ANO
NOVO! NOVA JORNADA...
Reconhece-se o verdadeiro Espírita pela sua
transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações.
Allan Kardec.
O Evangelho segundo o Espiritismo,
cap. XVII, item 4.
Ao refletirmos sobre nossa caminhada através da Doutrina Espírita,
nos perguntamos:
O que é ser espírita?
Kardec nos ensina, com seu bom senso, que necessário se faz
cuidar da nossa transformação moral.
Diz ele: Aquele que pode ser,
com razão, qualificado de espírita verdadeiro e sincero, se acha em grau
superior de adiantamento moral. O Espírito, que nele domina de modo mais
completo a matéria, dá-lhe uma percepção mais clara do futuro; os princípios da
Doutrina lhe fazem vibrar fibras que nos outros se conservam inertes. Em suma: é tocado no coração, pelo que inabalável se lhe torna a fé.[1]
A proposta filosófica e moral do Espiritismo é a transformação
pessoal de seus adeptos para melhor. A beleza e a sabedoria da filosofia
espírita nos trazem respostas às mais perturbadoras questões, baseada na razão
e na lógica.
Há mais de cento e sessenta anos, o Espírito de Verdade, à
frente de uma legião de obreiros do bem trouxe a mensagem da Terceira Revelação,
conforme a promessa de Jesus.
Aprendizes que somos da Doutrina do Cristo, restaurada em seus
fundamentos simples e puros, sigamos difundindo as verdades eternas e imutáveis
do Evangelho.
Não basta, no entanto, entusiasmo para a divulgação da Doutrina.
É imprescindível a prática cristã.
Aquele que ensina sem dar o exemplo ensina apenas a teoria e não
toca os corações. Ensina-nos o Espírito Emmanuel:
Espírita deve ser o teu caráter;
ainda mesmo te sintas em reajuste, depois da queda.
Espírita deve ser a tua
conduta, ainda mesmo que estejas em duras experiências.
Espírita deve ser o nome de
teu nome, ainda que respires em aflitivos combates contigo mesmo.[2]
Apesar das respostas legitimas que a Doutrina nos traz,
preenchendo os vazios filosóficos e culturais, trazendo as respostas para nossas
dores e interrogações, muitos seguimos acomodados, sem abandonar velhos hábitos,
vaidades e egoísmo. Seguimos a vida esperando soluções milagrosas para nossos
problemas, julgando e exigindo perfeição dos companheiros sem nos preocuparmos
com a própria reforma íntima.
Cremos na vida após a
morte, no entanto não nos preparamos para esse futuro inadiável…
O espírita
de coração, aquele no qual
o Espiritismo encontra ressonância produzindo uma revolução para melhor,
abre-se ao seu conteúdo e aprende a ser feliz, elegendo a caridade como estrada
moral a palmilhar sem cansaço.
O verdadeiro espírita
compreende todas essas ocorrências negativas e infelizes do Movimento no qual
labora, sem desanimar nem rebelar-se.
Sabe que as
defecções de muitos companheiros resultam da sua imaturidade espiritual e, em
vez de exprobrá-los, permanece fraterno, mesmo quando hostilizado ou
perseguido.
É manso sem
emaranhar-se no cipoal da hipocrisia ou do servilismo perturbador.
A sua energia
manifesta-se através da perseverança nas atividades doutrinárias que abraça.
Não tem a
veleidade de impor-se, de converter os demais. São os seus atos que despertam a
atenção, a crença que vivenciam.
O espírita
verdadeiro não se sente
completado, mas em construção evolutiva. Estuda sempre, observando as ocorrências
e buscando retirar o melhor proveito, a fim de crescer emocionalmente sempre
mais.[3]
Simplicidade. Eis a tônica da
vida bem vivida.
Simplicidade. Eis o que se
espera do espírita, dos trabalhadores espíritas, dos líderes espíritas, do
Movimento Espírita no seu todo.
Simplicidade. Valor intrínseco
na humildade. Virtude das maiores.[4]
Com certeza não deixaremos diminuir o entusiasmo pela Doutrina e
sua divulgação apenas por estarmos longe da vivência integral dos ensinamentos
do Cristo, mas, necessário
se faz vigiar e orar sempre.
Nada se conquista sem trabalho e a jornada é lenta e laboriosa
para quem busca os bens superiores. Busquemos na perseverança a coroação de
nossos esforços.
A alma humana
aprenderá a conhecer-se em sua natureza imortal, em seu futuro eterno. Espíritos,
de passagem por esta Terra, compreenderemos que o nosso destino é viver e progredir
incessantemente, através do infinito dos espaços e do tempo, a fim de nos iniciarmos sempre
e cada vez mais nas maravilhas do Universo, para cooperarmos sempre mais
intimamente na obra divina.
Compenetrados
destas verdades, saberemos desprender-nos das coisas materiais e elevar bem
alto as nossas aspirações. Sentir-nos-emos ligados aos nossos companheiros de
jornada, na grande romaria eterna, ligados a todas as almas pela cadeia de atração
e de amor que a Deus se prende e a todos nos mantém na unidade da vida
universal.
Então as
mesquinhas rivalidades, os odiosos preconceitos terão cessado para sempre.
Todas as reformas, todas as obras de solidariedade receberão vigoroso impulso.
Acima das pequenas pátrias terrestres veremos desdobrar-se a grande pátria
comum: o céu iluminado.
De lá nos
estendem os braços os Espíritos superiores. E todos, através das provas e das lágrimas,
subimos das obscuras regiões às culminâncias da divina luz. O carreiro da
misericórdia e do perdão está sempre franqueado aos culpados. Os mais decaídos
podem se reabilitar, pelo trabalho e pelo arrependimento, porque Deus é justiça,
Deus é amor.[5]
[1] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.
XVII, item 4.
[2] XAVIER, Francisco C. Religião dos Espíritos.
[3] FRANCO, Divaldo P./Vianna de Carvalho. Espiritismo e
Vida, cap. 6.
[4] Jornal Mundo Espírita. Editorial de setembro 2006.
[5] DENIS, Léon. No Invisível, cap. XI.
* http://www.mundoespirita.com.br/?materia=ano-novo-nova-jornada
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