terça-feira, 12 de abril de 2016

ESPEREMOS


ESPEREMOS

 “Não esmagará a cana quebrada e não apagará o morrão que fumega, até que faça triunfar o juízo.”
MATEUS,
Capítulo 12, versículo 20

Evita as sentenças definitivas, em face dos quadros formados pelo mal.
Da lama do pântano, o Supremo Senhor aproveita a fertilidade.
Da pedra áspera, vale-se da solidez.
Da areia seca, retira utilidades valiosas. Da substância amarga, extrai remédio salutar. O criminoso de hoje pode ser prestimoso companheiro amanhã.
O malfeitor, em certas circunstâncias, apresenta qualidades nobres, até então ignoradas, de que a vida se aproveita para gravar poemas de amor e luz.
Deus não é autor de esmagamento.
É Pai de misericórdia.
Não destrói a cana quebrada, nem apaga o morrão que fumega.
Suas mãos reparam estragos, seu hálito divino recompõe e renova sempre.
Não desprezes, pois, as luzes vacilantes e as virtudes imprecisas. Não abandones a terra pantanosa, nem desampares o arvoredo sufocado pela erva daninha.
Trabalha pelo bem e ajuda incessantemente.
Se Deus, Senhor Absoluto da Eternidade, espera com paciência, por que motivo, nós outros, servos imperfeitos do trabalho relativo, não poderemos esperar?



Livro Caminho Verdade e Vida, Psicografia Francisco C. Xavier, ditado pelo Espírito Emmanuel, Ed FEB

quinta-feira, 7 de abril de 2016

MELINDRE

MELINDRE
Definição:
Melindre: facilidade em se ofender, se magoar, suscetibilidade (tendência a ressentir-se das coisas mais insignificantes).
De onde surge?
Ele ataca sorrateiramente a todos aqueles que, invigilante, dão valor maior a si mesmo do que o devido.
O amor próprio tem um limite.
Quando passamos a nos julgar superiores a nossos irmãos, avançamos para a vaidade, para o orgulho, para a falsa superioridade.
Ao atingir esse estágio perigoso, todas as ideias, observações ou palavras de nossos semelhantes que são contrárias ao nosso ponto de vista nos afetam muito.
Vem então o "melindre": não aceitamos ser contrariados, colocados de lado.
Não aceitamos opiniões diferentes, enchendo-nos de mágoas e de “não me toques”.
E o pior é que isso nos entristece nos tira do equilíbrio, traz consequências físicas e afetam profundamente nosso relacionamento com pessoas queridas.
Por que há melindres?
“O orgulho leva a vos crer mais do que sois; a não poder sofrer uma comparação que possa vos rebaixar; a vos considerar, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, seja como espírito, seja como posição social, seja mesmo como superioridade pessoal, que o menor paralelo vos irrita e vos fere.”
(Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. 9 it. 9)

“A exaltação da personalidade leva o homem a considerar-se acima dos outros. Julgando-se com direitos superiores, melindra-se com o que quer que, a seu ver, constitua ofensa a seus direitos. A importância, que por orgulho atribui à sua pessoa, naturalmente o torna egoísta.”
(Allan Kardec, Obras Póstumas – 1ª. Parte – Egoísmo e o orgulho)

“Há ainda aqueles cuja suscetibilidade é levada ao excesso; que se melindram com as mínimas coisas, mesmo com o lugar que lhes é destinado nas reuniões se não os põem em evidência (...).”
(Allan Kardec, discurso pronunciado nas reuniões gerais dos Espíritas de Lyon e Bordeaux) 

