sábado, 14 de janeiro de 2017

O HOMEM DE BEM


O HOMEM DE BEM
O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizesse.
Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas.
Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.
Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.
Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar, nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa.
O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.
Respeita, nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam.
Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à ideia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor.
Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado.
É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado."
Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.
Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todo o esforço emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.
Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.
Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.
Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.
Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para esmagá-los com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram.
O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.
Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus.
Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.



Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Editora Lake – Livraria e Editora Allan Kardec, Cap. 17 item 3

INDICAÇÃO DE PEDRO


INDICAÇÃO DE PEDRO

"Aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a."
Pedro
I PEDRO, 3:11


A indicação do grande apóstolo, para que tenhamos dias felizes, parece extremamente simples pelo reduzido número de palavras, mas revela um campo imenso de obrigações.
Não é fácil apartar-se do mal, consubstanciado nos desvios inúmeros de nossa alma através de consecutivas reencarnações, e é muito difícil praticar o bem, dentro das nocivas paixões pessoais que nos empolgam a personalidade, cabendo-nos ainda reconhecer que, se nos conservarmos envolvidos na túnica pesada de nossos velhos caprichos, é impossível buscar a paz e segui-la.
Cegaram-nos males numerosos, aos quais nos inclinamos nas sendas evolutivas, e acostumados ao exclusivismo e ao atrito inútil, no desperdício de energias sagradas, ignoramos como procurar a tranquilidade consoladora. Esta é a situação real da maioria dos encarnados e de grande parte dos desencarnados que se acomodam aos círculos do homem, porque a morte física não soluciona problemas que condizem com o foro íntimo de cada um.
A palavra de Pedro, desse modo, vale por desafio generoso.
Nosso esforço deve convergir para a grande realização.
Dilacere-se-nos o ideal ou fira-se-nos a alma, apartemo-nos do mal e pratiquemos o bem possível, identifiquemos a verdadeira paz e sigamo-la. E tão logo alcancemos as primeiras expressões do sublime serviço, referente à própria edificação, lembremo-nos de que não basta evitar o mal e sim nos afastarmos dele, semeando sempre o bem, e que não vale tão somente desejar a paz, mas buscá-la e segui-la com toda a persistência de nossa fé.



Livro Vinha de Luz, cap.027, ditado pelo Espírito Emanuel; psicografia de Francisco Cândido  Xavier / Edit. FEB

EM PEREGRINAÇÃO

EM PEREGRINAÇÃO

"Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura."
Paulo
Hebreus 13:14

Risível é o instinto de apropriação indébita que assinala a maioria dos homens.
Não será a Terra comparável a grande carro cósmico, onde se encontra o espírito em viagem educativa?
Se a criatura permanece na abastança material, apenas excursiona em aposentos mais confortáveis.
Se respira na pobreza, viaja igualmente com vistas ao mesmo destino, apesar da condição de segunda classe transitória.
Se apresenta notável figuração física, somente enverga efêmera vestidura de aspecto mais agradável, através de curto tempo, na jornada empreendida.
Se exibe traços menos belos ou caracterizados de evidentes imperfeições, vale-se de indumentária tão passageira quanto a mais linda roupagem do próximo, na peregrinação em curso.
Por mais que o impulso de propriedade ateie fogueiras de perturbações e discórdias, na maquinaria do mundo, a realidade é que homem algum possui no chão do Planeta domicílio permanente. Todos os patrimônios materiais a que se atira, ávido de possuir, se desgastam e transformam. Nos bens que incorpora ao seu nome, até o corpo que julga exclusivamente seu, ocorrem modificações cada dia, impelindo-o a renovar-se e melhorar-se para a eternidade.
Se não estás cego, pois, para as leis da vida, se já despertaste para o entendimento superior, examina, a tempo, onde te deixará, provisoriamente, o comboio da experiência humana, nas súbitas paradas da morte.



