quarta-feira, 19 de abril de 2017

PARÁBOLA DO SEMEADOR


  A PARÁBOLA DO SEMEADOR
(Mateus: capítulo XIII, versículos 1 a 9, e 18, a 23)

Um semeador, como fazia todos os dias, saiu de casa e se dirigiu ao seu campo para nele semear os grãos de trigo que possuía, honrando a Deus com seu trabalho honesto.
Começou a semeadura. Enquanto lançava as sementes ao campo, algumas caíram no caminho, na pequena estrada que ficava no meio da seara.
Você sabe que os passarinhos costumam acompanhar os semeadores ao campo, para comer as sementes que caem ao chão?
Pois, isso aconteceu em nossa história. Alguns grãos caíram à beira da estrada, e os passarinhos, rápidos, desceram e os comeram.
O semeador, porém, continuou semeando. Outras sementes caíram num lugar pedregoso. Havia ali muitas pedras e pouca terra. As sementes nasceram logo naquele solo, que não era profundo. O trigo cresceu depressa, mas, vindo o sol forte, foi queimado; e como suas raízes não cresceram por causa das pedras, murchou e morreu.
Outros grãos caíram num pedaço do campo onde havia muitos espinheiros. Quando o trigo cresceu, foi sufocado pelos espinhos e também morreu.
Uma última parte das sementes caiu numa terra boa e preparada, longe dos pedregulhos e das sarças.
E o trigo ali semeado deu uma colheita farta. Cada grão produziu outros cem, outros sessenta ou outros trinta...
*
O próprio Jesus explicou a Seus discípulos a Parábola do Semeador.
As nossas almas, filhinho, são comparáveis aos quatro terrenos da história: “o terreno do caminho”, “o solo cheio de pedras”, a terra cheia de espinheiros e o terreno lavrado e bom Jesus é o Divino Semeador. A semente é a Sua Palavra de bondade e de sabedoria. E os diversos terrenos são os nossos corações, os nossos Espíritos, onde Ele semeia Seus ensinamentos, cheio de bondade para conosco.
E como procedemos para com Jesus? Como respondemos à Sua bondade?
O modo como damos resposta ao amor cuidadoso do Divino Mestre é que nos classifica espiritualmente, isto é, mostra que espécie de terreno existe em nossa alma. Cada coração humano é uma espécie de terra, um dos quatro solos da parábola.
Vejamos, então, filhinho:
Quando alguém ouve a palavra do Evangelho e não procura compreendê-la, nem lhe dá valor, aparecem as forças do mal (os Espíritos maldosos, desencarnados ou encarnados) e arrebatam o que foi semeado no seu coração, tais como os passarinhos comeram as sementes...
E sabe de que modo?
Fazendo com que a alma esqueça o que ouviu, dando outros pensamentos à pessoa, fazendo com que ela se desinteresse das coisas espirituais. E a alma fica indiferente aos ensinamentos divinos. O coração dessa pessoa é semelhante ao “terreno do caminho”, onde a semente não chegou a penetrar. Um exemplo desse terreno é a criança que não presta atenção às aulas de Evangelho, ficando distraída durante as explicações. Ou ainda, a criança que não gosta de ler os livrinhos que ensinam o caminho de Jesus...
E o segundo terreno, o pedregoso?
