quarta-feira, 18 de outubro de 2017

HISTORIA QUE JESUS CONTOU - BOM SAMARITANO

BOM SAMARITANO

Um dia, um pobre homem descia da cidade de Jerusalém para outra cidade, Jericó, a trinta e três quilômetros daquela capital, no vale do Rio Jordão.
A estrada era cheia de curvas. Nela havia muitos penhascos, em cujas grutas era comum se refugiarem os salteadores de estradas, que naquele tempo eram muitos e perigosos.
O pobre viajante foi assaltado pelos ladrões. Os salteadores usaram de muita maldade, pois, além de roubarem tudo o que o pobre homem trazia, ainda o espancaram com muita violência, deixando-o quase morto no caminho.
Logo depois do criminoso assalto, passou por aquele mesmo lugar um sacerdote do Templo de Salomão. Esse sacerdote vinha de Jerusalém, onde possivelmente terminara seus serviços religiosos, e se dirigia também para Jerico. Viu o pobre viajante caído na estrada, ferido, meio morto. Não se deteve, porém, para socorrê-lo. Não teve compaixão do pobre ferido, abandonado no chão da estrada. Apesar dos seus conhecimentos da Lei de Deus, era um homem de coração muito frio. Por isso, continuou sua viagem, descendo a montanha, indiferente aos sofrimentos do infeliz...
Instante depois passa também pelo mesmo lugar um levita. Os levitas eram auxiliares do culto religioso do Templo. Esse levita não procedeu melhor do que o sacerdote. Também conhecia a Lei de Deus, mas, na sua alma não havia bondade e ele fez o mesmo que o padre, seu chefe. Viu o ferido e passou de largo.
Uma terceira pessoa passa pelo mesmo lugar. Era um samaritano, que igualmente vinha de Jerusalém. Viu também o infeliz ferido da estrada, mas, não procedeu com: o sacerdote e o levita. O bom samaritano desceu do seu animal, aproximou-se do pobre judeu e se encheu de grande compaixão, quando o contemplou de perto, com as vestes rasgadas e sangrentas e o corpo ferido pelas pancadas que recebera.
Imediatamente, o bondoso samaritano retirou do seu saco de viagem duas pequenas vasilhas. Uma era de vinho, com ele desinfetou as feridas do pobre homem; outra, de azeite, com que lhe aliviou as dores. Atou-lhe os ferimentos e levantou o desconhecido, colocando-o no seu animal. Em seguida, conduziu-o para uma estalagem próxima e cuidou dele como carinhoso enfermeiro, durante toda a noite.
Na manhã seguinte, tendo de continuar sua viagem, chamou o dono do pequeno hotel, entregou-lhe dois denários[1] e recomendou-lhe que cuidasse bem do pobre ferido: — Tem cuidado com o pobre homem. Se gastares alguma coisa além deste dinheiro que te deixo, eu te pagarei tudo quando voltar.
*
Jesus contou esta parábola a um doutor da lei que Lhe havia perguntado:
— Mestre, que devo fazer para possuir a Vida Eterna?
Jesus lhe respondeu que era necessário amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, de todas as forças e de todo o entendimento; e também amar ao próximo como a si mesmo.
O doutor da lei, apesar de sua sabedoria, perguntou ao Divino Mestre quem é o próximo.
Então, Jesus lhe contou a Parábola do Bom Samaritano. Terminada a história, o Senhor perguntou ao sábio judeu:
— Qual dos três (o sacerdote, o levita ou o samaritano) te parece que foi o próximo do pobre homem que caiu em poder dos ladrões?
— Foi o que usou de misericórdia para com ele — respondeu o doutor.
Vai e faze o mesmo — disse-lhe o Divino Mestre.
*
Entendeu filhinho, a Parábola do Bom Samaritano?
O doutor da lei queria saber quem ele deveria considerar seu próximo, a fim de amar esse mesmo próximo. Mas, Jesus lhe respondeu indiretamente à pergunta, com outra questão: “Quem foi o próximo do homem ferido?” Jesus indagou do doutor da lei quem soube ter amor no coração para o desconhecido padecente da estrada. E o doutor, que era um judeu (os judeus odiavam os samaritanos), confessou que foi o samaritano.
 “Vai e faze o mesmo” — é a ordem eterna do Mestre. O nosso próximo, filhinho, é qualquer pessoa que esteja em nosso caminho; é qualquer alma necessitada de auxílio; é aquele que tem fome, que tem sede, que está desamparado, que está sofrendo na prisão ou no leito de dor...
Que você, meu filho, imite sempre o Bom Samaritano. Esteja sempre pronto para socorrer quem sofre, como o bondoso samaritano fez, sem qualquer indagação ao necessitado.
Que você faça o mesmo, como Jesus pediu. Nunca pergunte, nunca procure saber coisa alguma daquele que você pode e deve auxiliar. Não se interesse em saber se o pobre, se o doente, se o orfãozinho necessitado é espírita ou católico, se é judeu ou protestante, se é pessoa branca ou de cor. Não se interesse em saber quais as ideias que ele professa ou a política que ele acompanha. Não cultivem no coraçãozinho os odiosos preconceitos de raça, de religião ou de cor. Que você olhe apenas as feridas de quem sofre, para pensá-las. Que você enxergue somente a dor do próximo, para aliviá-la.
Imite o Bom Samaritano, filhinho. É Jesus quem pede ao seu coraçãozinho: “Vá e faça o mesmo”, sempre, em toda parte, com quem quer que seja.
Este é o caminho da Vida Eterna, com Jesus.




