UM POUCO SOBRE JESUS – O CRISTO
DE DEUS
CONSIDERAÇÕES SOBRE
A DIVINDADE E EXISTÊNCIA DE JESUS
PERGUNTA: — Que dizeis a respeito do dogma católico, que afirma ter sido Jesus o
próprio Deus encarnado, feito homem para salvar a humanidade?
RAMATÍS: — Em verdade, Jesus é o
Espírito mais excelso e genial da Terra, da qual é o seu Governador Espiritual.
Foi também o mais sublime, heroico e inconfundível Instrutor entre todos os
mensageiros espirituais da vossa humanidade. A sua encarnação messiânica e a
sua paixão sacrificial tiveram como objetivo acelerar, tanto quanto possível, o
ritmo da evolução espiritual dos terrícolas, a fim de proporcionar a redenção
do maior número possível de almas, durante a "separação do joio e do
trigo, dos lobos e das ovelhas", no profético Juízo Final já em consecução
no século atual.
PERGUNTA: — Podereis referir alguns aspectos e detalhes, quanto
ao critério dessa separação em duas ordens distintas?
RAMATÍS: — O "trigo" e as
"ovelhas" simbolizam os da "direita" do Cristo: são os
pacíficos, altruístas, humildes e compassivos, representantes vivos das
sublimes bem-aventuranças do Sermão da Montanha. O caso é semelhante ao que se
processa num jardim, quando o jardineiro decide arrancar as ervas daninhas que
asfixiam as flores; e, em seguida, aduba a terra, a fim de obter uma floração
sadia e bela.
O outro grupo de espíritos situados à
"esquerda" do Cristo, referidos na profecia como sendo o
"joio" ou os "lobos", compõem-se dos maus, dos cruéis,
avarentos, irascíveis, orgulhosos, egoístas, hipócritas, luxuriosos ou
ciumentos. Semelhantes à erva daninha do jardim, eles serão "arrancados"
ou "excluídos" da Terra para um planeta inferior, compatível com suas
paixões e vícios. No entanto, como o Pai jamais perde uma só ovelha do seu
rebanho, tais "esquerdistas", depois de "limpos" ou
"redimidos" no exílio planetário purgatorial, regressarão à sua velha
morada terrena para harmonizar-se à sua humanidade.
Conseqüentemente, os exilados da Terra sentir-se-ão
"estranhos" no planeta para onde foram expulsos; e, em certas horas
de nostalgia espiritual, criarão também a lenda de um Adão e Eva enxotados do
Paraíso, por haverem abusado da "árvore da vida”. Então, no astro-exílio
surgirá uma versão nova da lenda dos "anjos decaídos", como já
aconteceu há milênios, na Terra, por parte dos exilados de outros orbes
submetidos a juízo final semelhante. E quando esses expatriados voltarem a
reencarnar na Terra, que é a sua "casa paterna", então o Pai se
rejubilará!
No Terceiro Milênio, a Terra será promovida a um grau
sideral ou curso espiritual superior, algo semelhante ao ginásio do currículo
humano, cujos inquilinos ou moradora; serão os espíritos graduados à
"direita" do Cristo, conforme João diz no seu Apocalipse (Cap. XXI,
vers. 27): — "Não entrará nela (Terra) coisa alguma contaminada, nem quem
cometa abominação ou mentira, mas somente aqueles que estão escritos no livro
da vida do Cordeiro". Em verdade, no Terceiro Milênio,
só entrarão na Terra, pela "porta" da reencarnação, os
espíritos devidamente ajustados ao Evangelho de Jesus, no simbolismo das
"ovelhas", do "trigo" e dos "direitistas".
PERGUNTA: — Qual uma ideia mais ampla, quanto a Jesus ser o
"Salvador" dos homens, conforme aludistes há pouco?
RAMATÍS: — As profecias do Velho
Testamento sempre se referiram a um Messias, eleito de Deus,
"Salvador" da humanidade terrena e libertador do Povo de Israel,
cativo dos romanos. Mas os profetas não explicaram qual seria a natureza dessa
"salvação" nem deixaram quaisquer indicações que pudessem esclarecer
os exegetas modernos. No entanto, a humanidade do século XX já está capacitada
para entender o sentido exato do vocábulo "Salvador", e também
qual é a natureza da tarefa de Jesus junto aos homens.
O seu Evangelho, como um "Código Moral" dos
costumes e das regras da vida angélica, proporciona a "salvação" do
espírito do homem, libertando-o dos grilhões do instinto animal e das ilusões
da vida material. Essa "salvação", no entanto, ainda se amplia noutro
sentido, porque os redimidos ou "salvos" dos seus próprios pecados
também ficam livres da emigração compulsória para um planeta inferior, cujo
acontecimento já se processa na vossa época, simbolizado pelo "Fim dos
Tempos" ou "Juízo Final"!
