terça-feira, 22 de janeiro de 2019

INVEJA


INVEJA[1]
O invejoso é inseguro e supersensível, irritadiço e desconfiado, observador minucioso e detetive da vida alheia até a exaustão; sempre armado e alerta contra tudo e todos.
A inveja sempre foi uma emoção sutilmente disfarçada em nossa sociedade, assumindo aspectos ignorados pela própria criatura humana. As atitudes de rivalidade, antagonismo e hostilidade dissimulam muito bem a inveja, ou seja, a própria “prepotência da competição”, que tem como origem todo um séquito de antigas frustrações e fracassos não resolvidos e interiorizados.
O invejoso é inseguro e supersensível, irritadiço e desconfiado, observador minucioso e detetive da vida alheia até a exaustão, sempre armado e alerta contra tudo e todos. Faz o gênero de superior, quando, em realidade, se sente inferiorizado; por isso, quase sempre deixa transparecer um ar de sarcasmo e ironia em seu olhar, para ocultar dos outros seu precário contato com a felicidade.
Acreditamos que, apesar de a inveja e o ciúme possuírem definições diferentes, quase sempre não são diferenciados ou corretamente percebidos por nós. As convenções religiosas nos ensinaram que jamais deveríamos sentir inveja, pelo fato de ela se encontrar ligada à ganância e à cobiça dos bens alheios. Em relação ao ciúme, os padrões estabeleceram que ele estivesse, exclusivamente, ligado ao amor. É por isso que passamos a acreditar que ele é aceitável e perfeitamente admissível em nossas atitudes pessoais.
Analisando as origens atávicas e inatas da evolução humana, podemos afirmar que a emoção da inveja não é uma necessidade aprendida. Não foi adquirida por experiência nem por força da socialização, mas é uma reação instintiva e natural, comum a qualquer criatura do reino animal. O agrado e carinho a um cão pode provocar agressividade e irritação em outro, por despeito.
Nos adultos essas manifestações podem ser disfarçadas e transformadas em atos simulados de menosprezo ou de indiferença. Já as crianças, por serem ingênuas e naturais, mordem, batem, empurram, choram e agridem.
A inveja entre irmãos é perfeitamente normal. Em muitas ocasiões, ela surge com a chegada de um irmão recém-nascido, que passa a obter, no ambiente familiar, toda a atenção e carinho. Ela vem à tona também nas comparações de toda espécie, feitas pelos amigos e parentes, sobre a aparência física privilegiada de um deles. Muitas vezes, a inveja manifesta-se em razão da forma de tratamento e relacionamento entre pais e filhos. Por mais que os pais se esforcem para tratá-los com igualdade, não o conseguem, pois cada criança é uma alma completamente diferente da outra. Em vista disso, o modo de tratar é conseqüentemente desigual, nem poderia ser de outra maneira, mas os filhos se sentem indignados com isso.
A emoção da inveja no adulto é produto das atitudes internas de indivíduos de idade psicológica bem inferior à idade cronológica, os quais, embora ocupem corpos desenvolvidos, são verdadeiras almas de crianças mimadas, impotentes e inseguras, que querem chamar a atenção dos maiores no lar.
O Mestre de Lyon interroga as Vozes do Céu: “Será possível e já terá existido a igualdade absoluta das riquezas?” E elas, com muita sabedoria, informam: “... Há, no entanto, homens que julgam ser esse o remédio aos males da sociedade (...). São sistemáticos esses tais, ou ambiciosos cheios de inveja...” (61)
A necessidade de poder e de prestígio desmedidos que encontramos em inúmeros homens públicos nas áreas religiosas, política, profissional, esportiva, filantrópica, de lazer e outras tantas, derivam de uma “aspiração de dominar” ou de um “sentimento de onipotência”, com o que tentam contrabalançar emocionalmente o complexo de inferioridade que desenvolveram na fase infantil.
Encontramos esses indivíduos, aos quais os Espíritos se reportam na questão acima, nas lutas partidárias, em que, só aparentemente, buscam a igualdade dos “direitos humanos”, prometem a “valorização da educação”, asseguram a melhoria da “saúde da população” e a “divisão de terras e rendas”. Sem ideais alicerçados na busca sincera de uma sociedade equânime e feliz, procuram, na realidade, compensar suas emoções de inveja mal elaboradas e guardadas desde a infância, difícil e carente, vivida no mesmo ambiente de indivíduos ricos e prósperos.
Tanto é verdade que a maioria desses “defensores do povo”, quando alcança os cumes sociais e do poder, esquece-se completamente das suas propostas de justiça e igualdade.
Eis alguns sintomas interiorizados de inveja que podemos considerar como dissimulados e negados:
perseguições gratuitas e acusações sem lógica ou fantasiada;
inclinações superlativas à elegância e ao refinamento, com aversão à grosseria;
insatisfação permanente, nunca se contentando com nada;
manifestação de temperamento teatral e pedantismo nas atitudes;
elogios afetados e amores declarados exageradamente;
animação competitiva que leva às raias da agressividade.
O caráter invejoso conduz o indivíduo a uma imitação perpétua à originalidade e criação dos outros e, como conseqüência lógica, à frustração.
Isso acarreta uma sensação crônica de insatisfação, escassez, imperfeição e perda, além de estimular sempre uma crescente dor moral e prejudicar o crescimento espiritual das almas em evolução.
X.X.X
