VEEM - Vamos Estudar Espiritismo e Magnetismo; é um Projeto que nasceu em novembro/2005, objetivando o estudo e a divulgação do Espiritismo; através de trabalhos presenciais como seminários, exposições, palestras, cursos, workshop, debates, etc. Resolvemos agregar outra ferramenta ao Projeto na Internet, para divulgar suas atividades na Seara Espírita; assim, criamos este blog, que além de divulgar o Espiritismo, disponibilizará os materiais utilizados pelo projeto.
domingo, 18 de outubro de 2020
terça-feira, 13 de outubro de 2020
APRENDENDO A PERDOAR
APRENDENDO A PERDOAR[1]
“Se
perdoardes aos homens as faltas que eles fazem contra vós, vosso Pai celestial
vos perdoará também vossos pecados, mas se não perdoardes aos homens quando
eles vos ofendem, vosso Pai, também, não vos perdoará os pecados.”
Evangelho Segundo Espiritismo
- Capítulo 10, item 2.
Nosso conceito de perdão tanto pode facilitar
quanto limitar nossa capacidade de perdoar.
Por
possuirmos crenças negativas de que perdoar é “ser apático” com os erros
alheios, ou mesmo, é aceitar de forma passiva tudo o que os outros nos fazem, é
que supomos estar perdoando quando aceitamos agressões, abusos, manipulações e
desrespeito aos nossos direitos e limites pessoais, como se nada tivesse
acontecendo.
Perdoar
não é apoiar comportamentos que nos tragam dores físicas ou morais, não é
fingir que tudo corre muito bem quando sabemos que tudo em nossa volta está em
ruínas. Perdoar não é “ser conivente” com as condutas inadequadas de parentes e
amigos, mas ter compaixão, ou seja, entendimento maior através do amor
incondicional. Portanto, é um “modo de viver.
O
ser humano, muitas vezes, confunde o “ato de perdoar” com a negação dos
próprios sentimentos, emoções e anseios, reprimindo mágoas e usando supostamente
o “perdão” como desculpa para fugir da realidade que, se assumida, poderia como
conseqüência alterar toda uma vida de relacionamento.
Uma das ferramentas básicas para alcançarmos o perdão real é mantermos a certa “distância
psíquica” da pessoa-problema, ou das discussões, bem como dos diálogos mentais
que giram de modo constante no nosso psiquismo, porque estamos engajados
emocionalmente nesses envolvimentos neuróticos.
Ao desprendermo-nos mentalmente, passamos a usar de modo construtivo
os poderes do nosso pensamento, evitando os “deveria ter falado ou agido” e
eliminando de nossa produção imaginativa os acontecimentos infelizes e
destrutivos que ocorreram conosco.
Em muitas
ocasiões, elaboramos interpretações exageradas de suscetibilidade e caímos em
impulsos estranhos e desequilibrados, que causam em nossa energia mental uma
sobrecarga, fazendo com que o cansaço tome conta do cérebro. A exaustão íntima é profunda.
A
mente recheada de idéias desconexas dificulta o perdão, e somente desligando-nos
da agressão ou do desrespeito ocorrido é que o pensamento sintoniza com as
faixas da clareza e da nitidez, no processo denominado “renovação da atmosfera
mental”.
É fator imprescindível, ao “separar-nos”
emocionalmente de acontecimentos e de criaturas em desequilíbrio, a terapia da
prece, como forma de resgatar a harmonização de nosso “halo mental”. Método
sempre eficaz restaura-nos os sentimentos de paz e serenidade, propiciando-nos
maior facilidade de harmonização interior.
A
qualidade do pensamento determina a “ideação” construtiva ou negativa, isto é,
somos arquitetos de verdadeiros “quadros mentais” que circulam sistematicamente
em nossa própria órbita áurica. Por nossa capacidade de “gerar imagens” ser
fenomenal, é que essas mesmas criações nos fazem ficar presos em “monos-idéia”.
Desejaríamos tanto esquecer, mas somos forçados a lembrar, repetidas vezes,
pelo fenômeno “produção conseqüência”.
Desligar-se ou desconectar-se não é um
processo que nos torna insensíveis e frios, como criaturas totalmente
impermeáveis às ofensas e críticas e que vivem sempre numa atmosfera do tipo “ninguém
mais vai me atingir ou machucar”.
Desligar-se quer dizer deixar de
alimentar-se das emoções alheias, desvinculando-se mentalmente dessas relações
doentias de hipnoses magnéticas, de alucinações íntimas, de represálias, de
desforras de qualquer matiz ou de problemas que não podemos solucionar no
momento.
Ao
soltar-nos vibracionalmente desses contextos complexos, ao desatarnos desses
fluidos que nos amarram a essas crises e conflitos existenciais, poderemos ter
a grande chance de enxergar novas formas de resolver dificuldades com uma visão
mais generalizada das coisas e de encontrar, cada vez mais, instrumentos
adequados para desenvolvermos a nobre tarefa de nos compreender e de
compreender os outros.
Quando acreditamos que cada ser humano
é capaz de resolver seus dramas e é responsável pelos seus feitos na vida,
aceitamos fazer esse “distanciamento” mais facilmente, permitindo que ele seja
e se comporte como queira, dando-nos também essa mesma liberdade.
Viver
impondo certa “distância psicológica” às pessoas e às coisas problemáticas
sejam entes queridos difíceis, sejam companheiros complicados, não significa que deixaremos de nos
importar com eles, ou de amá-los ou de perdoar-lhes, mas sim que
viveremos sem enlouquecer pela ânsia de tudo compreender, padecer, suportar e
admitir.
