vivo e em paz.
— Mesmo que neste inferno? – indagou o mal disposto senhor.
— Não o considero um inferno. Recordo-me dos que estão entediados na inutilidade, limitados nos movimentos em hospitais onde carpem dolorosas aflições, os que se encontram vencidos pelo arrependimento, os tristes e in-felizes... Como não estou com qualquer desses problemas, sorrio em agrade-cimento a Deus, homenageando todas as pessoas que se movimentam na busca de um lugar de triunfo na vida.
E continuou sorrindo. A sua expressão, leve e fraternal, desarmou o violento que, logo depois, passou a narrar-lhe as dificuldades que o atormentavam, as aflições que o maceravam, estabelecendo-se proveitoso diálogo, que terminou com uma nova e diferente interrogação do cavalheiro:
— Como poderei fazer para alterar esta paisagem de agonia em que me encontro?
— Amando a aflição – respondeu, sorrindo. – Quando se ama a objeção ela diminui de intensidade, quando se ama a vida ela se apresenta menos severa, mesmo porque, rebelando-se e odiando, somente se complica tudo, sem realizar outra senão a colheita de desespero que lhe segue empós.
O amor muda quem ama e altera para melhor o mundo em que vive.
Tão enriquecedores se tornam os momentos em que o ser se lhe entrega que a sua existência se transforma em um permanente estado de amor.
É certo que não concordará com tudo quanto ocorra, nem com aqueles que se caracterizam pelas arbitrariedades, ao crime, à insensatez. Não convirá com o erro em qualquer forma como se manifeste. Somente que não aumentará o seu raio de ação, diminuindo os efeitos danosos da sua vigência, diluindo as cargas de ódio e de revolta que produzem.
Igualmente não se faz melífluo, ou adota postura exterior sem o real consentimento do que o anima interiormente.
Por isso, não se trata de uma conquista momentânea, porém de uma realização de longo prazo, que sempre está sendo aprimorada e exercitada sem desfalecimento ou celeridade, conquistando cada passo no devido momento.
O amor estabelece uma ponte entre o ego e o self, fazendo que o eu interior recupere os tesouros de que se constitui muitas vezes malbaratados pela personalidade enfermiça ou indiferente aos valores do progresso.
O amor verdadeiro é uma forma de manter Cristo no pensamento, nas palavras e nos atos.
O amor transcende qualquer formulação verbal ou escrita, pessoal ou estabelecida, porquanto sempre se expressa conforme a ocasião e a circunstância.
Pode traduzir-se em um grande silêncio diante de uma ocorrência grave ou de uma canção de bondade em instante de pequena, mas profunda significação, num gesto de abnegação ou num olhar de enternecimento.
Tendo por missão mudar o mundo, o amor é a presença de Deus na psicosfera do planeta terrestre.



[1] Livro: Garimpo de amor – Ditado pelo Espírito Joana de Angelis, psicografia de Divaldo P. Franco, Edit. LEAL. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.

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