Não há nada a nos censurar por apreciamos os feitos das pessoas e/ou por a eles aspirarmos; o único problema é que não podemos nos comparar e querer tomar como modelo o padrão vivencial do outro.
Se tivermos o hábito de investigar nossos comportamentos autodestrutivos e fizemos uma análise desses antecedentes históricos em nossa vida, poderemos, cada vez mais, compreender o porquê de permanecemos presos em certas áreas prejudiciais à nossa alegria de viver.
Esses comportamentos infelizes a que nos referimos não são apenas as atitudes evidentemente desastrosas, mas os diminutos atos cotidianos que podem passar como aceitáveis e completamente admissíveis. Entretanto, tais atos são os grandes perturbadores de nossa paz interior.
Muitos indivíduos não se preocupam em estudar as raízes de seus comportamentos rotineiros, porque acreditam que, para assumir a responsabilidade da renovação íntima, precisariam despender um enorme sacrifício. Sendo assim, prefere permanecer apegados aos antigos costumes, utilizando-se dos preconceitos e de crenças distorcidas, sem se darem conta de que estes são as matrizes de seus pontos vulneráveis.
Para afastar todo e qualquer anseio de transformação interior, utiliza-se de um processo psicológico denominado “racionalização” — artifício criado para desviar a atenção dos “verdadeiros motivos” das atitudes e ações — para se verem livres das “crises de consciência”, procurando assim justificar os fatos inadequados de suas vidas.
Somente alteraremos nossos atos e atitudes doentios quando tomarmos plena consciência de que são eles as raízes de nossas perturbações emocionais e dos inúteis desgastes energéticos. É examinando nosso dia-a-dia à luz das escolhas que fizemos ou que deixamos de fazer é que veremos com clareza que somos, na atualidade, a “soma integral” de nossas opções diante da vida.
Os indivíduos que possuem o hábito da critica destrutiva estão, em verdade, dissimulando outras emoções, talvez a inveja ou mesmo o despeito. Existem posturas efetuadas tão costumeiramente e que se tomam tão imperceptíveis que poderíamos denominá-las “atitudes crônicas”.
A inveja é definida como sendo o desejo de possuir e de ser o que os outros são, podendo tomar-se uma atitude crônica na vida de uma criatura. É uma forma de cobiça, um desgosto em face da constatação da felicidade e superioridade de outrem.
Observar a criatura sendo, tendo, criando e realizando provoca uma espécie de dor no invejoso, por ele não ser, não ter, não criar e não realizar. A inveja leva, por conseqüência, à maledicência, que tem por base ressaltar os equívocos e difamar; assim é a estratégia do depreciador: “Se eu não posso subir tento rebaixar os outros; assim, compenso meu complexo de inferioridade”.
A inveja nasce quase sempre por nos compararmos constantemente com os outros. Nessa comparação, o homem desconhece o fato de sua singularidade, possuidor de expressões íntimas completamente diferentes das dos outros seres. É verdade, porém, que possuímos algumas semelhanças e características comuns com outros homens, mas, em essência, somos almas criadas em diferentes épocas pelas mãos do Criador e, por isso, passamos por experiências distintas e trazemos na própria intimidade missões peculiares.
Anormalidade, normalidade, sobre naturalidade e paranormalidade são de fato catalogações da incompreensão humana alicerçadas sobre as chamadas comparações.
A ausência do amadurecimento espiritual faz com que rotulemos, de forma humilhante e pretensiosa, os credos religiosos, a heterogeneidade das raças, os costumes de determinados povos, as tendências sexuais diferentes, os movimentos sociais inovadores, as decisões, o comportamento, o sucesso dos outros; e muitas coisas ainda. Tudo isso ocorre porque não conseguimos digerir com ponderação a grandeza do processo evolutivo agindo de forma diversificada sob as leis da Natureza.
O autêntico impulso natural quer que sejamos simplesmente nós mesmos. Não faz parte dos impulsos inatos da alma humana a pretensão de nos considerarmos melhor que as outras pessoas. O que devemos fazer é admirar-nos como somos, é respeitar nossas diferenças e reconhecer nossos valores.
O extraordinário educador Rivail questiona os Mensageiros do Amor: “Os Espíritos inferiores compreendem a felicidade do justo?”. E eles respondem com notável orientação: “... isso lhes é um suplício, porque compreendem que estão dela privados por sua culpa...” (62)
A inveja é o extremo oposto da admiração. É uma ferramenta cômoda que usamos sempre que não queremos assumir a responsabilidade por nossa vida. Ela nos faz censurar e apontar as supostas falhas das pessoas, distraindo-nos a mente do necessário desenvolvimento de nossas potencialidades interiores. Em vez de nos esforçarmos para crescer e progredir, denegrimos os outros para compensar nossa indolência e ociosidade.
Não há nada a nos censurar por apreciarmos os feitos das pessoas e/ou por a eles aspirarmos; o único problema é que não podemos nos comparar e querer tomar como modelo o padrão vivencial do outro.
A inveja e a censura nascem da auto-rejeição que fazemos conosco, justamente por não acreditarmos em nossos potenciais evolutivos e por procurarmos fora de nós às explicações de corno deveremos sentir, pensar, falar, fazer e agir, ora dando urna importância desmedida aos outros, ora tentando convencê-los a todo custo de nossas verdades.

