VEEM - Vamos Estudar Espiritismo e Magnetismo; é um Projeto que nasceu em novembro/2005, objetivando o estudo e a divulgação do Espiritismo; através de trabalhos presenciais como seminários, exposições, palestras, cursos, workshop, debates, etc. Resolvemos agregar outra ferramenta ao Projeto na Internet, para divulgar suas atividades na Seara Espírita; assim, criamos este blog, que além de divulgar o Espiritismo, disponibilizará os materiais utilizados pelo projeto.
sábado, 27 de janeiro de 2018
IMPERATIVOS CRISTÃOS
IMPERATIVOS
CRISTÃOS
Aprende
|
Humildemente
|
Ensina
|
Praticando
|
Administra
|
Educando
|
Obedece
|
Prestativo
|
Ama
|
Edificando
|
Teme
|
A ti mesmo
|
Sofre
|
Aproveitando
|
Fala
|
Construindo
|
Ouve
|
Sem malícia
|
Ajuda
|
Elevando
|
Ampara
|
Levantando
|
Passa
|
Servindo
|
Ora
|
Serenamente
|
Pede
|
Com juízo
|
Espera
|
Trabalhando
|
Crê
|
Agindo
|
Confia
|
Vigiando
|
Recebe
|
Distribuindo
|
Atende
|
Com gentileza
|
Coopera
|
Sem apego
|
Socorre
|
Melhorando
|
Examina
|
Salvando
|
Esclarece
|
Respeitoso
|
Semeia
|
Sem aflição
|
Estuda
|
Aperfeiçoando
|
Caminha
|
Com todos
|
Avança
|
Auxiliando
|
Age
|
No bem geral
|
Corrige
|
Com bondade
|
Perdoa
|
Sempre
|
Livro: Agenda Cristã,
Francisco C. Xavier, pelo Espírito André Luiz, Ed FEB
segunda-feira, 22 de janeiro de 2018
BIPOLARIDADE
BIPOLARIDADE
Hoje a ciência prova que cada ser
humano é uma fonte de energia.
Por sua vez, Divaldo Pereira Franco, o
grande tribuno espírita, nos afirma e uma de suas brilhantes palestras:
“Se o individuo é um ser, uma energia, seu corpo é um não ser, é
sombra. Quando o não ser se desarticula ele se liberta. Quando a sombra se
dilui e desaparece, a energia vibra. Se olharmos um raio de luz, por exemplo,
veremos que tem variações, porque é constituído de energia e corpúsculos.
Energia é matéria, que se transforma em energia”.
Destas duas versões concluímos que
somos uma energia que tanto pode pulsar no lado negativo quanto positivo, ou
seja; temos nosso lado Luz,
mas também temos nosso lado Sombra.
É como se fosse uma árvore em que para
cada galho erguido para cima houvesse outro, equivalente, direcionado para
baixo. Cada galho erguido para cima representa uma qualidade, ou seja, seu lado
Sombra.
Vibramos nosso lado Luz quando
emitimos as ondas radiosas do amor e seus derivados, como o seja a compreensão,
a bondade responsável, e, dentre outras, a ausência do egoísmo.
Mas, vibramos também o lado Sombra
quando emitimos as ondas magnéticas e deletérias da raiva, da inveja, do
orgulho, ou, dentre outras, as da vingança.
No entanto, toda vez que buscamos
trabalhar nossas dificuldades com a coragem de nos aceitar como pessoa humana,
mas ainda frágil em nossas assertivas, com direito de errar, mas que tem,
também, o dever de levantar-se aprendendo com os próprios erros, a vida,
inegavelmente, nos oferecerá oportunidades de transformações infindas, onde,
reparando os desacertos, fortalecemos pouco a pouco a transição de nosso lado
Sombra, em direção à Luz da evolução a que somos destinados.
Santo Agostinho, venerado pro nossos
irmãos católicos como Santo e pelo Espiritismo como Espírito de Luz, que
inegavelmente é, há seu tempo tinha por hábito, a cada noite, refletir sobre
todas as coisas boas que fizera durante o dia (lado Luz) dando-lhes
continuidade no dia seguinte, e, obviamente, sobre as atitudes não tão boas que
também praticara naquele mesmo dia (lado Sombra), pelas quais pedia perdão a
Deus, dispondo-se a repará-las e corrigi-las no dia seguinte.
Seria essa uma tarefa fácil?... Com
certeza que não!
Mas vale a pena tentar, até conseguir
que a luz do galho de cima possa ir, aos poucos, diluindo a sombra
correspondente ao galho de nossas iniquidades representado pelo galho que fica
exatamente abaixo.
Esta inegavelmente é a maior e mais
renhida luta da humanidade de todos os tempos, porque, quando Deus criou o
Espírito que habita em cada um de nós, deu-nos também o livre arbítrio e a
consciência que, habitando o mais profundo de nosso cerne, faz com que cada um
de nós, de alguma forma, saiba o que é certo.
Na questão 321 do O Livro dos Espíritos,
Kardec interroga aos Espíritos venerandos: “Onde está escrita a Lei de Deus?”
e a resposta sucinta como a verdade: “Na Consciência”.
E o Cristo, Maior Psicoterapeuta da
Humanidade, afirmou: “Mais
se dá a quem mais quer e mais se pedirá a quem mais se deu.”
É de se pensar que talvez por fora
dessa mesma frase, erroneamente, nos acovardamos e nos negamos a enfrentar de
perto a responsabilidade de se buscar saber mais, evoluir, pois que isto, se
por um lado nos leva à evolução, em contrapartida nos dá uma
responsabilidade que Bipolaridade – Nosso Lado Sombra e Luz não queremos assumir, até por
que...
“O conhecimento se volta contra nós porque perdemos a
capa protetora da amoral”
No entanto, enquanto não enfrentamos
de perto esta luta continuaremos nesta bicorporeidade cujo lado Luz pouco se
libertará da Sombra de nossas fraquezas e iniquidades. Esta é uma não aceitação
sem sentido, pois que hoje não podemos negar uma consciência cada vez mais
esclarecida...