“Os evangelizados ou “salvos” das algemas das paixões
da animalidade devem corresponder ao simbolismo do “trigo”, da -’ovelha” ou da
"direita" do Cristo, a fim de ficarem desobrigados de uma emigração
retificadora para outro orbe inferior, sendo-lhes permitido reencarnar-se na
Terra, participando da humanidade sadia e pacífica predita para o Terceiro Milenio2. Em conseqüência, a humanidade futura será composta
dos "escolhidos" a "direita" do Cristo e perfeitamente
integrados no seu Evangelho redentor.
PERGUNTA: — Qual a outra afirmação da Igreja Católica, de que
Jesus era o "Filho de Deus", como a segunda pessoa da Santíssima
Trindade manifesta na carne?
RAMATÍS: — Jesus nunca afirmou que
era o próprio Deus manifesto na segunda pessoa da Santíssima Trindade, nem se
pronunciou diferente da natureza dos demais homens. Mas deixou bem claro a sua
condição de irmão de todos os homens e filhos do mesmo Deus, quando por
diversas vezes assim se dirigiu aos seus discípulos: "Eu vou a meu Pai e a
vosso Pai, a meu Deus e a vosso Deus". B' evidente, nesse conceito, que
ele se referia a Deus como o Pai de todos os homens; e a todos os homens como
filhos desse mesmo Deus.
PERGUNTA: — Poderíeis citar-nos algum fato ou versículo do Novo
Testamento, comprovando-nos o fato de Jesus não ser o próprio Deus encarnado?
RAMATÍS: — Deus, o Absoluto, o
Infinito, jamais poderia ser enclausurado ou "comprimido" nas
limitações da forma humana, assim como um pequeno lago não pode suportar e
conter o volume das águas do oceano!
A Terra, planeta de educação primária a se mover entre
bilhões de outros planetas mais evoluídos, jamais poderia justificar a
derrogação das leis do Universo Moral, no sentido de o próprio Deus tomar a
forma humana, para "salvar" a humanidade terrícola, ainda dominada
pela cupidez, sensualidade, avareza, ciúme e orgulho! Isso seria tão absurdo,
como se convocar um sábio da categoria de Einstein para ensinar os rudimentos
da aritmética aos alunos primários!
Deus jamais precisaria encarnar-se na Terra para
despertar os terrícolas, quanto aos objetivos superiores da vida imortal. A
revelação espiritual não se faz de chofre; ela é gradativa e prodigalizada
conforme o entendimento e o progresso mental dos homens. Assim, em épocas
adequadas, baixaram à Terra instrutores espirituais como Antúlio, Numu, Orfeu,
Hermes, Crisna, Fo-Hi, Lau Tse, Confúcio, Buda, Maharshi, Ramacrisna, Kardec e Ghandi, atendendo particularmente às características
e aos imperativos morais e sociais do seu povo. Jesus, finalmente sintetizou
todos os conhecimentos cultuados pelos seus precursores, e até por aqueles que
vieram depois dele. O seu Evangelho, portanto, é uma súmula de regras e de leis
do "Código Espiritual", estatuído pelo Alto, com a finalidade de
promover o homem à sua definitiva cidadania angélica.
Aliás, é Jesus quem nos comprova não ser ele o próprio
Deus, porquanto do alto da cruz, num dos seus momentos finais significativos,
exclamou: — "Pai! Perdoai, pois eles não sabem o que fazem"! Por
conseguinte, é absolutamente lógico e evidente que a sua súplica ao Pai,
rogando pelos seus algozes, demonstra a existência na cruz do martírio de um
"filho espiritual", feito homem e não o próprio Deus!
Se Jesus fosse o próprio Céu feito carne, por que
então ele se dirigiu a um Pai que, sem dúvida, estava nos Céus?
PERGUNTA: — Somos de opinião que.Jesus, apesar de toda sua
capacidade espiritual e graduação angélica, gozava de uma assistência
excepcional do Alto. Essa designação de "Filho de Deus" devia
referir-se mais propriamente ao fato dele exercer uma atividade incomum na
Terra. Não é assim?
RAMATÍS: — Não foi a condição
excepcional da "Filho de Deus", como um ser divino e acima da
contextura humana dos terrícolas, nem o efeito de uma assistência privilegiada,
o sustento de Jesus na sua obra redentora, mas a sua fé ardente e convicção
inabalável em favor da humanidade terrena. Ele já possuía em si mesmo, por
força de sua hierarquia espiritual, a ventura ou a paz tão desejada pelo homem
terreno. O êxito absoluto na sua tarefa salvacionista não dependeu de proteções
celestiais privilegiadas; mas, do seu amor intenso e puro, de seu afeto
desinteressado e incondicional para com o homem! Essas virtudes expandiam-se
naturalmente de sua alma e contagiavam quanto o cercavam, assim como o cravo e o
jasmim não pode evitar que o perfume inerente à sua natureza floral também se
desprenda sobre as demais flores do jardim!