Referencias:
61 LE 811 – Será possível e já terá existido a igualdade absoluta das riquezas?
“Não; nem é possível. A isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres.”
Questão 811-a – Há, no entanto, homens que julgam ser esse o remédio aos males da sociedade. Que pensais a respeito?
“São sistemáticos esses tais, ou ambiciosos cheios de inveja. Não compreendem que a igualdade com que sonham seria a curto prazo desfeita pela força das coisas. Combatei o egoísmo, que é a vossa chaga social, e não corrais atrás de quimeras.”
62 LE 975 – Os Espíritos inferiores compreendem a felicidade do justo?
“Sim, e isso lhes é um suplício, porque compreendem que estão dela privados por sua culpa. Daí resulta que o Espírito, liberto da matéria, aspira à nova vida corporal, pois que cada existência, se for bem empregada, abrevia um tanto a duração desse suplício. É então que procede à escolha das provas por meio das quais possa expiar suas faltas.
Porque, ficai sabendo, o Espírito sofre por todo o mal que praticou, ou de que foi causa voluntária, por todo o bem que ouvera podido fazer e não fez e por todo o mal que decorra de não haver feito o bem. “Para o Espírito errante, já não há véus. Ele se acha como tendo saído de um nevoeiro e vê o que o distancia da felicidade. Mais sofre então, porque compreende quanto foi culpado. Não tem mais ilusões: vê as coisas na sua realidade.”


O ULTIMO CAPITULO DESTE LIVRO.


