A ESTRELA DE BELÉM
Cristãos
decididos e sinceramente interessados na elucidação do fenômeno que produziu a estrela
de Belém, à semelhança dos investigadores materialistas hão recorrido, através da
História, a matemáticos e astrônomos capacitados, ansiosos por uma resposta perfeitamente
lógica e racional sobre o inusitado aparecimento do astro a que se referem os
escritores evangélicos. E de quando em quando fiéis às pesquisas feitas nos
mapas celestes, aqueles estudiosos tentam traçar diretrizes que clarifiquem, em
definitivo, o insuspeito acontecimento, na noite santa em que ocorreu o Natal
de Jesus, e posteriormente vista pelos Magos do Oriente, que por ela
foram guiados.
Segundo
alguns observadores, fora o Cometa de Halley que naquele dia e àquele período
fazia-se visível por toda a Galiléia e parte oriental do país. Para outros era
uma conjunção oportuna de astros que produziram refração na atmosfera,
incidindo o facho luminoso sobre a manjedoura singela, que Ele dignificou com o
Seu nascimento.
Conquanto
possamos admitir uma ou outra hipótese, Jesus é, em síntese, a constelação dos
astros divinos ergastulados temporariamente na forma humana para conviver
com os homens, deixando pela atmosfera envolvente do Planeta o rastro
luminescente da sua imersão, como mensagem de advertência reveladora.
Rei
Divino — e não obstante, submeteu-se às conjunturas da transitória convivência humana
para, sublime, lecionar humildade.
Construtor
da Terra — todavia, deixou-se experimentar pelas circunstâncias ocasionais do
ministério entre as criaturas, para ensinar a grandeza da renúncia.
Legislador
Sublime — entretanto, aquiesceu sofrer as imposições da ignorância religiosa de
Israel e os padrões arbitrários da política do Império Romano, facultando-se a
decisão no jogo odioso da ética vulgar, a fim de que se cumprissem as Leis e os
Profetas, na integridade das previsões n’Ele, todo amor!
Em toda a
Sua jornada, à semelhança de astro que se arrebenta em luz na imensidão escura
da noite, clareou os destinos dos homens, como obreiro infatigável, acendendo lâmpadas
de esperança nos corpos alquebrados e nos tecidos gastos das almas, pelas constrições
das paixões esmagadoras de todos os tempos.
Misturou-se
à caterva dos que viviam à Sua hora e caminhou com os pés da aflição, sem permitir-se
consumir ou contaminar pelas querelas mesquinhas, pelas imposições tradicionais
ou pelas suspeitas manifestações da idiossincrasia a que se aferravam os que O
cercavam continuamente.
Por um
minuto sequer não se rebelou contra a miserabilidade que defrontava em toda a parte...
Arquiteto
das estrelas dobrou-se, sereno, na marcenaria humilde para que o pão fosse honrado
com o suor da Sua face e a estrutura da Nova Humanidade pudesse alicerçar-se no
trabalho edificante, que é a mola mestra do progresso e da felicidade humana.
Mantendo
incessante quão ininterrupto contato com o Pai e servindo pela aquiescência dos
anjos que se Lhe submetiam, dialogou pulcro, demoradamente, com os Espíritos
das sombras, abrindo-lhes os ouvidos e acendendo a luz nos seus olhos
apagados, com a inteireza moral das Suas conquistas incomparáveis.
Antes,
todavia, de descer aos homens, fez que Avatares do Seu Reino viessem ampliar as
dimensões das fronteiras terrenas, preparando o solo do futuro.
E eles
floresceram como superior manifestação da vida, ora na índia, disseminando o reencarnacionismo
e perfumando com toda uma filosofia de paz e renúncia os continentes dos
espíritos; ora na China, empreendendo os audaciosos voos da política sob as
bases seguras da família, no lar e na sociedade, de modo a traduzir a
porvindoura fraternidade entre os homens, com inequívoca força de amor e
respeito ao dever; ora no Egito, rescendendo os sutis aromas da Imortalidade,
nos santuários dos Templos e na intimidade das Escolas de Iniciação, mantendo
acesas as flamas da verdade, mediante as comunicações entre os dois planos da
vida; ora na Caldéia ou na Pérsia favorecendo com a esperança milhares de vidas
estioladas sob o clangor da guerra; ora na Hélade ou em Roma criando a
conceituação da beleza, da justiça, da legislação equilibrada e do ideal do bem.
Assim
também por Israel, que por longos séculos de dor se fez depositária da Mensagem
do Deus Único, transitaram esses Embaixadores Sublimes, irrigando com a linfa
preciosa decorrente do intercâmbio espiritual os solos crestados dos espíritos
sofridos, a fim de que Ele próprio viesse oportunamente imolar-se, para ensinar
libertação total das limitações físicas e da opressão do barro humano.
Por isso,
todos os Seus feitos empalidecem ante os Seus ditos, pois que as
realizações no corpo são menores do que a vitalização da alma, em considerando
que ninguém jamais vivera conforme Ele o fazia, transformando-se, Ele próprio,
no caminho por onde deveriam rumar todos os homens na direção da Vida e da
Verdade, que em suma Ele representava na Terra.
Mesmo
assim, quando contemplava com lágrimas as dores do porvir do mundo e via o homem
imerso na fragilidade do corpo carnal prometeu voltar, através do Consolador,
que seria o liame perene de união com Ele até o fim dos tempos.
O
mergulho que começou em Belém não terminou no Gólgota, nem desapareceu após a visão
da Jerusalém Libertada, que o vidente de Patmos preludiou...
Em Jesus,
o Herói Invencível, que na Sua grandeza superou a astúcia de Cambises, rei dos
persas, a violência de Alexandre Magno, da Macedônia, a audácia de Cipião, o africano,
e a estratégia de Júlio César, o divino Imperador, as armas foram a
mansidão e o amor, a abnegação e a misericórdia, entretecendo com esses fios de
luz a túnica nupcial do noivado intérmino com a Humanidade de todos os tempos,
pela qual espera desde o princípio, até o instante da boda sublime, para a
reunião numa grande família, em pleno reinado da paz!
A viagem
fora longa para aquele casal, principalmente para aquela mulher grávida, durante
quatro ou cinco dias, sacudida pelo trote da montaria...
Sucederam-se
abismos e montes, subidas e descidas, quase às portas da Cidade Santa, chegando
por fim a Belém.. .
... E em
pleno fastígio do Império Romano, indicado por uma estrela, anunciado pelos anjos,
nasceu Jesus!
Antes, e
desde então, a Sua vida deverá ser examinada, em "espírito e
verdade", para serem compreendidos e penetrados pelos olhos
imateriais, os únicos capazes de vislumbrar o Seu Reino.
* * *
Seja qual
for a hipótese respeitável sobre a estrela de Belém, a união dos
Espíritos de Luz que mantinham o intercâmbio entre as duas Esferas formou um
facho poderoso que indicava o lugar da tradição, em que Ele deveria começar o
ministério entre os homens.
...
Pastores e reis magos, todos videntes, convidados pelas Entidades Celestes,
seguiram-na, cada um a seu turno, enquanto os cantores sublimes proclamavam:
"Glória
a Deus nas alturas e paz na terra entre os homens de boa vontade!"
Livro
A luz do mundo, Psicografia Divaldo P. Franco, ditado pelo Espírito Amélia
Rodrigues ED. LEAL.
A Estrela de Belém, que com sua luminosidade, clareou as mentalidades dos homens, através do ensinamentos do Mestre Jesus.
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