Jesus não tinha dúvidas quanto à realidade do
"Reino de Deus" a ser fundado entre os homens, porque esse ideal era
manifestação espontânea de sua própria alma, já liberada da roda viciosa das
encarnações planetárias. Nada mais o atraía para os gozos e os entretenimentos
da vida carnal! Todo o fascínio e convite capcioso do mundo exterior não
conseguiam aliciá-lo para o seu reinado "cesariano", ou fazê-lo desistir
daquele "reino de Deus", que ele pregava ao homem, no sentido de
"salvá-lo" da ilusão e do cativeiro carnal!
A tarefa messiânica de Jesus desenrolava-se sem
quaisquer hesitações de sua parte, sustentada pela vivência superior do seu
próprio espírito. A sua presença amiga e o seu semblante sereno impressionavam
a todos os ouvintes, quer fossem os apóstolos, discípulos, simpatizantes,
homens do povo ou até inimigos!
Assim como o calor revigora o corpo enregelado, sua
presença semeava o ânimo e a esperança, fazendo as criaturas esquecerem os
próprios interesses da existência humana. A fonte que mitiga a sede dos
viandantes não precisa de "interferências misteriosas" para aliviar
os sedentos; ela já possui o atributo refrescante como condição inerente à sua
própria natureza. Jesus também era uma fonte sublime e abençoada de "água
espiritual", sempre pronta a mitigar a sede de afeto, de alegria e de
esperança dos peregrinos da vida terrena, sem usar de armas agressivas, de
moedas, de recursos políticos, de credenciais acadêmicas para divulgar a
"Boa Nova" ! Em vez de recrutar os seus discípulos entre os doutos e
os ricos, escolheu-os entre os pescadores rudes e Ignorantes, porém honestos e
sinceros. Espírito magnânimo e sábio, embora humilde, ninguém poderia superá-lo
ou vencê-lo no ambiente terráqueo, pois sua aura excelsa, radiante de luz,
embora imperceptível aos sentidos dos que o cercavam, traçava fronteiras
defensivas contra as más intenções e os maus pensamentos dos seus detratores.
PERGUNTA: — Porventura Jesus também evoluiu de modo idêntico aos
demais homens, conforme vos referistes às suas encarnações noutros mundos?
RAMATÍS: — Jesus também foi imaturo
de espírito e fez o mesmo curso espiritual evolutivo através de mundos
planetários, já desintegrados no Cosmo. Isso foi há muito tempo, mas decorreu
sob o mesmo processo semelhante ao aperfeiçoamento dos demais homens. Em caso
contrário, o Criador também não passaria de um ente injusto e faccioso,capaz de
conceder privilegias a alguns de seus filhos preferidos e deserdar outros menos
simpáticos, assemelhando-se aos políticos terrenos, que premiam os seus
eleitores e hostilizam os votantes de outros partidos. Em verdade, todas as
almas equacionam sob igual processo evolutivo na aquisição de sua consciência
espiritual e gozam dos mesmos bens e direitos siderais!
Jesus alcançou a angelitude sob a mesma Lei que também
orienta o selvagem embrutecido para a sua futura emancipação espiritual,
tornando-o um centro criador de novas consciências no seio do Cosmo. Ele forjou
a sua consciência espiritual sob as mesmas condições educativas do bem e do
mal, do puro e do impuro, da sombra e da luz, tal qual acontece hoje com a
vossa humanidade! Os orbes que lhe serviram de aprendizado planetário já se
extinguiram e se tornaram em pó sideral, mas as suas humanidades ainda vivem
despertas pelo Universo, sendo ele um dos seus venturosos cidadãos.
PERGUNTA: — Alguns espíritas afirmam que a evolução de Jesus
processou-se em linha reta. Podeis esclarecer-nos a esse respeito?
RAMATÍS: — Essa afirmação não tem
fundamento coerente, pois a simples presunção de Jesus ter sido criado
espiritualmente e com um impulso de inteligência, virtude ou sabedoria inata,
constituiria um privilégio de Deus a uma alma de sua preferência! Isso desmentiria
o atributo divino de bondade e Justiça infinitas do próprio Criador. Aliás, não
há desdouro algum para o Mestre ter evoluído sob o regime da mesma lei a que
estão sujeitos os demais espíritos, pois isso ainda confirma a grandeza do seu
espírito aperfeiçoado pelo próprio esforço. Nenhum espírito nasce perfeito, nem
possui qualquer sentido especial para a sua ascese espiritual à parte; todos
são criados simples e ignorantes, cuia consciência ou "livre
arbítrio" se manifesta através do "tempo-eternidade", mas sem
anular o esforço pessoal na escalonada da angelitude.