O lembrete está no ar!
A ciência, o Espiritismo e as
filosofias espiritualistas, as mensagens televisivas e radiofônicas,
especialmente da Rede Boa Nova de Rádio que possui uma programação voltada ao
esclarecimento, as palestras, etc, tudo é fonte desse lembrete e, quer
queiramos ou não, abastece de verdades insofismáveis esta mesma consciência que
queríamos adormecida!
E se é bom lembrar que “A cada um
segundo as suas obras”, também é bom meditar que “Se somos filhos do mesmo Criador...
logo somos Luz...” falta acreditar!
AS TRÊS ORAÇÕES
AS TRÊS ORAÇÕES
Instado pela assembleia de amigo a
falar sobre a resposta do Criador às preces das criaturas, respondeu o velho
Simão Abileno, instrutor cristão, considerado no Plano Espiritual por mestre do
apólogo e da síntese: Repetirei para vocês, a nosso modo, antiga lenda que
corre mundo nos contos populares de numerosos países...
Em grande bosque da Ásia Menor, três
árvores ainda jovens pediram a Deus lhes concedesse destinos gloriosos e
diferentes.
A primeira explicou que aspirava a ser empregada no trono do mais
alto soberano da Terra; após ouvi-la, a segunda declarou que desejava os
tesouros desse rei poderoso, e a terceira, por último disse então que
almejava transformar-se numa torre, nos domínios desse potentado para indicar o
caminho do Céu.
Depois das preces formuladas, um
Mensageiro Angélico desceu à mata e avisou que Todo Misericordioso lhes
recebera as rogativas e lhes atenderia às petições.
Decorrido muito tempo, lenhadores
invadiram o horto selvagem e as árvores, com grande pesar de todas as plantas
circunvizinhas, foram reduzidas a tronco, despidos por mãos cruéis. Arrastadas
para fora do ambiente familiar, ainda mesmo com os braços decepados, elas
confiaram nas promessas do Supremo Senhor e se deixaram conduzir com paciência
e humilde.
Qual não lhes foi, porém, a aflitiva
surpresa!... Depois de muitas viagens, a primeira caiu sob o poder de um criador de
animais que, de imediato, mandou convertê-la num grande cocho destinado à
alimentação de carneiros; a segunda foi adquirida por um velho
praiano que construía barcos por encomenda; e a terceira foi comprada e
recolhida para servir, em momento oportuno, numa cela de malfeitores.
As árvores amigas, conquanto separadas
e sofredoras, não deixaram de acreditar na mensagem do Eterno e obedeceram sem
queixas às ordens inesperadas que as leis da vida lhes impunham... No bosque,
contudo, as três árvores haviam obtido as concessões gloriosas solicitadas...
A primeira, forrada de panos singelos, recebera Jesus das mãos de
Maria de Nazaré, servindo de berço ao Dirigente Mais Alto do Mundo; a segunda,
trabalhando com pescadores, na forma de uma barca valente e pobre, fora o
veículo de que Jesus se utilizou para transmitir sobre as águas muitos dos seus
mais belos ensinamentos; e a terceira, convertida apressadamente numa
cruz em Jerusalém, seguira com Ele, o Senhor, para o monte e, ali; ereta e
valorosa guardara-lhe o coração torturado, mas repleto de amor no extremo
sacrifício, indicando o verdadeiro caminho do Reino Celestial...
Simão silenciou, comovido. E, depois
de longa pausa, terminou, a entremostrar os olhos marejados de pranto:
Em verdade, meus amigos, todos nós
podemos endereçar a Deus, em qualquer parte e em qualquer tempo, as mais
variadas preces; no entanto, nós todos precisamos cultivar paciência e humilde,
para esperar e compreender as respostas de Deus.
Extraído do livro
Cartas e Crônicas de Irmão X
domingo, 21 de janeiro de 2018
A NECESSIDADE DO ESTUDO
A NECESSIDADE DO
ESTUDO
“Quanto mais se agiganta a civilização na
Terra, mais amplamente predomina o estudo na extensão do progresso geral.
Cientistas e pesquisadores analisam, infatigavelmente, não apenas as
realizações alusivas ao domínio das forças da natureza, mas também os poderes
da alma, a escarificarem todos os fenômenos do binômio mente-corpo, consagrando
a era do pensamento racional. Para isso, multiplicam-se escolas e cursos
técnicos, estabelecimentos culturais e anfiteatros de ensino, em que perguntas
e respostas sedimentam a renovação do mundo. Natural, transportemos igualmente
a questão da dor para os recintos de aula, por disciplina a examinar em regime
de urgência...”
O trecho acima, se encontra na
introdução do livro Leis de Amor; ditado por Emmanuel e psicografado por F. C.
Xavier e Waldo Vieira.
É fácil perceber o quanto às
afirmações de Emmanuel está correta, pois que; nos dias atuais estamos vivendo,
cada vez mais, a busca do conhecimento nas mais diferentes áreas.
Dentro da literatura espírita,
encontramos obras maravilhosas, que nos chegaram há várias décadas e cujo
conteúdo é hoje totalmente confirmado. As obras de Emmanuel e de outros
Espíritos iluminados, dão-nos testemunho de seu saber e do seu empenho em
ajudar a população terrena e evoluir... No livro Leis do Amor, vamos encontrar
preciosas orientações sobre variados assuntos que fazem parte da vida humana.
E, como diz Emmanuel, tudo precisa ser estudado para acompanhar o progresso e o
desenvolvimento do nosso Planeta.
Todavia, como nos encontramos no
estágio de provas e expiações, a dor é um ingrediente constante nas nossas
vidas e, igualmente deve ser estudada, para que bem compreendida, possamos
entender-lhe a função. À primeira vista, é quase impossível aceitar a dor como
instrumento necessário à nossa evolução.