       Livro: HISTÓRIAS QUE JESUS CONTOU / Clovis Tavares. - Lucas, capítulo 10º, versículos 25 a 37.
[2]  Denário =  O denário era uma moeda romana, em curso na Palestina no tempo de Jesus.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

HISTÓRIA QUE JESUS CONTOU - O SEMEADOR

O SEMEADOR

Um semeador, como fazia todos os dias, saiu de casa e se dirigiu ao seu campo para nele semear os grãos de trigo que possuía, honrando a Deus com seu trabalho honesto.
Começou a semeadura.
Enquanto lançava as sementes ao campo, algumas caíram no caminho, na pequena estrada que ficava no meio da seara. Você sabe que os passarinhos costumam acompanhar os semeadores ao campo, para comer as sementes que caem ao chão?
Pois, isso aconteceu em nossa história. Alguns grãos caíram à beira da estrada, e os passarinhos, rápidos, desceram e os comeram.
O semeador, porém, continuou semeando.
Outras sementes caíram num lugar pedregoso.
Havia ali muitas pedras e pouca terra. As sementes nasceram logo naquele solo, que não era profundo. O trigo cresceu depressa, mas, vindo o sol forte, foi queimado; e como suas raízes não cresceram por causa das pedras, murchou e morreu.
Outros grãos caíram num pedaço do campo onde havia muitos espinheiros.
Quando o trigo cresceu, foi sufocado pelos espinhos e também morreu.
Uma última parte das sementes caiu numa terra boa e preparada, longe dos pedregulhos e das sarças.
E o trigo ali semeado deu uma colheita farta. Cada grão produziu outros cem, outros sessenta ou outros trinta...
*
O próprio Jesus explicou a Seus discípulos a Parábola do Semeador.
As nossas almas, filhinho, são comparáveis aos quatro terrenos da história: “o terreno do caminho”, “o solo cheio de pedras”, “a terra cheia de espinheiros e “o terreno lavrado e bom” Jesus é o Divino Semeador”.
A semente é a Sua Palavra de bondade e de sabedoria. E os diversos terrenos são os nossos corações, os nossos Espíritos, onde Ele semeia Seus ensinamentos, cheio de bondade para conosco.
E como procedemos para com Jesus?
Como respondemos à Sua bondade? O modo como damos resposta ao amor cuidadoso do Divino Mestre é que nos classifica espiritualmente, isto é, mostra que espécie de terreno existe em nossa alma. Cada coração humano é uma espécie de terra, um dos quatro solos da parábola. Vejamos, então, filhinho:
Quando alguém ouve a palavra do Evangelho e não procura compreendê-la, nem lhe dá valor, aparecem as forças do mal (os Espíritos maldosos, desencarnados ou encarnados) e arrebatam o que foi semeado no seu coração, tais como os passarinhos comeram as sementes... E sabe de que modo? Fazendo com que a alma esqueça o que ouviu, dando outros pensamentos à pessoa, fazendo com que ela se desinteresse das coisas espirituais. E a alma fica indiferente aos ensinamentos divinos. O coração dessa pessoa é semelhante ao “terreno do caminho”, aonde a semente não chegou a penetrar. Um exemplo desse terreno é a criança que não presta atenção às aulas de Evangelho, ficando distraída durante as explicações.
Ou ainda, a criança que não gosta de ler os livrinhos que ensinam o caminho de Jesus...
E o segundo terreno, o pedregoso?
Esse terreno é a imagem da pessoa que recebe os ensinos de Jesus com muita alegria. São exemplos as pessoas entusiasmadas com o serviço cristão, ou as crianças animadas nas escolas de Evangelho, mas cuja animação dura pouco. Quando surgem as zombarias, as perseguições ou os sofrimentos, a alma, que é inconstante, abandona o caminho do Evangelho.