Livro Vinha de Luz, cap.028, ditado pelo Espírito Emanuel; psicografia de Francisco Cândido  Xavier / Edit. FEB

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

PORTA ESTREITA

PORTA ESTREITA

"Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão."
Jesus
Lucas 13:24


Antes da reencarnação necessária ao progresso, a alma estima na "porta estreita" a sua oportunidade gloriosa nos círculos carnais.
Reconhece a necessidade do sofrimento purificador. Anseia pelo sacrifício que redime. Exalta o obstáculo que ensina. Compreende a dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a lição, nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos infinitos da vida.
Obtém o vaso frágil de carne, em que se mergulha para o serviço de retificação e aperfeiçoamento.
Reconquistando, porém, a oportunidade da existência terrestre, volta a procurar as "portas largas" por onde transitam as multidões.
Fugindo à dificuldade, empenha-se pelo menor esforço.
Temendo o sacrifício, exige a vantagem pessoal. Longe de servir aos semelhantes, reclama os serviços dos outros para si.
E, no sono doentio do passado, atravessa os campos de evolução, sem algo realizar de útil, menosprezando os compromissos assumidos.
Em geral, quase todos os homens somente acordam quando a enfermidade lhes requisita o corpo às transformações da morte.
"Ah! se fosse possível voltar!..." - pensam todos.
Com que aflição acaricia o desejo de tornar a viver no mundo, a fim de aprenderem a humildade, a paciência e a fé!... Com que transporte de júbilo se devotariam então à felicidade dos outros! ...
Mas... é tarde. Rogaram a "porta estreita" e receberam-na, entretanto, recuaram no instante do serviço justo. E porque se acomodaram muito bem nas "portas largas", volvem a integrar as fileiras ansiosas daqueles que procuram entrar, de novo, e não conseguem.



Livro Vinha de Luz, cap.020, ditado pelo Espírito Emanuel; psicografia de Francisco Cândido  Xavier / Edit. FEB

sábado, 31 de dezembro de 2016

A VERDADEIRA PROPRIEDADE

A VERDADEIRA PROPRIEDADE
O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo.
Do que encontra ao chegar e deixa ao partir goza ele enquanto aqui permanece. Forçado, porém, que é a abandonar tudo isso, não tem das suas riquezas a posse real, mas, simplesmente, o usufruto.
Que é então o que ele possui?
Nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Isso o que ele traz e leva consigo, o que ninguém lhe pode arrebatar, o que lhe será de muito mais utilidade no outro mundo do que neste. Depende dele ser mais rico ao partir do que ao chegar, visto como, do que tiver adquirido em bem, resultará a sua posição futura.
Quando alguém vai a um país distante, constitui a sua bagagem de objetos utilizáveis nesse país; não se preocupa com os que ali lhe seriam inúteis. Procedei do mesmo modo com relação à vida futura; aprovisionai-vos de tudo o de que lá vos possais servir.
Ao viajante que chega a um albergue, bom alojamento é dado, se o pode pagar. A outro, de parcos recursos, toca um menos agradável. Quanto ao que nada tenha de seu, vai dormir numa enxerga. O mesmo sucede ao homem, a sua chegada ao mundo dos Espíritos: depende dos seus haveres o lugar para onde vá. Não será, todavia, com o seu ouro que ele o pagará.
Ninguém lhe perguntará: Quanto tinhas na Terra?  Que posição ocupava?  Eras príncipe ou operário?  Perguntar-lhe-ão: Que trazes contigo?
Não se lhe avaliarão os bens, nem os títulos, mas a soma das virtudes que possua. Ora, sob esse aspecto, pode o operário ser mais rico do que o príncipe. Em vão alegará que antes de partir da Terra pagou a peso de ouro a sua entrada no outro mundo. Responder-lhe-ão: Os lugares aqui não se compram: conquistam-se por meio da prática do bem. Com a moeda terrestre, hás podido comprar campos, casas, palácios; aqui, tudo se paga com as qualidades da alma.
És rico dessas qualidades?
Sê bem-vindo e vai para um dos lugares da primeira categoria, onde te esperam todas as venturas. És pobre delas?
Vai para um dos da última, onde serás tratado de acordo com os teus haveres.
Pascal  -  Genebra, 1860



Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Editora Lake – Livraria e Editora Allan Kardec, Cap. 16 item 8

COM AMOR

COM AMOR

"E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o vinculo da perfeição."
Paulo - Colossenses 3:14


Todo discípulo do Evangelho precisará coragem para atacar os serviços da redenção de si mesmo.
Nenhum dispensará as armaduras da fé, a fim de marchar com desassombro sob tempestades.
O caminho de resgate e elevação permanece cheio de espinhos.
O trabalho constituir-se-á de lutas, de sofrimentos, de sacrifícios, de suor, de testemunhos.
Toda a preparação é necessária, no capitulo da resistência; entretanto, sobre tudo isto é indispensável revestir-se nossa alma de caridade, que é amor sublime.
A nobreza de caráter, a confiança, a benevolência, a fé, a ciência, a penetração, os dons e as possibilidades são fios preciosos, mas o amor é o tear divino que os entrelaçará, tecendo a túnica da perfeição espiritual.
A disciplina e a educação, a escola e a cultura, o esforço e a obra, são flores e frutos na árvore da vida, todavia, o amor é a raiz eterna.
Mas, como amaremos no serviço diário?
Renovemo-nos no espírito do Senhor e compreendamos os nossos semelhantes.
Auxiliemos em silêncio, entendendo a situação de cada um, temperando a bondade com a energia, e a fraternidade com a justiça.
Ouçamos a sugestão do amor, a cada passo, na senda evolutiva.
Quem ama, compreende; e quem compreende, trabalha pelo mundo melhor.



Livro Vinha de Luz, cap.005, ditado pelo Espírito Emanuel; psicografia de Francisco Cândido  Xavier / Edit. FEB

O NECESSÁRIO

   O NECESSÁRIO

"Mas uma só coisa é necessária."
Jesus Lucas 10:42

Terás muitos negócios próximos ou remotos, mas não poderás subtrair-lhes o caráter de lição, porque a morte te descerrará realidades com as quais nem sonhas de leve...
Administrarás interesses vários, entretanto, não poderás controlar todos os ângulos do serviço, de vez que a maldade e a indiferença se insinuam em todas as tarefas, prejudicando o raio de ação de todos os missionários da elevação.
Amealharás enorme fortuna, todavia, ignorará, por muitos anos, a que região da vida te conduzirá o dinheiro.
Improvisarás pomposos discursos, contudo, desconheces as consequências de tuas palavras.
Organizarás grande movimento em derredor de teus passos, no entanto, se não construíres algo dentro deles para o bem legítimo, cansar-te-ás em vão.
Experimentarás muitas dores, mas, se não permaneceres vigilante no aproveitamento da luta, teus dissabores correrão inúteis.
Exaltarás o direito com o verbo indignado e ardoroso, todavia, é provável não estejas senão estimulando a indisciplina e a ociosidade de muitos.
"Uma só coisa é necessária", asseverou o Mestre, em sua lição a Marta, cooperadora dedicada e ativa.
Jesus desejava dizer que, acima de tudo, compete-nos guardar, dentro de nós mesmos, uma atitude adequada, ante os desígnios do Todo-Poderoso, avançando, segundo o roteiro que nos traçou a Divina Lei. Realizado esse "necessário", cada acontecimento, cada pessoa e cada coisa se ajustarão, a nossos olhos, no lugar que lhes é próprio. Sem essa posição espiritual de sintonia com o Celeste Instrutor, é muito difícil agir alguém com proveito.