Porém, quando lembramos que estamos na
Terra em cumprimento de mais um mandato reencarnatório, logo percebemos que ela
(a dor) é aguilhão indispensável para nos impulsionar no rumo da evolução,
dando-nos oportunidade de reajustes e aprendizados. As dificuldades maiores, os
problemas difíceis e toda a repercussão que acarretam, são questões em
desacordo com a nossa vontade, pois, somos ainda criaturas imperfeitas,
envolvidas pelos sentimentos menores onde predomina o orgulho e o egoísmo.
E, em função dessa nossa forma de
pensar, não queremos que a dor faça parte da nossa vida...Somente os Espíritos
que já alcançam um certo grau de conhecimento, sabem conviver com a dor de
forma saudável. Para estes Espíritos, a dor não é recebida como sinal de
sofrimento. Mas como uma circunstância temporária que deve ser aceita a fim de
ajudá-los na escola da existência. Eles (os mais esclarecidos), sabem que as
dificuldades que enfrentamos estão de acordo com as nossas necessidades de
aprendizado e por isso não se revoltam contra as situações adversas.
Confirmando as palavras de Emmanuel,
diríamos que, se já percebemos o quanto é importante para o desenvolvimento
humano estudar e aprender a respeito dos mais variados assuntos que fazem parte
do campo cultural da atualidade, também precisamos conhecer os meandros que A
Necessidade do Estudo envolvem o sofrimento, questão esta tão
estreitamente ligada ao nosso viver atual.
Todos gostariam de poder desfrutar
plena felicidade e bem-estar total, mas, devido ao nosso padrão evolutivo,
ainda tão deficiente, é certo que não conseguiríamos avaliar estas condições
superiores.
Por enquanto, ainda precisamos
comparar para entender as diferenças... Acreditamos que o fato de não conhecermos
em profundidade o mecanismo da dor, é que nos leva ao desespero. Ela existe
como consequência de atos cometidos em desacordo com as leis maiores, mas Deus,
como Pai misericordioso que é, dá-nos a oportunidade de reparar essas
infrações. Sendo assim, concluímos que a dor, embora não seja desejada, não é
castigo, mas uma decorrência natural do nosso próprio existir de ontem ou de
agora.
Falamos da dor, porque ela é uma
realidade do nosso mundo e como nos explica Emmanuel, devemos situá-la como
disciplina a ser examinada de onde possamos tirar lições que nos ajudem. Quanto
mais estivermos instruídos a respeito desta questão, tanto mais poderemos nos
libertar dos sofrimentos que em muitas ocasiões nos afligem.
A Doutrina Espírita sustentada pela tríade, Ciência, Filosofia e Religião; é roteiro seguro a orientar-nos nos mais
diversos assuntos, ao mesmo tempo em que nos informa a respeito das ligações do
mundo material com o mundo dos Espíritos.
quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
EVANGELHO, VOCÊ SABE O QUE ISTO SIGNIFICA?
Palavra derivada do grego euaggélion, o
Evangelho significa “boa nova”’, ou, boa e feliz notícia, novidade fortunosa. E
essa auspiciosa novidade tem a ver com os ensinamentos e exemplos de Jesus.
No
início da Religião Cristã, a expressão “evangelho’’ era utilizada, portanto, em
relação às palavras e aos atos de Jesus; referiu-se, depois, ao registro
escrito que se fez de Seu ensino”.
Muito
embora esse vocábulo apareça 75 vezes no
Novo Testamento, ele forma um conjunto de quatro livros conhecidos como os
Evangelhos de Mateus, de Marcos, de Lucas e de João.
Podem
dividir-se em cinco partes as matérias contidas nos Evangelhos, as quais dizem
respeito:
1. Aos atos
comuns da vida do Cristo;
2. Aos
milagres;
3. Às
predições;
4. Às
palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; e
5. Ao ensino
moral. [1]
No
entanto, o Espírito Emmanuel ressalta:
A grandeza da doutrina
não reside na circunstância de o Evangelho ser de Marcos ou de Mateus, de Lucas
ou de João; está na beleza imortal que se irradia de suas lições divinas,
atravessando as idades e atraindo os corações. É que, porta adentra do coração,
só a essência deve prevalecer para as almas. [2]
Em
sua essência, o Evangelho representa o mais elevado código de conduta ética
existente na humanidade. Fonte de preceitos morais, seu conteúdo nos aponta o
caminho da sabedoria e da paz, do progresso espiritual, norteando nossa vida e
aspirações. E sua observância seria suficiente para transformar nosso mundo num
local de extrema prosperidade.
Para
o Espírito Emmanuel, o Evangelho “é a revelação pela qual o Cristo nos
entregou mais amplo conhecimento de Deus.” [3]
É,
portanto, “mensagem de salvação, nunca de tormento.” [4]
O Evangelho e nós
Certa
vez, perguntaram a Chico Xavier: “Qual a importância do Evangelho de
Jesus para a Humanidade?”
E
sua resposta foi a seguinte: “Creio que a importância do Evangelho de Jesus, em nossa evolução
espiritual, é semelhante à importância do Sol na sustentação de nossa vida
física.” [5]
Todos
são necessitados dos ensinamentos do Cristo. E quando tomamos contato com sua
essência, o foco de nossos interesses e comportamento se altera
substancialmente. E por quê? Simplesmente pelo fato de que seu exercício nos
possibilita a plena conscientização dos princípios de igualdade, liberdade e
fraternidade, condições imprescindíveis à correta e elevada convivência social.
O
sentido profundo de todas as parábolas do Evangelho nos possibilita um contato
mais direto com nosso próprio íntimo e com Deus, ou seja, conseguimos uma visão
mais elevada do Criador, um refletir mais intenso da própria consciência e uma
percepção mais ampliada do verdadeiro sentido da Vida.