Além do
que, desligamento nos motiva ao perdão com maior facilidade, pelo grau de
libertação mental, que nos induz a viver sintonizado; em nossa própria vida e
na plena afirmação positiva de que “tudo deverá tomar o curso certo, se minha
mente estiver em serenidade”.
Compreendendo
por fim que, ao
promovermos “desconexão psicológica”, teremos sempre mais habilidade e
disponibilidade para perceber o processo que há por trás dos comportamentos
agressivos, o que nos permitirá não reagir da maneira como o fazíamos,
mas olhar “como é e como está sendo feito” nosso modo de nos relacionar com os
outros. Isso nos leva, conseqüentemente, a começar a entender a “dinâmica do
perdão”.
Uma das
mais eficientes técnicas de perdoar é retomar o vital contato com nós mesmos,
desligando-nos de toda e qualquer “intrusão mental”, para logo em seguida
buscar uma real empatia com as pessoas. Deixamos de; ser vítimas de forças fora
de nosso controle para
transformar-nos em pessoas que criam sua própria realidade de vida,
baseadas não nas críticas e ofensas do mundo, mas na sua percepção da verdade e
na vontade própria.
[1] Fonte: Livro – Renovando Atitudes – ditado do
Espírito Hammed, psicografia de Francisco
do Espírito Santo Neto, Boa Nova Editora e Distribuidora, 5.“ edição
sábado, 26 de setembro de 2020
PARÁBOLA DA FIGUEIRA QUE SECOU
PARÁBOLA DA FIGUEIRA QUE SECOU[1]
“No dia
seguinte, saindo eles de Betânia, teve fome. Vendo ao longe uma figueira que
tinha folhas, foi ver se, porventura, acharia nela alguma coisa.
Aproximando-se, nada achou senão folhas; porque ainda não era tempo de figos.
Disse-lhe: Nunca jamais coma alguém fruto de ti; e seus discípulos ouviram
isto.” “Quando chegava a tarde saíram da cidade. Ao passarem de manhã, viram
que a figueira estava seca até a raiz. Pedra, lembrando-se, disse-lhe: Olha,
Mestre, secou-se a figueira que amaldiçoaste!”
(Marcos,
XI, 12-14 – 19-21.)
Antes de
estudarmos esta passagem, uma consideração se apresenta às nossas vistas. Esta
figueira não será a mesma que serviu de comparação ao Mestre para a exposição
da sua Parábola, cap. XIII, 6 a 9 do Evangelho de Lucas?
Cremos
que sim, porque senão não haveria motivo para tão sumária execução. Se a
própria Parábola da Figueira Estéril ensina a necessidade de cultivo, de concerto,
de reparo, de fertilização com adubos, antes de toda e qualquer resolução
decisiva, como, de momento, sem os requisitos preceituados neste ensinamento,
Jesus resolveu fulminar a árvore que se achava bem enfolhada, bem “copada”?
Para
o leitor, insciente do sentido espiritual das Escrituras, outra dificuldade se
mostra com a aparente contradição entre a narração do texto de Marcos e a de
Mateus. Este diz: “No mesmo instante secou a figueira.” (Mateus XXI, 18 a 22);
aquele: “Pela manhã, viram que a figueira estava seca até a raiz.”
Entretanto,
essa contradição é só aparente. Os antigos, quando se exprimiam sobre a duração
de um fato, de uma coisa, de um fenômeno qualquer, não eram explícitos, como
nós somos. Por exemplo, a palavra que traduzimos por eternidade, queria dizer
um tempo incalculável, indeterminado, de longa duração. A Escritura fala de
meses de trinta anos em vez de meses de trinta dias. Acresce ainda a
circunstância de que; a hora dos hebreus abrangia, cada uma, três das nossas.
Para a
expressão “no mesmo instante”, aplicada ao tempo em que a figueira secou, o
período de cinco horas cabe perfeitamente, se compreendermos o modo enfático
com que foi pronunciada, porque uma árvore, mesmo que cortada pela raiz, não
secará nesse espaço de tempo.
Naturalmente
não era a primeira vez que Jesus e os seus discípulos viam aquela figueira. Por
três anos consecutivos viram-na sem frutos, e mesmo depois de estercada ela
permaneceu estéril. Do que Jesus se aproveitou para demonstrar, aos que tinham
de ser seus seguidores, o poder de que se achava revestido e o alto saber que o
orientava.
Acode-nos
uma lembrança também interessante. Diz Marcos que “a árvore não tinha senão
folhas, porque não era tempo de figos.” Ora, esta figueira, forçosamente devia
pertencer ao número daquelas árvores que dão fruto o ano inteiro; tanto mais
que a parábola fala de cultivo e de adubo à mesma aplicada. Se considerarmos o
clima daquela região, veremos que é perfeitamente admissível a nossa hipótese.
A região fria está quase adstrita ao Norte, nas montanhas do Líbano. A
proporção que se desce para Efraim, Manasses e Judá, a temperatura sobe, e
aumenta ainda mais para os lados de Sharon e nas costas do Mediterrâneo,
tocando o grau tropical no Vale do Jordão e no Mar Morto. Por essas bandas é
que se deveria encontrar a figueira, por ser mesmo o terreno mais fértil para plantações.
A figueira, aparentemente, estaria bem
situada. Por que não dava frutos? Adubos não lhe faltaram, cuidados não lhe
foram regateados! Por que seria que só lhe vinham tronco, galhos e folhas?
