Chorar é muito
natural. Quando estamos em contato
com nossas emoções e sentimentos, sabemos o que eles nos querem dizer e
mostrar.
Não devemos reter nossas lágrimas. São elas nossas energias emocionais
que se materializam e precisam ser expressas.
Chorar é muito
natural. Quando estamos em contato
com nossas emoções e sentimentos, sabemos o que eles nos querem dizer e mostrar
sobre nossas carências e nossas relações com os outros.
Quase todos nós aprendemos como sentir ou como esconder nossas emoções
na infância. A formação da nossa personalidade está ligada, sem contar a outros
tantos fatores, ao aprendizado da vida atual. Fatos e atitudes semelhantes
costumam provocar nas crianças emoções comparáveis; portanto, não podemos nos
esquecer da influência do meio e da cultura no desenvolvimento de nossa emotividade.
Emoções e sentimentos são simples e primários; são como são: não
adianta enfeitá-los ou tentar explicá-los. O desenvolvimento, porém, da nossa
maneira de “sentir agindo” se forma de acordo com nosso grau evolutivo somado à
nossa vontade e ao ambiente em que vivemos.
Ninguém sente emoções somente em determinadas partes do corpo, mas sim
em todo o organismo. No entanto, a mesma emoção pode provocar atitudes
completamente diversas nas pessoas.
Durante uma apresentação teatral ou musical, podemos observar as mais
controvertidas emoções na plateia diante das mesmas circunstâncias de estímulo.
Os seres humanos são espíritos milenares que vivem temporariamente em corpos
transitórios; essa a razão da
diversidade de sentimentos.
Em caso de falecimento de entes queridos, chorar de modo intenso é uma
emoção perfeitamente compreensível. Porém, se aprendemos com adultos
preconceituosos que “homens nunca devem chorar”, reprimimos nossas emoções
naturais e passamos a criar barreiras psicológicas em nossa vida íntima. É saudável,
pois, em certas circunstâncias, demonstrar tristeza; reprimi-la é doentio.
Não estamos nos referindo aos comportamentos espetaculares de exibição
dramática, mas à necessidade de expressar a dor da separação.
Muitos escondem suas lágrimas, pois querem demonstrar a seus amigos e
familiares que são altamente espiritualizados. Afirmam que o choro é reação
anormal de criaturas revoltadas. Na verdade, esse julgamento infeliz é
observado nos denominados “juízes ideológicos”; perderam suas conexões com a
sensibilidade.
Alguns aprenderam que não devemos chorar pelos nossos mortos queridos,
pois lhes ensinaram que, enquanto permanecerem derramando lágrimas, seus afetos
não ficarão em paz. O verdadeiro problema que se estabelece é a rebeldia e a
inconformação perante as Leis da Vida, não as lágrimas que derivam da
saudade e do amor que nutrimos pelos seres que partiram.
Outros reagem ante os funerais de familiares com um “entorpecimento
emocional”, não derramando uma lágrima sequer. Pessoas podem acusá-los de
indiferentes e insensíveis, por não conseguirem avaliar o cansaço físico
excessivo dessas criaturas naquele momento, pelas noites e noites desgastantes
que viveram durante a longa doença do afeto que partiu.
Outros ainda tomam atitudes de coragem impassível diante da dor, por
terem aderido a doutrinas estoicas. Posteriormente, no entanto, sentem-se culpados, porque não
choraram o quanto queriam chorar.
Para os que têm fé e aceita a vida após a morte, a separação é vista de
forma temporária, ficando mais fácil para eles superarem os momentos dolorosos
do “adeus” na desencarnação. Sabem que o progresso é inevitável e, por isso,
consideram a
morte o fim de uma etapa e o início de outra melhor.
“Sensibiliza os Espíritos o lembrarem-se deles
os que lhes foram caros na Terra.” (55)
As lágrimas são mensageiras da saudade, são as águas cristalinas do
coração, que surgem das profundezas de nossa alma.
X.X.X
As mutilações de qualquer gênero são sempre uma repressão
cruel e violenta às leis naturais da vida.
Os espíritos transitam por uma escala vastíssima de reencarnações,
através dos milênios, ocupando posições ora masculinas ora femininas, o que
lhes confere, geralmente, certas características bissexuais. Ser homem ou
mulher é uma transitoriedade do mundo físico.
Além das diversidades biológicas, naturais e inerentes dos corpos
masculinos e femininos, encontramos outras tantas nas áreas psíquicas, sociais
e reencarnatórias. Todas essas diferenças sofrem as pressões das regras sociais
da educação vigente e dos costumes de uma época, juntamente com a ação das
glândulas sexuais. Isso nos leva a classificar as atitudes humanas com certas predominâncias,
masculinas ou femininas.