Esse terreno é a imagem da pessoa que recebe os ensinos de Jesus com muita alegria. São exemplos as pessoas entusiasmadas com o serviço cristão, ou as crianças animadas nas escolas de Evangelho, mas cuja animação dura pouco. Quando surgem as zombarias, as perseguições ou os sofrimentos, a alma, que é inconstante, abandona o caminho do Evangelho. Um exemplo para você, filhinho: uma criança está frequentando as aulas de Moral Cristã numa Escola Espírita. Está aprendendo os mandamentos divinos, os ensinos de Cristo, o caminho do bem, da pureza, da honestidade. Está muito contente com o que está estudando. Sente-se animada e feliz. Um dia, aparece um colega do colégio ou da vizinhança, dizendo que o “Espiritismo é obra do demônio”, que “os que frequentam aulas de Evangelho nas escolas Espíritas ficam loucos e vão para o inferno”. E zomba dele sempre que o encontra e lhe põe apelidos humilhantes. O nosso amiguinho não tem ainda firmeza de fé. Tem medo das zombarias dos colegas e dos vizinhos, que dizem que “somente sua religião é verdadeira” e lhe mandam “receber Espíritos na rua”. Amedrontado pela perseguição e pelos motejos, o nosso irmãozinho deixa a Escola de Evangelho, onde estava começando a compreender a beleza do ensino de Jesus e as bênçãos do Espiritismo Cristão. Esse menino tinha o coração semelhante ao “terreno cheio de pedras”, onde a planta da verdade não pôde crescer e frutificar.
O terceiro solo é a “terra cheia de espinheiros”. É o caso das pessoas que recebem a palavra do Evangelho, mas, depois abandonam o caminho cristão por causa das grandezas falsas do mundo e da sedução das riquezas. Ouviram o Evangelho, mas se interessaram mais pelos negócios, pelos lucros, pelas vaidades da vida, pelo cuidado exclusivo das coisas da terra.
Há também, no mundo das crianças, exemplos desse terreno. São as crianças que conheceram, às vezes desde pequeninas, os ensinos de Jesus, mas, depois de crescidas, preferiram os maus companheiros, as crianças sem Deus, e passaram a interessarem-se somente pelos problemas de dinheiro ou de modas, pelos ídolos do cinema ou do futebol.
Não querem mais nem Jesus, nem lições de Evangelho. Só pensam em automóveis de luxo, sonham com caminhões, imaginam-se ricos “quando crescerem”... A princípio, sabiam repartir com os pobres o seu dinheirinho, porém, agora só pensam em juntá-lo: a caridade morreu nos seus corações.
O mundo, com suas riquezas falsas (que terminam com a morte), seduziu suas almas e sufocou a plantinha de Deus em seus espíritos. Trocaram Jesus pelos sonhos e ambições de carros de luxo, de figurinos, de roupas elegantes, de campos de esporte, de concursos de beleza, de grandezas sociais... A plantinha de Deus foi sufocada pelos espinhos do egoísmo e das ilusões da vida material. E morreu...
O quarto terreno, a terra lavrada e boa, é o símbolo do coração que escuta o Evangelho, procurando compreendê-lo e praticá-lo na vida. E a alma que estuda a palavra do Senhor, percebendo que está neste mundo para aprender a Verdade e o Bem. E, assim, dá frutos de bondade e eleva-se para Deus.
 Abandona seus vícios e maus hábitos, dedicando-se à prática das virtudes, guardando a fé no coração, socorrendo carinhosamente os necessitados e sofredores e buscando os conselhos de Deus no Evangelho de Cristo.
O coração de uma criança verdadeiramente cristã é o bom terreno da parábola: cada semente de Jesus se transforma em trinta, sessenta ou cem bênçãos de bondade, de fé e de auxílio ao próximo. O coração dessa criança deseja conhecer sempre mais e melhor os ensinos cristãos. E se esforça sinceramente para fazer a Vontade Divina: amar e perdoar, crer e ajudar, aprender e servir.
Filhinho, aí está a Parábola do Semeador. Medite nela. Que você, guardando a humildade de coração, se esforce para ser, se ainda não o é, o bom terreno, que recebe os grãos de luz do Divino Semeador e dá muitos frutos de sabedoria e bondade.