E Jesus não fugiu á essa regra comum, pois forjou a
sua consciência de Amor e Sabedoria Cósmica ao nível dos homens, lutando,
sofrendo e aprendendo os valores espirituais no intercâmbio dos mundos
materiais. Ele tornou-se um ente sublime porque se libertou completamente das
paixões e dos vícios humanos; mas não se eximiu do contato com as impurezas do
mundo carnal! A sublimidade da flor não reside apenas na sua conformação
formosa, mas, acima de tudo, na sua capacidade de transformar detritos dos
monturos em cálices floridos e odoríferos!
Assim como é impossível a um professor analfabeto
ensinar os alunos ignorantes do ABC, Jesus também não poderia prescrever aos
homens a cura dos seus pecados, caso ele já não os tivesse vivido em si mesmo!
Justamente por ele ter sofrido do mesmo mal, então conhecia o medicamento capaz
de curar a enfermidade moral da humanidade terrena! ... Jesus, alhures, já foi
um pecador como qualquer homem do mundo; porém, ele venceu as ilusões da vida
carnal, superou a coação implacável do instinto animal e seu coração
transbordante de Amor envolve todos os cidadãos da Terra!
PERGUNTA: — Que dizeis de certos autores, alguns sinceros e
outros apenas talentosos, quando asseguram que Jesus foi apenas um
"mito" e jamais existiu fisicamente no seio da humanidade terrena?
RAMATÍS: — E' indiscutível que Jesus
não só comprovou as predições do Velho Testamento, como ainda correspondeu
completamente às esperanças do Alto na sua missão espiritual junto aos
terrícolas. Os profetas tentaram comunicar aos judeus as premissas principais
da identificação do Messias, assim como o tempo de sua vinda ao orbe, pois
asseguraram que Israel seria o povo eleito para tal evento tão importante. Conforme
as predições de Isaías (Cap.II, vers. 6 a 8), depois do advento do Salvador,
todas as coisas se ajustariam, pois até o "cordeiro se deitaria com o
lobo, o leão comeria a palha junto ao boi e um pequeno menino conduziria as
feras". E as profecias ainda advertiam a raça de Israel, eleita para o
advento do Messias, quanto à sua queixa, mais tarde, ao exclamar que "o
povo para o qual viera, não o conhecera". Corroborando tal predição, os
judeus de hoje ainda adoram Moisés, profeta irascível, vingativo e até cruel; e
olvidam Jesus, pleno de amor, bondade e renúncia, porque, realmente,
"ainda não reconheceram o seu verdadeiro Messias"!
Efetivamente, causa estranheza o fato de certos
autores ainda considerarem Jesus um mito ou embuste religioso, e lhe negarem a
vida física e coerente na Terra. Em verdade, Jesus é justamente o ser cada vez
mais vivo entre os homens; pois a sua doutrina, crescendo em todos os sentidos,
já influencia até os povos afeiçoados aos credos de outros instrutores. Se o
fulgor da Roma de Augusto ofuscou os historiadores da época, fazendo-os ignorar
a figura de Jesus, isso não o elimina da face da Terra, nem o desfiguram as
lendas semelhantes já atribuídas a Adonis, Crisna, Buda, Orfeu, Átis, Osiris,
Dionísio ou Mitras. Apesar das inequívocas referências históricas sobre Aníbal,
Júlio César, Carlos Magno ou Napoleão; ou mesmo sobre filósofos excepcionais,
como Sócrates, Platão, Epicuro, Aristóteles, Spinoza ou Marco Aurélio, eis que
Jesus, o "mito", sobrepuja, em celebridade, a todos esses homens
famosos!