Allan
Kardec anota:
No
entanto, muitos evitam tomar contato com o Evangelho, omitindo-se,
assim, de agir em conformidade com os seus fundamentos. Outros já acreditam que
a assídua frequência aos seus templos de fé seja suficiente para torná-los
plenos de seu conteúdo; todavia, o Espírito André Luiz escreve que “o
Evangelho é livro divino e, enquanto permanecemos na cegueira da vaidade e da
ignorância, não nos expõe seus tesouros sagrados.” [7]
Este
conjunto de livros necessita, portanto, ser conhecido, meditado e sentido,
porque seu maior objetivo é nos renovar e aprimorar-nos intimamente.
Richard
Simonetti enfatiza:
A leitura da Boa
Nova não se destina ‘aos outros’. Deve falar à intimidade de nossa consciência.
Não devemos usá-la para fiscalizar o semelhante e, sim, como orientação para
nosso próprio comportamento.
(...)
No Evangelho, encontramos sempre duas orientações precisas e inconfundíveis:
1.
É
preciso edificar o Bem.
2. É preciso eliminar o Mal.
Para sermos eficientes nesse empenho, é de fundamental importância
ter sempre presente que:
1. No empenho
do Bem, somos convidados a pensar no que falta no semelhante...
2.
No combate ao Mal, devemos cogitar do que sobra
em nós... [8]
Podemos
afirmar que a mais consistente divulgação do Evangelho ocorre por meio de
nossos atos e, ao aplicarmos suas lições, damos a mais perfeita demonstração de
que as assimilamos. Devemos, portanto, pregá-lo muito mais através de nossos
exemplos do que apenas com nossas palavras.
Ainda
do Espírito Emmanuel: “A lição do Evangelho consola e esclarece,
encoraja e honra aqueles que a recebem, mas, se não for usada, não adianta.” [9]
O Evangelho e o
Espiritismo
“O Espiritismo
cristão é a revivescência do Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo.” [10]
O
Espiritismo não traz moral diferente da de Jesus, mas lança novo entendimento
sobre Seus ensinos e é neles alicerçado.
Algumas
lições do Cristo se apresentam de forma velada. Foram
elas, então, explicadas pela Doutrina Espírita que, através de seus postulados,
busca conscientizar o indivíduo:
–
de sua essência imortal;
–
da sua responsabilidade na construção do próprio futuro; e
–
da presença constante do amparo divino em sua trajetória evolutiva.
Em
1864, Allan Kardec publicou O Evangelho Segundo o Espiritismo (inicialmente
com o título Imitação do Evangelho), trazendo a explicação de vários
preceitos morais deixados pelo Cristo, em consonância, porém, com o
Espiritismo, bem como sua aplicação às diversas circunstâncias da vida.
A
proposta dessa obra ainda continua sendo de grande importância pela profunda
renovação moral que sugere. À época de seu lançamento, no entanto, ela
representou uma completa reformulação dos conceitos cristãos vigentes, porque
fez desaparecer as proibições e os pecados para fazer nascer a liberdade
responsável.
O
Espírito Emmanuel declara que:
Responsabilidade de sentir e pensar, de falar e fazer.” [11]
No labor da Doutrina, temos de convir que o Espiritismo é o
Cristianismo redivivo pelo qual precisamos fornecer o testemunho da verdade e,
dentro do nosso conceito de relatividade, todo o fundamento da verdade da Terra
está em Jesus Cristo. [12]
Em
seu aspecto religioso, o Espiritismo é o próprio Cristianismo, mas apresentado
em sua feição clara e simples, para que Jesus seja compreendido na essência de
seus ensinamentos e exemplos.
No
estudo concomitante da Doutrina e do Evangelho, temos a aquisição de
conhecimentos aliada à sublimação dos sentimentos, porque a pessoa atenta à
própria evangelização – ou seja, ao conhecimento e à vivência do Evangelho –
está em constante busca de maiores níveis de excelência em sua moralidade e
espiritualidade.
São
palavras de Chico Xavier: “O Evangelho de Jesus, na Doutrina Espírita, representa uma luz a me
mostrar a imensidade do esforço que tenho a fazer para melhorar-me.” [13]
Interpretação e análise
do Evangelho
Jesus
nada escreveu. Todavia,
muitos estudiosos defendem a idéia de que o Evangelho de Marcos é nosso relato
mais antigo sobre a vida de Jesus, escrito entre 65 e 70 d.C.; que os
Evangelhos de Mateus e de Lucas foram elaborados dez ou quinze anos mais tarde,
possivelmente entre 80-85 d.C; e que João foi o último a registrar suas
memórias, por volta de 90 ou 95 d.C.
Também
não se pode negar que os textos que nos chegaram foram vítimas de certas
adulterações e adaptações, e que outros documentos, de origem verdadeira acerca
do Cristo, foram destruídos por estudiosos e religiosos que deixaram passar
para a posteridade somente os textos que lhes interessavam.
Entretanto,
o Espírito André Luiz ressalta: “O Evangelho, em suas bases, guarda a
beleza do primeiro dia. Sofisma algum conseguiu empanar o brilho de “amai-vos
uns aos outros, como eu vos amei...”. [14]
Por
aquela época, era comum entre os israelitas, gregos, romanos e outros povos a
vigência de parábolas, mitos e lendas. Então, como atesta o próprio Evangelho
de Marcos (4:30-34), Jesus também se utilizou de histórias simbólicas e
alegóricas para que as pessoas, além de se sentirem estimuladas a ouvi-lo,
compreendessem de forma mais consistente o significado de seus ensinamentos.
Através, portanto, das parábolas, Ele associava imagens da vida diária com
princípios espirituais mais abstratos, de modo a facilitar sua aplicabilidade
na vivência do cotidiano. Assim, “o que poderia apresentar-se
complexo para as mentes de seus ouvintes, em se considerando a gravidade do
tema, ele simplificava em narrações suaves e claras.” [15]
É
preciso, porém, considerar que os preceitos morais constantes de Suas parábolas
necessitam de interpretações adequadas ao nosso contexto. Muitas dessas
histórias, se tomadas em seu sentido literal, se tornam inaplicáveis para nós,
pois a cada tempo, o mundo se apresenta diferente.
