NA ESCOLA DO EVANGELHO
Oferecendo este esforço modesto ao leitor amigo, julgo prudente
endereçar-lhe uma explicação, quanto à gênese destas páginas.
Dentro deles, sou o primeiro e reconhecer que os meus temas não
são os mesmos.
Os que se preocupam com a expressão fenomênica, da forma não
encontrarão, talvez, o mesmo estilo. Em período algum, faço referências de
sabor mitológico. E, naqueles velhos amigos que, como eu próprio aí no mundo,
não conseguem atinar com, as realidades da sobrevivência, surpreendo, por
antecipação, as considerações mais estranhas. Alguns perguntarão, com, certeza,
se fui promovido a ministro evangélico.
Semelhante admiração pode ser natural, mais não será muito justa.
O gosto literário sempre refletiu as condições da vida do Espírito. Não
precisamos muitos exemplos para justificar o acerto. Minha própria atividade
literária, na Terra, divide-se em duas fases essencialmente distintas. As
páginas do Conselheiro XX são muito diversas das em que vazei as emoções novas
que a dor, como lâmpada maravilhosa, me fazia descobrir, no país da minha alma.
Meu problema atual não é o de
escrever para agradar, mas o de escrever com proveito.
Sei quão singelo é o esforço presente; entretanto, desejo que ele
reflita, o me testemunho de admiração por todos os que trabalham, pelo
Evangelho do Brasil.
Nas esferas mais próximas da Terra, os nossos labores por afeiçoar
sentimentos, à exemplificação do Cristo, são também minuciosos e intensos.
Escolas numerosas se multiplicam para os espíritos desencarnados. E eu, que sou
agora um, discípulo humilde desses educandários de Jesus, reconheci que os
planos espirituais têm também o seu folclore... Os efeitos heroicos e
abençoados muitas vezes anônimos no mundo, praticados por seres desconhecidos,
encerram aqui profundas lições, em que encontramos forças novas.
Todas as expressões evangélicas têm, entre nós, a sua história
viva. Nenhuma delas é símbolo superficial. Inumeráveis observações sobre o
Mestre e seus continuadores palpitam nos corações estudiosos e sinceros.
Dos milhares de episódios desse folclore do céu, consegui reunir
trinta e trazer “o conhecimento do amigo generoso que me concede a sua atenção”.
Concordo em que é pouco; mas, isso deve valer como tentativa útil, pois estou
certo de que não me faltou o auxílio indispensável.
Hoje, não mais cogito de crer, porque sei. E aquele Mestre de
Nazaré polariza igualmente as minhas esperanças. Lembro-me de que, um dia,
palestrando com alguns amigos protestantes, notei que classificavam a Jesus
como “rocha do século”. Sorri e passei, como os pretensos espíritos fortes de
nossa época, aí no mundão. Hoje, porém, já não posso sorrir, nem passar. Sinto
e “rocha,” milenária, luminosa e sublime, que nos sustenta o coração atolado no
pântano de misérias seculares. E aqui, estou para lhe prestar o meu preito de
reconhecimento com estas páginas simples, cooperando com os que trabalham
devotadamente na sua causa divina, de luz e redenção.
Jesus vê que no vaso imundo de meu espírito penetrou uma gota de
seu amor desvelado e compassivo. O homem perverso, que chegava da Terra,
encontrou o raio de luz destinado à purificação de seu santuário. Ele ampara os
meus pensamentos com a sua bondade sem limites. A ganga terrena ainda abafa, em
meu coração, o ouro que me deu da sua misericórdia; mas, com,o Bartolomeu, já
possuo o bom ânimo para enfrentar os inimigos de minha paz, que se abrigam em
mim mesmo. Tenho a alegria do Evangelho, porque reconheço que o seu amor não me
desampara. Confiado nessa proteção amiga e generosa, meu Espírito trabalha e
descansa.
Agora, para consolidar a estranheza, dos que me leem, com o sabor
de crítica, tão ao gosto do nosso tempo, justificando a substância real das
narrativas deste livro, citarei o apóstolo Marcos, quando diz (4:34) : “E sem
parábola nunca lhes falava; porém, tudo declarava em particular aos seus
discípulos”; e o apóstolo João, quando afirma (21:25) : “Há, porem, ainda
muitas outras coisas que Jesus fez e que, se cada uma de per si fosse escrita, cuido
que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem”.
E é só. Como me sê, não faço referencia aos clássicos da
literatura antiga ou contemporânea. Cito Marcos e João. E que existem,
Espíritos esclarecidos e Espíritos evangelizados e eu, agora, pego a Deus que abençoe a minha esperança de pertencer ao número
destes últimos.
Livro:
Boa Nova, Psicografia Francisco C. Xavier, ditado pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos) , Ed FEB.
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