Por que Jesus, o "mito", supera a realidade
e vive cada vez mais positivo e imprescindível no coração da humanidade*
terrena, enquanto famosos personagens "históricos" arrefecem no seu
prestígio através dos tempos? Em verdade, os homens já experimentaram todas as
filosofias, reformas religiosas e todos os códigos morais e sociais, e, no
entanto, não lograram uma solução definitiva para os seus problemas
angustiosos. A humanidade terrena do século XX, cada vez mais neurótica e
desesperada, pressente a sua derrocada inevitável, ante o requinte e a fúria
dos mesmos conflitos odiosos e guerras fratricidas do passado! Os homens da
caverna não evoluíram nem se humanizaram; apenas trocaram o tacape pelo
revólver de madrepérola, ou o porrete pela metralhadora eletrônica! Matava-se a
pedras e paus, um de cada vez; hoje, mata-se urna civilização derretendo a sob
o impacto da bomba atômica! Paradoxalmente, não é a cultura e a experiência
real transmitidas pela História o fundamento convincente para solucionar os
problemas humanos tão aflitivos na atualidade. As criaturas estão tomadas pela
desconfiança; duvidam da ciência que lhes dá o conforto material, mas não lhes
ameniza a angústia do coração; descreem de todas inovações sociais e educativas,
que planejam um futuro brilhante mas não proporcionam a paz de espírito! No
entanto, Jesus, o "mito" esquecido pela história profana, ainda é o
único medicamento salvador do homem moral e psiquicamente enfermo do século
atual! Só o seu Amor e o seu Evangelho poderão amainar as paixões humanas e
harmonizar os seres numa convivência pacífica e jubilosa! Se Jesus fosse fruto
da fantasia religiosa, então teríamos de concordar com a inversão de todos os
valores do conhecimento humano, a ponto de não distinguirmos o fantasioso do
real! Que força poderosa alimentou a vivência desse Mestre Cristão
"imaginário", fazendo-nos reconhecer-lhe um porte moral e espiritual
do mais alto quilate humano? Qualquer homem pode negar a existência de Jesus;
porém, jamais há de oferecer ao mundo conturbado e corrupto uma solução mais
certa e mais eficaz do que o seu Evangelho!
PERGUNTA: — Existe alguma fonte histórica que anotou a figura de
Jesus?
RAMATÍS: — Alguns estudiosos
confiaram na referência feita por Josefo, na sua obra "Antiguidade dos
Judeus", 93 anos depois de Cristo, aceitando como relato histórico da
autenticidade do Mestre Galileu a seguinte passagem: "Nesse tempo viveu
Jesus, um homem santo, se homem pode ser chamado, porque fez coisas admiráveis,
que ensinou aos homens; e inspirado recebeu a Verdade. Era seguido por muitos
judeus e muitos gregos. Foi o Messias".
Mas, a nosso ver, as provas mais autênticas da vida de
Jesus são as referências à perseguição aos "cristãos", isto é, os
seguidores do Cristo! Havendo cristãos martirizados por <e recusarem a
abandonar a doutrina do seu líder Jesus, cujos fatos foram registrados pela
História, conclui-se que o Mestre Jesus não foi um mito, mas uma figura real,
malgrado i ausência de apontamentos históricos. Quanto à existência dos
cristãos e do seu martírio, basta consultar as obrais e anotações de Plínio, o
Moço, Suetônio, Tácito e outros da mesma época.
Também se pode considerar um relato autêntico a carta
enviada a Tibério, pelo senador Públio Lentulo, quando presidente da Judéia,
narrando a existência de "um homem de grandes virtudes chamado Jesus, pelo
povo inculcado de profeta da verdade e pelos seus discípulos de filho de Deus.É
um homem de justa estatura, muito belo no aspecto; e há tanta majestade no Seu
rosto, obrigando os que o vêem a amá-lo ou a temê-lo.Tem os cabelos cor de
amêndoa madura, são distendidos até as orelhas; e das orelhas, até as espáduas;
são da cor da terra, porém, reluzentes. Ao meio da sua fronte, uma linha
separando os cabelos, na forma em uso pelos nazarenos. Seu rosto é cheio; de
aspecto muito sereno; nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face; o nariz e a
boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, semelhante aos cabelos, não muito
longa e separada pelo meio; seu olhar é muito afetuoso e grave; terá os olhos
expressivos e claros, resplandecendo no seu rosto como os raios do sol; porém,
ninguém pode olhar fixo o seu semblante, pois se resplende, subjuga; e quanto
ameniza, comove até às lágrimas ! Faz-se amar e é alegre; porém, com gravidade.
Nunca alguém o viu rir, mas, antes, chorar".
PERGUNTA: — Sob a vossa opinião, quais são as fontes não
históricas, mas autênticas, para informarem sobre a existência de Jesus?
RAMATÍS: — Sem dúvida, a fonte mais
autêntica não histórica é a narrativa dos quatro evangelistas, apesar de
interpolações e dos retoques que sofreu, inclusive também quanto a algumas
contradições existentes entre os próprios narradores. Mas é fonte idônea, porque
manteve a unidade psicológica e os propósitos messiânicos do espírito de Jesus.
Entre os quatro evangelistas, dois deles foram testemunhas oculares dos
acontecimentos ali narrados; e, por isso, mostram-se vivos e naturais nos seus
relatos; os outros dois interrogaram minuciosamente as testemunhas que
presenciaram as atividades de Jesus ou delas participaram na época. Superando
as interpolações perceptíveis a uma analisa percucientes os quatro evangelistas
se mostram imparciais, singelos e seguros, pois eles narram os fatos
diretamente, sem muitas divagações.
Há nos seus relatos um grande espírito de honestidade
e de certeza absoluta naquilo que foi a vida de Jesus. Certamente existem algumas
diferenças quanto à movimentação da pessoa do Mestre nos escritos dos quatro
evangelistas*, mas não há dúvida alguma no tocante à sua existência real.