Livro: HISTÓRIAS QUE JESUS CONTOU / CLÓVIS TAVARES

terça-feira, 11 de abril de 2017

SUA FREQUÊNCIA VIBRACIONAL


SUA FREQUÊNCIA VIBRACIONAL

1.      Os Pensamentos
a. Todo pensamento que você possui emite uma frequência para o Universo e essa frequência retorna para a origem, no caso, você! Então se você tem pensamentos negativos, de desânimo, tristeza, raiva, medo, isso tudo vai voltar para você. Por isso é tão importante que você cuide da qualidade dos seus pensamentos e aprenda a cultivar pensamentos mais positivos.
2.      As Companhias
a.  As pessoas que estão a sua volta influenciam diretamente na sua frequência vibracional. Se você está ao lado de pessoas alegres, determinadas, você também entrará nessa vibração, agora se você se cerca de pessoas reclamonas, fofoqueiras e pessimistas, tome cuidado! Pois elas podem estar diminuindo a sua frequência e como consequência te impedindo de fazer a lei da atração funcionar a seu favor.
3.      As Músicas
a.   Músicas são poderosíssimas. Se você só escuta músicas que falam de morte, traição, tristeza, abandono, isso tudo vai interferir naquilo que você vibra. Preste atenção na letra das músicas que você escuta, elas podem estar diminuindo a sua frequência vibracional. E lembre-se: você atrai para sua vida exatamente aquilo que você vibra.
4.      Coisas que você Assiste
a.  Quando você assiste programas que abordam desgraças, mortes, traições, etc. seu cérebro  aceita aquilo como uma realidade e libera toda uma química no seu corpo, fazendo com que sua frequência vibracional seja afetada. Assista coisas que te façam bem e te ajudem a vibrar numa frequência mais elevada.   
5.      O Ambiente
a.  Seja na sua casa ou no seu trabalho, se você passa grande parte do tempo num ambiente desorganizado, sujo, feio, isso também afetará a sua frequência. Melhore o que está a sua volta, organize e limpe o seu ambiente. Mostre ao Universo que você está apto a receber muito mais. Cuide do que você já tem!
6.      A Fala
a.  Se você reclama ou fala mal das coisas e das pessoas, isso afeta a sua frequência vibracional. Para você manter a sua frequência elevada é fundamental que você elimine o hábito de reclamar e de falar mal dos outros. Então evite fazer dramas e se vitimar. Assuma a Responsabilidade pelas Escolhas da sua Vida!
7.             A Gratidão
a.   A Gratidão afeta positivamente a sua frequência vibracional, esse é um hábito que você deveria incorporar agora mesmo na sua vida. Comece a agradecer por tudo, pelas coisas boas e ruins, por todas as  experiências que você já vivenciou. A gratidão abre as portas para que as coisas boas fluam positivamente na sua vida. Você já agradeceu hoje?
Alegria. Alegria com atitudes e ações positiva!
SEMPRE!


segunda-feira, 3 de abril de 2017

PERSEGUIDOS

  PERSEGUIDOS
Batido no ideal de bem fazer, desculpa e avança à frente.
Açoitado no coração, enxuga as lágrimas e segue adiante.
A indulgência é a vitória da vítima e o olvido de todo mal é a resposta do justo.
Acúleos despontam no corpo da haste verde, mas a rosa, em silêncio, floresce, triunfante, por cima deles, enviando perfume ao céu.
Sombras da noite envolvem a paisagem terrestre na escuridão do nadir; todavia, o Sol, sem palavras, expulsa as trevas, cada manhã, recuperando-a para a alegria da luz.
Lembra-te dos perseguidos sem causa, que se refugiaram na paz da consciência, em todas as épocas.
Sócrates bebe a cicuta que lhe impõem à boca; entretanto, ergue-se à culminância da filosofia.
Estevão morre sob pedradas, abrindo caminho a três séculos de flagelação contra o Cristianismo nascente; contudo, faz-se o padrão do heroísmo e da resistência dos mártires que transformam o mundo.
Gutenberg é processado como devedor relapso, mas cria a imprensa, desfazendo o nevoeiro medieval.
Jan Hus é queimado vivo, mas imprime novos rumos à fé.
Colombo expira abandonado numa enxerga em Valladolid; no entanto, levanta-se, para sempre, na memória da América.
Galileu, preso e humilhado, desvenda ao homem nova contemplação do Universo.
Lutero, vilipendiado, ressuscita as letras do Evangelho.
Giordano Bruno, atravessando pavoroso suplício, traça mais altos rumos ao pensamento.
Lincoln tomba assassinado, mas extingue o cativeiro no clima de sua pátria.
Pasteur é ironizado pela maioria de seus contemporâneos; no entanto, renova os métodos da ciência e converte-se em benfeitor de todos os povos.
E, ainda ontem, Gandhi cai sob golpe homicida, mas consagra o princípio de não violência.
Entre os perseguidores, contam-se os obsidiados, os intemperantes, os depravados, os infelizes, os caluniadores, os calculistas e os criminosos, que descem pelas torrentes do remorso para a necessária refundição mental nos alambiques do tempo, mas, entre os perseguidos sem razão, enumeram-se quase todos aqueles que lançam nova luz sobre as rotas da vida.
É por isso que Jesus, o Divino Governador da Terra, preferiu alinhar-se entre os escarnecidos e injuriados, aceitando a morte na cruz, de maneira a estender a glória do amor puro e a força do perdão, para que se aprimore a Humanidade inteira.