Suscetibilidade.
É o nível da capacidade do sujeito em se sentir ofendido.
“Pode-se compreender o melindre pelo viés psicológico, como um artifício usado pelo ego para preservar sua própria identidade. (...) quando o ego se sente “ameaçado” (ou desestabilizado por algo ou alguém), reage através de um fechamento psíquico, de um retraimento emocional, visando preservar, numa atitude defensiva e imatura, as estruturas (orgulho, vaidade,...) do próprio Eu.”
(Livro A convivência na Casa Espírita – Jerri Roberto Almeida)
O melindre é causa de muitas discussões que poderiam ter sido evitadas.
Bastaria uma atitude de tolerância, de compreensão.
Todos nós, espíritos ainda imperfeitos vivendo na Terra, estamos sujeitos a ter atitudes e a falar palavras ofensivas a nossos irmãos, e que a tolerância mútua e o perdão podem transformar em coisas banais e sem importância os episódios que julgamos terríveis ofensas que nos fazem.
Há determinadas situações que podem tornar a pessoa mais suscetível aos melindres:
- Estresse;
- Separação conjugal;
- Problemas familiares ou financeiros;
- Desemprego;
- A experiência de uma frustração, etc.
O Melindre é o primeiro estágio de outros sentimentos que poderão se seguir:
- Mágoa;
- Ressentimento;
- Raiva;
- Agressividade;
- Vingança.
Quando sentir-se melindrado, questionar-se:
- Porque estou sentindo-me assim?
- O que está atrás disso?
- Orgulho?
- Desvalorização?
- Influência espiritual?
O que fazer?
Não permita que suscetibilidades lhe conturbem o coração.
Dê aos outros a liberdade de pensar, tanto quanto você é livre para pensar como deseja.
Cada pessoa vê os problemas da vida em ângulo diferente.
Muita vez, uma opinião diversa da sua pode ser de grande auxílio em sua experiência ou negócio, se você se dispuser a estudá-la.
Melindres arrasam as melhores plantações de amizades.
Quem reclama, agrava as dificuldades.
Não cultive ressentimentos.
Melindrar-se, é um modo de perder as melhores situações.
Não se aborreça, coopere.
Quem vive de se ferir, acaba na condição de espinheiro. 
(Livro Sinal Verde – Chico Xavier – André Luiz)
Lutemos contra o melindre e o orgulho, colocando a tolerância antes de tudo, afinal muitos são os que toleram as nossas fraquezas e usando dos ensinamentos de Cristo para mudarmos, renovar nossos pensamentos e atitudes.

Sem melindres... Sem orgulho!



http://centroespiritacasadocaminhobp.blogspot.com.br/2012/11/melindres.html

OS INSTRUMENTOS DA PERFEIÇÃO

OS INSTRUMENTOS DA PERFEIÇÃO

Naquela noite, Simão Pedro trazia à conversação o espírito ralado por extremo desgosto.
Agastara-se com parentes descriteriosos e rudes.
Velho tio acusara-o de dilapidador dos bens da família e um primo ameaçara esbofeteá-lo
na via pública.
Guardava, por isso, o semblante carregado e austero.
Quando o Mestre leu algumas frases dos Sagrados Escritos, o pescador desabafou. Descreveu
o conflito com a parentela e Jesus o ouviu em silêncio.
Ao término do longo relatório afetivo, indagou o Senhor:
— E que fizeste, Simão, ante as arremetidas dos familiares incompreensivos?
— Sem dúvida, reagi como devia! — respondeu o apóstolo, veemente. — Coloquei cada um no lugar próprio. Anunciei, sem rebuços, as más qualidades de que são portadores. Meu tio é raro exemplar de sovinice e meu primo é mentiroso contumaz. Provei, perante numerosa assistência, que ambos são hipócritas, e não me arrependi do que fiz.
O Mestre refletiu por minutos longos e falou, compassivo:
— Pedro, que faz um carpinteiro na construção de uma casa?
— Naturalmente, trabalha — redarguiu o interpelado, irritadiço.
— Com quê? — tornou o Amigo Celeste, bem-humorado.
— Usando ferramentas.
Após a resposta breve de Simão, o Cristo continuou:
— As pessoas com as quais nascemos e vivemos na Terra são os primeiros e mais importantes instrumentos que recebemos do Pai, para a edificação do Reino do Céu em nós mesmos.
Quando falhamos no aproveitamento deles, que constituem elementos de nossa melhoria é quase impossível triunfar com recursos alheios, porque o Pai nos concede os problemas da vida, de acordo com a nossa capacidade de lhes dar solução.
A ave é obrigada a fazer o ninho, mas não se lhe reclama outro serviço.
A ovelha dará lã ao pastor; no entanto, ninguém lhe exige o agasalho pronto.
Ao homem foram concedidas outras tarefas, quais sejam as do amor e da humildade, na ação inteligente e constante para o bem comum, a fim de que a paz e a felicidade não sejam mitos na Terra.
Os parentes próximos, na maioria das vezes, são o martelo ou o serrote que podemos utilizar a benefício da construção do templo vivo e sublime, por intermédio do qual o Céu se manifestará em nossa alma. Enquanto o marceneiro usa as suas ferramentas, por fora, cabe-nos aproveitar as nossas por dentro.
Em todas as ocasiões, o ignorante representa para nós um campo de benemerência espiritual; o mal é desafio que nos põe a bondade à prova; o ingrato é um meio de exercitarmos o perdão; o doente é uma lição à nossa capacidade de socorrer.
Aquele que bem se conduz, em nome do Pai, junto de familiares endurecidos ou indiferentes, prepara-se com rapidez para a glória do serviço à Humanidade, porque, se a paciência aprimora a vida, o tempo tudo transforma.
Calou-se Jesus e, talvez porque Pedro tivesse ainda os olhos indagadores, acrescentou serenamente:
— Se não ajudamos ao necessitado de perto, como auxiliaremos os aflitos, de longe? Se não amamos o irmão que respira conosco os mesmos ares, como nos consagraremos ao Pai que se encontra no Céu?
Depois destas perguntas, pairou na modesta sala de Cafarnaum expressivo silêncio que ninguém ousou interromper.