[1] Livro: As Dores da Alma – Ditado pelo Espírito Hamed; psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto, Edit. Boa Nova. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
Fonte da imagem: https://www.ajduks.com.br/2016/08/04/inveja/

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

ACORDAR E ERGUER-SE


ACORDAR E ERGUER-SE[1]

“Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e o Cristo te iluminará.”
Paulo
Efésios, 5:14

Há milhares de companheiros nossos que dormem, indefinidamente, enquanto se alonga debalde para eles o glorioso dia de experiência sobre a Terra.
Percebem vagamente a produção incessante da Natureza, mas não se recordam da obrigação de algo fazer em benefício do progresso coletivo.
Diante da árvore que se cobre de frutos ou da abelha que tece o favo de mel, não se lembram do comezinho dever de contribuir para a prosperidade comum.
De maneira geral, assemelham-se a mortos preciosamente adornados.
Chega, porém, um dia em que acordam e começam a louvar o Senhor, em êxtase admirável...
Isso, no entanto, é insuficiente.
Há muitos irmãos de olhos abertos, guardando, porém, a alma na posição horizontal da ociosidade.
É preciso que os corações despertos se ergam para a vida, se levantem para trabalhar na sementeira e na seara do bem, a fim de que o Mestre os ilumine.
Esforcemo-nos por alertar os nossos companheiros adormecidos, mas não olvidemos a necessidade de auxiliá-los no soerguimento.
É imprescindível saibamos improvisar os recursos indispensáveis em auxílio dos nossos afeiçoados ou não que precisam levantar-se para as bênçãos de Jesus.
Não basta recomendar.
Quem receita serviço e virtude ao próximo, sem antes preparar-lhe o entendimento, através do espírito de fraternidade, identifica-se com o instrutor exigente, que reclama do aluno integral conhecimento acerca de determinado e valioso livro, sem antes ensiná-lo a ler.
Disse Paulo: — “Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e o Cristo te iluminará.”
E nós repetiremos: — “Acordemos para a vida superior e levantemo-nos na execução das boas obras e o Senhor nos ajudará, para que possamos ajudar os outros.”


[1] Livro: Fonte Viva – Ditado pelo Espírito Emmanuel; psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. 66 Edit. FEB. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.. Fonte de imagem:  https://doutorseguranca.com.br/9717/

domingo, 20 de janeiro de 2019

SE TE ENCONTRAS ANGUSTIADO


SE TE ENCONTRAS ANGUSTIADO[1]
Irmão José

Se te sentes tentado ao suicídio, ora a Deus e busca a presença de um amigo com que possas conversas.
Quase todos os homens experimentam semelhante estado emocional, notadamente quando o sofrimento, em suas múltiplas nuanças, lhes subtrai a alegria de viver.
Se a tempestade das provações desaba sobre a tua vida, não desespere.
Breve, o Sol voltará a brilhar no horizonte de tuas esperanças.
Suporta corajosamente a dor que te acicata a alma, recordando que Deus, nosso Pai de Infinita Misericórdia, a ninguém desampara.
Se te encontras angustiado, pensa naqueles que estão lutando em silêncio por um mundo melhor e te junta a eles, consagrando os teus dias a uma causa nobre.
Não acredites que nada possas realizar na seara do bem.
Cede as tuas mãos ao Senhor e Ele, por ti, fará maravilhas.
Esquece a ideia da morte e vive para os que te amam.
O sacrifício pessoal é uma estrada de beleza indefinível...
Amanhã, quando alcançares a Grande Renovação, agradecerás a cruz que te possibilitou compreender e abençoar a vida.


[1] Livro: Tende Bom Animo – psicografia de Francisco Cândido Xavier e Carlos Antonio Baccelli, Edit. FEB. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
   Fonte da imagem: http://jlrodrigues.blogspot.com/2012/06/sinais-de-tempos-tristes.html

sábado, 19 de janeiro de 2019

NECESSÁRIO ACORDAR


NECESSÁRIO ACORDAR[1]


“Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e o Cristo te esclarecerá.”
Paulo
Efésios, 5:14