Livro Religião dos Espíritos, ditado pelo Espírito Emmanuel, psicografia de  Francisco C. Xavier.

sábado, 1 de abril de 2017

A MISÉRIA HUMANA E AS CAUSAS


  E AS CAUSAS
Muitos se admiram de que na Terra haja tanta maldade e tantas paixões Grosseiras, tantas misérias e enfermidades de toda natureza, e daí concluem que a espécie humana bem triste coisa é. Provém esse juízo do acanhado ponto de vista cm que se colocam os que o emitem e que lhes dá uma falsa ideia do conjunto. Deve-se considerar que na Terra não está a Humanidade toda, mas apenas uma pequena fração da Humanidade. Com efeito, a espécie humana abrange todos os seres dotados de razão que povoam os inúmeros orbes do Universo.
Ora, que é a população da Terra, em face da população total desses mundos?
Muito menos que a de uma aldeia, em confronto com a de um grande império. A situação material e moral da Humanidade terrena nada tem que espante, desde que se leve em conta a destinação da Terra e a natureza dos que a habitam.
Faria dos habitantes de uma grande cidade falsíssima ideia quem os julgasse pela população dos seus quarteirões mais íntimos e sórdidos. Num hospital, ninguém vê senão doentes e estropiados; numa penitenciária, veem-se reunidas todas as torpezas, todos os vícios; nas regiões insalubres, os habitantes, em sua maioria são pálidos, franzinos e enfermiços.
Pois bem; figure-se a Terra como:
·         Um subúrbio,
·         Um hospital,
·         Uma penitenciaria,
·         Um sítio malsão.
E ela é simultaneamente tudo isso, e compreender-se-á por que as aflições sobrelevam aos gozos, porquanto não se mandam para o hospital os que se acham com saúde, nem para as casas de correção os que nenhum mal praticaram; nem os hospitais e as casas de correção se pode ter por lugares de deleite.
Ora, assim como, numa cidade, a população não se encontra toda nos hospitais ou nas prisões, também na Terra não está a Humanidade inteira.
E, do mesmo modo que do hospital saem os que se curaram e da prisão os que cumpriram suas penas, o homem deixa a Ferra, quando está curado de suas enfermidades morais.



Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Editora Lake – Livraria e Editora Allan Kardec, Cap. 3 itens 6 e 7