Livro: Jesus no Lar, Espírito Néio Lúcio, Psicografia Francisco C. Xavier, Ed FEB.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

JESUS CONTIGO


JESUS CONTIGO

Dedica uma das sete noites da semana ao Culto do Evangelho no Lar, a fim de que Jesus possa pernoitar em tua casa.
Prepara a mesa, coloca água pura, abre o Evangelho, distende a mensagem da fé, enlaça a família e ora.
Jesus virá em visita.
Quando o Lar se converte em santuário, o crime se recolhe ao museu. Quando a família ora; Jesus se demora em casa. Quando os corações se unem nos lumes da Fé, o equilíbrio oferta bênçãos de consolo e a saúde derrama vinho de paz para todos.
Jesus no Lar é vida para o Lar.
Não aguardes que o mundo te leve a certeza do bem invariável. Distende da tua casa cristã, a luz do Evangelho para o mundo atormentado.
Quando uma família ora em casa, reunida nas blandícias do Evangelho, toda a rua recebe o beneficio da comunhão com o alto.
Se alguém, num edifício de apartamentos, alça aos Céus a prece da comunhão em família, todo o edifício se beneficia, qual lâmpada ignorada, acesa na ventania.
Não te afastes da linha direcional do Evangelho entre os teus familiares. Continua orando fiel, estudando com teus filhos e com aqueles a quem amas as diretrizes do Mestre e, quanto possível, debate os problemas que te afligem à luz clara da mensagem da Boa Nova e examina as dificuldades que te perturbam ante a inspiração consoladora do Cristo. Não demandes a rua, nessa noite, senão para inevitáveis deveres que não possas adiar. Demora-te no lar para que o Divino Hóspede ai também se possa demorar.
E quando as luzes se apagarem à hora do repouso, ora mais uma vez, comungando com Ele, como Ele procura fazer, a fim de que, ligado a ti, possas, em casa, uma vez por semana em sete noite, ter Jesus contigo.


Livro: Messe de Amor, Espírita Joanna de Ângelis / Divaldo P. Franco, Ed LEAL.

