INCURSÃO NA CONSCIÊNCIA
Remontando-se à
origem da vida nos seus mais remotos passos, encontra-se a presença do
psiquismo originado em Deus, aglutinando moléculas e estabelecendo a ordem que
se consubstanciou na realidade do ser pensante.
Etapa a etapa,
através dos vários reinos, essa consciência embrionária desdobrou os
germes da lucidez latente até ganhar o discernimento vasto, plenificador.
À medida que a
complexidade de valores se torna unificada na sua atualidade, surgem, no
comportamento do indivíduo, por atavismo das experiências anteriores, os conflitos
e os distúrbios que respondem na área psicológica pelos muitos problemas que o
afligem.
Faz-se então
indispensável, ao adquirir-se o conhecimento de si, o aprofundamento da busca
da sua realidade, deslindando os complicados mecanismos viciosos que impedem a
marcha ascencional e não o levam à realização total.
Os impulsos orgânicos
propelem sempre para a comodidade, a satisfação dos instintos, o imediatismo do
prazer, a prejuízo da meta essencial: a libertação dos processos determinantes
dos renascimentos carnais, que são as paixões primitivas.
A atração pelo mundo
exterior conduz, por sua vez, a inumeráveis distonias emocionais, que
atormentam e desvairam o indivíduo, afugentando-o de si mesmo num rumo difícil
de ser mantido.
Somente através de um
grande empenho da vontade é possível olhar para dentro e pesquisar as
possibilidades disponíveis para melhor identificar o que fazer, quando e como
realizá-lo.
Trata-se, essa
tarefa, de um desafio que exige intenção lúcida até criar o hábito da
interiorização, partindo da reflexão para o mergulho no oceano do Si,
daí retirando as pérolas preciosas da harmonia e da plenitude,
indispensáveis à vivência real de ser pensante.
A mente não adestrada
nessa busca hesita e retrai-se se impedindo o descobrimento dos recursos
inimagináveis, que esperam para ser desvelados.
As tendências ao
relaxamento e ao menor esforço, inerentes ao processo da evolução pelo trânsito
nas fases anteriores, dificultam os procedimentos iluminativos imprescindíveis.
Na excursão ao mundo
objetivo o ser adquire conhecimentos intelectuais e experiências vivas das
realizações humanas; no entanto, apenas no esforço de interiorização conseguirá
identificar-se com os objetivos essenciais da sua realidade, harmonizando-se.
Adquirir a
consciência plena da finalidade da existência na Terra constitui a meta máxima
da luta inteligente do ser.
O Evangelho refere
que Jesus asseverou, conforme as anotações de Mateus 6: 22-23, - “A candeia
do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu
corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será
tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais
trevas".
Nessa figura
admirável, o Psicoterapeuta por excelência estabeleceu a essencialidade da vida
nos olhos, encarregados da visão, a fim de que, despretensiosos dos aparatos transitórios
do mundo, mergulhem na luz interior, de modo que tudo se faça claridade.
O reino da luz é
interno, sendo imperioso penetrá-lo, para que as trevas da ignorância não predominem
densas e perturbadoras.
Os olhos espirituais
- a mente lúcida - são a chama que desce ao abismo da individualidade para
iluminar os meandros sombrios das experiências passadas, que deixaram marcas
psicológicas profundas, ora ressumando de forma negativa no comportamento do
ser.
Insatisfação,
angústia, fixações perturbadoras são o saldo das vivências perniciosas, cujas
ações deletérias não foram digeridas pela consciência e permanecem pesando--lhe
na economia emocional.
Manifestam-se como
irritabilidade, mal-estar para consigo mesmo, desinteresse pela vida, ideias
autodestrutivas, em mecanismos de doentia expressão, formando quadros psicossomáticos
degenerativos.
Quaisquer terapias,
para fazê-los cessar, terão que alcançar-lhes as raízes, a fim de extirpá-las,
liberando os núcleos lesados do psiquismo e restaurando-lhes a harmonia
vibratória ora afetada.