DIFERENTES CATEGORIAS DE MUNDOS


DIFERENTES CATEGORIAS DE MUNDOS

Do ensino dado pelos Espíritos, resulta que muito diferentes umas das outras são as condições dos mundos, quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade dos seus habitantes.
Entre eles há-os em que estes últimos são ainda inferiores aos da Terra, física e moralmente; outros, da mesma categoria que o nosso; e outros que lhe são mais ou menos superiores a todos os respeitos.
Nos mundos inferiores, a existência é toda material, reinam soberanas as paixões, sendo quase nula a vida moral. À medida que esta se desenvolve, diminui a influência da matéria, de tal maneira que, nos mundos mais adiantados, a vida é, por assim dizer, toda espiritual.
Nos mundos intermédios, misturam-se o bem e o mal, predominando um ou outro, segundo o grau de adiantamento da maioria dos que os habitam. Embora se não possa fazer dos diversos mundos, uma classificação absoluta, pode-se, contudo, em virtude do estado em que se acham e da destinação que trazem, tomando por base os matizes mais salientes, dividi-los como segue:
·         Mundos primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana;
·         Mundos de expiação e provas, onde domina o mal;
·         Mundos de regeneração, nos quais as almas que ainda têm o que expiar haure novas forças, repousando das fadigas da luta;
·         Mundos ditosos, onde o bem sobrepuja o mal;
·         Mundos celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem.
o    A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, razão por que aí vive o homem a braços com tantas misérias.
Os Espíritos que encarnam em um mundo não se acham a ele presos indefinidamente, nem nele atravessam todas as fases do progresso que lhes cumpre realizar, para atingir a perfeição. Quando, em um mundo, eles alcançam o grau de adiantamento que esse mundo comporta, passam para outro mais adiantado, e assim por diante, até que cheguem ao estado de puros Espíritos.
São outras tantas estações, em cada uma das quais se lhes deparam elementos de progresso apropriados ao adiantamento que já conquistaram.
É-lhes uma recompensa ascenderem a um mundo de ordem mais elevada, como é um castigo o prolongarem a sua permanência em um mundo desgraçado, ou serem relegados para outro ainda mais infeliz do que aquele a que se veem impedidos de voltar quando se obstinaram no mal.



Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Editora Lake – Livraria e Editora Allan Kardec, Cap. 3 itens 3, 4 e 5

