O resultado do medo em
nossas vidas será a perda do nosso poder de pensar e agir com
espontaneidade.
Ao lançamos mão de uma lanterna em uma noite escura e focalizamos
determinado lugar, vamos torná-lo evidente. Quando destacamos algo, convergimos
todas as nossas percepções mais íntimas para o motivo de nossa atenção e, ao
examiná-lo, estaremos estabelecendo profundas ligações mentais através de nosso
olhar ligado a esse lugar específico.
Focalizar com a lanterna de nossas atenções os
lugares, as pessoas, os fatos, os eventos e as coisas em geral significa que
estaremos enfatizando, para nós mesmos, o que queremos que a vida nos mostre e
nos forneça.
“O Espírito unicamente vê e ouve o que quer:
Dizemos isto de um ponto de vista geral e, em particular; com referência aos
Espíritos elevados (...)”
A percepção é um atributo do
espírito. Quanto maior o estado de
consciência do indivíduo, maior
será sua capacidade de perceber a vida, que não se limita apenas aos
fragmentos da realidade, mas sim à realidade plena.
Colocar nossa atenção nas coisas da vida é fator importante para o nosso
desenvolvimento mental, emocional e espiritual, todavia, é necessário saber direcionar
convenientemente nossa percepção e atenção no momento exato e para o lugar
certo.
Quanto mais pensarmos e voltarmos nossa atenção para as calamidades e
desastres, mais teremos a impressão de que o mundo está limitado à nossa
pessoal maneira catastrófica de vê-lo e senti-lo.
Nas oportunidades de crescimento que nos oferecem nossas experiências,
temos a possibilidade de validar e potencializar determinadas crenças e conceitos que poderão nos desestruturar
psiquicamente, levando-nos a uma verdadeira hipnose mental.
A partir disso, esquecemo-nos de visualizar o restante do mundo que nos
cerca. Passamos a viver simplesmente voltados para a opinião que adotamos como “única
verdade”, assustados e amedrontados entre constantes atmosferas de receio e
apreensão.
Em muitas ocasiões, ficamos
parados à margem do caminho, focalizando nossos conflitos, dificuldades e
problemas, deixando a vida girar em tomo deles. Colocamos nossos dilemas como peças centrais e, quando essas forças
conflitantes começam a nos ameaçar, sentimo-nos apavorados.
O resultado do medo em nossas vidas será a perda do nosso poder de
pensar e agir com espontaneidade, pois quem
decidirá como e quando devemos atuar será a atmosfera do temor que nos envolve.
Ancorados pelo receio e pela desconfiança, criamos resistências,
obstáculos e tropeços que nos impedem de avançar. Passamos, então, a não viver,
novas experiências, não receber novos pensamentos e não fazer novas amizades, estacionando e dificultando
nossa caminhada e progresso íntimo.
As sensações do medo sobrecarregam as energias dos “chakras[2]” do plexo solar e do cardíaco, provocando,
quase sempre, uma impressão de vácuo no estômago e um descontrole nas batidas
do coração. Contudo, não seríamos afetados por nenhum acontecimento de maneira
tão desgastante, se estivéssemos centrados em nós mesmos.
Nosso centro não é nossa
mente, nem nossos sentimentos ou emoções, mas é, em verdade, nossa alma — a
essência divina por meio da qual testemunhamos tudo o que ocorre dentro e fora
de nós.
Cada um vê o universo das coisas pelo que é. Vemos o mundo e as
criaturas segundo o nível de desenvolvimento da consciência em que vivemos.
Quanto maior esse nível; mais estaremos centrados e vivendo
estáveis e tranquilos. Quanto menor, mais teremos um juízo primário de
tudo e uma estreita visão dos fatos e das pessoas.
Aprendendo a focalizar e a desfocalizar nossas crises, traumas, medos,
perdas e dificuldades, bem como os acontecimentos desastrosos do cotidiano — dando-lhes a devida importância
e regulando o tempo necessário, a fim de analisá-los proveitosamente —,
teremos metas sempre adequadas e seguras que favorecerão nosso progresso
espiritual.
Não devemos jamais subestimá-los
ou ignorá-los.
Lembremo-nos de
que “a beleza não está somente nas flores do jardim, mas, antes de tudo, nos
olhos de quem as admira”.
[2] Segundo religiões orientais, como
o hinduísmo e o budismo, são centros de energia que regem a nossa estabilidade
física, intelectual, emocional e espiritual. A palavra
chakra vem do sânscrito e significa “roda”, pois se acredita que eles são
vórtices que não param de girar, agindo como antenas, recebendo e emitindo
sinais de energia vital em pontos específicos do nosso corpo.
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