Livro Vinha de Luz, cap.003, ditado pelo Espírito Emanuel; psicografia de Francisco Cândido  Xavier / Edit. FEB

VÊ COMO VIVES


   VÊ COMO VIVES

"E chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas e disse-lhes: negociai até que eu venha."
 Jesus LUCAS 19:13

Com a precisa madureza do raciocínio, compreenderá o homem que toda a sua existência é um grande conjunto de negócios espirituais e que a vida, em si, não passa de ato religioso permanente, com vistas aos deveres divinos que nos prendem a Deus.
Por enquanto, o mundo apenas exige testemunhos de fé das pessoas indicadas por detentoras de mandato essencialmente religioso.
Os católicos romanos rodeiam de exigências os sacerdotes, desvirtuando-lhes o apostolado. Os protestantes, na maioria, atribuem aos ministros evangélicos as obrigações mais completas do culto. Os espiritistas reclamam de doutrinadores e médiuns as supremas demonstrações de caridade e pureza, como se a luz e a verdade da Nova Revelação pudessem constituir exclusivo patrimônio de alguns cérebros falíveis.
Urge considerar, porém, que o testemunho cristão, no campo transitório da luta humana, é dever de todos os homens, indistintamente.
Cada criatura foi chamada pela Providência a determinado setor de trabalhos espirituais na Terra.
O comerciante está em negócios de suprimento e de fraternidade.
O administrador permanece em negócios de orientação, distribuição e responsabilidade.
O servidor foi trazido a negócios de obediência e edificação.
As mães e os pais terrestres foram convocados a negócios de renúncia, exemplificação e devotamento.
O carpinteiro está fabricando colunas para o templo vivo do lar.
O cientista vive fornecendo equações de progresso que melhorem o bem-estar do mundo.
O cozinheiro trabalha para alimentar o operário e o sábio.
Todos os homens vivem na Obra de Deus, valendo-se dela para alcançarem, um dia, a grandeza divina. Usufrutuários de patrimônios que pertencem ao Pai encontram-se no campo das oportunidades presentes, negociando com os valores do Senhor.
Em razão desta verdade, meu amigo, vê o que fazes e não te esqueças de subordinar teus desejos a Deus, nos negócios que por algum tempo te forem confiados no mundo.



Livro Vinha de Luz, cap.002, ditado pelo Espírito Emanuel; psicografia de Francisco Cândido  Xavier / Edit. FEB