Com
certeza, aquele circuito onde ela se achava era improdutivo, e improdutivo de
tal modo que nem os adubos lhe venciam a esterilidade.
Ou então
a semente era “chocha”, era de fundo estéril, tornando-se-lhe inúteis todos os
cuidados.
Seja como
for, o ensino de Jesus é muito significativo, por haver escolhido uma árvore, a
fim de melhor gravar no ânimo de seus discípulos a lição que lhes queria
transmitir, bem assim às gerações que deveriam estudar nos Evangelhos a Verdade
que orienta e salva.
É
instrutivo porque, havendo o Mestre tomado por ponto de comparação uma figueira,
deixou bem claro que a lei de Deus, estendendo-se a toda a criação e sendo
eterna, irrevogável, tanto têm ação sobre as árvores, os animais, como sobre as
criaturas humanas.
Essa lei, que rege na figueira a produção
dos frutos, é a mesma que rege nos homens a produção das boas obras.
Uma
árvore sem frutos é uma árvore inútil, estéril, que não trabalha.
Uma alma
também sem virtudes é semelhante à figueira, na qual Jesus não encontra frutos.
Há, portanto, frutos de árvores e frutos de
almas; frutos que alimentam corpos e frutos que alimentam espíritos; todos são
frutos indispensáveis à vida, tanto dos corpos, como das almas.
A
figueira, por não ter frutos, secou, embora bem enraizada, de tronco bem
formado, de galhos bem ramificados, de copa bem enfolhada.
Assim
também o espírito, o homem, a mulher, e até as crianças sem bons sentimentos,
sem virtudes divinas, sem ações caritativas, generosas, celestiais, estejam
embora vestidos de seda, recamados de brilhantes, reluzentes de ouro, hão de
forçosamente sofrer as mesmas conseqüências ocorridas à figueira que, por não
dar frutos, secou ao império da Palavra de Jesus.
Desta explicação resulta a necessidade de praticar-nos sempre boas ações,
e, em nossos corações, fazermos provisão dos Ensinos Celestiais, para que o
Verbo de Deus se traduza por generosas ações.
Entretanto,
a Palavra de Deus não é só moral, é também sabedoria; e se analisarmos por esta
face a seca da figueira, chegaremos à conclusão de que a Palavra de Jesus não era simples palavra, mas também
ação.
Jesus,
durante a sua missão terrestre, foi sempre acompanhado de uma grande falange de
Espíritos que executavam suas ordens. Quando Jesus disse à figueira: nunca
jamais coma alguém fruto de ti”, alguns desses espíritos, com o poder de que
dispunham, fizeram secar a figueira, assim como nós o faríamos aquecendo o seu tronco.
O
centurião, em cuja casa Jesus curou, à distância, um servo que estava
paralítico, compreendeu bem o poder de Jesus e por certo sabia dos auxiliares
que com Ele agiam, quando disse: “Eu também tenho soldados às linhas ordens, e
digo a um: vai ali, e ele vai; a outro: vem cá, e ele vem; ao meu servo: faze
isto, e ele o faz.”
Com isso,
o centurião teria feito ver a Jesus que conhecia o seu poder, a milícia que o
acompanhava e os servos prontos a executarem suas ordens.
[1] Fonte: Livro Parábolas e Ensinos de Jesus – Cairbar
Schutel, Gráfica da Casa Editora o
Clarim, 1ª Edição - 1928 (Livro em pdf capturado no www.autoresespiritasclassicos.com
PARÁBOLA DA CANDEIA
PARÁBOLA DA CANDEIA[1]
“Ninguém,
depois de acender uma candeia, a cobre com um raso ou a põe debaixo de uma
cama; pelo contrário, coloca-a sobre um velador, a fim de que os que entram
vejam a luz. Porque não há coisa oculta que não venha a ser manifesta; nem
coisa secreta que se não haja de saber e vir à luz. Vede, pois, como ouvis;
porque ao que tiver, ser-lhe-á dado; e ao que não tiver, até aquilo que pensa
ter, ser-lhe-á tirado.”
(Lucas,
VIII, 16-18.)
“E
continuou Jesus: Porventura vem a candeia para se pôr debaixo do módio ou
debaixo da cama? Não é antes para se colocar no velador? Porque nada está
oculto senão para ser manifesto; e nada foi escondido senão para ser divulgado.
Se alguém tem ouvidos de ouvir, ouça. Também
lhes disse: Atenta! no que ouvis. A medida de que usais, dessa usarão convosco:
e ainda se vos acrescentará. Pois ao que tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem,
até aquilo que pensa ter, ser-lhe-á tirado.”
(Marcos,
IV, 21-25.)
A Luz é indispensável à vida
material e à vida espiritual.
Sem luz não há vida; a vida é luz
quer na esfera física, quer na esfera psíquica.
Apague-se o Sol, fonte das luzes
materiais; e o mundo deixará incontinente, de existir.
Esconda-se
a luz da sabedoria e da Religião sob o módio da má fé ou do preconceito, e a
Humanidade não dará mais um passo; ficará estatelada debatendo-se em trevas.
Assim,
pois, tão ridículo é acender uma candeia[2]
e colocá-la debaixo da cama, como conceber ou receber um novo conhecimento, uma
verdade nova e ocultá-los aos nossos semelhantes.