Trata-se de uma
experiência urgente quão desagradável nas primeiras etapas, porquanto, a
exemplo de outros exercícios físicos, causam cansaço e desânimo, resultantes da
falta desse hábito salutar, até que, vencida essa primeira fase, comecem a
produzir leveza e rapidez de raciocínio, lucidez espiritual e inefável
bem-estar.
Cada vez que é
vencido um patamar e superados os impedimentos castradores e de culpa, mais
amplas possibilidades se apresentam, liberando o indivíduo dos conflitos habituais
e equipando-o de legítimas alegrias. A vida se lhe torna ideal, e a morte não
se afigura desagradável, por vivenciá-la nos estados de meditação, sentindo-se
o mesmo no corpo ou fora dele.
Interiorizar-se cada
vez mais, sem perder o contato com o mundo físico e social, deve ser a proposta
equilibrada de quem deseja realizar-se no encontro com os valores legítimos da
existência.
Podemos considerar
que este tentame leva o experimentador do mundo irreal - o físico - para o real
- o transpessoal - gerador e causal de todas as coisas.
CONSCIÊNCIA RESPONSÁVEL
Responsabilidade, em
bom vernáculo, é a qualidade ou condição de responsável. O ser
responsável, por extensão, é aquele que se desincumbe fielmente dos deveres e
encargos que lhe são conferidos, que responde pelos próprios atos ou pelos
de outrem, tornando-se de caráter moral, quando defende os valores éticos
pertencentes aos outros e à vida.
A responsabilidade
pode ser deferida, desde quando é delegada por uma autoridade ou lei, a fim de
ser cumprido o estatuto que estabelece e caracteriza os valores e compromissos a
serem considerados.
Essa é a mais comum,
encontrada em toda parte.
Além dela, existe
aquela que é conquistada pelo amadurecimento psicológico, pela conscientização
inerente às experiências resultantes da evolução.
Muitas vezes, a
responsabilidade que se torna atributo do caráter moral do indivíduo faz-se
grave empecilho ao processo de engrandecimento do ser, caso o seu portador se
atenha à letra ou ao limite do estabelecido, sem examinar a necessidade que lhe
é apresentada, do ponto de vista da compreensão.
Graças à conceituação
de responsabilidade, criminosos de guerra e servidores rudes buscam passar a
imagem de inocência ante a crueldade que aplicaram, informando que cumpriam ordens
na desincumbência das infelizes tarefas e que estavam sujeitos a imposições
mais altas que deveriam atender.
Outros, responsáveis
por massacres cruéis e atitudes agressivas, refugiam-se na transferência de
responsabilidade, elucidando que deveriam agir conforme o fizeram, ou sofreriam
as consequências da desobediência.
Nas instituições
militares a responsabilidade cega o indivíduo, de modo a obedecer sem
raciocinar e a cumprir ordem sem discuti-las ou justificá-las.
Diz-se que, aqueles
que se lhes submetem, tornam-se pessoas responsáveis.
Nesse capítulo
incluiríamos os tímidos, os medrosos, os pusilânimes, os aproveitadores, todos
são necessariamente portadores de responsabilidade.
Dessa forma, seria
inculpado, porque responsável, zeloso pelas suas funções e deveres, Pilatos,
que condenou Jesus à morte, embora O soubesse inocente.
Posto em cheque pela
astúcia dos doutores judeus, de que Jesus dizia-se rei e ele
representava o imperador, que era o seu rei, não O crucificar seria crime de
traição em relação ao seu representado, com esse sofisma levando o pusilânime, irresponsavelmente,
a mandar crucificar o Justo, lavando as mãos para liberar-se da culpa.
Os sicários dos
campos de concentração e os belicosos, sistemáticos fomentadores de guerras,
que as fazem com crueldade, assim procedem, dizem, para se desincumbir das determinações
que recebem dos seus chefes e comandantes.