O LIVRO ESPÍRITA

O LIVRO ESPÍRITA

Bendize a oportunidade que desfrutas para semear.
Amanhã será a hora de recolher.
Valoriza a bênção da vida física no caminho da tua imortalidade. Recorda-te de que a carne é oportunidade breve, logo mais retornarás ao mundo espiritual, sem que o esperes, talvez. O corpo é concessão de Deus para o espírito aprender e agir, valorizando os recursos disponíveis.
A morte é prestação de contas, exame das lições...
O trabalho no bem é a salvadora diretriz.
Aproveitar a dádiva do tempo, na primavera dos ensejos de hoje, é dever que não pode ser adiado.
Amanhã, possivelmente, o sol forte do desespero ou o frio glacial dos desencantos não mais propiciem o clima espiritual para a vitalização dos teus compromissos, enquanto te demoras na veste física.
Agora fulgura no caminho a luz da ocasião própria. Depois, talvez, a saúde não mais te ajude a esperança não te fortaleça e o cansaço não te enseje oportunidade.
No momento, a Doutrina Espírita te desperta e convida em louvor à Vida Eterna e à Eterna Sabedoria que representa.
Falando-te que a Terra é paisagem para o serviço honrado, recorda-te de que retornará à Pátria, conduzindo as realizações que te digam respeito.
Abre o coração à mensagem da vida imperecível e utiliza os tesouros que o Espiritismo te concede para a felicidade geral.
Hoje segue no rumo da bendita plantação e os corações angustiados aguardam a valiosa concessão da fé. Espalha a luz que te clareia os passos, ajudando indiscriminadamente.
É necessário dares à fé que te liberta e glorifica o asilo da tua acolhida, favorecendo aquele que ainda não a receberam. Nesse sentido, recorda-te do Livro Espírita. Oferece-lhe agasalho no coração e Del receberás o calor da alegria para a vida.
Um ensinamento edificante é benção em qualquer lugar. Uma lição espírita é luz no caminho.
Acende essa claridade santa na vereda estreita por onde rumam os irmãos sem roteiro.
Se não fores compreendido, aprende a perdoar.
Se óbices se levantarem, impedindo a realização dos objetivos, procura entender a luta e beneficiar-te com ela.
Onde aparecem os pródromos da Doutrina Espírita, aí surgem as mãos de Jesus servindo e ajudando.
Descobrirá desse modo, no Espiritismo, a caridade como alma da vida, tudo vitalizando.
Nesse sentido, o pão para o estômago e o agasalho para a nudez expressam socorros imediatos, enquanto a palavra luminosa, nascida no coração do Mestre e transmitida pelo Livro Espírita, é pão duradouro e eterna semente de amor.
Uma carta espírita consola.
Uma lição espírita esclarece.
Um socorro espírita ilumina.
Um livro espírita liberta e conduz.
Foi por esse razão que, honrando o livro nobre e construtivo, O Espírito de Verdade, preconizou: “ Espíritas! Amai-vos; este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo”, afirmando peremptório: “Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade.”
Honra o Livro Espírita e difunde-o com o teu carinho pelo bem, e contemplarás, logo amanhã, a gleba terrena vestida de esperanças à sombra consoladora do Espiritismo, em cujo seio as almas encontrarão repouso para todas as fadigas.




Livro: Messe de Amor, Espírita Joanna de Ângelis / Divaldo P. Franco, Ed. LEAL.

quinta-feira, 31 de março de 2016

O QUE É UMBRAL?



O QUE É O UMBRAL?

A ideia do Umbral sempre provocou fascínio entre os espíritas e não espíritas. Desde que o médium Francisco Cândido Xavier revelou pela primeira vez a existência do Umbral na obra Nosso Lar, em 1944, muitas pessoas vêm procurando mais e mais informações a respeito. Umbral pode ser definido como uma zona ou região cósmica onde se encontram, por afinidade e sintonia, espíritos que estão presos aos resultados de suas próprias ações, emoções e pensamentos negativos.
É onde se reúnem desencarnados que não conseguem se libertar de muitas emoções, como mágoa, ressentimento, ódio, revolta, ambição, apego, angústia, dor, luto, decepção, frustrações, etc.
É preciso deixar claro que o umbral não é uma região situada no espaço, mas sim uma zona mental, de consciência, que é criada e construída psíquica e emocionalmente pelos espíritos que nele se encontram. É um plano extremamente negativo, com variados graus de densidade, que vão do mais denso ao menos denso. Não se trata de uma área geográfica, de algo delimitado espacialmente. Trata-se, antes de tudo, de criações mentais coletivas de grande desarmonia.
Para o Umbral vão espíritos cuja frequência é muito baixa; espíritos que cometeram erros terríveis em vida ou que se desgarraram em paixões, vícios, sexo, drogas, perversões, maldades e toda sorte de qualidades inferiores, como orgulho, egoísmo, vaidade, medo, tristeza profunda, dentre outros. Os espíritos vão para o chamado umbral não porque alguém os enviou para esta zona, mas por que com sua sintonia, com a ressonância de seus pensamentos, emoções e intenções, eles são automaticamente atraídos para as camadas de consciência de suas simpatias e inclinações.
Diz o espírito André Luiz em Psicografia de Chico Xavier:
“O plano está repleto de desencarnados e de formas-pensamentos dos encarnados, porque, em verdade, todo espírito, esteja onde estiver, é um núcleo irradiante de forças que criam, transformam ou destroem exteriorizadas em vibrações que a ciência terrestre presentemente não pode compreender. Quem pensa, está fazendo alguma coisa alhures. E é pelo pensamento que os homens encontram no umbral os companheiros que afinam com as tendências de cada um. Toda alma é um imã poderoso (…)”
Aqui o espírito André Luiz deixa claro que o pensamento, ou a consciência do espírito se irradia criando o ambiente que ele vai viver, e esse cenário externo, projetado por ele mesmo; é quase sempre sombrio, degradante, odioso e sofrido.
Dessa forma, compreendemos como, após a morte, os pensamentos têm a capacidade de criar formas externas, que se assemelham a coisas físicas, porém de matéria etérea. Essas são as formas-pensamentos, muito conhecidas no esoterismo. Como disse Edgar Cayce: “Pensamentos são coisas”.
Isso significa que nossas criações mentais coletivas podem gerar espaços subjetivos onde futuramente estaremos vivendo após a morte, quando todos os laços físicos forem rompidos e sobrar apenas a realidade de nossas criações mentais.