Acresce
ainda que; não é tão difícil encontrar o que se escondeu porque “não há coisa
oculta que não venha a ser manifesta”. Mais hoje, mais amanhã, um vislumbre de
claridade denunciará a existência da candeia que está sob o leito ou sob o
módio, e que desapontamento sofrerá o insensato que aí a colocou!
A
recomendação feita na parábola é que a luz deve ser posta no velador a fim de
que todos a vejam, por ela se iluminem, ou, então, para que essa luz seja
julgada de acordo com a sua claridade.
“Uma árvore má não pode dar bons frutos”; e o
combustível inferior não dá, pela mesma razão, boa luz. Julga-se a árvore pelos
frutos e o combustível pela claridade; pela pureza da luz que dá.
A
luz do azeite não se compara com a do petróleo, nem esta com a do acetileno;
mas todas juntas não se equiparam à eletricidade.
Seja como
for, é preciso que a luz esteja no velador, para se distinguir uma da outra.
Dar a necessidade do velador.
No
sentido espiritual, que é justamente o em que Jesus falava, todos os que receberam a Luz da
sua Doutrina precisam mostrá-la, não a esconderem sob o módio do
interesse, nem sob o leito da hipocrisia.
Quer seja
fraca, média ou forte; ilumine na proporção do azeite, do petróleo, do acetileno
ou da eletricidade, o mandamento é: “Que a vossa luz brilhe diante dos homens,
para que, vendo as vossas boas obras (que são as irradiações dessa luz) glorifiquem o vosso
Pai que está nos Céus.”
Ter luz e
não fazê-la iluminar, é colocá-la sob o módio; é o mesmo que não a ter; e
aquele que não a tem e pensa ter, até o que parece ter ser-lhe-á tirado. Ao
contrário, “aquele que tem, mais lhe será dado”, isto é, aquele que usa o que
tem em proveito próprio e de seus semelhantes, mais lhe será dado. A chama de
uma vela não diminui, nem se gasta o seu combustível por acender cem velas; ao
passo que estando apagada é preciso que alguém a acenda para aproveitar e fazer
aproveitar sua luz.
Uma vela
acendendo cem velas aumenta a claridade, ao passo que, apagada, mantém as
trevas. E como temos obrigação de zelar, não só por nós como pelos nossos
semelhantes, incorremos em grande responsabilidade pelo uso da “medida” que
fizemos; se damos um dedal não podemos receber um alqueire; se uma oitava não
pode contar com um quilo em restituição, e, se nada damos o
que havemos de receber?
A luz não
pode permanecer sob o módio, nem debaixo da cama. A candeia, embora matéria
inerte, nos ensina o que devemos fazer, para que a Palavra do Cristo permaneça
em nós, possamos dar muitos frutos e sejamos seus discípulos.
Assim, o
fim da luz é iluminar e o do sal é conservar e dar sabor.
Sendo os
discípulos de Jesus luz e sal, mister se faz que ensinem, esclareçam, iluminem,
ao mesmo tempo que lhes cumpre conservar no ânimo de seus ouvintes, de seus
próximos, a santa doutrina do Meigo Rabino, valendo-se para isso do espírito
que lhe dá o sabor moral para ingerirem esse pão da vida que verdadeiramente
alimenta e sacia.
Assim
como a luz que não ilumina e o sal que não conserva, para nada prestam, assim,
também, os que se dizem discípulos do Cristo e não cumprem os seus preceitos
nem desempenham a tarefa que lhes está confiada, só servem para serem lançados
fora da comunhão espiritual e serem pisados pelos homens.
A
candeia sob o módio não ilumina; o sal
insípido não salga, não conserva, nem dá sabor.
[1] Fonte: Livro Parábolas e Ensinos de Jesus – Cairbar Schutel, Gráfica da Casa Editora o Clarim, 1ª Edição - 1928 (Livro em pdf capturado no www.autoresespiritasclassicos.com
[2] Lâmpada formada por um recipiente, com um bico pelo qual passa a extremidade de um pavio, que se enche com óleo para queimar. https://www.dicio.com.br/candeia/
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
CONTIGO MESMO
CONTIGO MESMO[1]
““...O dever começa precisamente no ponto em que
ameaçais a felicidade ou a tranqüilidade do vosso próximo; termina no limite
que não gostaríeis de ver ultrapassado em relação a vós mesmos... ”
Evangelho Segundo o
Espiritismo – Cap. 17 item 7
Como decifrar o dever?
De que
maneira observar o dever íntimo impresso na consciência, diante de tantos
deveres sociais, profissionais e afetivos que muitas vezes nos impõem caminhos
divergentes?
Efetivamente,
nasceste e cresceste apenas para ser único no mundo.
Em lugar
algum existe alguém igual a tua maneira de ser; portanto, não podes perder de
vista essa verdade, para encontrar o dever que te compete diante da vida.
Teu
primordial compromisso é contigo mesmo, e tua tarefa mais importante na Terra,
para a qual és o único preparado, é desenvolver tua individualidade no
transcorrer de tua longa jornada evolutiva.
A
preocupação com os deveres alheios provoca teu distanciamento das próprias
responsabilidades, pois não concretizas teus ideais nem deixas que os outros
cumpram com suas funções. Não nos referimos aqui à ajuda real, que é sempre
importante, mas à intromissão nas competências do próximo, impedindo-o de
adquirir autonomia e vida própria.
Assumir
deveres dos outros é sabotar os relacionamentos que poderiam ser prósperos e
duradouros. Por não compreenderes bem teu interior, é que te comparas aos
outros, esquecendo-te de que nenhum de nós está predestinado a receber, ao
mesmo tempo, os mesmos ensinamentos e a fazer as mesmas coisas, pois existem
inúmeras formas de viver e de evoluir. Lembra-te de que deves importar-te
somente com a tua maneira de ser.