Em
virtude de os Evangelhos só terem surgido após sua morte, muitas palavras
atribuídas a Jesus não condizem com sua forma superior e amorosa de transmitir
orientações. Por outro lado, as várias traduções pelas quais esses livros
passaram carregam distorções. Bem sabemos que determinada palavra em um idioma
pode ter significado diverso em outro; também, dentro da mesma língua, pode
esse termo mudar de sentido com o passar do tempo, influenciado pelos costumes
vigentes. Sob esse aspecto, portanto, a tradução literal nem sempre é fiel ao
significado que a palavra representava no texto original.
Exemplo
típico se verifica com a palavra odiar: “Se alguém vem a mim e não odeia seu
pai e sua mãe...” (Lc 25:27-33). Pode-se supor que Jesus a
tivesse usado no sentido moderno do termo? Evidentemente que não!
Lícito
é acreditar-se que, em casos como este, o fundo do seu pensamento não foi bem
expresso, ou que o sentido primitivo, passando de uma língua para outra, há de
ter experimentado alguma alteração. Basta que se haja cometido um erro uma
única vez, para que os copiadores possam tê-lo repetido. Muitas das aberrações
e contradições em certos trechos dos Evangelhos, em parte, podem ser creditadas
às traduções e à ausência de vocábulos que expressassem de maneira adequada o
que o Cristo pretendia afirmar.
Sendo
assim, torna-se imprescindível o conhecimento do valor de muitas das palavras
frequentemente empregadas nos Evangelhos, e que caracterizam o estado de
costumes da sociedade judia daquela época, para não incorrermos no erro de
interpretá-las, passados os séculos, segundo nossos hábitos e características.
A
forma de identificação dos verdadeiros ensinamentos de Jesus deve alicerçar-se
nos reais sentidos do que seja o amor, a justiça e a bondade divina. Tudo o que
contradisser esses princípios necessitará, de nossa parte, de uma abordagem
mais racional. No entanto, tais condições não nos devem desestimular do estudo
dos textos evangélicos, mas, sim, nos induzir a uma formação mais
profunda em sua temática.
Dessa
forma, se ficarmos presos somente às palavras, sem buscar apreender o conteúdo
mais profundo de Suas lições; se não meditarmos no que elas têm a ver conosco,
dificilmente conseguiremos captar o pleno sentido da mensagem cristã. Tudo nos
soará apenas como uma bela filosofia, sem aplicação prática, contudo.
Com
isso, surge a necessidade de nos dedicarmos continuamente ao seu estudo, como
bússola norteadora de mudanças imprescindíveis em nós, de modo a nos
transformar em seres mais conscientes e elevados espiritualmente.
O
Espírito Miramez enfatiza: “Ler o Evangelho superficialmente é o mesmo que comer um bom pedaço de
bolo sem fome, perdendo o seu verdadeiro saber. Importa que o conheçamos em
espírito e verdade, para o nosso próprio bem.” [16]
Para
nós, o que deve vigorar, portanto, é a superioridade do Evangelho vivido sobre
o Evangelho interpretado. Na prática, é mais fácil ler e julgar entender os ensinamentos
de Jesus, do que exercitá-los e, realmente, assimilá-los no dia a dia,
aprimorando nossas qualidades morais. Poucos, verdadeiramente, conhecem o poder
transformador do Evangelho; talvez o conheçam na teoria, sem, no
entanto, tê-lo provado na prática, pois a prática exige a ação de que a leitura
prescinde.
“Os Evangelhos são o
roteiro das almas, e é com a visão espiritual que devem ser lidos” [17]
Silvia
Helena Visnadi Pessenda
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
[1] KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 195.
ed. Araras, SP: IDE, 1996. Introdução.
[2] EMMANUEL (espírito); XAVIER,
Francisco Cândido (psicografado por). A caminho da luz: história da
civilização à luz do espiritismo. 29. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita
Brasileira, 2002. Cap. XIV.
[3] EMMANUEL (espírito); XAVIER,
Francisco Cândido (psicografado por). Seara dos médiuns. 5. ed. Rio
de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. Cap. III.
[4] EMMANUEL (espírito); XAVIER,
Francisco Cândido (psicografado por). Renúncia. 5. ed. Rio de
Janeiro: Federação Espírita Brasileira. Cap. III.
[5] EMMANUEL
(espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Entender
conversando. Organização e Notas de Hércio Marcos Cintra Arantes. 8. ed.
Araras: Ide Editora, 1995. p. 32
[6] [KARDEC, Allan. O
evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de
Elias Barbosa. 195. ed. Araras, SP: IDE, 1996. Introdução.
[7] ANDRÉ LUIZ (espírito); XAVIER,
Francisco Cândido (psicografado por). Os mensageiros. 33. ed. Rio
de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1999. Cap. 11.
[8]
SIMONETTI, Richard. Atravessando a Rua. 15. ed. Araras: Ide
Editora, 1998. Cap. 4
[9] EMMANUEL (espírito); XAVIER,
Francisco Cândido (psicografado por). Seara dos médiuns. Rio de Janeiro:
Federação Espírita Brasileira. Cap. 72.
[10] ANDRÉ
LUIZ (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Missionários
da luz. 31. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1999. Cap. 3.
[11] EMMANUEL
(espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Seara dos
médiuns. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. Cap. 31.
[12] EMMANUEL
(espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). O Consolador. 16.
ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1993. p. 210.
[13] EMMANUEL
(espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Entender
conversando. Organização e Notas de Hércio Marcos Cintra Arantes. 8. ed.
Araras: Ide Editora, 1995. p. 88.
[14] ANDRÉ LUIZ (espírito); XAVIER,
Francisco Cândido (psicografado por). No mundo maior. 20. ed. Rio
de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. Cap. 15.