No entanto, é preciso esclarecer que os espíritos permanecem no Umbral apenas temporariamente. Na concepção do inferno cristão, dogma sustentado até hoje pela igreja católica e pelas igrejas protestantes, as almas que vão para a zona infernal ficam lá para sempre, por toda a eternidade, sem possibilidade de redenção, arrependimento, etc. Para muitos, essa ideia é contrária à misericórdia divina, que sempre dá ou deveria dar novas oportunidades aos seus filhos. Por isso, na visão espírita, o umbral é uma zona de consciência onde os espíritos não estacionam para sempre, mas apenas por um determinado período. Esse tempo não é o mesmo para todos os espíritos. Ele varia de espírito para espírito, dependendo dos erros que cometeu, dos vícios que ele mergulhou, do quanto agrediu, matou, estuprou, ofendeu ou prejudicou de diversas formas seus semelhantes. Por outro lado, no Umbral também existem espíritos presos a mágoa, raiva, angústia, depressão, etc. Essas almas não conseguem se desprender dessas tendências negativas, que criam um verdadeiro “inferno” em suas consciências.
Vamos dar alguns exemplos para que isso fique mais claro. Um espírito pode ficar um determinado tempo no umbral até se desprender da mágoa que sente de uma pessoa que a traiu em vida. Essa mágoa pode baixar sua vibração e leva-lo a se sintonizar com essa região cósmica de consciência para onde vão espíritos que também sentem mágoa de seus desafetos. Há muitos espíritos que vão ao umbral porque não conseguem perdoar aqueles que lhes fizeram mal. Em outro caso, uma pessoa pode ir ao umbral pela raiva que sente de alguém que a matou, que “tirou” a sua vida. Mal essa alma sabe que sua vida não foi tirada, mas sim que ela continua viva em outro plano de existência.
Algumas pessoas podem ir ao umbral pelo abuso que fazem de entorpecentes de diversos tipos. André Luiz acabou indo ao Umbral pelo abuso que fazia do cigarro, que foi considerado um “suicídio inconsciente” pela espiritualidade superior. Além disso, ele era um médico arrogante e muito voltado para si mesmo, o que fez com que sintonizasse com a zona umbralina correspondente a esse tipo de vibração.
Agora vamos esclarecer um ponto importante. Como já dissemos, o umbral, ao contrário do inferno católico, é um “local” apenas de passagem. Mas poucas pessoas sabem que o umbral tem uma característica muito importante: ele é uma zona de purgação. Essa ideia pode surpreender alguns, mas quando meditamos em sua essência, reconhecemos que ela faz todo sentido. Isso significa que os espíritos que se sintonizam com o umbral permanecem nele até purgar de dentro de si toda a negatividade que adquiriram no mundo. Eles precisam se purificar, ou seja, realizar essa limpeza em suas energias, para que possam ascender aos planos mais elevados da espiritualidade. Caso os espíritos não consigam se purificar no umbral, eles devem lá perdurar até conseguirem a libertação de todas as mazelas humanas que impedem sua entrada nos portões dos planos sutis.
Por exemplo, quando sentimos mágoa de uma pessoa que nos fez mal, essa mágoa permanece dentro de nós, e fica constantemente voltando ao nosso pensamento, as vezes de forma obsessiva, até que consigamos nos livrar dela e perdoar. O mesmo ocorre no umbral: um espírito que foi prejudicado por outro e sente muita raiva, deverá permanecer no umbral sentindo essa raiva até conseguir se libertar dela e perdoar, ou ao menos diminuir o grau desse sentimento. Ao contrário da Terra, onde temos um corpo físico que abafa nossa natureza espiritual, os espíritos são livres e manifestam exatamente o que são de forma muito mais ativa e intensa.
Por esse motivo, se um espírito desencarna com raiva de alguém, essa raiva pode permanecer com ele e será muito mais forte comparado ao que era durante sua estada na Terra. Ele sentirá cada aspecto do seu ser fervilhar de raiva daquele que o prejudicou, e essa raiva queimará dentro dele até que ele consiga se desprender dela. O processo funciona mais ou menos assim: o espírito vai repetindo suas emoções, ecoando seus pensamentos de ódio, mágoa, repulsa, culpa etc. até, finalmente, conseguir a libertação deles. Ele vai repetindo as emoções e as situações que o prendem até esgota-las e se livrar delas. Assim que ele se desapega de tudo, ele pode ascender ao plano espiritual mais elevado e ir a uma região cósmica que corresponde ao adiantamento de sua alma até a vida atual.
Dessa forma, fica claro que o Umbral, antes de tudo, é um local de purgação, onde são purificadas as nossas imperfeições humanas, para que o espírito que somos possa se manifestar mais livremente e ascender aos planos superiores. É como se o espírito fosse a água e as impurezas do nosso ser uma lama misturada a essa água. Quanto mais impureza precisa retirar da água, maior a previsão de tempo que ficaremos no umbral. A água precisa se tornar o mais pura possível para que possa desaguar no mar espiritual de pureza. Dessa forma, podemos dizer que o Umbral é uma espécie de filtro cósmico, onde se deve despojar toda a lama dos nossos apegos, ódios, vício, erros, culpa, sofrimento, etc. 
O Umbral é, sem engano, apenas um local de passagem, uma antessala que nos conduz aos planos celestes.
Algumas pessoas podem perguntar: mas o que eu posso fazer para evitar minha ida ao umbral?
A resposta a essa pergunta é bem simples e até óbvia: cada pessoa deve resolver, durante a sua vida, todas as suas pendências humanas. Isso significa que, aquele que tem raiva de alguém, deve perdoar e se libertar dessa raiva; aquele que se sente culpado por um erro que cometeu, perdoe-se e se liberte da culpa.
Aquele que tem rixas com seus familiares e nutre sentimentos inferiores, resolva essas brigas, e transforme o ódio no amor. O plano divino nos concede, na Terra, a oportunidade desses resgates com nossos irmãos humanos. No caso do desencarne sem que certos assuntos estejam bem resolvidos, podemos ficar um período mais ou menos longo no umbral até que nossa purificação se complete. Portanto, qualquer briga, conflito, raiva, mágoa, vício, apego, sofrimento, etc., deve ser resolvido ainda em vida, agora, nesse momento…
É claro que nem toda briga nos levará ao umbral, mas apenas aquelas que nos marcaram mais profundamente e nos deixaram com sentimentos negativos mais profundos. No entanto, para que possamos fazer com tranquilidade nossa passagem ao plano espiritual, vamos tratar de resolver tudo o que nos prende à matéria e aos sentimentos inferiores da alma humana.
Há um ditado popular que diz: “Não deixe para amanha o que você pode fazer hoje”. Há também uma máxima espiritual que diz:

“Não deixe para depois da morte o que você pode resolver durante sua vida”.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

DEVER CUMPRIDO


DEVER CUMPRIDO[1]


Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que a suplicam. Seu poder cobre a Terra, e por toda parte, ao lado de cada lágrima, põe o bálsamo que consola.
O devotamento e a abnegação são uma prece contínua e encerram profundo ensinamento: a sabedoria humana reside nessas duas palavras.
Possa todos os Espíritos sofredores compreender esta verdade, em vez de reclamar contra as dores, os sofrimentos morais, que são aqui na Terra o vosso quinhão. Tomai, pois, por divisa, essas duas palavras: devotamento[2] e abnegação[3],  e sereis fortes, porque eles resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõem.
O sentimento do dever cumprido vos dará a tranquilidade de espírito e a resignação.
O coração bate melhor, a alma se acalma, e o corpo já não sente desfalecimentos, porque o corpo sofre tanto mais, quanto mais profundamente abalado estiver o espírito.

Espírito da Verdade
Havre, 1861



[1] Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Ed, LAKE Cap. 6 ITEM 8.
[2] Dedicação, afeição – Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, 9ª edição MEC/FINAME/1975
[3] Desinteresse, renuncia, desprendimento – Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, 9ª edição MEC/FINAME/1975

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

ESTADO DA ALMA


ESTADOS DA ALMA 

A Casa do Pai é o Universo. 
As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito, oferecendo aos Espíritos desencarnados estações apropriadas ao seu adiantamento.