Grande número de adventícios ou não aos círculos do Cristianismo acusa fortes dificuldades na compreensão e aplicação dos ensinamentos de Jesus.
Alguns encontram obscuridades nos textos, outros perseveram nas questiúnculas literárias. Inquietam-se, protestam e rejeitam o pão divino pelo envoltório humano de que necessitou para preservar-se na Terra.
Esses amigos, entretanto, não percebem que isto ocorre, porque permanecem dormindo, vitimas de paralisia das faculdades superiores.
Na maioria das ocasiões, os convites divinos passam por eles, sugestivos e santificantes; todavia, os companheiros distraídos interpretam-nos por cenas sagradas, dignas de louvor, mas depressa relegadas ao esquecimento. O coração não adere, dormitando amortecido, incapaz de analisar e compreender.
A criatura necessita indagar de si mesmo o que faz, o que deseja, a que propósitos atende e a que finalidades se destina. Faz-se indispensável examinar-se, emergir da animalidade e erguer-se para senhorear o próprio caminho.
Grandes massas, supostamente religiosas, vão sendo conduzidas, através das circunstâncias de cada dia, quais fileiras de sonâmbulos inconscientes.
Fala-se em Deus, em fé e em espiritualidade, qual se respirassem na estranha atmosfera de escuro pesadelo.
Sacudidas pela corrente incessante do rio da vida, rolam no turbilhão dos acontecimentos, enceguecidas, dormentes e semimortas até que despertem e se levantem, através do esforço pessoal, a fim de que o Cristo as esclareça.


[1] Livro: Pão Nosso – Ditado pelo Espírito Emmanuel; psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. 68 Edit. FEB. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
   Fonte da imagem:  http://grupodejovenslibertospordeus.blogspot.com/2012/12/pense-sobre-isto.html

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

INVERNO


INVERNO[1]

"Procura vir antes do inverno."
Paulo
II Timóteo, 4:21

Claro que a análise comum deste versículo revelará a prudente recomendação de Paulo de Tarso para que Timóteo não se arriscasse a viajar na estação do frio forte.
Na época recuada da epístola, o inverno não oferecia facilidades à navegação.
É possível, porém, avançar mais longe, além da letra e acima do problema circunstancial de lugar e tempo.
Mobilizemos nossa interpretação espiritual.
Quantas almas apenas se recordam da necessidade do encontro com os emissários do Divino Mestre por ocasião do inverno rigoroso do sofrimento?
Quantas se lembram do Salvador somente em hora de neblina espessa, de tempestade ameaçadora, de gelo pesado e compacto sobre o coração?
Em momentos assim, o barco da esperança costuma navegar sem rumo, ao sabor das ondas revoltas.
Os nevoeiros ocultam a meta, e tudo, em torno do viajante da vida, tende à desordem ou à desorientação.
É indispensável procurar o Amigo Celeste ou aqueles que já se ligaram, definitivamente, ao seu amor, antes dos períodos angustiosos, para que nos instalemos em refúgios de paz e segurança.
A disciplina, em tempo de fartura e liberdade, é distinção nas criaturas que a seguem; mas a contenção que nos é imposta, na escassez ou na dificuldade, converte-se em martírio.
O aprendiz leal do Cristo não deve marchar no mundo ao sabor de caprichos satisfeitos e, sim, na pauta da temperança e da compreensão.
O inverno é imprescindível e útil, como período de prova benéfica e renovação necessária.
Procura, todavia, o encontro de tua experiência com Jesus, antes dele.


[1] Livro: Vinha de Luz – Ditado pelo Espírito Emmanuel; psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. 66, Edit. FEB. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
Fonte de imagem: http://www.cadernodeviagem.com/dicas/planeje-sua-viagem/enfrentando-o-inverno-cuidados-com-pele/


EVANGELHO NO LAR


EVANGELHO NO LAR[1]