[15] ÂNGELIS,
Joanna de (espírito); FRANCO, Divaldo Pereira (psicografado por). Diretrizes
para o êxito. 2. ed. Salvador, BA: Livraria Espírita Alvorada, 2004. p. 184.
[16] MIRAMEZ (espírito);
MAIA, João Nunes (psicografado por). Alguns ângulos dos ensinos do
mestre. 5. ed. Belo Horizonte, MG: Editora Espírita Cristã Fonte Viva. p.
44.
[17] EMMANUEL (espírito); XAVIER,
Francisco Cândido (psicografado por). O Consolador. 16. ed. Rio de
Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1993. p. 321.
quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
QUE É AFETIVIDADE?!
No que
consiste a afeição?
Em nossa
essência, existe instalada a necessidade de afeto?
A troca
de afetos é fator estimulante do progresso?
Por que a
repressão de nossa afetividade gera
desequilíbrios?
Somos
plenamente afetivos, afetuosos?
Por que a
aspiração pelo amor causa medo em inúmeras pessoas?
Defluente da lei natural
da Vida, a afetividade é
sentimento inato ao ser humano em todos os estádios do seu processo evolutivo.
Esse conjunto de fenômenos
psicológicos se expressa de maneira variada como alegria ou dor, bem-estar ou
aflição, expectativa ou paz, ternura ou compaixão, gratidão ou sofrimento...
Embora no bruto se
manifeste com a predominância da posse do instinto, aprimora-se à medida que a
criatura alcança os patamares mais elevados da razão, do discernimento e do
amor.
Mesmo entre os animais
denominados inferiores; vige a afetividade em
formas primárias que se ampliarão através do tempo, traduzindo-se em apego,
fidelidade, entendimento, como automatismos que se fixaram por meio da educação
e da disciplina.
Não obstante os limites
impostos pelos equipamentos cerebrais, em alguns é tão aguçada a percepção, que
o instinto revela pródromos de inteligência, que são também expressões de afeto.
No ser hominal, em face
dos valores da mente, o sentimento desata a emoção, e a afetividade
exterioriza-se com mais facilidade.
Imprescindível à
existência feliz, por intermédio do tropismo do amor, desenvolve-se e
enternece-se, respondendo pelas glórias da sociedade, pelo progresso das
massas, pelo crescimento da consciência e pela amplitude do conhecimento.
Na raiz de todo o
empreendimento libertador ou de todo empenho solidário, encontra-se a afetividade ao
ideal, à pessoa, à Humanidade, estimulando, e, quando os desafios fazem-se mais
graves, ei-la amparando o sentimento nobre que não pode fenecer e a coragem que
não deve enfraquecer-se.
No começo, é perturbadora,
por falta de discernimento do indivíduo a respeito do seu significado especial.
No entanto, quando se vai fixando nos refolhos da alma, torna-se abençoado
refrigério para os momentos difíceis e estímulo para a continuação da luta.
Sem ela a vida perderia o
seu significado, tão eloquente se apresenta na formação da personalidade e da
estrutura psicológica do homem e da mulher.
A afetividade
proporciona forças que se transformam em alavancas para o progresso, alterando
as faces desafiadoras da existência e tornando a jornada menos áspera, porque
se faz dulcificada e esperançosa.
Ninguém consegue fugir-lhe
à presença, porque, ínsita no Espírito, emerge do interior ampliando-lhe na
área externa e necessitando de campo para propagar-se.
A afetividade é o laço
de união que liga os indivíduos por meio do sentimento elevado e os impulsiona
na direção do Divino Amor. [1]
A afeição, segundo
definição, é um “sentimento de carinho, de ternura por algo ou alguém”. [2] Corroborando as palavras de
Joanna de Ângelis, quando diz que “a afetividade é sentimento inato ao ser humano em todos os
estádios do seu processo evolutivo”, em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO,
temos que o amor é de essência divina e todos nós, indistintamente,
carregamos “no fundo do coração a chama desse fogo sagrado.” E tal
fato pode ser constatado, muitas vezes, naquele indivíduo, que, por mais
abjeto, vil e criminoso que seja
tem por um ser, ou por um objeto qualquer, uma afeição viva e ardente, à prova
de tudo que tendesse a diminuí-la, e atingindo, frequentemente, proporções
sublimes.
(...)
Mas, qualquer coisa que façam, não saberão sufocar o germe vivaz que Deus lhes
depositou nos corações, na sua criação; esse germe se desenvolve e engrandece
com a moralidade e a inteligência, e, ainda que comprimido pelo egoísmo, é a
fonte de santa e doces virtudes que fazem as afeições sinceras e duráveis, e
vos ajudam a transpor a rota escarpada e árida da existência humana. [3]
Em nossa essência existe a
necessidade de afeto, ou seja, das experiências de carinho e de ternura que
possamos ter para com o mundo à nossa volta. Amar, bem como sentir-se amado e
respeitado, representa, desse modo, a convergência de todos os objetivos humanos.
No entanto, muitos são os indivíduos que enganam a si mesmos, acreditando que
estão buscando, em primeiro lugar, a sabedoria, o dinheiro ou o poder.
A troca de afetos é também
fator estimulante de progresso. Sem esse compartilhar “a vida perderia o
seu significado, tão eloquente se apresenta na formação da personalidade e da
estrutura psicológica do homem e da mulher.” [1]
Por isso, proibir,
reprimir ou mesmo restringir as mais variadas manifestações da afetividade somente
tem o poder de desviá-la para alternativas que, na maioria vezes, acabam em
desequilíbrios. Porque é o conjunto de nossos afetos – ou seja, a nossa afetividade – que
caracteriza a conduta de cada um de nós, expressando-se nos sonhos e desejos,
nas expectativas, nas palavras, nos gestos...