Independentemente da diversidade dos mundos, essas palavras podem também ser interpretadas pelo estado feliz ou infeliz dos Espíritos na erraticidade. Conforme for ele mais ou menos puro e liberto das atrações materiais, o meio em que estiver, o aspecto das coisas, as sensações que experimentar, as percepções que possuir, tudo isso varia ao infinito. 

Enquanto uns, por exemplo, não podem afastar-se do meio em que vieram, outros se elevam e percorrem o espaço e os mundos. Enquanto certos Espíritos culpados erram nas trevas, os felizes gozam de uma luz resplandecente e do sublime espetáculo do infinito. 

Enquanto, enfim, o malvado, cheio de remorsos e pesares, frequentemente só, sem consolações, separado dos objetos da sua afeição, geme sob a opressão dos sofrimentos morais, o justo, junto aos que ama, goza de uma indizível felicidade. Essas também são, portanto, diferentes moradas, embora não localizadas nem circunscritas.

Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap 3, item 2, Editora LAKE

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

LEMBRA



LEMBRA[1] 

Amados
Quem decreta a inoperância se autodesconhece.
Quem decreta a ociosidade se autodesconsidera.
Quem é convocado ao crescimento deve autoflorir.
Lembra o cacto do solo árido e estéril onde se encontra, consegue produzir as mais belas e exóticas flores.
Lembra que do lodo fétido, o lírio tira a sua beleza representada pela sua alvura.
Lembra que a rosa extrai da terra, com ou sem adubo, o perfume impar de cada espécie.
Lembra que Jesus chamou doze homens do povo, mas usou um que transformou de perseguidor a divulgador, a partir de uma singela ação na estrada deserta de Damasco.
Lembra que todos estão aquinhoados com recursos que merecem para as possibilidades que lhe são uteis.
Lembra que se a ave tentar o voo pensando na queda ficará imóvel.
Lembra que do excesso do alimento, advém os danos aos órgãos pela gordura.
Lembra que deve movimentar o interesse que lhe eleva para o alto.
Lembra que és o solo que recebeu a semente de Jesus para produzir frutos e sombras aos demais caminheiros.
Lembra de não ficar a satisfazer seus instintos com coisas efêmeras.
Lembra que os prazeres da carne não produzem frutos para alimentar o espírito.
Lembra que não existe santificação para a setaria[2] .
Lembra que as flores e perfumes, na natureza, são produtos de muito trabalho das plantas.
Lembra do sublime convite que lhe chega aos ouvidos em forma de lembranças.
Lembra do que lhe está sendo ofertado pelos espíritos de cá, para ser feito e produzir ai.
Lembra de que não deve se recalcitrar na inoperância e improdutividade.
Lembra de não anular o apelo com considerações de auto incapacidade.
Lembra de não permanecer longo tempo na condução das tentativas.
Lembra de não morrer sem produzir.
Lembra de ser tolerante, perder e doar, sofrer e desculpar.
Lembra que cada um só dá o que tem, e só se ora como pode, sente e vibra.
Lembra de ofertar-se ao senhor, conservando a paz,
Lembra de ser o afligido sem afligir.
Lembra do casulo donde surgirá uma linda borboleta.
Lembra que sua convocação continua no casulo de sua consciência sem perspectiva de rompimento para sua obra.
Lembra que és pedagogo para os outros aprendizes.
Lembra de ir aos que não podem vir até você.
Lembra quem tem inimigos, não ignoras as leis da natureza.
Lembra que os chamados devem recomeçar donde se autoabandonaram, na estrada evolutiva.
Lembra de prosseguir como o menor dos ramos, aparente seco, fazendo nascer o broto da planta, garantindo a continuidade da espécie.
Lembra de trilhar as correntes do trabalho digno
Lembra que:
            Perdendo tudo, e tendo tudo.
            Perseguido, mas com todos.
            Ofendido, porém jubiloso.
            Incriminado, porém inocente.
Cansado, porém de pé.
Caindo para reunir forças para seguir.
Linguagem no bem é vibração
Não lamente e nem se arrependa.
Lembra de examinar a convocação e prossegue sob a inspiração do bem.
Lembra de aproveitar o momento com os raios solar que ainda podes ver e sentir.
Lembra que é inadiável a sua necessidade de frutificar.
Lembra que foste convocado para auxiliar, não deixe a carne sofrer e nem sobrepor-se ao espírito.
Lembra do esforço de alguns para que alcance a realização que prometeu-se ao Senhor da Vida.
Lembra que o muito que lhe está sendo dado, obrigatoriamente deve ser devolvido em ações de graças.
Lembra que a bolota do carvalho esforça-se em elevar a planta às alturas, mas concomitantemente desce suas raízes às profundezes do solo, para garantir o equilíbrio.
Lembra que Jesus é para nós Jesus o Cristo de Deus, por ter descido aos nossos ambientes terrenos.
Lembra que amigos espirituais não atenderão aos pedidos e apelações para solucionar problemas que deves resolver mera condição de competências.
Lembra que compromisso espiritual é ligação com deveres maiores.
Lembra que toda ajuda que necessitas advém de sua renuncia.
Lembra que muitos estão te auxiliando na realização do projeto que adotaste como meta de resgate de endividamento para passos na caminhada evolutiva.
Lembra de renunciar a se mesmo, para ser próprio.
Lembra que o cacto no deserto armazena água suficiente para período longo de estiagem, que no final louva a natureza pela beleza de sua flor impar.
Lembra que o grão do trigo ficará sob o solo até que surja a condição propicia a germinação.
Lembra que a convocação a um trabalho espiritual não deve ser mesclado de outros interesses ou objetivos.
Lembra que roseiras não produzirão violetas.
Lembra que nosso Mestre e Guia nos ensinou sem se envolver com nossos gostos e problemas, a verdade pela sua pureza não se mescla ou se ajusta.
Lembra de conhecer e conhecer; o esforço, o amor e a renuncia, é o solo sendo arado para que a semente que és, produza a germinação para cima e para baixo sorrateiramente.
Lembra que a natureza com sua vegetação surge e se mantém apesar da falta de água ou com excesso de calor ou pela falta dele.
Lembra que se dando e doando-se, é que se eleva perante as leis divinas.
Lembra de deixar sua luz brilhar.
Lembra que nem todos os frutos darão sementes para a reprodução da espécie.
Lembra que amor é academia milenar que exige muita renuncia.
Lembra que Deus nos abençoa e Jesus nos inspira, guia e fortalece, daí sermos as plantas que Ele as jardeneias.
Lembra que amigos estão sempre juntos, independente do plano que estejam.
Lembra que carinho é o que sempre darei a você em forma das minhas humildes orientações.
Deus nos abençoe
Jesus nos ampare e fortaleça.
Irmã Marilia