Não
podemos nos esquecer de que aquele que se compara com os outros acaba se
sentindo elevado ou rebaixado. Nunca se dá o devido valor e nunca se conhece
verdadeiramente.
Teus
empenhos íntimos deverão ser voltados apenas para tua pessoa, e nunca deverás
tentar acomodar pontos de vista diversos, porque, além de te perderes, não
ajustarás os limites onde começa a ameaça à tua felicidade, ou à felicidade do
teu próximo.
Muitos
acreditam que seus deveres são corrigir e reprimir as atitudes alheias. Vivem
em constantes flutuações existenciais por não saberem esperar o fluxo da vida
agir naturalmente.
Asseveram
sempre que suas obrigações são em “nome da salvação” e, dessa forma, controlam
as coisas ou as forçam acontecer, quando e como querem.
Dizem: “Fazemos
isso porque só estamos tentando ajudar”. Forçam eventos, escrevem roteiros,
fazem o que for necessário para garantir que os atores e as cenas tenham o
desempenho e o desenlace que determinaram e acreditam, insistentemente, que seu
dever é salvar almas, não percebendo que só podem salvar a si próprios.
Nosso dever é redescobrir o que é
verdadeiro para nós e não esconder nossos sentimentos de qualquer pessoa ou de
nós mesmos, mas sim ter liberdade e segurança em nossas relações pessoais, para
decidirmos seguir na direção que escolhemos. Não “devemos” ser o que nossos pais
ou a sociedade querem nos impor ou definir como melhor. Precisamos compreender
que nossos objetivos e finalidades de vida têm valor unicamente para nós; os
dos outros, particularmente para eles.
Obrigação
pode ser conceituada como sendo o que deveríamos fazer para agradar as pessoas,
ou para nos enquadrar no que elas esperam de nós; já o dever é um processo de
auscultar a nós mesmos, descortinando nossa estrada interior, para, logo após,
materializá-la num processo lento e constante.
Ao decifrarmos nosso real dever, uma sensação de
auto-realização toma conta de nossa atmosfera espiritual, e passamos a apreciar
os verdadeiros e fundamentais valores da vida, associados a um prazer
inexplicável.
Lembremo-nos
da afirmação do espírito Lázaro em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: “O
dever é a obrigação moral, diante de si mesmo primeiro, e dos outros em
seguida”.[2]
segunda-feira, 7 de setembro de 2020
TEMPOS DA IGNORÂNCIA
TEMPOS DA IGNORÂNCIA[1]
“... Muito se pedirá àquele a quem se tiver muito
dado, e se fará prestar maiores contas àqueles a quem se tiver confiado mais
coisas.
“... Somos nós, pois, também cegos? Jesus lhes
respondeu: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas agora dizeis que vedes e é
por isso que vosso pecado permanece em vós.”
Evangelho Segundo o
Espiritismo – Cap. 18, itens 10 A 11
Lucas
relata em Atos dos Apóstolos a seguinte orientação de Paulo de Tarso: “Deus não leva em conta os
tempos da ignorância”[2].
Em outras oportunidades, confirmou
também que “muito se pedirá
àquele que muito recebeu”[3],
quer dizer, o
agravamento das faltas é proporcional ao conhecimento que se possui.
Compreendemos,
dessa forma, que somos todos nós protegidos pela nossa “ignorância”,
pois somente seremos avaliados
pela Divina Providência, de conformidade com as possibilidades do “saber” e “sentir”,
isto é, segundo a nossa maneira de ver a nós próprios e o mundo que nos rodeia.
As
leis espirituais que dirigem a vida são sábias e justas e adaptam-se particularmente
a cada criatura, levando em conta suas individualidades.
O
eminente psicólogo e pedagogo suíço Jean Piaget, responsável pela teoria de que
o desenvolvimento das crianças propicia seu aprendizado, dizia que elas são
diferentes entre si, que cada uma tem seu jeito de crescer e de se realizar
como indivíduo, e que todos, poderíamos ajudá-las nesse crescimento, porém
nunca impondo formas generalizadas e semelhantes.
Piaget
ensinava que cada criança pensa e interpreta o mundo com seu peculiar
pensamento e com suas possibilidades orgânicas e mentais, quase sempre
heterogêneas.
Encontramos no mundo atual; modernos métodos
pedagógicos que seguem esse raciocínio, levando em conta que cada indivíduo,
para assimilar sua realidade de vida, é portador de um processo psicológico de
aprendizagem próprio. Cada um percebe de forma dissemelhante os estímulos da
Vida, decodifica-os e em seguida os reelabora, formando assim sua própria individualidade.
Por outro lado, encontramos também
na reencarnação a guarida desses métodos de ensino, pois ela se baseia na
multiplicidade de experiências ocorridas nos diversos avatares por onde a alma
percorre seus caminhos vivenciais, como um ser individual.
As diversidades do nosso tempo de criação, nossas heranças
reencarnatórias, experiências emocionais e mentais, ambientes sociais onde
ocorrem essas mesmas experiências, estruturas sexuais, masculinas ou femininas,
e motivações várias desenvolvidas na atualidade particularizam os seres humanos
com vocações, tendências, interesses, grau de raciocínio e discernimento “sui
generis”.