PARABÉNS Chico Xavier



sexta-feira, 10 de março de 2017

sábado, 25 de fevereiro de 2017

O PAPEL DO ESPIRITISMO NA RENOVAÇÃO SOCIAL


O PAPEL DO ESPIRITISMO NA RENOVAÇÃO SOCIAL

Uma questão desde logo se apresenta:
Qual o papel do Espiritismo nesse processo de transformação social da humanidade?
Duas colocações de Kardec são fundamentais para chegarmos a uma resposta.
1)     Na primeira, Kardec afirma:
a.     “Por meio do Espiritismo, a Humanidade tem que entrar numa nova fase, a do progresso moral que lhe é consequência inevitável.”
2)     E, na segunda:
a.     "O Espiritismo não cria a renovação social; a madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto, do que qualquer outra doutrina, a secundar o movimento de regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento."
Não há uma contradição entre elas. Seria ingenuidade pensarmos que toda a humanidade se tornaria espírita ou se apropriaria do Espiritismo e, a partir daí, mudaria seus paradigmas de vida, operando-se a tão sonhada renovação social. Obviamente, entendemos que não foi a isso que Kardec se referiu. Ele atribui esse processo de mudança a “madureza da humanidade”, ou seja, a um estágio de superação da adolescência. Partindo da teoria espírita da evolução, Kardec nos autoriza a fazermos uma analogia entre o desenvolvimento do indivíduo e o da sociedade global.
Assim como o crescimento individual se opera por fases (infância-adolescência-madureza), também a humanidade conquistaria sua maturidade passando, inicialmente, por outros estágios. Mas Kardec alude que o Espiritismo é “contemporâneo” a essa “transição” e, portanto, possui condições apropriadas para “secundar” (ajudar, auxiliar) esse processo.
Por que o Espiritismo está apto a auxiliar nessa mudança?
É bom lembrarmos que o Espiritismo não se reduz a um simples discurso religioso, mas possui uma sólida base teórica que compreende: uma ciência de observação, uma filosofia otimista e, portanto, uma religião com base na fé racional, retomando a essência do pensamento cristão.
Por isso, Kardec justifica, através de quatro fatores, que a Doutrina Espírita contribui para o melhoramento da humanidade:
a)     Poder moralizador – Estimula pelo esclarecimento, o despertar de uma consciência muito mais lúcida e comprometida com os valores nobres da vida, tornando mais compreensível, para o ser humano, a necessidade de exercitar o princípio do: “Faça aos outros, tudo o que gostaria que os outros vos fizesse”;
b)    Tendências progressistas – O Espiritismo acompanha o desenvolvimento da ciência, e aproveita toda a contribuição que esta lhe ofereça;
c)     Amplitude de ideias – Oferece uma cosmovisão da vida, na medida em que associa: ciência, filosofia e religião;
d)    Generalidade das questões que abrange – Estuda o mundo físico e o mundo espiritual, portanto, faz a confluência entre o físico e o metafísico, o corpo e o espírito, o individual e o coletivo.
Mas Kardec tem o cuidado, compreendendo a complexidade desse processo, de afirmar que:
"Fora presumir demais de a natureza humana supor que ela possa transformar-se de súbito, por efeito das ideias espíritas. A ação que estas exercem não é certamente idêntica, nem do mesmo grau, em todos os que as professa. Mas, o resultado dessa ação, qualquer que seja, ainda que extremamente fraco, representa sempre uma melhora."
Se o conhecimento espírita oferece valiosos elementos para auxiliar o aperfeiçoamento dos indivíduos, também é verdade, que esse é um processo pessoal e que cada um possui seu ritmo próprio. As crises, os conflitos, as angústias e sofrimentos, também possuem o papel de estimular essas renovações. Essa mudança é naturalmente lenta, pois sedimentada numa nova ética comportamental. Sobre isso, Léon Denis foi enfático ao considerar:
“A influência do Espiritismo no progresso da sociedade se processa, não no estímulo à luta de classe, mas no campo íntimo, ampliando os horizontes sobre a natureza humana e sua destinação.”
É comum pensar-se que as mudanças sociais se operam, tão somente, por revoluções, decretos políticos, ou por abalos apocalípticos. O Espiritismo, no entanto, coloca o sujeito no centro dessa questão, atribuindo-lhe a responsabilidade por aperfeiçoar seus impulsos e desejos. Atuando na sociedade onde se insere, o espírita oferecerá os exemplos possíveis, de ação solidária, fraterna, honestidade e justiça, sem se isolar ou deixar de ser jovial.
Ensinam os espíritos que cada um, da sua forma, poderá amadurecer – dentro de si – esse novo mundo, com o qual todos sonham. Certamente, um aspecto determinante de toda essa problemática, ocorre a partir das mudanças psíquicas na vida mental dos indivíduos. Evidentemente, temos os complicadores sociais, como o fator cultural, as estruturas mentais da sociedade que influenciam a família e a educação.
Apesar do pessimismo filosófico, que de certa forma tem sido característico da cultura Ocidental contemporânea, a perfectibilidade faz parte do espírito humano. O filósofo Jacques Julliard, tratando sobre o progresso escreveu: “Mas, sobretudo, não ousamos imaginar um progresso moral da humanidade repousando sobre uma melhoria das condições de existência.”
O progresso não é uma mera teoria criada na modernidade, mas, uma lei inexorável da vida.
Ao concluir o último capítulo de A Gênese, Allan Kardec praticamente de forma conclusiva, escreve:
A regeneração da humanidade, portanto, não exige absolutamente a renovação integral dos Espíritos; basta uma modificação em suas disposições morais. Essa modificação se opera em todos quantos lhe estão pré-dispostos, desde que sejam subtraídos à influência perniciosa do mundo.
Em tempos de crise de paradigmas, de fragilização de valores afirmativos da existência, de inquietudes e incertezas do mundo pós-globalizado, o texto kardequiano apresenta um enorme potencial filosófico, de referência sempre atual, para pensarmos em alternativas viáveis ao melhoramento da humanidade.
Evidentemente, Kardec não se referia a uma moral religiosa, caracterizada pelo artificialismo. Uma conduta artificial não renova ninguém, cria uma máscara temporária, para dar a impressão de pureza. Os apelos do mundo aí estão, fazem parte de nosso cotidiano, mas caberá a cada um delimitar o uso de sua liberdade.
Tudo posso; mas nem tudo me convém!
O equilíbrio interior é, certamente, o imperativo do progresso ético-espiritual do homem contemporâneo.
Hoje, parece óbvio que a saída para resolvermos os conflitos do espaço humano e social requer que busquemos outro caminho.
Esse “outro” caminho não é simples, pois exige trabalho e determinação.
Não se trata de uma revolução social, impositiva, mas de uma “revolução individual” com base na consciência de que não estamos no mundo por um mero fatalismo biológico e que, portanto, necessitamos compartilhar uma ética do cuidado, comprometida com as Leis Morais da vida, orientadoras, em última instância, desse grande processo de renovação.