Outras provas da evidência são as cartas ou epístolas atribuídas a Paulo, as
quais possuem a força comunicativa das suas atividades cristãs e transmitem o
odor refrescante da "Boa Nova" e do "Reino de Deus"
apregoados por Jesus!
Evidentemente, os historiadores não se preocupam em
focalizar a pessoa de Jesus, por achá-la de pouca importância na época, pois se
tratava de um simples carpinteiro, arvorado em rabino, e a pregar estranha
moral num mundo conturbado pelas mais violentas paixões e vícios! A história
jamais poderia prever no seio da comunidade de tantos rabis insignificantes da
Palestina, que um deles se tornaria o líder de milhões de criaturas nos séculos
vindouros, pregando somente o amor aos inimigos e a renúncia aos bens do mundo,
cm troca de um hipotético "reino celestial".
Além disso, Jesus era filho da Galileia
, uma terra de
homens ignorantes e rudes, coletividade de gentios, indignos de figurarem na
história. No entanto, malgrado essas deficiências, Jesus projetou-se além dos
séculos testemunhado pelos homens que o conheceram e pelos discípulos
integrados em sua vida messiânica. Ninguém duvida da existência de Pedra e
Paulo de Tarso; nem dos encontros do próprio Paulo com Pedro, Tiago e João. As
próprias divergências e lumes existentes nas relações desses apóstolos,
competindo para se mostrarem mais dignos do Mestre Jesus, já desencarnados,
chegaram até o vosso século sem perder a sua autenticidade! Paulo refere-se à
última ceia e à crucificação de Jesus, como se tivesse realmente participado de
tais acontecimentos tão dramáticos para a humanidade.
Enfim, as contradições encontradas entre os próprios
evangelistas são apenas de minúcias, pois não modificam a inexistência das
narrativas, e ali Jesus permanece de um modo fiel e coerente. E' inadmissível
que no curto espaço de uma geração, homens ignorantes, rudes e iletrados,
pudessem inventar uma personalidade tão viva e inconfundível em sua contextura
moral, como foi Jesus! Em verdade, a força do Amor e o espírito de
confraternização manifestos na sua mensagem influíram sobre milhares de
criaturas até aos nossos dias, impondo a existência lógica e indiscutível de
Jesus, ou então outro homem deve substituí-lo! Afaste-se Jesus da autoria do
Evangelho, por que ele não figura na história profana de modo convincente, e a
humanidade terá de criar outro "mito", ou outro homem, para então justificar
esse "Código Moral" de profunda beleza espiritual!
De todos os acontecimentos narrados pela própria
História, Jesus ainda é a figura mais fascinante e convincente para nos
condicionar a uma vida espiritualmente elevada. Jamais houve qualquer lenda ou
narrativa a consumir tantas páginas em milhares de obras, capaz de atrair tanto
interesse e admiração à consciência do homem terreno.
Indubitavelmente, quanto mais os ateus e outros
negadores se empenham em "extinguir" ou apagar a figura do Jesus,
mais ele se impõe acima de todas as dúvidas, sobrepuja a própria História e mais vibra no
coração dos crentes. Por conseguinte, é vã e tola qualquer pretensão de negar a
sua existência, pois a despeito de todas as negativas, ele sempre ressurge
irradiando luz e amor, na tela viva da consciência humana!
PERGUNTA: — Outros escritores expõem dados históricos e
descrevem Jesus como um "sedicioso" incurso nas leis penais da época,
cuja doutrina sob sua chefia fracassou ante os poderes judeus e romanos
constituídos em Jerusalém. Que dizeis?
RAMATÍS: — Basta o conteúdo do
Evangelho vivido e ensinado por Jesus, para desmentir qualquer afirmativa
quanto a ele ter sido deliberadamente um rebelde ou sedicioso. Jamais o Mestre
Cristão desejou alguma coisa do mundo material, cuja vida terrena foi
centralizada exclusivamente em torno dos bens imperecíveis do espírito eterno
Ele viveu trinta e três anos na face da Terra sem ater-se a quaisquer
interesses mundanos; e ninguém poderá inculpá-Io de um só fato ou
empreendimento egoísta, que lhe tenha dado relevo pessoal no ambiente político
ou sacerdotal do mundo. Nasceu e desencarnou extremamente pobre, encerrando
seus dias heroicos sem valer-se dos favores ou conluios com os poderosos da
época.
