Na vida nada está perdido; aliás, existe a época certa para cada saber, e
o que é preciso para se desenvolver.
Desprezar é sentir ou manifestar desconsideração por
alguém ou por alguma coisa; portanto, é uma atitude sempre inadequada nas
estradas de nossa existência evolutiva.
Menosprezar é um sentimento pelo qual nos colocamos acima
de tudo e de todos, avaliando com arrogância os acontecimentos e os fatos do
alto da “torre do castelo” de nosso orgulho.
A nenhuma coisa ou criatura deve-se atribuir o termo “desprezível”, pois
tudo o que existe sobre a
Terra é criação divina; logo, útil e proveitosa, mesmo que agora não possamos compreender seu
real significado.
Talvez não entendamos de imediato nosso papel na vida, mas podemos ter a
certeza de que, todos são importantes e todos foram convocados a dar nossa
contribuição ao Universo.
A cada instante, estamos criando impressões fortes na atmosfera
espiritual, emocional,
mental
e física da comunidade onde vivemos.
Todo envolvimento na vida tem um propósito determinado cujo entendimento, além
de esclarecer nosso valor pessoal, favorecerá
o amor, o respeito e a aceitação de cada um de nossos semelhantes.
Freqüentemente, dizemos que certas pessoas são indispensáveis e que
muitos indivíduos são improdutivos, e perguntamos mais além: qual mesmo é o
propósito da vida para com estas criaturas ociosas?
Não julguemos, com nossos conceitos apressados, os
acontecimentos em nosso derredor; antes, aguardemos com calma e façamos uma
análise mais profunda da situação. Assim agindo, poderemos avaliar melhor todo
o contexto vivencial.
“Desempenham função útil no Universo os Espíritos
inferiores e imperfeitos?
-Todos têm deveres a cumprir. Para a construção
de um edifício, não concorre tanto o último dos pedreiros, como o arquiteto?”
Nenhuma ocorrência, fato ou pensamento deverá ser sentido ou analisado
separadamente, pois o “Grande Sistema”, que nos rege, age de forma interdependente.
Apesar de sermos únicos, todos fomos criados para contribuir
coletivamente no mundo e para usar as possibilidades de nossa singularidade.
Para tudo há um sentido e uma explicação no Universo.
Sempre estará implícita uma mensagem proveitosa para nosso progresso
espiritual, muitas vezes, porém, de forma inarticulada e silenciosa
Nunca nos esqueçamos de que a vida sempre agirá em nosso benefício, quer
nos setores da solidão, ou de muitas companhias, ou seja, entre encontros,
desencontros e reencontros. A aflição também é um benefício: “Todo
sofrimento é um ato importantíssimo de conhecimento e aprendizagem.”
Se bem entendermos, no entanto, as verdadeiras intenções das lições a
nós apresentadas; retiraremos tesouros imensos de progresso e amadurecimento
espiritual.
As dificuldades que a vida nos apresenta têm sempre um caráter educativo.
Mesmo que as vejamos agora
como castigo ou punição, mais tarde tomaremos consciência de que eram unicamente
produtos de nosso limitado estado de compreensão e discernimento evolutivo.
Descobrir a vida como um todo será sempre um constante processo de
trabalho dos homens.
Efetivamente, a vida é trabalho e movimento, e para fazermos nosso
aprendizado evolutivo a certo “tempo de gestação”, se assim podemos dizer. Na
vida nada está perdido; aliás, existe a época certa para cada saber e o que é preciso
para desenvolvê-lo.
Nosso orgulho quer transformar-nos em super-homens; fazendo-nos
heroicamente estressados, induzindo-nos a ser; cuidadores e juízes dos métodos
de evolução da Vida Excelsa e, com arrogância, nomear os outros como
desprezíveis, ociosos, improdutivos e inúteis.
Poderemos “agir no processo” de formação e progresso das criaturas,
nunca “forçar o processo” ou criticar o seu andamento.
A pretensão do orgulhoso
leva-o a acreditar que existe uma “santidade
desvinculada da realidade humana”, ou seja, organizada e estruturada de forma
diferente dos princípios pertencentes à Natureza; portanto, não é de ordem
divina, mas é da mentalidade deturpada de alguns místicos do passado.
Nada é inútil no Universo.
A Divindade age sem cessar em solicitude e consideração a cada uma de
suas criaturas e criações. O progresso da humanidade é inevitável. Todos;
estamos progredindo e crescendo, ainda que, algumas vezes, não nos apercebamos
disso.
Livro dos Espíritos,
Allan Kardec Editora FEESP,
questão 559 – Os Espíritos inferiores e
imperfeitos desempenham também um papel útil no Universo? – Todos têm deveres a
cumprir. O último dos pedreiros não concorre tão bem para a construção do
edifício como o arquiteto?