A responsabilidade, p
ara ser verdadeira, não pode compactuar com a delinquência, nem ignorar os
mínimos deveres de respeito para com a vida e para com as demais criaturas.
A responsabilidade,
que resulta do amadurecimento psicológico e que é adquirida pela vivência das
experiências humanas, harmoniza o dever com a compreensão das necessidades dos
outros, conciliando o cumprimento das atividades com as circunstâncias nas
quais se apresentam.
Quem assim age,
responsavelmente, torna-se pessoa-ponte, ao invés de assumir a postura de ser
obstáculo, gerando dificuldades e perturbações.
Nesse sentido, a
visão do ser imortal contribui grandemente para entender a responsabilidade que
se tem no mundo, porque é deferida desde o Mais Alto, como redarguiu Jesus ao
seu inquisidor, que a tinha, porque lhe fora dada..., e poderia
perdê-la, qual ocorreu pouco depois, ao ser destituído da função, e mais tarde,
quando despojado do corpo pela morte...
Para a aquisição da
responsabilidade consciente os valores eternos do Espírito são indispensáveis,
de modo a serem absorvidos e vivenciados, ultrapassando os limites das determinações
humanas de horizontes estreitos e curtos.
Considerando-se a
existência física como sendo um breve período de aprendizagem, na larga faixa
das sucessivas reencarnações, o ser adiciona ao conceito da responsabilidade os
contributos do amor, dessa forma identificando os melhores meios para agir,
quando pode e deve — com consciência - não se precipitando a tomar decisão,
quando deve, mas não pode, ou quando pode, mas não deve – responsabilidade inconsciente.
CONSCIÊNCIA E SOFRIMENTO
O desabrochar da
consciência é um trabalho lento e contínuo, que constitui o desafio do processo
da evolução.
Inscrevendo no seu
âmago a Lei de Deus, desenvolve-se de dentro para fora a esforço da
vontade concentrada, como meta essencial da vida.
Da mesma forma que,
para atingir a finalidade, a semente deve morrer para libertar o vegetal que
lhe dorme em latência, a consciência rompe a obscuridade na qual se encontra (a
inconsciência), para conseguir a plenitude, a potencialidade do Si espiritual a
que se destina.
Nesse desenvolvimento
inevitável - que se dá durante a existência física nas várias etapas
reencarnacionistas – o sofrimento apresenta-se como o meio natural da
ocorrência evolutiva, constituindo o processo de maturação e de
libertação do Espírito, o ser imortal. Enquanto esse fenômeno não ocorrer, o
indivíduo permanecerá mergulhado em um estado de consciência coletiva amorfa,
perdido no emaranhado dos instintos primitivos, das paixões primárias, em nível
de sono sem sonhos, sem auto-identificação, sem conhecimento da sua
realidade espiritual.
Para que possa
refletir a luz, a gema experimenta a lapidação, que a princípio lhe arrebenta a
aspereza, facultando-lhe a liberação da ganga até o âmago onde jaz toda pureza
e esplendor.
Em face à
sensibilidade de que é constituído, o ser humano também experimenta a
purificação mediante a dor, que gera os sofrimentos psicológicos, físicos e
morais, que o propelem ao aceleramento do esforço de sublimação na qual conseguirá
a plenificação.
Diante da ignorância
da necessidade de evoluir (estágio de adormecimento da consciência) o
sofrimento se lhe apresenta agressivo e brutal, gerando revolta e alucinação.
A medida que aprimora
a sensibilidade, ele se faz profundo, sutil, fomentador de crescimento e
transformação interior.
Mergulhado na sombra
da desidentificação de si mesmo, o ser (embrutecido) não sabe eleger as
aspirações éticas e estéticas para a felicidade, perturbando-se na contínua
busca do atendimento às necessidades fisiológicas (sensações) em detrimento das
emoções psicológicas, que o capacitam para a conquista do belo, do nobre e do
bom.
O despertar da
consciência, saindo da obscuridade, do amálgama do coletivo, para a individuação,
é acompanhado pelo sofrimento, qual parto que proporciona o desabrochar da
vida, porém, sob o guante ainda inevitável da dor.