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

EFEITO DAS DROGAS

EFEITO DAS DROGAS

Os pacientes foram colocados em recinto especial para o atendimento sonoterápico de algumas horas.
Assim que as famílias tomassem conhecimento do infortúnio que as alcançava, a falta de preparo espiritual para as realidades da breve existência corporal desataria o superlativo das aflições, provocando a atração, ao lar, de alguns daqueles seres queridos, ora em condição delicada. A lamentação e os impropérios, que a ausência de segurança religiosa, a par da angústia enlouquecedora e da revolta, promovendo cenas que poderiam ser evitadas, produz, no Espírito recém-liberto, maior soma de desconforto, porquanto, atravessando momentos de alta sensibilidade psíquica, automática vinculação ao corpo sem vida e a família, as atitudes referidas transformam-se em chuvas de fagulhas comburentes que os atingem, ferindo-os ou dando-lhes a sensação de ácidos que os corroem por dentro.
Nominalmente chamados, desejam atender, sem poder fazê-lo, experimentando as dores que os vergastam, adicionadas pelos desesperos morais que os dominam. A misericórdia divina fá-los adormecer, naqueles primeiros períodos, em tentativas de pô-los a repousar, o que dificilmente conseguem, em face dos apelos exagerados dos familiares. E quando logram adormecer, não raro, porque não souberam dignificar os tesouros da vida com a consequente preparação para a viagem inadiável, estando com a mente em desalinho pelo choque da desencarnação, debatem-se em pesadelos afligentes, que são liberação de imagens perturbadoras das zonas profundas do inconsciente...
Para uma reencarnação completar-se; desde o primeiro instante quando da fecundação, transcorrem anos que se alargam pela primeira infância. É natural que a desencarnação necessite de tempo suficiente para que o Espírito se desimpregne dos fluidos mais grosseiros, nos quais esteve mergulhado... A violência da forma como ocorre mata somente os despojos físicos, nunca significando libertação do ser espiritual. Enfermidades de longo curso, suportadas com resignação, liberam da matéria, porque o Espírito tem tempo de pensar nas lídimas realidades da vida, desapegar-se das pessoas, paixões e coisas, pensar com mais propriedade no que o aguarda, depois do corpo, movimentando o pensamento em círculos superiores de aspirações. Recorda os familiares que já partiram e a eles se revincula pelos fios delicados das lembranças, deles recebendo inspiração e ajuda para o desprendimento do organismo fisiológico. As dores morais bem aceitas facultam aspirações e anseios de paz noutras dimensões, diluindo as forças constritoras que o atam ao mundo das formas. O conhecimento dos objetivos da reencarnação, o comportamento correto no exercício das funções físicas contribui, também, para a desimantação, quando do fenômeno da morte.
Com essas colocações não se pretende transformar a vida num sofrer sem esperanças, num renunciar sem limites, longe da alegria e do concurso da paz. Ocorre que o tempo, no corpo, tem finalidade educativa, expurgadora de mazelas, para o aprimoramento de ideais, ao invés de constituir uma viagem ao país do sonho, com o prazer e a inutilidade de mãos dadas.
Como ninguém que se encontre na investidura carnal passará indene sem despojar-se dela, muito justo se torna um treinamento correto para enfrentar o instante da morte que virá. O Espírito é, no Além, o somatório das suas experiências vividas. Desse modo, era de esperar-se que aquelas providências atenuassem a situação dos rapazes recolhidos ao amparo em nossa área de serviço. A providência inicial de evitar que caíssem sob o guante dos usurpadores de força, por si só, constituía uma grande conquista de que se beneficiavam desde já.
Acercando-me de D. Ruth, a atenciosa avó de Fábio, o jovem por cujo amor à devotada trabalhadora rogara ajuda para todos, informei-me do mecanismo pelo qual o nosso Benfeitor fora cientificado da ocorrência. Quando ela intentou desviar o curso do desastre e não obteve resultados, pôs-se a orar, desligando- se, mentalmente, do que presenciava e recorreu, pelo pensamento, à ajuda do Posto Central, dedicado a essas emergências.
Os aparelhos seletores de preces e rogativas registraram o apelo, e um sinal, na sala de controle, deu notícia da gravidade e urgência da solicitação. Decodificado, imediatamente, pelos encarregados de tradução das mensagens, o que se faz com muita prontidão, um assistente comunicou o fato, conforme eu ouvira, ao incansável Instrutor. Não me houvera dado conta antes de como o Centro de Comunicações captava as notícias e selecionava aquelas que mereciam ou necessitavam deste ou daquele tipo de atendimento. No caso de Julinda, eu soubera da prece de D. Angélica, ali captada, que dera início à visita e às outras tarefas que se iriam processar posteriormente. Não tinha ideia, porém, de como funcionava o mecanismo delicado, que era dentro dos mesmos moldes em relação aos desencarnados.
