quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

AMOR E COMPANHEIRISMO


AMOR E COMPANHEIRISMO[1]

O amor projeta o que se é naquele a quem se vincula afetuosamente.
O companheirismo fortalece-se através da vitalidade do amor.
Nem sempre transcorrerá em clima de total identidade de propósitos e de sentimentos, como é natural, pois se trata de duas ou mais pessoas outras envolvidas na afetividade, no relacionamento fraternal. Por extensão, na convivência a dois, quando os interesses se apresentam ricos de esperanças, mas o comportamento é descuidado, sem arquivos de maturidade psicológica, desfaz-se, por falta de estrutura e de profundidade.
Pensa-se que a finalidade do companheirismo é fugir-se ao tédio, à solidão, e nunca se procura nele identificar o significado do amor, os benefícios dele defluentes, as satisfações da convivência e da amizade.
Pessoas que se sentem solitárias buscam relações com o propósito de fugir do desconforto que as assalta, porque isoladas, sem campo emocional para expressar os seus estados interiores. Não obstante, pareça justa a busca, não alcança o objetivo, por tratar-se de uma fuga e não de uma realidade.
Quem assim procede, pensa apenas em receber, em vencer os conflitos, apagar os ressentimentos íntimos que guarda contra si mesmo, terminando por transferi-los para aqueles com os quais pretende identificar-se.
Somente um trabalho de autodescoberta facilita a comunicação com os demais indivíduos, porquanto, ao serem identificados os traumas e as inquietações, as ansiedades e os desejos não os transferem para os outros, procurando vencê-los em si mesmo antes que lutar contra, projetando-os como imagens detestáveis que são vistas nas pessoas a quem procura amar.
Quando se está carente de afeto e se desejam relacionamentos amorosos, o romantismo toma conta da imaginação e estabelecem-se normas de afetividade, nas quais o outro deve preencher as lacunas internas e os vazios existenciais.
Formulam-se programas de convivência exterior, como os passeios, divertimentos, refeições em restaurantes e lugares paradisíacos, teatros e cinemas, dando campo às emoções que logo passam, trazendo de volta a mesma insegurança, insatisfação e tédio...
Somente quando se é capaz de vencer os distúrbios íntimos e o autor ressentimentos, é que se pode amar e buscar relacionamentos que estejam liberados de projeções perturbadoras e de fáceis atritos desgastantes.
É comum descobrir-se pequenas coisas que são detestáveis, quando praticadas pelo ser com quem se relaciona ou a quem se afeiçoa. Não obstante, essa repulsa decorre de intolerância interior a atitudes semelhantes que a pessoa mantém e não se dá conta de como procede. Ao combater aquilo que lhe é desagradável no outro, está-se descobrindo, inconscientemente, a respeito de comportamentos iguais que vivencia e que, certamente, incomodam também ao companheiro que os silencia.
O amor no relacionamento é semelhante a um espelho, que projeta o que se é, naquele a quem se vincula afetuosamente.
Em face dessa realidade, torna-se necessário o diálogo honesto e coerente, evitando-se as brigas, que ressaltam os caprichos do ego, as imposições da personalidade dominadora.
Ninguém ama submetendo, nem se permite amar sob sujeição.
O amor é livre e se expressa em total liberdade, sem o que manifesta interesse e conveniência, normalmente de efêmera duração.
Da mesma maneira que dialoga, sabe silenciar nos momentos próprios em que o outro necessita de introspecção, de harmonia interna, de solidão saudável.
Evitando ser ruidoso, em nome da falsa alegria, também não deve permanecer em quietação, traduzindo indiferença.
Há uma medida sábia para aquilatar-se quando se está discutindo com equilíbrio ou se está impondo o tormento da desconfiança, da irritabilidade, da acrimônia. Isso se dá quando se dialoga para esclarecer e ajudar, ou quando se utiliza da palavra para ferir, para demonstrar superioridade, para magoar...
A repetição de cenas desagradáveis deixa resíduos interiores que se convertem com o tempo em ressentimento e amargura, abrindo espaços e distâncias entre as pessoas.
Inevitavelmente, momentos nos surgem quais os sentimentos do afeto e do companheirismo confundem-se, apresentando exigências e solicitando preferências pessoais.
É claro que se trata de manifestações humanas, ainda muito distantes das expressões angélicas. Isso, porém, não deve desanimar antes estimular a novos investimentos e insistentes experiências de tolerância, de compaixão e de bondade.
O amor está sempre aberto e receptivo para as comunicações emocionais, desde um olhar gentil a um gesto afável, a uma comunhão saudável e plenificadora.
Quando se ama e se busca companheirismo nos relacionamentos sociais, espirituais, há um enriquecimento interior que se expande na direção da Natureza, do mundo terrestre, do Universo...
Esse amor ao próximo, que deflui daquele que se tem por si mesmo, atinge o pórtico daquele que se deve dedicar a Deus.
Trata-se de uma emoção esplendorosa interior, que contagia o sensível e o imperceptível, o visível e o espiritual, atraindo o psiquismo dos seres elevados da Espiritualidade, que passam a compartilhar dessas vibrações e inspiram a direcioná-las em favor da humanidade em sofrimento, em carência e em desolação.
O amor é imbatível no seu objetivo e indestrutível na sua constituição, porque emana do Criador e a Ele volta.
Sempre que olhes a pessoa amada, o companheiro de que necessitas para os relacionamentos humanos, sociais e emocionais felizes, faze dela um espelho e observa como te vês nele refletido.
Não lhe exijas em demasia aquilo que não lhe ofertes em generosidade. Talvez ela não saiba retribuir, mas se permaneceres oferecendo-lhe gentileza e paz chegará o momento em que também se abastecerá de alegria e de gratidão, que são respostas do sentimento que ama.
O amor é grato e é generoso, porque felicitando, santifica e eleva a criatura do nível da necessidade ao patamar da abundância.
Ama, e mais compreenderás a bênção do companheirismo, do relacionamento gentil, pelo que experimentes e pelo que transmitas a todos aqueles que se te acerquem e compartilhem das tuas elevadas emoções.


[1] Livro: Garimpo de amor – Ditado pelo Espírito Joana de Angelis, psicografia de Divaldo P. Franco, Edit. LEAL. Todos os grifos, numeração, coloridos, negritos, sublinhados e itálicos: é de autoria da redação do Jornal A FAGULHA, quanto aos nossos estudos destes artigos.
Fonte da imagem:  http://www.pensapositivo.com.br/pp/Mensagem/946/50/Companherismo

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