Um exemplo para você, filhinho: uma criança está frequentando as aulas de Moral Cristã numa Escola Espírita. Está aprendendo os mandamentos divinos, os ensinos de Cristo, o caminho do bem, da pureza, da honestidade. Está muito contente com o que está estudando.
Sente-se animada e feliz. Um dia, aparece um colega do colégio ou da vizinhança, dizendo que o “Espiritismo é obra do demônio”, que “os que frequentam aulas de Evangelho nas escolas Espíritas ficam loucos e vão para o inferno”. E zomba dele sempre que o encontra e lhe põe apelidos humilhantes. O nosso amiguinho não tem ainda firmeza de fé. Tem medo das zombarias dos colegas e dos vizinhos, que dizem que “somente sua religião é verdadeira” e lhe mandam “receber Espíritos na rua”. Amedrontado pela perseguição e pelos motejos, o nosso irmãozinho deixa a Escola de Evangelho, onde estava começando a compreender a beleza do ensino de Jesus e as bênçãos do Espiritismo Cristão. Esse menino tinha o coração semelhante ao “terreno cheio de pedras”, onde a planta da verdade não pôde crescer e frutificar.
O terceiro solo é a “terra cheia de espinheiros “. É o caso das pessoas que recebem a palavra do Evangelho, mas, depois abandonam o caminho cristão por causa das grandezas falsas do mundo e da sedução das riquezas. Ouviram o Evangelho, mas se interessaram mais pelos negócios, pelos lucros, pelas vaidades da vida, pelo cuidado exclusivo das coisas da terra. Há também, no mundo das crianças, exemplos desse terreno. São as crianças que conheceram, às vezes desde pequeninas, os ensinos de Jesus, mas, depois de crescidas, preferiram os maus companheiros, as crianças sem Deus, e passaram a interessarem-se somente pelos problemas de dinheiro ou de modas, pelos ídolos do cinema ou do futebol. Não querem mais nem Jesus, nem lições de Evangelho. Só pensam em automóveis de luxo, sonham com caminhões, imaginam-se ricos “quando crescerem”... A princípio, sabiam repartir com os pobres o seu dinheirinho, porém, agora só pensam em juntá-lo: a caridade morreu nos seus corações. O mundo, com suas riquezas falsas (que terminam com a morte), seduziram suas almas e sufocou a plantinha de Deus em seus espíritos. Trocaram Jesus pelos sonhos e ambições de carros de luxo, de figurinos, de roupas elegantes, de campos de esporte, de concursos de beleza, de grandezas sociais... A plantinha de Deus foi sufocada pelos espinhos do egoísmo e das ilusões da vida material. E morreu...
O quarto terreno, “a terra lavrada e boa”, é o símbolo do coração que escuta o Evangelho, procurando compreendê-lo e praticá-lo na vida. E a alma que estuda a palavra do Senhor, percebendo que está neste mundo para aprender a Verdade e o Bem. E, assim, dá frutos de bondade e eleva-se para Deus. Abandona seus vícios e maus hábitos, dedicando-se à prática das virtudes, guardando a fé no coração, socorrendo carinhosamente os necessitados e sofredores e buscando os conselhos de Deus no Evangelho de Cristo.
O coração de uma criança verdadeiramente cristã é o bom terreno da parábola: cada semente de Jesus se transforma em trinta, sessenta ou cem bênçãos de bondade, de fé e de auxílio ao próximo. O coração dessa criança deseja conhecer sempre mais e melhor os ensinos cristãos. E se esforça sinceramente para fazer a Vontade Divina: amar e perdoar, crer e ajudar, aprender e servir.
Filhinho, aí está a Parábola do Semeador. Medite nela. Que você, guardando a humildade de coração, se esforce para ser, se ainda não o é, o bom terreno, que recebe os grãos de luz do Divino Semeador e dá muitos frutos de sabedoria e bondade.