Relativos
e não generalizados devem ser os modos de ver as coisas e as pessoas. O próprio
direito penal classifica e pune os crimes dentro dos padrões do “intencional” ou “doloso”, “passional” ou “ocasional”.
Por que o poder inteligente que nos rege iria julgar-nos sem
levar em conta nosso “tempo da ignorância” e nossa relatividade?
Como educar ou avaliar genericamente, usando o mesmo critério, crianças
que receberam uma educação cheia de energia e vida, ensinadas a questionar e
criar; a ter curiosidade e admiração pela natureza; e outras que só vivenciaram
discussões, agressões e comportamentos medíocres por entre odores de bebidas
alcoólicas e nicotina, sem uma visão saudável de Deus; ao contrário, temerosa,
distorcida, adquirida através da crença de um ser ameaçador e temperamental?
O Amor de Deus programou-nos
simples inicialmente para permitir que nos desenvolvêssemos, de forma
gradativa, até atingir maiores plenitudes e totalidades.
Temos,
pois, que seguir essa programação da Natureza, ou seja, caminhar dentro desse
projeto estabelecido pelas leis universais para atingirmos a nossa integração
como seres espirituais.
Esse processo evolucional nos mostra que
podemos estar um pouco atrás, ou adiante, das criaturas, embora cada uma delas
tenha suas características próprias e certas de acordo com sua idade astral.
Nesse decurso
evolutivo, todos nós passamos por fases de egoísmo e orgulho até atingirmos
mais tarde as grandes virtudes da alma. Consideremos, portanto, que não seremos
censurados por estar nessas fases “primitivas”, porque o que chamamos de “defeito”
ou “inferioridade” seja, talvez, a passagem por esses ciclos iniciantes onde
estagiamos.
Lembremos
que essas “fases” ou “ciclos” não foram criados por nós, mas pelos desígnios de
Deus, que regem a Natureza como um todo.
Coisas
inadequadas que vemos em outras pessoas podem ser naturais nelas, ou mesmo do “tempo
da sua ignorância”, e representam características próprias de sua etapa
evolucional na estrada por onde todos transitaram, alguns mais avançados e
outros na retaguarda.
A vida
moderna nos deu raciocínio e reflexão, maturação intelectual e um desenrolar de
novas descobertas, ensinando-nos formulações racionais surpreendentes para que
melhor pudéssemos compreender os métodos de evolução e progresso em nós mesmos
e no Universo.
Não
somos responsáveis por aquilo que não sabemos, não sofreremos um castigo por atos
ou atitudes que ignoramos.
Talvez
essas idéias de punição, alienatórias, sejam os frutos da incapacidade de nossa
reflexão sobre a Bondade Divina, O que chamamos de “sofrimento” é simplesmente “resultado”
de nossa falta de habilidade para desenvolver as coisas corretamente, pois na vida não existem “prêmios” nem “castigos”, somente as conseqüências
dos nossos atos.
Vale,
porém, considerar que, à medida que nossa consciência se expande e maior
lucidez se faz em nossa mente, maiores serão nossos compromissos
perante a existência.
“Se
fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas agora dizeis que vedes e é por isso que
vosso pecado permanece em vós”.[4]
Podemos
pretextar ignorância, mas se tivermos consciência de nossos feitos isso sempre
será levado em conta.
Avaliemos atentamente: os tesouros da alma
que já integramos nos obrigarão a prestar maiores ou menores contas perante a
Vida Maior.
quinta-feira, 3 de setembro de 2020
SER FELIZ
SER FELIZ[1]
“...
Assim, pois, aqueles que pregam ser a Terra a única morada do homem, e que só
nela, e numa só existência, lhe é permitido atingir o mais alto grau das
felicidades que a sua natureza comporta, iludem-se e enganam aqueles que os
escutam...”
Evangelho Segundo o
Espiritismo – Cap. 05, item 20
As estradas que nos levam à
felicidade
fazem parte de um método gradual de crescimento íntimo cuja prática só pode ser
exercitada pausadamente, pois a verdadeira fórmula da felicidade é a realização
de um constante trabalho interior.
Ser feliz não é uma questão de circunstância, de estarmos
sozinhos ou acompanhados pelos outros, porém de uma atitude comportamental em
face das tarefas a que viemos desempenhar na Terra.
Nosso principal objetivo é progredir
espiritualmente
e, ao mesmo tempo, tomar consciência de que os momentos felizes ou infelizes de
nossa vida são o resultado direto de atitudes distorcidas ou não, vivenciadas
ao longo do nosso caminho.
No
entanto, por acreditarmos que cabe unicamente a nós a responsabilidade pela
felicidade dos outros, acabamos nos esquecendo de nós mesmos.
Como conseqüência; não
administramos, não dirigimos e não conduzimos nossos próprios passos.
Tomamos
como jugo, deveres
que não são nossos e assumimos compromissos que pertencem ao
livre-arbítrio dos outros. O
nosso erro começa quando zelamos pelas outras pessoas e as protegemos,
deixando de segurar as rédeas de nossas decisões e de nossos caminhos.
Construímos
castelos no ar, sonhamos e sonhamos irrealidades, convertemos em mito a verdade
e, por entre ilusões românticas, investimos
toda a nossa felicidade em relacionamentos cheios de expectativas coloridas, condenando-nos
sempre a decepções crônicas.
Ninguém
pode nos fazer felizes ou infelizes, somente nós mesmos é que regemos o nosso
destino. Assim sendo, sucessos ou fracassos são subprodutos de nossas atitudes
construtivas ou destrutivas.
