A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
Lucas,
capítulo 15, versículos 11 a 32
Certo
homem tinha dois filhos, que com ele moravam no seu lar.
Um dia, o
mais moço disse ao seu pai:
— Papai,
dá-me a parte da tua riqueza que me pertence. Eu desejo correr mundo, viajar por
outras terras, conhecer nova gente...
O velho
pai, diante desse pedido, repartiu com ambos os seus haveres, dando a cada um a
parte que lhes cabia, de sua fortuna.
Alguns
dias depois, o filho mais novo, juntando todas as coisas que lhe pertenciam,
partiu para um país distante, muito longe de sua terra natal.
Esse
moço, infelizmente, não era ajuizado. Mal chegou ao país estrangeiro, começou a
gastar, sem cuidado, todo o dinheiro que possuía. Durante muitos dias não fez
senão desperdiçar tudo que tinha. Buscou a companhia de outros rapazes
desajuizados e consumiu toda a sua fortuna em bebidas, teatros e passeios. Um
dia, viu que a última moeda havia desaparecido e se achava na mais absoluta
miséria.
Foi nessa
época que uma grande seca reduziu aquele país a uma situação tristíssima.
Com a
seca, veio a fome. Mesmo nos lares ricos havia falta de pão. A miséria se
estendeu desoladora...
O pobre
rapaz, então, buscou um homem daquele país, contou-lhe sua desgraça e pediu-lhe
a esmola de um emprego qualquer, mesmo que fosse o pior serviço. E o homem desconhecido
o enviou para seus campos a fim de guardar porcos. Os porcos se alimentavam de
alfarrobas, que são frutos de uma árvore chamada alfarrobeira; mas, nem mesmo
desses frutos davam ao pobre moço. Os porcos se alimentavam melhor do que ele!
Foi então
que o moço começou a pensar no que havia feito com seu bondoso pai, tão amigo,
tão compreensivo, tão carinhoso... Refletiu muito... Como fora mau e ingrato
para com seu paizinho! Como fora também ingrato para com Deus, desrespeitando o
Seu Mandamento, que manda honrar os pais terrenos... Sofrendo a consequência de
seu pecado, o pobre rapaz arrependeu-se sinceramente de sua ingratidão e de
seus dias vividos no erro e no vício...
E pensou,
então, entre lágrimas:
— Na casa
de meu pai há muitos trabalhadores e todos vivem felizes pelo trabalho honesto.
Vivem com abundância de pão e tranquilidade... E eu, aqui, morrendo de fome!...
Não, não
continuarei aqui. Voltarei para minha casa, procurarei meu pai e lhe direi: Meu
pai;pequei contra o Céu e perante ti; não sou mais digno de ser chamado teu
filho. Quero ser um simples empregado de tua casa...
E o moço,
como pensou, assim fez.
Abandonando
o país estrangeiro, regressou à sua pátria e ao seu lar. Foi longa, difícil e triste
a volta, pois ele não mais dispunha de dinheiro para as despesas de viagem.
Passou muitas necessidades, sofreu fome e frio, dormiu nas estradas e nas
florestas... Nunca abandonou, porém, a ideia de que voltar para casa era seu
primeiro dever.
Finalmente,
chegou ao seu antigo lar. Antes, porém, de atingir sua casa, seu velho pai o avistou
de longe e ficou ainda mais compadecido, ao ver o filho naquele estado de
grande miséria. Seu coração paterno, que nunca esquecera o filho ingrato, era
todo piedoso. O bondoso pai correu, então, ao encontro do moço. E abraçando-o
fortemente, beijou-o com imenso carinho.
Nesse
momento, com lágrimas nos olhos, o filho disse ao seu pai compassivo:
— Meu pai;
pequei contra o Céu e perante ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho.
Quero ser um empregado de tua casa...
O bondoso
pai, porém, que nunca deixou de amar seu filho, disse aos empregados da casa:
—
Depressa! Tragam a melhor roupa para meu filho, preparem uma refeição para ele.
Tragam-lhe
calçado novo! Comamos todos juntos e alegremo-nos, porque este meu filho estava
perdido e foi achado, estava morto e reviveu!
E todos
os servos e empregados da casa atenderam imediatamente o velho pai e houve imensa
alegria naquele grande lar.
O filho
mais velho, porém, não estava em casa.
Achava-se
trabalhando no campo. Quando voltou e viu aquela grande movimentação no interior
da casa e ouviu as belas canções que os músicos acompanhavam com seus instrumentos,
chamou um dos servos e perguntou o que era aquilo.
O servo
respondeu:
— Foi teu
irmão que chegou. Teu pai, de tão alegre e feliz, mandou que preparássemos uma
ceia e uma festa, porque o jovem voltou são e salvo.
O filho
mais velho, cheio de ciúme, revoltou-se contra a bondade de seu pai e não quis entrar
em casa.
Em vão, o
velho pai chamou-o. Mas, ele lhe respondeu:
— Meu
pai, há muitos anos que te sirvo, sem nunca te desobedecer e nunca preparaste uma
ceia para mim e meus amigos. Mas, para meu irmão, que gastou teu dinheiro nas
orgias, em terra estrangeira, tu lhe preparas uma grande festa...
O bondoso
pai, querendo vencer a revolta do filho, desviá-lo do seu ciúme e incliná-lo à bondade
e ao perdão, disse-lhe:
— Meu
filho, tu estás sempre comigo e tudo que é meu é teu também. Mas, é justo que nos
alegremos com a volta de teu irmão, que é também meu filho como tu. Lembra-te
de que ele estava perdido e foi achado. Estava morto e reviveu para nosso amor
e para nosso lar.
Querida
criança: certamente você entendeu tudo que o Senhor nos quer ensinar com a Parábola
do Filho Pródigo.
Deus é
como o Bondoso Pai da história. Deus é bom, supremamente bom e está sempre disposto
a receber Seus filhos arrependidos. É preciso, contudo, que o arrependimento
seja verdadeiro como o do filho caçula da história.
Percebeu
como foi triste para o moço abandonar seu pai e seu lar? Viu como ele sofreu no
país estrangeiro, onde nem mesmo teve as alfarrobas que os porcos comiam?
Assim
acontece também com as almas que abandonam os retos caminhos de Deus.
Sofrem
muito, pois quem se afasta do dever e da virtude conhecerá, mais cedo ou mais
tarde, as dores do remorso e as tristezas da vida.
Arrependendo-se
sinceramente, no entanto, Deus o escuta e usa de bondade a alma arrependida,
como o pai da parábola, que é um símbolo de nosso Pai do Céu.
Que
você se conserve no bom caminho, meu filho. Mas se sentir que pecou contra Deus
ou contra os homens, arrependa-se com a mesma humildade do filho pródigo. Nunca
imite o filho mais velho da história, que era ciumento e orgulhoso e não teve
compaixão do próprio irmão arrependido.
Deus é
nosso Pai Compassivo e Eternamente Amigo. Não nos ausentemos nunca de Seu Amor.
Mas, se errarmos, corramos para Ele, na estrada da oração sincera, com o
coração arrependido e disposto a não errar mais. Ele nos ouvirá e virá ao nosso
encontro, porque não há ninguém tão bom quanto Deus. Nem há quem nos ame tanto
quanto Ele.
Livro:
Historias que Jesus contou – Clovis Tavares
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