Nesse mecanismo da
evolução, cada ato gera um efeito equivalente, que interage em novos
cometimentos de que ninguém se pode eximir.
Por ser parte do
grupo social, no qual se movimenta e se desenvolve, influencia-o, querendo ou
não, e com este produzindo um envolvimento coletivo, que responde pelo seu
estacionamento ou progresso, conforme favorável ou perturbador seja o conteúdo
da sua atividade.
Como efeito, temos os
sofrimentos sociais, dos grupamentos humanos que transitam na mesma faixa de
aspirações e interesses.
A reencarnação é lei
da vida, impositiva, inevitável, recurso de superior qualidade para o
desenvolvimento do Espírito, esse arquiteto de si mesmo e do seu destino.
Dispondo da livre
opção ou arbítrio, ele trabalha em favor da rápida ou lenta ascensão, conforme
o comportamento a que se entrega.
Como luz nos refolhos
da consciência adormecida o que deve ou não fazer, cabe-lhe aplicar com
correção os impulsos que o propelem ao avanço de acordo com o que deve ou não
realizar, de forma a conseguir a harmonia (ausência de culpa). Toda vez que se
equivoca ou propositadamente erra, repete a experiência até corrigi-la
(provação) e, se insiste teimosamente no desacerto, expunge-o em mecanismos de
dor sem alternativa ou escolha (expiação).
O sofrimento
estrutura-se, portanto, nos painéis da consciência, conforme o nível ou patamar
de lucidez em que se expressa. Do asselvajado, automático, ao martírio por
abnegação; desde o grosseiro e instintivo ao profundo, racional, as tecelagens
da noção de responsabilidade trabalham a culpa, que imprime o imperativo
da reparação como recurso inalienável de recuperação.
Instalam-se então os
conflitos - quando há consciência de culpa - que se transferem de uma para
outra reencarnação, dando surgimento aos distúrbios psicológicos que aturdem e
infelicitam; ou desarticulam as sutis engrenagens do corpo perispiritual - o
modelo organizador biológico - propiciando as anomalias congênitas -
físicas e psíquicas -, as enfermidades mutiladoras; ou se instalam no ser profundo,
favorecendo com as rudes aflições morais, sociais, financeiras, em carmas perturbadores,
que dilaceram com severidade o ser.
Nesse complexo de
acontecimentos, o amor é o antídoto eficaz para todo sofrimento, prevenindo-o,
diminuindo-o ou mudando-lhe a estrutura.
A fatalidade da Lei
Divina é a perfeição do Espírito.
Alcançá-la é a
proposta da vida. Como conseguir é a opção de cada qual.
O amor é o sentimento
que dimana de Deus e O vincula à criatura, aproximando-a ou distanciando-a de
acordo com a resposta que der a esse impulso grandioso e sublime.
Nas suas
manifestações iniciais, o amor confunde-se com os desejos e as paixões,
tornando-se fisiológico ou do queixo para baixo. É egoístico,
atormentante, imprevisível, apaixonado...
A medida que a
consciência se desenvolve, sem que abandone as necessidades, torna-se psicológico
- do queixo para cima -, mantendo os idealismos, diminuindo a posse, os
arrebatamentos, e superando os limites egoístas. Lentamente ascende à escala
superior, tornando-se humanitarista, libertador, altruísta...
Graças à sua
ingerência nas ações, o que favorece o progresso constitui-lhe recurso para
alterar as paisagens cármicas do Espírito, modificando os painéis dos
sofrimentos futuros - revenindo-os, diminuindo-os ou liberando-os - conforme a
intensidade da sua atuação. Entretanto, à medida que o ser desperta para a sua
realidade interior, o sofrimento muda de expressão e pode tornar-se um
instrumento do próprio amor, ao invés de manter o caráter reparador, qual
ocorreu com Jesus Cristo, Francisco de Assis e outros que, sem quaisquer
débitos a ressarcir, aceitaram-no, a fim de ensinarem coragem, resignação e
valor moral...