A
destinação do ser humano é ser feliz, pois todos foram criados para desfrutar a
felicidade como efetivo patrimônio e direito natural.
O ser
psicológico está fadado a uma realização de plena alegria, mas por enquanto a
completa satisfação é de poucos, ou seja, somente daqueles que já descobriram
que não é necessário compreender
como os outros percebem a vida, mas sim como nós a percebemos,
conscientizando-nos de que cada criatura tem uma maneira única de ser feliz.
Para
sentir as primeiras ondas do gosto de viver, basta aceitar que cada ser humano tem um ponto de vista que
é válido, conforme sua idade espiritual.
Para ser feliz
basta entender que a felicidade dos outros é também a nossa felicidade, porque
todos somos filhos de Deus, estamos todos sob a Proteção Divina e formamos um
único rebanho, do qual, conforme as afirmações evangélicas, nenhuma ovelha
se perderá.
É sempre fácil demais culparmos um cônjuge, um amigo ou uma situação pela insatisfação
de nossa alma, porque pensamos que, se os outros se comportassem de acordo com
nossos planos e objetivos, tudo seria invariavelmente perfeito.
Esquecemos, porém, que o controle absoluto sobre
as criaturas não nos é vantajoso e nem mesmo possível.
A
felicidade dispensa rótulos, e nosso mundo seria mais repleto de momentos
agradáveis se olhássemos as pessoas sem limitações preconceituosas, se a nossa
forma de pensar ocorresse de modo independente e se avaliássemos cada indivíduo
como uma pessoa singular e distinta.
Nossa felicidade baseia-se numa adaptação
satisfatória à nossa vida social, familiar, psíquica e espiritual, bem como
numa capacidade de ajustamento às diversas situações vivenciais.
Felicidade não é simplesmente a
realização de todos os nossos desejos; é antes a noção de que podemos nos
satisfazer com nossas reais possibilidades.
[1] Fonte: Livro – Renovando Atitudes – ditado do
Espírito Hammed, psicografia de Francisco
do Espírito Santo Neto, Boa Nova Editora e Distribuidora, 5.“ edição
terça-feira, 1 de setembro de 2020
TUA MEDIDA
TUA MEDIDA[1]
“Não
julgueis, afim de que não sejais julgados, porque vós sereis julgados segundo
houverdes julgado os outros, e se servirá para convosco da mesma medida da qual
vos servistes para com eles.”
Evangelho Segundo o
Espiritismo – Cap. 10, item 11
Toda
opinião ou juízo que desenvolvemos no presente está intimamente ligado a fatos
antecedentes.
Quase
sempre, todos estamos vinculados a fatores de situações pretéritas, que incluem
atitudes de defesa, negações ou mesmo inúmeras distorções de certos aspectos
importantes da vida. Tendências ou pensamentos julgadores estão sedimentados em
nossa memória profunda, são subprodutos de uma série de conhecimentos que
adquirimos na idade infantil e também através das vivências pregressas.
Censuras,
observações, admoestações, superstições, preconceitos, opiniões, informações e
influências do meio, inclusive de instituições diversas, formaram em nós um
tipo de “reservatório moral” - coleção de regras e preceitos a ser
rigorosamente cumpridos -, do qual nos servimos para concluir e catalogar as
atitudes em boas ou más.
Nossa concepção ético-moral está baseada na noção adquirida em nossas experiências
domésticas, sociais e religiosas, das quais nos servimos para emitir opiniões
ou pontos de vista, a fim de harmonizarmos e resguardarmos tudo aquilo em que
acreditamos como sendo “verdades absolutas”. Em outras palavras, como forma de
defender e proteger nossos “valores sagrados”, isto é, nossas aquisições mais
fortes e poderosas, que nos servem como forma de sustentação.
Em razão
disso, os freqüentes julgamentos que fazemos em relação às outras pessoas nos
informam sobre tudo aquilo que temos por dentro.
Explicando melhor, a “forma” e o “material”
utilizado para sentenciar os outros residem dentro de nós.
Melhor do
que medir ou apontar o comportamento de alguém seria tomarmos a decisão de
visualizar bem fundo nossa intimidade, e nos perguntarmos onde está tudo isso
em nós. Os indivíduos podem ser considerados, nesses casos, excelente espelho,
no qual veremos quem somos realmente. Ao mesmo tempo, teremos uma ótima
oportunidade de nos transformar intimamente, pois estaremos analisando as
características gerais de nossos conceitos e atitudes inadequadas.
Só
poderemos nos reabilitar ou reformar até onde conseguimos nos perceber; ou
seja, aquilo que não está consciente em nós; dificilmente conseguiremos reparar
ou modificar.
Quando não enxergamos a nós mesmos, nossos
comportamentos perante os outros não são totalmente livres para que possamos
fazer escolhas ou emitir opiniões. Estamos amarrados a formas de avaliação,
estruturadas nos mecanismos de defesa - processos mentais inconscientes que
possibilitam ao indivíduo manter sua integridade psicológica através de uma
forma de “auto-engano.”
Certas
pessoas, simplesmente por não conseguirem conviver com a verdade, tentam
sufocar ou enclausurar seus sentimentos e emoções, disfarçando-os no
inconsciente.
Em todo comportamento humano existe uma
lógica, isto é, uma maneira particular de raciocinar sobre sua verdade;
portanto, julgar, medir e sentenciar os outros, não se levando em conta suas
realidades, mesmo sendo consideradas preconceituosas; neuróticas ou psicóticas
é não ter bom senso ou racionalidade, pois na vida somente é válido e possível
o “auto-julgamento”.