Livro: HISTÓRIAS QUE JESUS CONTOU / Clóvis Tavares. - Bíblia Sagrada - Mateus 13 1:9, e 18:23.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

PENITENCIÁRIAS

PENITENCIÁRIAS 1

Coincidindo com a crise prisional no país, encontro na sabedoria de Amália Domingo Soler, no fabuloso livro A Luz do Caminho, que está esgotado e logo estará reeditado, o notável capítulo A Eterna Justiça, que parece foi escrito para a atualidade do país, embora escrito a mais de um século. Faço aqui pequenas transcrições parciais do citado capítulo:
1)      Você então acredita que com suas prisões se consegue a cura do criminoso? É um equívoco gravíssimo, porque, como regra geral, seus condenados são homens quando entram nos calabouços, mas ali se convertem em feras indomáveis (...);
2)      (...) se dobram o corpo sob o poder do chicote, não dobram seu Espírito, pois continuamente se está vendo que os crimes mais terríveis, que os atentados mais cruéis, que o ódio mais concentrado, quem os sente ou os comete?
3)      Eis como funciona a corrigenda de um criminoso de ontem, e não é porque seja um monstro da iniquidade, mas porque matou, sem estudar a natureza do seu crime, as leis o condenaram a alguns anos de prisão.
4)      (...) entrou na prisão aturdido, surpreso e assustado por sua própria obra; entrou como aprendiz, como se costuma dizer, na oficina dos crimes e saiu mestre consumado, o que prova que seus castigos violentos produzem um resultado completamente negativo, o que não ocorreria se os criminosos fossem tratados como se tratam os enfermos.
5)      (...) embora falte muito para que os enfermos pobres sejam tratados nos hospitais com as considerações e atenções devidas, não os golpeiam e não os submetem a continuados jejuns para curar suas doenças; dão-lhes medicamentos, alimentos, fazem operações que, conquanto dolorosas, têm por objetivo separar o membro gangrenado do resto do corpo, para que este se conserve saudável.
6)      Ora, se assim tratam as enfermidades do organismo, com relativo acerto e com o sadio desejo de conseguir a cura completa, por que não fazem o mesmo com as enfermidades da alma?
7)      Que vocês pensam que são os criminosos? (...) cada um deles apresenta distinta enfermidade (...) quanta diferença existe na origem da criminalidade!
8)      Curar a doença por meio de um tratamento geral é como se num hospital cheio de enfermos, cada um com sua doença particular, dessem a todos o mesmo medicamento, pretendendo que se curasse com o mesmo remédio o tuberculoso incurável e aquele que somente tivesse uma leve febre.
9)      Dia chegará (...) em que suas horríveis prisões serão substituídas por casas de saúde, onde os criminosos serão julgados, não por juízes, mas por sábios psiquiatras, e cada ser que cometa um delito será um livro aberto no qual o médico encarregado de sua cura lerá constantemente.
10)    A doçura é o modo de corrigir os culpados; (...) os crimes diminuirão à medida que os criminosos sejam considerados doentes em estado gravíssimo que necessitam de especiais cuidados e múltiplas atenções, e de alguém que os ensine a trabalhar e, o que é mais difícil, a amar o trabalho (...)
11)    Que diferentes resultados obterá o sistema penitenciário de que se fará uso nos séculos vindouros!
Nossas autoridades precisam conhecer uma sábia orientação dessa natureza. O império do materialismo, da indiferença e o predomínio do egoísmo formam esse quadro complexo que estamos enfrentando no país. Daí a imperiosa necessidade da expansão da visão imortalista da vida, que não se resume a algumas décadas nesse corpo frágil que utilizamos.
Concluo com trecho no final do capítulo:
“(...) eduquem-nos (...) para que comecem a ser úteis a seus semelhantes, porque toda água que se dá aos sedentos, encontrá-la-ão depois em gotas de precioso bálsamo que lhes servirá mais tarde de alimento e vida (...)”.
Não é o grande desafio da nação?
Até onde vamos com nossa indiferença?
Multiplicam-se os condenados e penitenciários, esquecidas as autoridades do poder da educação (e sua estrutura, claro!).
Que, curiosamente, começa em casa, antes do berço, no aconchego familiar, no exemplo dos pais e no Evangelho do Cristo, único capaz de formar autênticos homens de bem.



O CONFLITO DA MENTIRA


O CONFLITO DA MENTIRA 1

Não lhes escrevo porque não conhecem a verdade, mas porque vocês a conhecem e porque nenhuma mentira procede da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? 
(1 João 2:21-22)

