O amor é um tesouro que mais se multiplica à medida que se reparte.
Alcança-se a plenitude terrena quando se consegue
amar.
Amar, sem qualquer condicionamento ou imposição,
constitui a meta que todos
devem perseguir, a fim de atingir
o triunfo existencial.
O amor é um diamante que, para poder brilhar,
necessita ser arrancado da ganga que o envolve no seu estágio primário.
Nasce do coração no rumo da vida,
expandindo-se na razão direta em que conquista espaço interno, sempre mais
expressivo e irradiante.
É realização do sentimento que se liberta do egoísmo, que se transmuda em
compaixão, em solidariedade, em compreensão.
Possuidor de emoções superiores, expressa o nível de evolução de cada ser, à medida que se agiganta.
Quando alguém empreende a
tarefa de ser aquele que ama, ocorre uma revolução
significativa no seu psiquismo, e todo ele se
transforma numa chama que ilumina sem consumir-se, numa tranquilidade que
não se altera.
Não poucas vezes, aquele
que desperta para o amor experimenta frustração e conflito, por não ser
entendido ou esperar que os resultados do seu empenho sejam imediatos e logo a
plantação de ternura seja abençoada pelas flores perfumadas da recompensa.
Trata-se, essa reflexão incorreta, de algum
remanescente ainda egoístico em torno de equivocado conceito sobre o amor.
É muito gratificante acompanhar o desenvolvimento de
qualquer empresa, observando os resultados que apresenta os frutos que produz
as gratificações que oferece.
No entanto, não é essa a resposta do empreendimento
afetivo.
Não estando às criaturas
acostumadas ao amor, mas sim à
convivência com as utopias, os interesses mesquinhos e competitivos, quando o defrontam, afligem-se, desconfiam, reagem negativamente, recusam-no. É perfeitamente natural essa
conduta, porque defluente do desconhecimento dos inexcedíveis benefícios do
amor.
Tudo quanto é inusitado
inspira suspeição. Porque alguém não se sente em condições
de amar, não acredita que outrem se encontre nesse patamar do
sentimento elevado.
O amor, porém, que insiste e persevera, termina por
vencer quaisquer resistências, porque não se impõe, não gera perturbação, não
toma, somente
oferece.
O amor torna o ser
compreensivo e dedicado,
emulando-o a prosseguir na sementeira da bondade, do bem-estar próprio e geral.
O amor é sempre mais enriquecedor para quem o cultiva e esparze-o do que para
os demais.
O amor apresenta-se em
variados matizes, que são resultados das diversas
facetas da mesma gema, refletindo a luz em tonalidades especiais, conforme o ângulo de sua
captação.
Se expressa num misto de
ternura e de companheirismo, de interesse pelo êxito do outro e de compreensão
das suas dificuldades, de alegria pelas suas conquistas e de compaixão pelos
seus desaires, de generosidade que se doa e de cooperação que ajuda.
Mesmo quando não aceito, não se entristece nem descamba em reações
psicológicas de autopiedade, preservando-se do luxo de manter ressentimento, ou
de propor o afastamento de quem o não recebe.
Pelo contrário, continua na
sua tarefa missionária de enriquecer, às vezes desaparecendo da
presença para permanecer em vibrações de doçura e de paz, sustentando o
opositor e diluindo-lhe as impressões perturbadoras.
Deve ser enunciado ou pode
manter-se em silêncio, a depender das circunstâncias,
das ocorrências, dos fenômenos que se derivam dos relacionamentos.
O importante é que se
transforme em ação paciente e protetora,
sem asfixiar nem dominar a quem quer que seja.
Nunca desfalece, quando autêntico, embora haja momentos em que
a sua luz bruxuleia um pouco, necessitando do combustível da oração que o fortalece
por vincular a criatura ao seu Criador, de Quem promana como inefável recurso
de plenitude.
Quando os
relacionamentos humanos experimentarem o estímulo do amor, os famigerados adversários da sociedade –
guerras, calamidades, fome, violência, vícios – desaparecerão naturalmente,
porque desnecessários entre os seres, em razão de os seus conflitos, agora
atenuados, não mais buscarem esses mecanismos infelizes de sobrevivência, de
exaltação do ego ou de dominação arbitrária do seu próximo.
O amor tudo pode e
tudo vence. Não se afadigando mediante a
pressa, se estende ao longo do tempo como hálito de vida que a mantém e brisa
cariciosa que a beneficia.
Onde se apresenta o amor, os espectros do ódio, do ciúme, da cizânia, da maledicência, da
perversidade, da traição, do orgulho se diluem, cedendo-lhe o espaço para a
fraternidade, a confiança irrestrita, a união, a estimulação, a bondade, a
fidelidade, a simplicidade de coração.
O amor é um
tesouro que mais se multiplica, à medida que se reparte, jamais desaparecendo,
porque a sua força reside na sua própria constituição, que é de origem divina.
Nada obstante, o amor não convive não se amolenta, não serve
de capacho para facultar a ascensão dos fracos aos estágios superiores, nem se
submete ante a exploração dos perversos e dos astutos.
É alimento do
Espírito e irradiação do
magnetismo universal.
Enquanto se deseja ser amado, embora não amando, ser compreendido, apesar de não ser compreensivo, não se
atinge a meta do desenvolvimento espiritual.
Nesse ser, que assim age, permanece a infância
psicológica que deseja auferir sem dar, desfrutar sem oferecer.
O amor compraz-se
na reciprocidade, porém, não a torna
indispensável, porque existe com a finalidade
exclusiva de tornar feliz aquele que o cultiva, enriquecendo
aquele outro a quem se dirige.
Em razão disso, é rico de valores, multiplicando-se
incessantemente e oferecendo apoio, plenificação e paz a quem o oferta e a quem
o recebe, mesmo quando ignorando, por indiferença ou desequilíbrio.
Afinal, sendo de essência divina, nunca será demasiado repetir-se que o amor é a emanação da Vida, é a alma de Deus.
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