Compreendi, a partir de então, que o intercâmbio mental, lúcido, não é tão corriqueiro, especialmente em campo de ação do porte em que nos movimentávamos sob as fortes descargas psíquicas do mais baixo teor. Dentre muitos outros, este fora um dos fatores que impuseram a edificação do complexo de atendimento, nos moldes em que se apresentava, utilizando-se de recursos compatíveis com a faixa de vibrações terrenas... D. Ruth relacionou sucintamente a sua última viagem carnal e os vínculos que a mantinham presa ao neto adormecido. Fora seu filho em etapa anterior, que exorbitara da posição social e política a que se vinculava, responsabilizando-se por graves quão desditosos acontecimentos. Despertara ódios, quando pudera haver estimulado o amor; semeara dores, possuindo meios de facultar bênçãos; servira-se de muitos, sem haver servido como devia. Seus conselhos de mãe não lhe encontravam ressonância e ela não se exculpava da educação que lhe dera, sem a disciplina que o formaria melhor para as funções que lhe estavam reservadas... Ela desencarnara aos quarenta anos, por abusos que cometera, na condição de autocida indireto, indo estagiar em redutos de sombra e dor, na Erraticidade inferior.
Terminada a tarefa, suportada com estoicismo e lenificada pelas ações de benemerência a que se entregava, ela pôde fruir de paz, não sem experimentar compreensíveis penas pelo que sucedia ao filho.
Esforçou-se e trabalhou, com denodo, conseguindo, a sacrifício, resgatá-lo dos dédalos em que ele se depurava e encaminhá-lo a local de tratamento, em que ele se exercitou, predispondo-se ao trabalho edificante. A reencarnação fazia-se indispensável para atenuar-lhe as faltas e amortecer as impressões mais duradouras, remanescentes dos sítios em que se detivera por quase uma trintena de anos. Os títulos morais que a exornavam favoreceram- na com o renascimento anelado, oferecendo os meios que propiciassem ao filho o retorno ao campo de lutas, o que se daria um pouco mais de quarto de século depois, na condição de neto querido.
Recebeu-o com inexcedível júbilo, no seio de pais afetuosos que participaram das ocorrências antigas, de algum modo co-responsáveis pelos deslizes de quem agora, volvia, dependente, necessitando de crescimento, quanto eles próprios. Por sua vez, cumprida a tarefa essencial para a qual comparecera à reencarnação, volveu, há quase dez anos, deixando o ser querido, que também a amava, em infância plena de promessas. A amiga, após narrar-me, enxugou algumas lágrimas e concluiu: - A morte, nestas circunstâncias, constitui impositivo da Lei, que ele não soube evitar, significando imperioso resgate das antigas faltas que culminaram no suicídio indireto. A dor, que os pais experimentarão a partir de agora, significa a presença da justiça alcançando-os, em razão da conivência passada, de alguma forma, responsáveis que foram nos erros que ele perpetrara e nos quais também se comprometeram. "Ninguém dilapida os dons de Deus, permanecendo livre da reparação”.
Calou-se, no momento em que Dr. Bezerra chegava para visitar os jovens em repouso. O abnegado médico examinou o motorista e não teve dúvidas em afirmar: - O nosso amigo buscava o acidente, em razão da ingestão de drogas que se permitira. Detendo-se no exame do Espírito, apontou a área dos reflexos e ações motoras, referindo-se: - Ei-la praticamente bloqueada, após a excitação provocada pelas anfetaminas que foram usadas, sob forte dose venenosa, que terminaria, ao longo do tempo, por afetar os movimentos, provocando paralisia irreversível. As drogas liberam componentes tóxicos que impregnam as delicadas engrenagens do perispírito, atingindo-o por largo tempo. Muitas vezes, esse modelador de formas imprime nas futuras organizações fisiológicas lesões e mutilações que são o resultado dos tóxicos de que se encharcou em existência pregressa.
De ação prolongada, a dependência que gera, desarticula o discernimento e interrompe os comandos do centro da vontade, tornando os seus usuários verdadeiros farrapos humanos, que abdicam de tudo por uma dose, até a consumpção total, que prossegue, entretanto, depois da morte... Além de facilitar obsessões cruéis, atingem os mecanismos da memória, bloqueando os seus arquivos e se imiscuem nas sinapses cerebrais, respondendo por danos irreparáveis.
A seu turno, o Espírito registra as suas emanações, através da organização perispiritual, dementando-se sob a sua ação corrosiva. Quando isto ocorre, somente através de futuras reencarnações consegue restabelecer, a contributo de dores acerbas e alucinações demoradas, o equilíbrio que malbaratou. Após ligeira pausa, afirmou: - Nosso jovem amigo já se habituara ao uso de substâncias fortes, que lhe danificaram a organização espiritual.
Prosseguindo, examinou os demais, fazendo referências semelhantes para comentar: - O nosso Fábio estava sendo iniciado. Já passara pelas experiências do uso da maconha, experimentando agora as anfetaminas perigosas. Pode-se perceber-lhe o efeito vasoconstritor, particularmente na área cerebral, que lhe produziu, a princípio, estímulo e, logo depois, entorpecimento. Eis porque não sintonizou com a interferência psíquica da irmã Ruth.
Felizmente, não teve tempo de afetar-se mais profundamente, facultando, de algum modo, retornar com menos responsabilidade negativa, em condições de ser ajudado. Confiemos em Deus e mantenhamo-los em psicosfera repousante, repetindo, de hora em hora, o recurso do passe anestesiante, com que se vitalizarão para os embates próximos, que os aguardam.
Silenciando, convidou-nos depois para a oração coletiva no Posto Central com irradiação pelos subpostos. Eram 6 horas da manhã de terça-feira de Carnaval.