Uma atitude mental
afável, amorosa é a melhor receita para o sofrimento, porquanto rearmoniza a
energia espiritual que vitaliza o corpo, e desconecta as engrenagens das doenças,
que nelas se instalam como efeito dos distúrbios da consciência de culpa, defluente
dos atos pretéritos.
A postura amorosa
desperta a consciência de si mesmo, anulando os fluidos perniciosos que
abrem campo à instalação das doenças incuráveis, portanto, dos
sofrimentos dilaceradores.
A energia gerada por
uma consciência em paz, favorável ao desdobramento do sentimento de amor
profundo, é responsável pela liberação do sofrimento. Mesmo que,
momentaneamente,as suas causas permaneçam, ele se torna um estímulo positivo
para maior crescimento íntimo, não se fazendo afligente, embora um espinho
na carne, como asseverou o apóstolo Paulo, advertindo e guiando os
movimentos na direção da meta final.
Desse modo, diante
dos carmas extremos, o amor é o recurso exato para trabalhar a Lei de Compensação
ou de Causa e Efeito, alterando-a para melhor ou dando-lhe o sentido
da felicidade.
EXAME DO SOFRIMENTO
A sensibilidade à dor
depende do grau de evolução do ser, do seu nível de consciência.
À medida que
progride, que sai do mecanismo dos fenômenos e adquire responsabilidade como
decorrência da conscientização da sua realidade, ele se torna mais perceptivo ao
sofrimento, embora, simultaneamente, mais resistente.
Os desgastes
biológicos decorrentes da entropia, naturais no processo da vida, que exigem a
consumpção da energia, não o atormentam, quando ocorrem nas faixas primárias (das
sensações), passando a afligi-lo, apesar da grande resignação de que se faz
portador, na área moral, portanto, na dos sentimentos profundos (das emoções).
Emergindo dos
automatismos (da inconsciência), adquire mais amplas percepções e lucidez
(consciência), despertando para as aspirações elevadas da altivez emocional e
da abnegação pelo serviço do bem, com natural renúncia ao egoísmo, em favor do
próximo (individual), como do grupo social no qual se movimenta.
Mantendo a sua
individualidade intacta, percebe a necessidade de integrar-se harmonicamente na
Unidade Universal, pelo que trabalha com afã, descobrindo que os seus acertos e
equívocos produzem ressonância na Consciência Cósmica, da qual procede e para
cuja harmonia ruma de retorno.
A consciência lúcida
equipa-o de instrumentos que o auxiliam na superação da amargura, do desespero,
da infelicidade, em face à compreensão dos objetivos espirituais da sua
existência, por enquanto nas faixas mais ásperas do mecanismo evolutivo.
O sofrimento tem
raízes em acontecimentos infelizes anteriores, cuja intensidade se vincula à
gravidade daqueles.
Por isso é inevitável.
Gerada a causa, estão disparados os efeitos que alcançarão o infrator,
convidando-o à reparação, que ocorre quando são detidos os fatores da
perturbação.
Os acontecimentos
decorrentes das ações degeneradoras também compreendem os sentimentos acrisolados,
as emoções cultivadas e os pensamentos habituais, que se expressam em forma de
impulsos contínuos definidores da personalidade.
A vida mental e
emocional é a desencadeadora dos fenômenos ativos, consubstanciados nessas
ocorrências.
É importante
preservar-se a fonte gerando experiências salutares, porquanto o corpo físico,
tornando-se automático às influências, executa as pressões originais de
que se faz objeto.
Quando o arqueiro
libera a flecha, já não pode deter-lhe o destino. Assim também ocorre com as
ideias emocionalmente comprometidas, ante a vontade fraca que as direciona e
liberta...
O corpo é veículo
dúctil ao pensamento, sujeito aos sentimentos e vítima das emoções. De acordo
com a qualidade deles passa a ter a sua organização condicionada, e o
sofrimento é-lhe sempre a consequência das expressões errôneas.