Em razão do atual estágio
evolutivo da humanidade, a vida afetiva ainda é caracterizada por dois
sentimentos bastante antagônicos, o amor e o ódio, e estão sempre presentes na
vida psíquica de cada um de nós, de modo mais ou menos integrado. É nesse
sentido que de Ângelis afirma que esse conjunto de fenômenos psicológicos – a afetividade –
manifesta-se através das polaridades positiva e negativa, ou seja, na alegria e
na dor, no bem-estar e na aflição, na ternura e na compaixão, na gratidão e no
sofrimento. Em outro momento de suas considerações, ela ensina:
Quando se pode entender e
se tem olhos de ver, é possível distinguir a afetividade nos mais variados sentimentos humanos, a
saber:
O egoísmo
é a afetividade a si
mesmo;
O
ressentimento é a afetividade egoísta
que não foi comprazida;
A bondade
é a afetividade que se
expande;
O ciúme é
a afetividade insegura
e possessiva;
O
trabalho é a afetividade ao dever;
O ódio é
a afetividade que
enlouqueceu;
O auxílio
fraterno é a afetividade em ação;
A
vingança é a afetividade que
enfermou;
A
preguiça é a afetividade
adormecida;
O amor é
a afetividade que se
sublima;
A
caridade é o momento máximo de afetividade... [1]
Tais palavras nos levam a
refletir sobre a nossa capacidade de sermos afetivos, afetuosos.
Será que já podemos sair
de nós mesmos, dos nossos conflitos e bloqueios, de modo a oferecer à outra
pessoa, seja ela quem for uma atenção, uma consideração, um carinho a mais, sem
que ela nos peça ou mesmo esteja esperando por isso?
Jason de Camargo enfatiza:
Dar
e receber afeto estão entre as necessidades fundamentais do ser humano. O afeto
representa aquele tipo de energia que chega a nós como uma mensagem silenciosa
de carinho. No geral, as pessoas que têm dificuldades em receber ou dar carinho
é porque possuem bloqueios psíquicos na área da afetividade. Muitas vezes as rejeições afetivas, o
desgosto sofrido no passado por pessoas a quem se estimava, as desconfianças
demasiadas e outros problemas psicológicos têm levado as pessoas a sofrerem a
perda desse contato de capital importância na vida de relações. [4]
A realidade é que a
maioria dos indivíduos sofre por questões afetivas, muitas vezes, transformando
sua vida numa sucessão de experiências dolorosas pela falta de habilidade para
viver em harmonia com os demais. Desse modo, a busca pelo autoconhecimento e a
percepção de si mesmo favorecerá a conscientização de que essa inabilidade é a
principal responsável pela sensação de vazio interior. Ademais, a solidão
somente existe para quem se sente só, mesmo estando rodeado de circunstâncias
diversas, capazes, portanto, de propiciarem variadas realizações e satisfações.
O espírito Hammed atesta:
Por não
admitirmos nossa incapacidade de amar verdadeiramente, é que permanecemos
desestimulados e conformados a viver uma existência com fronteiras bem
limitadas na área da afetividade. [5]
Amar não
significa esperar que alguém nos satisfaça todos os anseios e necessidades que
cabe só a nós satisfazer. [6]
A busca pelo amor é
legítimo e saudável, bem como estimula, em cada um de nós, o despertar da
inteligência e dos potenciais inatos, a fim de crescermos tanto nos campos da
religião, do conhecimento, da ciência, como em outros tantos setores do
desenvolvimento humano. A afetividade
responde “pelas glórias da sociedade, pelo progresso das massas, pelo
crescimento da consciência e pela amplitude do conhecimento.” [1]
No entanto, a aspiração
pelo amor causa em inúmeras criaturas uma sensação de inadequação, de medo. E,
por esse motivo, elas reprimem sua afetividade,
voluntária ou inconscientemente, acreditando que o desejo de amar possa
representar motivo de fraqueza, de vergonha ou mesmo de submissão. Tais
criaturas, por apresentarem um íntimo inseguro e imaturo para a doação – isso
porque a afetividade implica
em doação e entrega –, são arredias e apresentam, de maneira geral,
dificuldades para estabelecer contatos afetivos. Não apenas são de difícil
sociabilidade, como também não sabem expressar seus sentimentos, desejos e
necessidades.
Existem aquelas também que
somente se unem a outras por medo de ficarem sozinhas. Dessa forma, a busca do
amor é mascarada pela necessidade de se sentirem amparadas e cuidadas.
Outras, para compensarem
sua insatisfação no campo da afetividade,
trabalham incessante e exaustivamente, aspirando à aprovação alheia de tudo o
que fazem ou acreditam. Querem ser compreendidas, parecerem perfeitas e
importantes, impressionarem as pessoas. Em suma, é o anseio de ser plenamente
aceita pelos demais, custe o que custar.
Em outros casos, a afetividade é
dirigida apenas à determinada pessoa ou grupo de pessoas (filhos, pais, amigos
etc), mas de forma excessiva e compensatória. Com isso, sobrecarrega-se a
relação, exigindo do outro mais do que ele pode oferecer em termos de
manifestações afetivas, carinho, atenção ou – até mesmo! – obediência.
Não rara, então, é a
confusão entre amor e poder. Vários comportamentos são justificados como
manifestações de amor, quando, na verdade, o que os motiva é o desejo de
controle e de poder. É óbvio que todos esperamos ser correspondidos quanto ao
afeto que oferecemos, mas isso nem sempre é possível. Quando as expectativas
não se encontram bem ajustadas, doar em excesso, quase sempre, significa cobrar
em demasia. Dessa forma, as desilusões afetivas, de modo geral, são ocasionadas
pelas ilusórias expectativas que se cria em torno dos relacionamentos.
Em razão de a troca de
afetos aprimorar-se à medida que a criatura alcança “patamares mais
elevados da razão, do discernimento e do amor” [1], a autêntica afetividade também se
encontra associada a um consistente amadurecimento espiritual. Assim, aquela
que a possui caracteriza-se pela amorosidade, caridade, generosidade e
benevolência, porque seus contatos acontecem em todos os níveis, com todas as
pessoas, independente de sexo, idade ou qualquer outra discriminação,
propiciando crescimento, sobretudo, àqueles que com ela convive.