O homem sedicioso é sempre um rebelde, um
inconformado, pois é criatura ávida do poder temporal e da exaltação sobre os
seus conterrâneos. Os grandes sediciosos ou Indisciplinados que a a História
nem sempre registra com carinho e gratidão, chamaram-se Davi, Átila,
Gengis-Kan, Asoka, Alexandre, Aníbal, Tito, César, Carlos Magno, Ivã o
Terrível, Napoleão, Kaiser, Stalin, Hitler, Mussolini e outros, os quais,
juntamente com certas qualidades excepcionais, como a obstinação, capacidade de
comando, arrojo, ambição e estratégia, manifestaram também os pecados do
orgulho, da crueldade, pilhagem, vingança ou libidinosidade!
Sem dúvida, alguns desses homens foram gênios ou
heróis; outros, apenas loucos ou paranóicos. Não contestamos que tenham
influído ou modificado os destinos dos povos no transcorrer de uma época, pois
a Suprema Lei faz surgir o bem dos destroços do próprio mal, aproveitando a
impetuosidade, paixão selvagem, cobiça ambição e o arrojo dos sediciosos, para
efetuar as grandes transformações históricas e sociais no mundo. Escravos dos
desejos de glórias ou de riquezas, muitas vezes eles abriram as comportas da
dor e do sofrimento para os seus próprios comparsas das vidas passadas, agindo
como os carrascos implacáveis nas provas de resgate Cármino do pretérito.
Examinando as tropelias sangrentas narradas no Velho Testamento, podemos
certificar-nos do imenso número de soldados, comparsas e aventureiros judeus,
que naquela época praticaram as mais bárbaras atrocidades. No entanto, sob o
gládio da justiça divina, eis que eles retornaram à carne travestido ainda na
figura de judeus, porém, humilhados e vítimas dos nazistas nos famigerados
campos de concentração e em mortes cruéis, para resgatar os débitos clamorosos
do pretérito!
Mas a Lei aproveita esses homens atrabiliários e
cruéis e os mobiliza como matéria-prima para trazer o Bem pelo Mal, pois eles
aproximam povos, fundem fronteiras, derrubam tiranias, extinguem feudos
seculares, sacodem o pó das velhas dinastias, abrem clareira para novas
relações humanas, proporcionando o ambiente eletivo para novos ensaios
políticos e sociais de vida entre os sobreviventes. Durante a revolução
francesa cometeram-se as mais bárbaras atrocidades e injustiças sob o slogan
esperançoso de "Liberdade, Fraternidade e Igualdade". A pilhagem
foi organizada e oficializada pelos poderes dominantes; dela não se
beneficiaram apenas os pobres e os injustiçados, mas também os oportunistas, os delinquentes e os facínoras, espécie de corvos adejando sobre a carniça! Mas,
paradoxalmente, desse movimento sangrento e sarcasticamente amparado pelos
próprios conceitos da moral superior, nasceram os princípios que depois
consolidaram urna jurisprudência mais digna e a soberania popular pela doutrina
da Democracia!
Quantas vezes surgem da ralé, indivíduos
inexpressivos, que se projetam no furor dos empreendimentos e das tropelias
sangrentas, ávidos de gloriosas mundanas e festejados pelas multidões tolas,
dominados pelo cabotinismo e pela paranoia
perigosa? Servis, incultos,
temerosos, enfermiços., frustrados, miseráveis e impotentes, depois se tornam
monstros, bárbaros, impiedosos, cínicos, irascíveis, brutos e orgulhosos,
quando são guindados ao poder absoluto, passando a desforrar-se dos mínimos
vexames e ressentimentos que acumularam durante os seus dias inexpressivos e
desfavoráveis?
No entanto, Jesus sempre foi criatura pacífica, de
atitudes claras e honestas, esclarecendo que o seu "reino não era deste
mundo", e cuja conduta não era dúbia, nem capciosa, jamais se assemelhando
a qualquer sedicioso do mundo Nunca praticou em sua vida qualquer ato de
rebeldia, desforra ou crueldade que pudesse nivelá-lo à conduta dos homens
despóticos e belicosos! O seu bom senso sempre aconselhava aos homens "dar
a César o que é de César; e a Deus o que é de Deus"; a sua autoridade
espiritual merece o culto de todas as escolas espiritualistas do mundo; que lhe
cultuam a memória na conta de um elevado Mestre! Os esoteristas, teosofistas,
rosa-cruzes e iogas reconhecem Jesus como entidade já liberada do Jugo do
Carma, um "Avatar" ou Instrutor Espiritual de alta estirpe; enfim, um
"eleito" de elevada categoria sideral e de amplitude cósmica. Ele foi
um eleito que trouxe à Terra o Bem pelo Bem, e não apenas um
"escolhido" que pode semear o Bem pelo Mal.
PERGUNTA: — Se Jesus não era um sedicioso, como pôde ser
enquadrado sob as leis romanas, em cuja época se punia os rebeldes e os
criminosos pela crucificação?