Livro: Nas Fronteiras da Loucura – Divaldo P. Franco, ditado pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, Ed, LEAL.

QUEM LÊ, ENTENDA

QUEM LÊ, ENTENDA

"Quem lê, atenda." - Jesus.
Mateus, 24:15

Assim como as criaturas, em geral, converteram as produções sagradas da Terra em objeto de perversão dos sentidos, movimento análogo se verifica no mundo, com referência aos frutos do pensamento.
Frequentemente as mais santas leituras são tomadas à conta de tempero emotivo, destinado às sensações renovadas que condigam com o recreio pernicioso ou com a indiferença pelas obrigações mais justas.
Raríssimos são os leitores que buscam a realidade da vida.
O próprio Evangelho tem sido para os imprevidentes e levianos; vasto campo de observações pouco dignas.
Quantos olhos passam por ele, apressados e inquietos, anotando deficiências da letra ou catalogando possíveis equívocos, a fim de espalharem sensacionalismo e perturbação? Alinham, com avidez, as contradições aparentes e tocam a malbaratar, com enorme desprezo pelo trabalho alheio, as plantas tenras e dadivosas da fé renovadora.
A recomendação de Jesus, no entanto, é infinitamente expressiva.
É razoável que a leitura do homem ignorante e animalizado represente conjunto de ignominiosas brincadeiras, mas o espírito de religiosidade precisa penetrar a leitura séria, com real atitude de elevação.
O problema do discípulo do Evangelho não é o de ler para alcançar novidades emotivas ou conhecer a Escritura para transformá-la em arena de esgrima intelectual, mas, o de ler para atender a Deus, cumprindo-lhe a Divina Vontade.



Livro Vinha de Luz, cap.001, ditado pelo Espírito Emanuel; psicografia de Francisco Cândido  Xavier / Edit. FEB

CRÊ E SEGUE

CRÊ E SEGUE
Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
Jesus
João 17:18

Se abraçaste meu amigo, a tarefa espiritista-cristã, em nome da fé sublimada, sedento de vida superior, recorda que o Mestre te enviou o coração renovado ao vasto campo do mundo para servi-lo.
Não só ensinarás o bom caminho. Agirás de acordo com os princípios elevados que apregoas.
Ditarás diretrizes nobres para os outros, contudo, marcharás dentro delas, por tua vez.
Proclamarás a necessidade de bom ânimo, mas seguindo, estrada a fora, semeando alegrias e bênçãos, ainda mesmo quando incompreendido de todos.
Não te contentarás em distribuir moedas e benefícios imediatos. Darás sempre algo de ti mesmo ao que necessita.
Não somente perdoarás. Compreenderás o ofensor, auxiliando-o a reerguer-se.
Não criticarás. Encontrarás recursos inesperados de ser útil.
Não deblaterarás. Valer-te-ás do tempo para materializar os bons pensamentos que te dirigem.
Não disputarás inutilmente. Encontrarás o caminho do serviço aos semelhantes em qualquer parte. Não viverás simplesmente no combate palavroso contra o mal. Reterás o bem, semeando-o com todos.
Não condenarás. Descobrirás a luz do amor para fazê-la brilhar em teu coração, até o sacrifício.
Ora e vigia.
Ama e espera.
Serve e renuncia.
Se não te dispões a aproveitar a lição do Mestre Divino, afeiçoando a própria vida aos seus ensinamentos, a tua fé terá sido vã.