Os espíritos não têm sexo; portanto, em toda personalidade humana
existem traços de masculinidade e de feminilidade. Isso não quer dizer que uma
mulher com traços masculinos seja anormal, mas sim que existem aspectos sexuais
típicos e diferentes em cada criatura.
Dessa forma, cada ser se
distingue por determinadas peculiaridades no mundo afetivo e, por isso, a
tendência emocional da criatura, muitas vezes, difere e independe de sua
morfologia orgânica.
Na infância, os pais se encarregam de transmitir às crianças as
primeiras noções sobre sexualidade, mas nem sempre guiam seus filhos para um
bom entendimento das faculdades genésicas. Em muitas ocasiões, fixam
preconceitos na mente infantil, os quais, mais tarde, gerarão diversos
desequilíbrios da libido.
As religiões ortodoxas e controladoras atribuem ao sexo uma proibição
divina. Afirmam que todos os seres humanos nascem com o “pecado original”, ou
seja, pelos erros sexuais cometidos por Adão e Eva, considerados como os “pais
da humanidade”, e que todos precisam ser purificados pelo batismo. Colocam
ainda a abstenção sexual como condição imprescindível para se atingir a santidade,
olvidando-se de que tudo o que existe na Natureza foi gerado por Deus e que a sexualidade
é parte integrante de nossa criação divina.
Adultos imaturos do ponto de vista espiritual reprimem os impulsos
sexuais nas crianças, atribuindo malícia ou precocidade, por desconhecerem que
as energias sexuais são forças criativas inerentes aos seres humanas e
importantíssimas para seu desenvolvimento psicoemocional.
Desconhecem ainda que somente
pequena parte dessa energia age na atividade sexual propriamente dita. O restante dessa força criativa se generaliza nas manifestações das
atividades sociais, intelectuais, físicas, emocionais e espirituais do
indivíduo. Ao inibirem um setor, estão comprometendo o todo,
quer dizer, os seres humanos não funcionam por partes separadas, mas num processo
de interdependência. Não podemos tocar num elemento sem afetarmos todo o
crescimento psicológico em evolução.
“Que se deve pensar das mutilações operadas no
corpo do homem...? (...) A Deus não pode agradar
o que seja inútil e o que for nocivo lhe será sempre desagradável. (...) Deus
só é sensível aos sentimentos que elevam para ele a alma. Obedecendo-lhe à lei
e não a violando é que podereis forrar-vos ao jugo da vossa matéria terrestre.”
(56)
A energia sexual pode trazer satisfações tanto nas
atividades afetivas e emocionais quanto em quaisquer das atividades
intelectuais, espirituais e orgânicas, proporcionando ao indivíduo uma sensação
de bem-estar e facilitando sua criatividade.
A ideia de sexualidade proposta pela Doutrina Espírita há mais de cento
e quarenta anos, encontra apoio nas modernas teorias psicológicas, leva o
indivíduo a uma ótica transcendente do sexo e o faz abandonar essa visão
simplista, biológica e materialista; a que ele sempre foi relegado.
Entendemos por mutilação não somente a privação ou a destruição visível
de partes do nosso corpo, mas também a ocorrida de forma imperceptível, oculta
ou velada.
Podemos cobrir os impulsos sexuais com o manto da simulação.
Substituímo-los por outros, inventamos desculpas e álibis convincentes para
ocultá-los de nós mesmos e dos outros; porém, eles não desaparecem.
As mutilações de qualquer gênero são sempre uma repressão cruel e
violenta às leis naturais da vida; no entanto, todos nós somos convocados a
planejar uma vida sexual equilibrada.
Abstenção imposta gera desequilíbrio, mas a educação, aliada ao controle
e à responsabilidade, será sempre a meta segura para o emprego respeitável e
nobre das forças sexuais.
Referencias:
55 LE 320 – Sensibiliza os Espíritos o lembrarem-se deles
os que lhes foram caros na Terra?
Muito mais do que podeis
supor. Se são felizes, esse fato lhes aumenta a felicidade. Se são desgraçados,
serve-lhes de lenitivo.”
56 LE 725 – Que se deve pensar das mutilações operadas no corpo
do homem ou dos animais?
A que propósito,
semelhante questão? Ainda uma vez; inquiri sempre vós mesmos se é útil aquilo
de que porventura se trate. A Deus não pode agradar o que seja inútil e o que
for nocivo lhe será sempre desagradável. Porque, ficai sabendo, Deus só é
sensível aos sentimentos que elevam para ele a alma. Obedecendo-lhe à lei e não
a violando é que podereis forrar-vos ao jugo da vossa matéria terrestre.