O amor contribui
para o comportamento
ditoso daquele que o cultiva.
O treinamento do
amor na conduta torna-se indispensável para que se desenvolva e alcance níveis
elevados de emoção.
O amor não surge
concluído, em condições de esparzir suas vibrações em clima de plenitude. É
resultado de esforço e conquista de que paulatina-mente se enriquece,
conseguindo estabelecer fronteiras nas paisagens íntimas do ser humano. É uma
força irresistível que necessita ser bem canalizada a fim de produzir os
resultados opimos a que se propõe.
Por isso, ninguém
pode esperar que surja poderoso, de inopino, arrebatando, ao mesmo tempo
felicitando.
Quando assim
ocorre, trata-se de impulso inicial da sua manifestação, ainda arraigada aos
desejos e aspirações pessoais, que anelam pela permuta de interesses
imediatistas, longe do significado real que o deve caracterizar.
É um
empreendimento emocional-espiritual muito específico, que exige o combustível
da ternura e da afabilidade, para poder compreender e desculpar toda vez quando
convidado a envolver as pessoas com as quais se convive.
À medida que se
instala no homem e na mulher, altera-lhes o comporta-mento para melhor,
dulcificando-lhes a existência mesmo quando esta se encontra sob os camartelos
dos sofrimentos e das dificuldades. Suaviza a aspe-reza da jornada e contribui
em favor da alegria que deve ser preservada, mesmo que a peso de sacrifícios.
O amor não se
deixa impressionar pela aparência física ou pelos atributos pessoais de outrem,
embora, de alguma forma, esses possam contribuir em favor dos primeiros passos,
como o fascínio, a aproximação, o intercâmbio afetivo, definindo-se depois pela
própria qualidade de que se reveste.
Desdobra-se na
convivência ou não com as pessoas que lhe recebem o alento, jamais diminuindo
de intensidade por multiplicar-se largamente em todas as direções.
Pode-se amar a um
número incontável de pessoas, com qualidade especial em relação a cada uma, sem
que haja predominância de alguém em detrimento das demais. A sua chama nunca se
apaga, porque não se consome antes auto sustenta-se com o combustível da
alegria em que se expressa.
Nos relacionamentos agressivos e imprevistos da sociedade hodierna, como
de outros passados tempos, não se influencia negativamente, corrompendo-se ou
diluindo os vínculos, porque nada exige, possuindo a capacidade de compreender
as dificuldades que sempre surgem, revigorando-se à medida que se doa.
O amor é otimista e sempre atuante, contribuindo eficazmente para o
comportamento ditoso daquele que o cultiva. Jamais agredindo, estimula os
neurônios cerebrais à produção de moléculas propiciatórias à saúde e ao
bem-estar, para evitar que os mesmos sejam bombardeados por toxinas
procedentes do sentimento da amargura, do ressentimento, da revolta, do ódio...
Envolvente, é suave como um amanhecer e poderoso como a força ciclópica
da própria vida.
Não se desnatura, quando não recebido conforme é do seu merecimento, nem
se rebela, porque desdenhado. Mantém-se paciente e tolerante, por entender que
o outro, aquele a quem se dirige, encontra-se doente, destituído de
sensibilidade para recebê-lo.
A vigência do amor é o recurso mais hábil para uma real mudança de conduta
da sociedade, que passaria a viver de maneira mais consentânea com as
conquistas da Ciência e da Tecnologia, utilizando-se desse extraordinário
contributo da evolução para tornar a existência terrestre muito mais feliz e menos
preocupada.
Na raiz da crueldade e do crime encontramos o amor ausente naquele que
se deixa arrastar pela loucura, que o não recebeu e não foi impregnado pela sua
vitalidade prazenteira. Pelo contrário, acumularam resíduos de ira, de maus
tratos, de indiferença e de perseguição, que se encarregaram de asfixiar
quaisquer possibilidades de vivência da compaixão e da misericórdia, que são
filhas diletas do amor.
Complexos de culpa e de inferioridade, rebeldia sistemática, amargura
continuada, destemia contumaz são os frutos espúrios de uma existência sem
amor, que se desenvolveu longe da esperança e da compreensão.
Esse coração sempre esteve fechado à irradiação do sol do amor, que não
conseguiu penetrar-lhe a intimidade, alterando-lhe a pulsação emocional.
É necessário que se abram os sentimentos à sua presença, de forma que
qualquer lampejo produza claridade interior, estimulando ao aumento de luminosidade.
Exercitando-se a vivência das suas vibrações, aumenta-se a capacidade de
senti-lo e expressá-lo nas mais diversas situações.
Ao mesmo tempo, especial bem-estar domina o comportamento, proporcionando
emoções enobrecidas e aspirações elevadas que objetivam a harmonia geral.
Quando alguém ama, o mundo começa a transformar-se. Basta que esse
sentimento seja direcionado, indiscriminada ou especificamente, em favor de
alguém e logo ocorre uma real mudança na psicosfera do indivíduo, que se
irradia em toda as direções, modificando a estrutura perturbadora e desconfiada
que por acaso exista à sua volta.
Conforme o Sol é sempre novo em cada amanhecer e sua luminosidade
enriquece de luz e calor a Terra, o amor esplende de beleza e de vitalidade a
cada momento em que se expande. Se houver noite moral, ele se torna claridade
fraternal; se permanece a suspeita, ele oferta segurança; se campeia o
desencanto, ele faculta a confiança, porquanto a todos aquece com o vigor da
bondade e da paz.
Dizem os escritos evangélicos que Deus amou tanto ao mundo e à Humanidade,
que ofereceu o Seu Filho, a fim de que, crendo n’Ele, todos encontrassem paz e
felicidade.
Também se pode dizer que, amando-O, todos desfrutarão de equilíbrio e
ventura.
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