REFERÊNCIAS POR ORDEM DE CITAÇÃO NO TEXTO
·         KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Conclusão V.
·         KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XVIII – São chegados os tempos. Item 25..
·         KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Conclusão VII.
·         DENIS. Léon. Socialismo e Espiritismo. 2ª ed. Matão-SP: Casa Editora O Clarim, 1987.
·         JULLIARD, Jacques. Progresso. In. Café Philo: As grandes indagações da filosofia. Trad. Procópio Abreu. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. P. 107-111.
·         KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XVIII, item. 33.



A MULHER NA VISÃO ESPÍRITA

A MULHER NA VISÃO ESPÍRITA
A Doutrina Espírita nos ensina que nossa condição de mulher ou homem é apenas uma maneira de experienciarmos a existência humana rumo à evolução. Somos em essência, espíritos e, portanto, não temos sexo. Assim, estamos homens ou mulheres em determinados momentos de nossa caminhada. As perguntas 201 e 202 de O Livro dos Espíritos esclarecem:
P. 201. “O espírito que animou um corpo de um homem, em uma nova existência, pode animar o de uma mulher, e vice-versa?”
–“Sim, são os mesmos Espíritos que animam os homens e as mulheres”.
P. 202 “Quando se é Espírito, prefere-se encarnar no corpo de um homem ou de uma mulher?”
– “Isso pouco importa ao Espírito; ele escolhe segundo as provas que deve suportar. Os Espíritos se encarnam homens ou mulheres porque eles não têm sexos. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhe oferece provas e deveres especiais, além da oportunidade de adquirir experiência. Aquele que fosse sempre homem não saberia senão o que sabem os homens”
As diferenças entre homens e mulheres, assim, não assinalam nenhum tipo de inferioridade física, psicológica, ou moral de um para o outro. Se elas possuem menor força muscular e diferente constituição corporal, é para poder experienciar, nesta organização somática, as belezas e agruras tão peculiares, de ser uma mulher, desenvolvendo habilidades psíquicas, afetivas, intra e interpessoais de maneira singular e produtiva.
Tal visão bela e igualitária da Mulher é trazida pelo advento do Espiritismo. Reconhecendo e admirando as características delicadas e sublimes do ser em estado feminino, Léon Denis nos brinda em seu livro, No Invisível, com o seguinte texto:
Durante longos séculos a mulher foi relegada para segundo plano, menosprezada, excluída do sacerdócio. Por uma educação acanhada, pueril, supersticiosa, a manietaram; suas mais belas aptidões foram comprimidas, conculcado e obscurecido o seu caráter. (...). O moderno Espiritualismo, graças às suas práticas e doutrinas, todas de ideal, de amor, de equidade, encara a questão de modo diverso e resolve-as e sem esforço e sem estardalhaço.
Restitui à mulher seu verdadeiro lugar na família e na obra social, indicando-lhe a sublime função que lhe cabe desempenhar na educação e no adiantamento da humanidade. Faz mais: reintegra-a em sua missão de mediadora predestinada, verdadeiro traço de união que liga as sociedades da Terra às do Espaço (...). O materialismo, não ponderando senão o nosso organismo físico faz da mulher um ser inferior por sua fraqueza e a impele à sensualidade (...). Com o Espiritualismo, porém, ergue de novo a mulher a inspirada fronte, vem associar-se intimamente à obra de harmonia social, ao movimento geral das ideias. O corpo não é mais que uma forma tomada por empréstimo; a essência da vida é o espírito, e nesse ponto de vista o homem e a mulher são favorecidos por igual. Pelo Espiritismo se subtrai a mulher do vértice dos sentidos e ascende à vida superior. Cessa, desde então, a luta entre os dois sexos. As duas metades da Humanidade se aliam e se equilibram no amor, para cooperarem juntas no plano providencial, nas obras da Divina Inteligência (DENIS, 1973, p.78-80)
Neste dia 8 de março, relembramos a história das bravas mulheres que desencarnaram no incêndio numa fábrica, ao lutar pelos seus direitos em 1857 e refletimos sobre tantas outras, que durante os séculos, sacrificaram-se pela incompreensão do império do homem. Lembremos ainda, da mulher adúltera que seria apedrejada, a quem Jesus usou como o mais nobre exemplo de misericórdia para com as faltas alheias.
Exaltamos também aquelas outras que, na existência carnal e espiritual, brindam a humanidade com um sorriso delicado, o colo maternal, o companheirismo abnegado, a força moral que não cede às intempéries da vida, o trabalho incessante em quantas jornadas diárias forem necessárias e, mais ainda, o cálice sagrado onde Deus depositou a responsabilidade da Vida.
E, por fim, não esqueçamos nunca que o mais iluminado espírito que já passou pelo nosso planeta, foi recepcionado no seio amantíssimo de Maria, elevada por Ele mesmo à condição de mãe terna de toda a humanidade terrestre.