O médico Sigmund Freud, nascido em maio de 1856, criador da psicanálise, afiançava que a causa da histeria era de fundo psicológico, e não orgânico. Sua hipótese servia de base para os demais conceitos que desenvolvia, sobretudo sobre a estratificação do inconsciente.
Um ano após o nascimento de Freud, em 1857, nascia a Doutrina Espírita, consubstanciada pelas pesquisas e observações fecundas de Allan Kardec, pseudônimo do professor Rivail, um exímio pensador francês, que apresentava ao mundo, à época,  um novo e instigante princípio: a de que o espírito sobrevive ao túmulo e se comunica com os homens oferecendo novas revelações.
A imensa necessidade de reflexões que cogitavam um sentido maior para a vida começavam a ganhar espaço nas conversas entre os pensadores, educadores e cientistas da época.
A humanidade ainda carregava o ranço deixado pelos materialistas sistemáticos e niilistas.
O ser humano diante de inúmeras angústias, correspondentes aos períodos de aferição de valores morais, buscava respostas na ciência para suas anedônicas vidas, visto que estava desiludido com a religião oferecida pelos sacerdotes de todas as designações religiosas.
Ciência e a Filosofia encetam seus marcos ante ao homem afoito em encontrar respostas para os crescentes problemas existenciais.
O “mundo espiritual” providenciava naquela conjuntura, a reencarnação de espíritos que colaborariam com as reflexões propiciando o avanço dos conceitos humanos sobre o ser espiritual e a vida real.
A Verdade sempre produz obras que edificam. E o Cristo sempre à frente das conquistas humanas.
A advertência joanina ainda ecoa na psicosfera planetária: “Não lhes escrevo porque não conhecem a verdade, mas porque vocês a conhecem e porque nenhuma mentira procede da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo?”
Freud traz ao conhecimento acadêmico a teoria da consciência humana que se subdivide em três níveis: Consciente, Subconsciente e Inconsciente – o primeiro contém o material perceptível; o segundo, o material latente, mas passível de emergir à consciência com certa facilidade; e o terceiro contém o material de difícil acesso, isto é, o conteúdo mais profundo da mente, que está ligado aos instintos primitivos do homem.
As teses psicanalíticas não se inteiraram da verdade sobre a imortalidade da alma e a conservação de suas memórias emocionais, contudo desconfiava que nem tudo pertencia ao cérebro. Freud mostrou a psique e Kardec o espírito e sua imortalidade. Ambos mudaram o conceito do Soma. Isto é, existe algo além dele. Não era a finalidade de Freud provar ou comprovar a existência do espírito, porém contribuiu com as ideias espiritualistas, indiretamente, mostrando o outro lado das doenças.
O Espiritismo contempla e integra os seres humanos em suas três dimensões: física (orgânica), mental (psicológica) e espiritual.
Desde que o homem atingiu as faculdades da razão ele busca caminhos para suavizar a sua performance ou soluções para minimizar os impactos indesejáveis nas suas relações com o outro, com o mundo e com a divindade. O consciente, o pré-consciente e o inconsciente compõem as estruturas do homem eterno.
 A convivência com o próximo nem sempre é fator sereno e os conflitos de opiniões tendem a surgir nas experiências cotidianas.
A neurociência afirma que os comportamentos mentais que se repetem constroem “pontes” de fácil acesso para que se estabeleçam os hábitos.
A rede neural é composta de uma capacidade plástica espantosa. Dizemos que uma rede neural "aprende" quando uma ação (repetidas vezes) alimenta os circuitos de tal forma que, em situações futuras análogas, o conjunto alcance resultados melhores e mais rapidamente.
As sinapses disparada, vão construindo pontes; a fim de encurtar a distância e quando se dá conta o comportamento mental fora modelado surgindo o hábito.
Mentir, dissimular ou enganar passa-se a ser hábito dos fracos.
O conflito sobre mentir ou não surge quando o homem jaz sob confusão de valores e adota o caminho da mentira, a partir de então, o indivíduo passa a ter o comportamento mentiroso, blindando o sentimento de culpa.
O hábito da mentira é danoso ao homem, pois que este perde a referência de si mesmo.
A deformidade do caráter do indivíduo surge diante de pequenos episódios que por pusilanimidade e imaturidade moral não soube contornar.
A transparência, a autenticidade nas relações humanas constituiu um princípio ético a se conquistar.
Em que pese Sigmund Freud ter analisado os distúrbios de personalidade asseverando que muitos transtornos ofereciam um fator meramente psicológico e não necessariamente orgânicos, o Espiritismo vai além, pois aprecia a interação mente e corpo.
Assim sendo, explicam que os transtornos psíquicos e a saúde orgânica são espelhos de escolhas que fazemos razão pelo qual urge moldarmos na mente sadia as obras da verdade, apresentando o Cristo nas obras diárias, edificando assim a verdade na interação com o semelhante.


terça-feira, 8 de agosto de 2017

Nós e o mundo


NÓS E O MUNDO[1]
“Dai e servos-á dado” - Jesus [Lucas, 6: 38]
“Vós, porém, que vos retirais do mundo, para Me evitar as seduções e viver no insulamento, que utilidade tende na Terra? Onde a vossa coragem nas provações, uma vez que fugis à luta e desertais a combate?”
 E. S. E. Cap.O5, Item 26
Muitos religiosos afirmam que o mundo é poço de tentações e culpas, procurando o deserto para acobertar a pureza, entretanto, mesmo ai, no silencioso retiro em que se entregam a perigoso ócio da alma, por mais humildes se façam, comem, os frutos e vestem a estamenha[2] que o mundo lhes oferece.
Muitos escritores alegam que o mundo é vasto arsenal de incompreensão e discórdia, viciação e delinquência, Como quem se vê diante de um serpentário, contudo, é no mundo que recolhem o precioso material em que gravam as próprias ideias e encontram os leitores que lhes compram os livros.
Muitos pregadores clamam que o mundo é vale de malicia e perversidade, qual se as criaturas humanas vivessem mergulhadas em piscina de lodo, todavia, é no mundo que adquirem os conhecimentos com que ornam o próprio verbo e acham os ouvintes que lhes registram respeitosamente a palavra.
Muitas pessoas dizem que o mundo é antro de perdição em que as trevas do mal senhoreiam a vida, no entanto, é no mundo que receberam o regaço materno para tomarem o arado da e experiência é no mundo que se nutrem confortavelmente a fim de demandarem mais altos planos evolutivos.
O mundo, porém, obra prima da Criação, indiferentes às acusações gratuitas que lhe são desfechadas, prossegue florindo e renovando, guiando o progresso e sustentando as esperanças da Humanidade.
Fugir de trabalhar e sofrer no mundo, a título de resguardar a virtude, é abraçar o egoísmo mascarado de santidade.
O aluno diplomado em curso superior não pode criticar a bisonhice[3] das mentes infantis, reunidas nas linhas primárias da escola.
Os bons são realmente bons se amparam os menos bons.
Os sábios fazem jus à verdadeira sabedoria se buscam dissipar a névoa da ignorância.
O Espírita, na essência, é o cristão chamado a entender e auxiliar.
Doemos, pois, ao mundo ainda que seja o mínimo do máximo que recebemos dele, compreendendo e servindo aos outros, sem atribuir ao mundo os erros e desajustes que estão em nós.