Os sentimentos, as
emoções e os pensamentos constituem a psique do ser, onde o Espírito encontra o
seu centro de manifestação até o momento da sua conscientização plena.
Desse modo, a
organização molecular do corpo somático é maleável à psique, que a aciona e
conduz.
Por isso, cada
indivíduo é responsável pela aparelhagem orgânica de que se serve, tornando-se
cocriador com Deus, na elaboração dos equipamentos internos e externos para a
sua evolução através do veículo carnal.
A cada momento se
está construindo, corrigindo ou destruindo o corpo, de acordo com a direção
aplicada à psique.
Não raro, os efeitos
se fazem demorados; porém, nunca deixam de produzir-se. Tais são os casos dos
ditadores, dos exploradores dos seres e dos povos, dos viciados de variado tipo
que parecem progredir, quanto mais se faz impiedosos, promíscuos e venais... No
entanto, nunca escapam das malhas das tragédias que os enredam e consomem.
A sua história de
torpezas e venalidades, culmina em dolorosos embates com a consciência de
culpa, que os alija do mundo ou que os leva a ser expulsos por aqueles que
antes desprezavam, pisoteando-os selvagemente.
Graças a essa psique —
responsável pelos carmas — a hereditariedade encontra-se submetida à Lei da
Compensação, unindo os homens conforme as suas simpatias e antipatias, afinidades
e desarmonias, que os vinculam em grupos reencarnados com características
semelhantes, impressas nos genes e cromossomas pela necessidade da evolução.
No fundo, cada um é
herdeiro de si mesmo, embora carregando implementos condicionadores, que
procedem dos genitores e ancestrais através das leis genéticas.
Desse modo, cada ser
traz impresso nas tecelagens sutis da alma, que as transfere para os arquipélagos
celulares do organismo, as doenças que lhe são necessárias para o
reequilíbrio emocional, as limitações e facilidades morais para a recomposição espiritual,
os condicionamentos, as tendências e aptidões para a reabilitação da
consciência, reparando a ordem que foi perturbada pelo seu descaso, abuso ou
prepotência.
Manifestam-se,
portanto, os efeitos como enfermidades cármicas, coletivas ou individuais, que
periodicamente o assaltam, exigindo refazimento do equilíbrio, restauração da harmonia.
Esta tarefa deverá
começar na sublimação dos sentimentos, na qualificação superior das emoções, na
evolução moral dos pensamentos, até tornar-se um condicionamento correto que
exteriorize ações equilibradas em consonância com a ética do bem, do dever e do
progresso.
Da mesma forma que o
impulso destrutivo e perturbador procede de dentro do ser para fora, o de
natureza edificante, restauradora, vem da mesma nascente, então orientada
corretamente.
O esforço de
transformação da natureza inferior para melhor (emoções enobrecidas),
alonga-se em um trabalho paciente, modelador do novo ser, que enfrentará os
seus carmas consciente de si mesmo, responsavelmente, sem as reações
destrutivas, mas com as ações renovadoras.
É o caso das
enfermidades irreversíveis, que se modificam e desaparecem às vezes,
quando, quem as padece, enfrenta o infortúnio e coopera para sua
superação.
Porque ainda não sabe
identificar (ou não quer) o seu estágio de evolução, para bem compreender as
necessidades e saber canalizar as energias, o indivíduo demora-se
infrutiferamente nas faixas primárias do sofrimento, quando lhe cumpre
ascender, empreendendo o esforço libertário que o leva à saúde integral, à
felicidade.
Os princípios que
regem o macrocosmo são os mesmos para o microcosmo, e o homem é a manifestação
da vida, sintetizando as glórias e as imperfeições do processo da evolução, que
lhe cumpre desenvolver para atingir o ápice da destinação a que está submetido.
[1] Livro:
Autodescobrimento – Uma Busca Interior / pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Franco, Cap. 3, Ed LEAL