Vai abaixo uma bela história do Chico Xavier que responde a pergunta na imagem acima.
Em meados de 1932, o "Centro Espírita Luiz Gonzaga" estava reduzido a um quadro de cinco pessoas, José Hermínio Perácio, D. Carmen Pena Perácio, José Xavier, D. Geni Pena Xavier e o Chico.
Os doentes e obsedados surgiram sempre, mas, logo depois das primeiras melhoras, desapareciam como por encanto.
Perácio e senhora, contudo, precisavam transferir-se para Belo Horizonte por impositivos da vida familiar. O grupo ficou limitado a três companheiros. D. Geni, porém, a esposa de José Xavier, adoeceu e a casa passou a contar apenas com os dois irmãos. José, no entanto, era seleiro e, naquela ocasião, foi procurado por um credor que lhe vendia couros, credor esse que insistia em receber-lhe os serviços noturnos, numa oficina de arreios, em forma de pagamento. Por isso, apesar de sua boa vontade, necessitava interromper a freqüência ao grupo, pelo menos, por alguns meses.
Vendo-se sozinho, o médium também quis ausentar-se.
Mas, na primeira noite, em que se achou a sós no centro, sem saber como agir, Emmanuel apareceu-lhe e disse:
- Você não pode afastar-se. Prossigamos em serviço.
- Continuar como? Não temos frequentadores...
- E nós? - disse o espírito amigo. - Nós também precisamos ouvir o Evangelho para reduzir nossos erros. E, além de nós, temos aqui numerosos desencarnados que precisam de esclarecimento e consolo. Abra a reunião na hora regulamentar, estudemos juntos; a lição do Senhor, e não encerre a sessão antes de duas horas de trabalho.
Foi assim que, por muitos meses, de 1932 a 1934, o Chico abria o pequeno salão do Centro e fazia a prece de abertura, às oito da noite em ponto. Em seguida, abria o "Evangelho Segundo o Espiritismo", ao acaso e lia essa ou aquela instrução, comentando-a em voz alta.
Por essa ocasião, a vidência nele alcançou maior lucidez. Via e ouvia dezenas de almas desencarnadas e sofredoras que iam até o grupo, à procura de paz e refazimento. Escutava-lhes as perguntas e dava-lhes respostas sob a inspiração direta de Emmanuel.
Para os outros, no entanto, orava, conversava e gesticulava sozinho...
E essas reuniões de um Médium a sós com os desencarnados, no Centro, de portas iluminadas e abertas, se repetiam todas as noites das segunda feira e sexta feira.



[1] Apostila de Preces Espíritas (Grupo de Estudo Allan Kardec) (2).pdf. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
   Fonte da imagem:  http://www.espitirinhas.com.br/

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

AMOR E COMPORTAMENTO


AMOR E COMPORTAMENTO[1]

O amor contribui para o comportamento ditoso daquele que o cultiva.