[1] Livro da Esperança, Francisco Cândido Xavier / Espírito Emmanuel, Editora FEB, cap. 12
[2] Tecido grosseiro. Hábito de frade - https://www.dicio.com.br/estamenha/
[3] Qualidade de bisonho; acanhamento, inexperiência. - https://www.dicio.com.br/bisonhice/

sábado, 5 de agosto de 2017

POR QUE A CRIANÇA SOFRE?

POR QUE A CRIANÇA SOFRE?
"Que dizer, enfim, dessas crianças que morrem em tenra idade e da vida só conheceram sofrimentos? Problemas são esses que ainda nenhuma filosofia pode resolver anomalias que nenhuma religião pôde justificar e que seria a negação da bondade, da justiça e da providência de Deus, se verificasse a hipótese de ser criada a alma ao mesmo tempo em que o corpo e de estar a sua sorte irrevogavelmente determinada após a permanência de alguns instantes na Terra,"
Allan Kardec "O Evangelho Segundo o Espiritismo" - Capítulo V, item 6.
Diante dos sofrimentos infantis, é comum que as pessoas comentem "que as crianças não deveriam sofrer," alegam que são inocentes, indefesas, etc. Ao se defrontarem, nos hospitais, com crianças enfermas, portadoras de doenças incuráveis, passando por dores e dificuldades, ou vivendo na própria família a situação de um filho enfermo, não são poucos aqueles que se revolta contra Deus, culpando-O e tentando, de alguma maneira, entender as causas dessas provações.
Realmente, o coração se confrange frente a recém-nascidos enfermos, às vezes portadores de graves deficiências, ou de crianças com mais idade cuja vida é um verdadeiro calvário de dor.
Por outro lado, encontramos crianças que desde o berço sofrem maus-tratos dos pais ou responsáveis.
Crianças torturadas por adultos; crianças vítimas de agressões físicas e psicológicas; crianças relegadas ao abandono, obrigadas a mendigar pelo pão de cada dia; crianças levadas aos vícios por adultos pervertidos; crianças obrigadas a trabalho escravo - enfim, triste é o quadro de tais sofrimentos infantis.
Para arrematar este panorama, crianças que morrem cedo e, conforme a opinião de muitos, prematuramente. Morrem como avezinhas frágeis que as misérias físicas, morais, sociais e espirituais atingem de maneira fatal.
Indagações surgem:
Fatalidade?
Azar?
Castigo de Deus?
Injustiça e crueldade divinas?
A maioria dessas perguntas segue sem resposta pela vida afora, visto que as religiões não têm como explicar, de forma profunda e lógica, o que realmente ocorre e por que ocorre. Como também os psicólogos, psiquiatras, sociólogos, etc. em que pese ao respeito que nos merecem e reconhecendo quanto têm ajudado a minorar os conflitos humanos, esbarram em pontos enigmáticos, difíceis de serem compreendidos e explicados.
Não admitindo a existência de Deus, do espírito, da reencarnação, da Lei de Causa e Efeito, do livre-arbítrio, faltam a todas essas pessoas e credos religiosos os recursos para um entendimento maior acerca do sentido da vida.
Como já foi dito, a criança é um espírito reencarnado; este conhecimento modifica toda a visão da vida terrena, aclarando as causas das lutas, dos sofrimentos, dos relacionamentos, o motivo dos desencontros entre as pessoas, as desigualdades intelectuais, morais, sociais, o porquê dos poucos instantes de felicidade que os seres humanos desfrutam, enfim, uma visão inteiramente nova acerca do mundo e do próprio Universo. Tudo isto remete a criatura a algo verdadeiramente notável e fundamental para seu crescimento, a descoberta de Deus, como Pai misericordioso, onipotente, mas, acima de tudo, a perfeita justiça e bondade.
No livro Entre a Terra e o Céu, ditado pelo Espírito André Luiz apresenta-nos o caso Júlio, que esclarece bastante quanto à questão do sofrimento e à necessidade da reencarnação.
Vejamos, em síntese, alguns pontos desse interessante relato.
Júlio era o filho caçula do ferroviário Amaro e sua esposa, Odila. Esta desencarnou, deixando-o com a filha adolescente, Evelina, e o pequeno Júlio. Ao fim de algum tempo, Amaro casa-se com Zulmira. Esta tem dificuldade de se relacionar com os filhos do primeiro casamento de Amaro, especialmente com o menino, muito ligado ao pai, que lhe dedicava muito carinho e atenção. Vendo-os juntos, a madrasta passa a ter ciúmes do enteado, imaginando que, se ele morresse, teria o marido para si, não tendo que dividi-lo com mais ninguém, já que Evelina era muito retraída e não lhe dava trabalhos.
Num passeio à praia, Zulmira descuida-se, propositadamente, do garoto, então com oito anos, e este acaba morrendo afogado. No último instante, ela se arrepende, mas já era tarde. Presa de remorsos, ela adoece, pois o marido, por sua vez, distancia-se dela, julgando-a relaxada e cruel com os filhos.