Livro Pão Nosso cap.180, Espírito Emanuel, psicografia Francisco C. Xavier, Edit. FEB

GUARDEMOS A SAÚDE MENTAL

GUARDEMOS A SAÚDE MENTAL

Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da Terra.
Paulo
Colossenses 3:2

O Cristianismo primitivo não desconhecia a necessidade da mente sã e iluminada de aspirações superiores, na vida daqueles que abraçam no Evangelho a renovação substancial.
O trabalho de notáveis pensadores de hoje encontra raízes mais longe.
Sabem agora, os que lidam com os fenômenos mediúnicos, que a morte da carne não impõe as delícias celestiais.
O homem encontra-se, além do túmulo, com as virtudes e defeitos, ideais e vícios a que se consagrava no corpo.
O criminoso imanta-se ao círculo dos próprios delitos, quando se não algema aos parceiros na falta cometida.
O avarento está preso aos bens supérfluos que abusivamente amontoou.
O vaidoso permanece ligado aos títulos transitórios.
O alcoólatra ronda as possibilidades de satisfazer a sede que lhe domina os centros de força.
Quem se apaixona pelas organizações caprichosas do “eu”, gasta longos dias para desfazer as teias de ilusão em que se lhe segrega a personalidade.
O programa antecede o serviço.
O projeto traça a realização.
O pensamento é energia irradiante. Espraiemo-lo na Terra e prender-nos-emos, naturalmente, ao chão. Elevemo-lo para o Alto e conquistaremos a espiritualidade sublime.
Nosso espírito residirá onde projetarmos nossos pensamentos, alicerces vivos do bem e do mal. Por isto mesmo, dizia Paulo, sabiamente: — “Pensai nas coisas que são de cima.”



Livro Pão Nosso cap.177, Espírito Emanuel, psicografia Francisco C. Xavier, Edit. FEB

COMO TESTEMUNHAR

COMO TESTEMUNHAR

Mas recebereis o poder do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da Terra.
Atos 1:8

Realmente, Jesus é o Salvador do Mundo, mas não libertará a Terra do império do mal, sem a contribuição daqueles que lhe procuram os recursos salvadores.
O Divino Mestre, portanto, precisa de auxiliar com atribuições de prepostos e testemunhas, em toda parte.
É impraticável o aprimoramento das almas, sem educação, e a educação exige legiões de cooperadores.
Contudo, para desempenharmos a tarefa de representantes do Senhor, na obra sublime de elevação, não basta o título externo, com vistas à escola religiosa.
Indispensável é a obtenção de bênçãos do Alto, por intermédio da execução de nossos deveres, por mais difíceis e dolorosos.
Até agora, conhecemos à saciedade, na Terra, o poder de dominar, governar, recusar e ferir, de fácil acesso no campo da vida.
Raras criaturas, porém, fazem por merecer de Jesus o poder celeste de obedecer, ensinando, de amar, construindo para o bem, de esperar, trabalhando, de ajudar desinteressadamente. Sem a recepção de semelhantes recursos, que nos identificam com o Trabalhador Divino, e sem as possibilidades de refleti-Lo para o próximo, em espírito e verdade, através do nosso esforço constante de aplicação pessoal do Evangelho, podemos personificar excelentes pregadores, brilhantes literatos ou notáveis simpatizantes da doutrina cristã, mas não testemunhas d'Ele.



Livro Pão Nosso cap.173, Espírito Emanuel, psicografia Francisco C. Xavier, Edit. FEB