Segurança, alegria e
sucesso na vida estão diretamente relacionados à capacidade de se estabelecer
conexões afetivas caracterizadas pelo comprometimento e desapego. Nessa
direção, as palavras finais de Joana de Ângelis são as seguintes:
Em
qualquer circunstância libera a tua afetividade
desencarcerando-a, a fim de que se expanda e beneficie os demais.
A afetividade é
portadora de especial conteúdo: quanto mais se doa, mais possui para oferecer.
É rica,
infinitamente possuidora de recursos para expender.
Jamais te
arrependas por haveres sido afetuoso.
Não te
facultes, porém, uma afetividade
exigente, que cobra resposta, que se impõe, que aguarda retribuição.
Atinge o
elevado patamar emocional da afetividade que se
esquece de si mesma para favorecer a outrem, conforme Jesus a viveu, sem apego
nem decepção, por não haver recebido compensação.
A afetividade se
completa no próprio ato de expandir-se. [1]
Amor Sempre
“Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”
Mt 22:39
O amor é a emoção máxima
que o ser humano consegue sentir no atual estágio de evolução em que se
encontra. Ao reafirmar a regra áurea bíblica, o Cristo nos trouxe a certeza de
que, por enquanto, nenhum outro sentimento se sobrepõe ao amor.
O próximo mais próximo de
nós é a personalidade interna e oculta em nosso íntimo, que nos exige atenção e
equilíbrio. Isso não se constitui em justificativa para nos isolarmos das
pessoas com as quais estejamos em relação direta. O próximo com quem nos relacionamos
externamente terá sempre primazia em relação ao “próximo” interno.
O como a ti mesmo
significa a necessidade de nos amarmos como somos a fim de podermos entender o
amor ao próximo. Só verdadeiramente ama o próximo quem se conhece o suficiente
para não realizar projeções enganosas.
(...) Podemos tomar a
afirmação acima num sentido psicológico estabelecendo que o amor a si mesmo predisponha
a mente a permanecer num estado de consciência que permite a compreensão da
totalidade à sua volta. Amar a si mesmo é entrar em contato com sua essência
íntima, assumindo-se como ser no universo, responsável total e de forma
consciente pelos próprios atos, sem transferir sua responsabilidade para
terceiros. É a consciência de ser deus e ter Deus em si mesmo.
Psicologicamente, é mais
sensato entregar-se à busca do amor universal do que do amor particular.
Enquanto este traz predisposições momentâneas e se presta facilmente às
projeções, aquele capacita à vida eterna e elimina projeções inconscientes.
(...) O amor ao próximo
não se resume ao sentimento de afeição e ternura que temos para com um
companheiro ou companheira, para com um parente ou alguém especial em nossa
vida. Ele extrapola os limites da consanguinidade e da sexualidade. O amor ao
próximo é o amor indiferenciado, sem face nem rótulo, sem restrições, sem
bandeira e sem países. É o amor à Vida em toda sua plenitude. É aquele que se
tem ao ser humano na sua humanidade e que possibilita a percepção da obra de
Deus através dele mesmo.
(...) Esse sentimento de amor
para consigo mesmo serve, ao mesmo tempo, para permitir à mente um estado de
paz e felicidade, como também para uma espécie de autoterapia preventiva dos
estados psíquicos que impedem o bom desenvolvimento da personalidade. Amar
alguém como a si mesmo garante, do ponto de vista psíquico, clareza nas
percepções dos próprios processos conscientes e, principalmente, inconscientes.
Quando realizamos
projeções, isto é, quando notamos, de forma inconsciente, nos outros,
características de personalidade que são nossas, não nos damos conta de que a
simpatia ou antipatia que nutrimos por aquela pessoa se refere a nós mesmos.
Por este ângulo, quem ama ou detesta alguém, o faz a si mesmo. Amar o próximo
como a si mesmo pressupõe que as duas atitudes estão intrinsecamente
relacionadas. Quanto mais amo o próximo, indistintamente, mais a mim mesmo amo.
Quanto mais amo a mim mesmo, sem exagero narcisista, mais sou capaz de amar meu
semelhante.
Do ponto de vista
psicológico, amar o próximo como a si mesmo é predispor-se ao equilíbrio
psíquico e à possibilidade de trabalhar seus conteúdos emocionais, desta ou de
outras encarnações, com a certeza de que será bem sucedido no intento.
(...) Amar o próximo como
a si mesmo é permitir a manifestação de Deus em nós. [7]
Silvia
Helena Visnadi Pessenda
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
[1] ÂNGELIS, Joanna de (espírito); FRANCO, Divaldo Pereira
(psicografado por). Diretrizes
para o êxito. 2. ed. Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada, 2004. Cap.
26.
[2] iDicionário Aulete. Disponível em: <http://aulete.uol.com.br/afeicao>.
Acesso em: 31.10.2012.
[3] KARDEC, Allan. O evangelho
segundo o espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias
Barbosa. 195. ed. Araras, SP: IDE, 1996. Cap. 11. Item 9. p. 147.
[4] CAMARGO,
Jason de. Educação dos sentimentos.
5. ed. Porto Alegre: Letras de Luz, 2003. Cap. 4. p. 78.
[5] HAMMED
(espírito); SANTO NETO, Francisco do Espírito (psicografado por). Espelho d’água. 1. ed. Catanduva, SP:
Boa Nova Editora, 2001. p. 88.
[6]
______. Os prazeres da alma.
1. ed. Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 2003. Cap. “Afetividade”. p. 51.
[7] NOVAES,
Adenáuer. Psicologia do evangelho.
2. ed. Salvador, BA: Fundação Lar Harmonia, 2001. Cap. 11.
NOVAES, Adenáuer. Evangelho e
família. 1. ed. Salvador: Fundação Lar Harmonia, 2002.
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