Entretanto, Júlio trazia consigo a morte prematura no quadro de provações. Era um suicida reencarnado...
São esclarecimentos de Clarêncio, instrutor espiritual de André Luiz, na obra citada.
Júlio, espírito, é imediatamente amparado e levado; para uma instituição, no plano espiritual, o "Lar da Bênção", importante colônia educativa, misto de escola de mães e domicílio de pequeninos que regressam da esfera carnal.
O menino apresentava um quadro de sofrimento e, por isso, necessitava de atendimento especial, tendo sido entregue aos cuidados de Blandina, espírito detentor de expressivos méritos, que o acolheu em seu próprio lar.
Júlio tinha poucos momentos de tranquilidade: chorava, inquieto, sentia dores na garganta, onde se localizava uma extensa ferida.
Clarêncio, visitando-o para inteirar-se de seu estado, aplica-lhe passes anestesiantes que proporcionam grande alívio ao pequeno enfermo.
Por outro lado, Odila, tomada de ciúmes da nova esposa de Amaro e julgando-a culpada pela morte do filho, passa a obsidiá-la, de forma muito intensa, o que agrava o estado físico e psíquico de Zulmira. No seu desvario, a primeira esposa do ferroviário não se dava conta de que, nesse processo de vingança contra aquela que julgava sua rival e assassina, se distanciava do filho. Após várias providências dos Benfeitores Espirituais, visando à reaproximação e envolvendo o pequeno grupo de encarnados e desencarnados ligados aos acima mencionados, Odila desperta para a realidade e modifica inteiramente o seu modo de pensar e agir, sendo então levada até o lar de Blandina, ocorrendo assim o seu reencontro com o filho querido. Embora a presença da mãe, este não apresentava melhoras significativas, não se livrara de seu sofrimento na região da glote. É esclarecido que Júlio, em anterior existência, vivida em Assunção após uma desilusão amorosa, ingeriu grande dose de corrosivo, tendo sobrevivido por alguns dias; porém, não suportando as dores que o atormentavam, embededou-se e jogou-se no rio Paraguai, terminando assim a vida física.
Renascera, posteriormente, como filho daqueles aos quais estava vinculado espiritualmente, Amaro e Odila, mas, em razão dos seus graves comprometimentos, teria um período curto no plano físico, desencarnando, portanto, por afogamento no mar.
Sabemos que o suicídio acarreta dolorosas consequências. De volta à esfera espiritual, Júlio ressente-se ainda das feridas na garganta e no esôfago, por ter ingerido o corrosivo, lesões estas que sulcaram o seu perispírito, gerando profunda distonia vibratória. Os instrutores espirituais, diante de seu sofrimento, elucidaram que a única maneira de curá-lo seria o retorno ao plano terreno em um novo corpo. Seria novamente filho de Amaro, mas sua mãe seria Zulmira, visto estarem os três enredados e comprometidos naquela anterior existência.
Júlio retorna ao cenário terrestre. Seu novo corpo expressa as lesões resultantes do suicídio, mas é o abençoado dreno de suas energias ainda em desequilíbrio, agindo como escoadouro dos débitos do passado. A sua vida física é curta e ele desencarna em decorrência das sequelas pretéritas. Mas, na espiritualidade, Júlio se vê finalmente livre das injunções cármicas que contraíra. A partir daí, está em condições de retomar a sua caminhada evolutiva. Novamente reencarna, no mesmo lar e com os mesmos pais anteriores, entretanto recomeça muito melhor, com novas esperanças e perspectivas de mais próxima felicidade. Os envolvidos na trama do pretérito estão agora rearmonizados.
Pode-se observar no caso Júlio dois pontos básicos: as vinculações criadas a partir dos desatinos cometidos na última encarnação desse pequeno grupo de espíritos e, também, que somente através do retorno ao plano físico conseguiriam alcançar a necessária reparação perante as leis divinas e a reconstrução das próprias vidas.
As leis de Deus são perfeitas e equânimes para todos os seres e coisas que povoam e preenchem o Universo. Os sofrimentos são inerentes ao nosso estágio evolutivo; o que vale dizer que ninguém é inocente ou isento de falhas, deficiências e culpas.
A criança sofre porque, na realidade, é um espírito multimilenar reencarnado, com nova roupagem física, mas que traz do passado a sua história pessoal, a refletir-se no hoje.
Allan Kardec ensina:
"O homem, pois, nem sempre é punido, ou punido completamente, na sua existência atual, mas não escapa nunca às consequências de suas faltas. ( ... ) Rendamos graças a Deus, que, em sua bondade, faculta ao homem reparar seus erros e não o condena irrevogavelmente por uma primeira falta".
(Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. V, itens 6 e 8).