Não
obstante, cada ser humano descobre suas próprias formas de encarar a vida e
tende a usar suas oportunidades vivenciais, para tornar-se tudo aquilo que o
leva a ser um “eu individualizado”.
Devemos
reavaliar nossas idéias retrógradas, que estreitam nossa personalidade, e, a
partir daí, julgar os indivíduos de forma não generalizada, apreciando suas
singularidades, pois cada pessoa tem uma consciência própria e diversificada
das outras tantas consciências.
Julgar
uma ação é diferente de julgar a criatura. Posso julgar e considerar a
prostituição moralmente errada, mas não posso e não devo julgar a pessoa
prostituída. Ao usarmos da empatia, colocando-nos no lugar do outro, “sentindo
e pensando com ele”, em vez de “pensar a respeito dele”, teremos o comportamento
ideal diante dos atos e atitudes das pessoas.
Segundo
Paulo de Tarso, “é indesculpável o homem, quem quer que seja, que se arvora em
ser juiz. Porque julgando os outros, ele condena a si mesmo, pois praticará as
mesmas coisas, atraindo-as para si, com seu julgamento”.
O “Apóstolo
dos Gentios” manifesta-se claramente, evidenciando nessa afirmativa que todo
comportamento julgador estará, na realidade, estabelecendo não somente uma sentença,
ou um veredicto, mas, ao mesmo tempo, um juízo, um valor, um peso e uma medida
de como julgaremos a nós mesmos.
Essencialmente,
tudo aquilo que decretamos ou sentenciamos tornar-se-á nossa “real medida”:
como iremos viver com nós mesmos e com os outros.
O ser
humano é um verdadeiro campo magnético, atraindo pessoas e situações, as quais
se sintonizam amorosamente com seu mundo mental, ou mesmo de forma antipática
com sua maneira de ser. Dessa forma, nossas afirmações prescreverão as águas
por onde a embarcação de nossa vida deverá navegar.
Com
freqüência, escolhemos, avaliamos e emitimos opiniões e, conseqüentemente,
atraímos tudo àquilo que irradiamos. A psicologia diz que uma parte
considerável desses pensamentos e experiências, os quais usamos para julgar e
emitir pareceres, acontece de modo automático, ou seja, através de mecanismos
não perceptíveis. É quase inconsciente para a nossa casa mental o que
escolhemos ou opinamos, pois, sem nos dar conta; acreditamos estar usando o
nosso “arbítrio”, mas, na verdade, estamos optando por um julgamento
predeterminado e estabelecido por “arquivos que registram tudo o que nos
ensinaram a respeito do que deveríamos fazer ou não, sobre tudo que é errado ou
certo.
Poder-se-á
dizer que um comportamento é completamente livre para eleger um conceito eficaz
somente quando as decisões não estão confinadas a padrões mentais rígidos e
inflexíveis, não estão estruturadas em conceitos preconceituosos e não estão
alicerçadas em idéias ou situações semelhantes que foram vivenciadas no
passado.
Nossos
julgamentos serão sempre os motivos de nossa liberdade ou de nossa prisão no
processo de desenvolvimento e crescimento espiritual.
Se criaturas afirmarem “idosos não têm
direito ao amor”, limitando o romance só para os jovens, elas estarão
condenando-se a uma velhice de descontentamento e solidão afetiva, desprovida
de vitalidade.
Se pessoas declararem “homossexualidade é
abominável” e, ao longo do tempo, se confrontarem com filhos, netos, parentes e
amigos que têm algum impulso homossexual, suas medidas estarão estabelecidas
pelo ódio e pela repugnância a esses mesmos entes queridos.
Se indivíduos decretarem “jovens não casam
com idosos”, estarão circunscrevendo as afinidades espirituais a faixas etárias
e demarcando suas afetividades a padrões bem estreitos e apertados quanto a
seus relacionamentos.
Se alguém subestimar e ironizar “o desajuste
emocional dos outros”, poderá, em breve tempo, deparar-se em sua própria
existência com perplexidades emocionais ou dilemas mentais que o farão
esconder-se, a fim de não ser ridicularizado e inferiorizado, como julgou os
outros anteriormente.
Se formos juízes da “moral ideológica”
e “sentimental”, sentenciando veementemente o que consideramos como “erros
alheios”, estaremos nos condenando ao isolamento intelectual, bem como ao
afetivo, pela própria detenção que impusemos aos outros, por não deixarmos que
eles se lançassem a novas idéias e novas simpatias.
“Não
julgueis, a fim de que não sejais julgados”, ou mesmo, “se servirá para
convosco da mesma medida da qual vos servistes para com eles”, quer dizer,
alertemo-nos quanto a tudo aquilo que afirmamos julgando, pois no “auditório da
vida” todos somos “atores” e “escritores” e, ao mesmo tempo, “ouvintes” e “espectadores”
de nossos próprios discursos, feitos e atitudes.
Para sermos livres realmente e para nos movermos
em qualquer direção com vista à nossa evolução e crescimento como seres eternos;
é necessário observarmos e concatenarmos nossos “pesos” e “medidas”, a fim de
que não venhamos a sofrer constrangimento pela conduta infeliz que adotarmos na
vida em forma de censuras e condenações diversas.
[1] Fonte: Livro – Renovando Atitudes – ditado do
Espírito Hammed, psicografia de Francisco
do Espírito Santo Neto, Boa Nova Editora e Distribuidora, 5.“ edição