O treinamento do amor na conduta torna-se indispensável para que se desenvolva e alcance níveis elevados de emoção.
O amor não surge concluído, em condições de esparzir suas vibrações em clima de plenitude. É resultado de esforço e conquista de que paulatina-mente se enriquece, conseguindo estabelecer fronteiras nas paisagens íntimas do ser humano. É uma força irresistível que necessita ser bem canalizada a fim de produzir os resultados opimos a que se propõe.
Por isso, ninguém pode esperar que surja poderoso, de inopino, arrebatando, ao mesmo tempo felicitando.
Quando assim ocorre, trata-se de impulso inicial da sua manifestação, ainda arraigada aos desejos e aspirações pessoais, que anelam pela permuta de interesses imediatistas, longe do significado real que o deve caracterizar.
É um empreendimento emocional-espiritual muito específico, que exige o combustível da ternura e da afabilidade, para poder compreender e desculpar toda vez quando convidado a envolver as pessoas com as quais se convive.
À medida que se instala no homem e na mulher, altera-lhes o comporta-mento para melhor, dulcificando-lhes a existência mesmo quando esta se encontra sob os camartelos dos sofrimentos e das dificuldades. Suaviza a aspe-reza da jornada e contribui em favor da alegria que deve ser preservada, mesmo que a peso de sacrifícios.
O amor não se deixa impressionar pela aparência física ou pelos atributos pessoais de outrem, embora, de alguma forma, esses possam contribuir em favor dos primeiros passos, como o fascínio, a aproximação, o intercâmbio afetivo, definindo-se depois pela própria qualidade de que se reveste.
Desdobra-se na convivência ou não com as pessoas que lhe recebem o alento, jamais diminuindo de intensidade por multiplicar-se largamente em todas as direções.
Pode-se amar a um número incontável de pessoas, com qualidade especial em relação a cada uma, sem que haja predominância de alguém em detrimento das demais. A sua chama nunca se apaga, porque não se consome antes auto sustenta-se com o combustível da alegria em que se expressa.
Nos relacionamentos agressivos e imprevistos da sociedade hodierna, como de outros passados tempos, não se influencia negativamente, corrompendo-se ou diluindo os vínculos, porque nada exige, possuindo a capacidade de compreender as dificuldades que sempre surgem, revigorando-se à medida que se doa.
O amor é otimista e sempre atuante, contribuindo eficazmente para o comportamento ditoso daquele que o cultiva. Jamais agredindo, estimula os neurônios cerebrais à produção de moléculas propiciatórias à saúde e ao bem-estar, para evitar que os mesmos sejam bombardeados por toxinas procedentes do sentimento da amargura, do ressentimento, da revolta, do ódio...
Envolvente, é suave como um amanhecer e poderoso como a força ciclópica da própria vida.
Não se desnatura, quando não recebido conforme é do seu merecimento, nem se rebela, porque desdenhado. Mantém-se paciente e tolerante, por entender que o outro, aquele a quem se dirige, encontra-se doente, destituído de sensibilidade para recebê-lo.
A vigência do amor é o recurso mais hábil para uma real mudança de conduta da sociedade, que passaria a viver de maneira mais consentânea com as conquistas da Ciência e da Tecnologia, utilizando-se desse extraordinário contributo da evolução para tornar a existência terrestre muito mais feliz e menos preocupada.
Na raiz da crueldade e do crime encontramos o amor ausente naquele que se deixa arrastar pela loucura, que o não recebeu e não foi impregnado pela sua vitalidade prazenteira. Pelo contrário, acumularam resíduos de ira, de maus tratos, de indiferença e de perseguição, que se encarregaram de asfixiar quaisquer possibilidades de vivência da compaixão e da misericórdia, que são filhas diletas do amor.
Complexos de culpa e de inferioridade, rebeldia sistemática, amargura continuada, destemia contumaz são os frutos espúrios de uma existência sem amor, que se desenvolveu longe da esperança e da compreensão.
Esse coração sempre esteve fechado à irradiação do sol do amor, que não conseguiu penetrar-lhe a intimidade, alterando-lhe a pulsação emocional.
É necessário que se abram os sentimentos à sua presença, de forma que qualquer lampejo produza claridade interior, estimulando ao aumento de luminosidade.
Exercitando-se a vivência das suas vibrações, aumenta-se a capacidade de senti-lo e expressá-lo nas mais diversas situações.
Ao mesmo tempo, especial bem-estar domina o comportamento, proporcionando emoções enobrecidas e aspirações elevadas que objetivam a harmonia geral.
Quando alguém ama, o mundo começa a transformar-se. Basta que esse sentimento seja direcionado, indiscriminada ou especificamente, em favor de alguém e logo ocorre uma real mudança na psicosfera do indivíduo, que se irradia em toda as direções, modificando a estrutura perturbadora e desconfiada que por acaso exista à sua volta.
Conforme o Sol é sempre novo em cada amanhecer e sua luminosidade enriquece de luz e calor a Terra, o amor esplende de beleza e de vitalidade a cada momento em que se expande. Se houver noite moral, ele se torna claridade fraternal; se permanece a suspeita, ele oferta segurança; se campeia o desencanto, ele faculta a confiança, porquanto a todos aquece com o vigor da bondade e da paz.
Dizem os escritos evangélicos que Deus amou tanto ao mundo e à Humanidade, que ofereceu o Seu Filho, a fim de que, crendo n’Ele, todos encontrassem paz e felicidade.
Também se pode dizer que, amando-O, todos desfrutarão de equilíbrio e ventura.


[1] Livro: Garimpo de amor – Ditado pelo Espírito Joana de Angelis, psicografia de Divaldo P. Franco, Edit. LEAL. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
Fonte da imagem:  https://spcm.com.br/blog/comportamento-ambiente-e-trabalho/