Mediunidade e obsessão em crianças, Suely Caldas Schubert, Cap. 03

sexta-feira, 28 de julho de 2017

O EGOÍSMO


O EGOÍSMO
O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta. Ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la ascender na hierarquia dos mundos. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem. Digo: coragem, porque dela muito mais necessita cada um para vencer-se a si mesmo, do que para vencer os outros. Que cada um, portanto, empregue todos os esforços a combatê-lo em si, certo de que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é o causador de todas as misérias do mundo terreno. E a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens.
Jesus vos deu o exemplo da caridade e Pôncio Pilatos o do egoísmo, pois, quando o primeiro, o Justo, vai percorrer as santas estações do seu martírio, o outro lava as mãos, dizendo: Que me importa! Animou-se a dizer aos judeus:
Este homem é justo, por que o quereis crucificar? E, entretanto, deixa que o conduzam ao suplício.
É a esse antagonismo entre a caridade e o egoísmo, à invasão do coração humano por essa lepra que se deve atribuir o fato de não haver ainda o Cristianismo desempenhado por completo a sua missão. Cabem-vos a vós, novos apóstolos da fé, que os Espíritos superiores esclarecem o encargo e o dever de extirpar esse mal, a fim de dar ao Cristianismo toda a sua força e desobstruir o caminho dos pedrouços que lhe embaraçam a marcha. Expulse da Terra o egoísmo para que ela possa subir na escala dos mundos, porquanto já é tempo de a Humanidade envergar sua veste viril, para o que cumpre que primeiramente o expilais dos vossos corações.
 Emmanuel
Paris, 1861

Se os homens se amassem com mútuo amor, mais bem praticada seria a caridade; mas, para isso, mister fora vos esforçásseis por largar essa couraça que vos cobre os corações, a fim de se tornarem eles mais sensíveis aos sofrimentos alheios. A rigidez mata os bons sentimentos; o Cristo jamais se escusava; não repelia aquele que o buscava, fosse quem fosse: socorria assim a mulher adúltera, como o criminoso; nunca temeu que a sua reputação sofresse por isso.
Quando o tomareis por modelo de todas as vossas ações? Se na Terra a caridade reinasse, o mau não imperaria nela; fugiria envergonhado; ocultar--se-ia, visto que em toda parte se acharia deslocado. O mal então desapareceria, ficai bem certos.
Começai vós por dar o exemplo; sede caridoso para com todos indistintamente; esforçai-vos por não atentar nos que vos olham com desdém e deixai a Deus o encargo de fazer toda a justiça, a Deus que todos os dias separa, no seu reino, o joio do trigo.
O egoísmo é a negação da caridade. Ora, sem a caridade não haverá descanso para a sociedade humana. Digo mais: não haverá segurança. Com o egoísmo e o orgulho, que andam de mãos dadas, a vida será sempre uma carreira em que vencerá o mais esperto, uma luta de interesses, em que se calcarão aos pés as mais santas afeições, em que nem sequer os sagrados laços da família merecerão respeito.
Pascal
Sens, 1862



Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec; Editora LAKE, Capitulo 11 item 11 e 12

segunda-feira, 17 de julho de 2017

TOLERÂNCIA

TOLERÂNCIA
Caros amigos, sede severos convosco, indulgentes para as fraquezas dos outros. E esta uma prática da santa caridade, que bem poucas pessoas observam.
Todos vós tendes maus pendores a vencer, defeitos a corrigir, hábitos a modificar; todos tendem um fardo mais ou menos pesado a alijar, para poderdes galgar o cume da montanha do progresso.
Por que, então, haveis de mostrar-vos tão clarividentes com relação ao próximo, e tão cegos com relação a vós mesmos?
Quando deixareis de perceber, nos olhos de vossos irmãos, o pequenino argueiro que os incomoda, sem atentardes na trave que, nos vossos olhos, vos cega, fazendo-vos ir de queda em queda?
Crede nos vossos irmãos, os Espíritos. Todo homem, bastante orgulhoso para se julgar superior, em virtude e mérito, aos seus irmãos encarnados, é insensato e culpado: Deus o castigará no dia da sua justiça.
O verdadeiro caráter da caridade é a modéstia e a humildade, que consistem em ver cada um apenas superficialmente os defeitos de outrem e esforçar-se por fazer que prevaleça o que há nele de bom e virtuoso, porquanto, embora o coração humano seja um abismo de corrupção, sempre há, nalgumas de suas dobras mais ocultas, o gérmen de bons sentimentos, centelha vivaz da essência espiritual.
Espiritismo! Doutrina consoladora e bendita!
Felizes dos que te conhecem e tiram proveito dos salutares ensinamentos dos Espíritos do Senhor!
Para esses, iluminado está o caminho, ao longo do qual podem ler estas palavras que lhes indicam o meio de chegarem ao termo da jornada: caridade prática, caridade do coração, caridade para com o próximo, como para si mesmo; numa palavra: caridade para com todos e amor a Deus acima de todas as coisas, porque o amor a Deus resume todos os deveres e porque impossível é amar realmente a Deus, sem praticar a caridade, da qual fez ele uma lei para todas as criaturas.
Dufêtre,
Bispo de Nevers. (Bordéus.)



Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec; Editora LAKE, Capitulo 10 item 18