RAMATÍS: — O sacerdócio judaico
conseguiu arquitetar provas materiais e testemunhos contra Jesus, entre os
próprios seguidores e a turba que o aplaudira à sua entrada em Jerusalém,
conseguindo incriminá-lo como "sedicioso" Junto a Pôncio Pilatos,
Procurador de Roma na Judéia.
Prendeu-no à conta de um malfeitor comum, malgrado ele
só ter lutado com as armas da ternura, bondade e amor! Mas os verdadeiros
motivos da sua crucificação, cujo holocausto o Mestre Jesus aceitou sem
qualquer protesto, exigem um capítulo especial a ser compilado nesta obra.
Vide a obra de Ramatís
"Mensagens do Astral", cap.
I, II e XI, respectivamente, "Os Tempos são Chegados", "O Juízo Final" e"Os que Emigrarão para um Planeta
Inferior".
Nota do Revisor: ─
Vide Epístola aos Gaiatas, cap. IV,vers. 4: "Mas quando veio o cumprimento
do tempo, enviou Deus o seu filho, nascido de mulher,nascido sujeito à lei”. É
evidente que Paulo de Tarso, nessa epistola, deixa bem claro que Jesus não é Deus.E
se o Mestre foi nascido de mulher e sujeito à lei, é óbvio que nasceu com um
corpo carnal e de modo comum e humano, como os demais homens. A citação de
Paulo não admite outra conclusão.
O retrato de Jesus feito por Públio Lentulo foi publicado pela “Revista
Internacional do Espiritismo” e também se encontra na introdução da obra “A
vida de Jesus ditada Por Ele mesmo”.
Vide Epístolas aos Romanos, V e vers.9;
Coríntios, Ie vers. 23,XIV, vers.3,Gálatas,II e vers,21;Efésios, II e vers.20 e
21; Timóteo II, vers.8.
Coríntios,XI,vers.23 e 6;XV, vers.3 e Gálatas II,
vers.20
Nota do Médium: — Segundo certo
comunicado mediúnico por entidade de reconhecido critério espiritual, Hitler,
no passado, foi o rei Davi e que comandou inúmeras vezes as hecatombes
sangrentas registradas amiúde, na Bíblia. Mas, de acordo com a lei de
"quem com ferro fere, com ferro será ferido", o seu espírito retornou
à Terra, na Alemanha, e, sob a injunção do Carma, abriu as comportas do
sofrimento redentor para os seus próprios comparsas e soldados que comandou
outrora e lhe cumpriram fielmente as ordens bárbaras. Assim, os mesmos judeus
que ele trucidou neste século, nos campos de concentração, já tinham vivido com
ele e eram os mesmos soldados e comparsas impiedosos, afeitos aos massacres dos
povos vencidos. Como exemplo a esmo, das barbaridades cometidas pelo rei Davi e
seus exércitos, no passado, eis o que si encontra em "Reis, Livro 2.°,cap.
XII ,Vers.31 “ e transcrevemos: “E trazendo os seus moradores, os mandou serrar;
e que passassem por cima deles as carroças ferradas; e que os fizessem em
pedaços com cutelos; e os botassem em fornos de cozer tijolos; assim o fez com
todas as cidades dos amonitas; e voltou Davi com todo o seu exército para
Jerusalém”.
Nota do Revisor: — E' ainda o caso do Hitler, que, em sua juventude,
foi indivíduo enfermiço, ignorante, taciturno e pobre, mal sucedido com os
amigos e sustentando-se mediante trabalhos rudes e humildes, tais como limpar
ruas, carregar bagagens, servir de pedreiro, puxar terras ou remover neve,
conseguindo, a muito custo, a divisa de cabo na cozinha do exercito alemão. No
entanto, quando assumiu o poder na Alemanha, então, ele vingou-se furiosamente
de todas as mágoas e ressentimentos que sofrera na juventude, por parte da
sociedade, dos militares e dos Judeus especuladores. Dominado pela megalomania
de profunda exaltação, de um misticismo egocêntrico e mórbido, que o fazia
supor-se um predestinado para dominar e dirigir o mundo, extravasou o seu furor
paranóico e atrabiliário, a sua perversidade e vingança. Causando a catástrofe
guerreira de 1939, onde foram organizados os diabólicos campos de concentração
e as câmaras de gás para extinguir e assassinar os judeus.
Vide a obra “Do País
da Luz”, cap.IV,1º vol., psicografia de Fernando de Lacerda, na qual o espírito
de Napoleão diz o seguinte: ─”O eleito é sempre escolhido; mas o escolhido não
é eleito. O eleito foi escolhido por Deus para fazer o Bem pelo Bem; o
escolhido pode ser para fazer o Bem pelo Mal. O eleito foi Jesus. Eu fui
escolhido.” Nesta comunicação. Napoleão
compara sua existência turbulenta e ambiciosa com a missão terna e pacífica de
Jesus