ADIANTE DE VÓS

ADIANTE DE VÓS

"Mas ide dizer a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia."
Marcos 16:7

É raro encontrarmos discípulos decididos à fidelidade sem mescla, nos momentos que a luta supera o âmbito normal.
Comumente, em se elevando a experiência para maiores demonstrações de coragem, valor e fé, modifica-se-lhes o ânimo, de imediato.
Converte-se a segurança em indecisão, a alegria em desalento.
Multipliquem-se os obstáculos e surgirá dolorosa incerteza.
Os aprendizes, no entanto, não devem esquecer a sublime promessa do princípio, quando o pastor recompunha o rebanho disperso.
Quando os companheiros, depois da Ressurreição, refletiam no futuro, oscilando entre a dúvida e a perplexidade, eis que o Mensageiro do Mestre lhes endereça aviso salutar, assegurando que o Senhor marcharia adiante dos amigos, para a Galiléia, onde aguardaria os amados colaboradores, a fim de assentarem as bases profundas do trabalho evangélico no porvir.
Não nos cabe esquecer que, nas primeiras providências do apostolado divino, Jesus sempre se adiantou aos companheiros nos testemunhos santificantes.
E assim acontece, invariavelmente, no transcurso dos séculos.
O Mestre está sempre fazendo o máximo na obra redentora, contando com o esforço dos cooperadores apenas nas particularidades minúsculas do celeste serviço...
Não vos entregueis às sombras da indecisão quando permanecerdes sozinhos ou quando o trabalho se agrave na estrada comum.
Ide confiantes e otimistas, às provações salutares ou às tarefas dilacerantes que esperam por nosso concurso e ação.
Decerto, não seremos quinhoados por facilidades deliciosas, num mundo onde a ignorância ainda estabelece lamentáveis prisões, mas sigamos felizes no encalço das obrigações que nos competem, conscientes de que Jesus, amoroso e previdente, já seguiu adiante de nós...



Livro Vinha de Luz, cap.067, ditado pelo Espírito Emanuel; psicografia de Francisco Cândido  Xavier / Edit. FEB