[1] Psicografia por Alonso Lacerda, durante o Evangelho no Lar do dia 07.02.2016.
[2] Setaria é uma espécie de planta com flor pertencente à família Poaceae.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

MISÉRIAS HUMANAS

MISÉRIAS HUMANAS

Admira-se de haver sobre a Terra tantas maldades e tantas paixões inferiores, tantas misérias e enfermidades de toda sorte, concluindo-se que miserável coisa é a espécie humana. Esse julgamento decorre de uma visão estreita, que dá uma falsa ideia do conjunto.
É desnecessário considerar que toda a humanidade não se encontra na Terra, mas apenas uma pequena fração dela. Porque a espécie humana abrange todos os seres dotados de razão, que povoam os inumeráveis mundos do Universo.
Ora, o que seria a população da Terra, diante da população total desses mundos?
Bem menos que a de um lugarejo em relação à de um grande império. A condição material e moral da humanidade terrena nada têm, pois, de estranho, se levar em conta o destino da Terra e a natureza de sua população.
Faríamos uma ideia muito falsa da população de uma grande cidade, se a julgássemos pelos moradores dos bairros mais pobres e sórdidos. Num hospital, só vemos doentes e estropiados; numa galé, vemos todas as torpezas, todos os vícios reunidos; nas regiões insalubres, a maior parte dos habitantes são pálidos, fracos e doentes.
Pois bem: consideremos a Terra como um arrabalde, um hospital, uma penitenciária, um pantanal, porque ela é tudo isso a um só tempo, e compreenderemos porque as suas aflições sobrepujam os prazeres. Porque não se enviam aos hospitais as pessoas sadias, nem às casas de correção os que não praticaram crimes, e nem os hospitais, nem as casas de correção, são lugares de delícias.
Ora, da mesma maneira que, numa cidade, toda a população não se encontra nos hospitais ou nas prisões, assim a humanidade inteira não se encontra na Terra.
E como saímos do hospital quando estamos curados, e da prisão quando cumprimos a pena, o homem; sai da Terra para mundos mais felizes, quando se acha curado de suas enfermidades morais.





Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Ed, LAKE Cap. 3 itens 6 e 7