sábado, 27 de janeiro de 2018

MEDICAMENTOS EVANGELICOS



IMPERATIVOS CRISTÃOS


IMPERATIVOS CRISTÃOS

Aprende
Humildemente
Ensina
Praticando
Administra
Educando
Obedece
Prestativo
Ama
Edificando
Teme
A ti mesmo
Sofre
Aproveitando
Fala
Construindo
Ouve
Sem malícia
Ajuda
Elevando
Ampara
Levantando
Passa
Servindo
Ora
Serenamente
Pede
Com juízo
Espera
Trabalhando
Crê
Agindo
Confia
Vigiando
Recebe
Distribuindo
Atende
Com gentileza
Coopera
Sem apego
Socorre
Melhorando
Examina
Salvando
Esclarece
Respeitoso
Semeia
Sem aflição
Estuda
Aperfeiçoando
Caminha
Com todos
Avança
Auxiliando
Age
No bem geral
Corrige
Com bondade
Perdoa
Sempre




Livro: Agenda Cristã, Francisco C. Xavier, pelo Espírito André Luiz, Ed FEB

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

BIPOLARIDADE


BIPOLARIDADE
Hoje a ciência prova que cada ser humano é uma fonte de energia.
Por sua vez, Divaldo Pereira Franco, o grande tribuno espírita, nos afirma e uma de suas brilhantes palestras:
“Se o individuo é um ser, uma energia, seu corpo é um não ser, é sombra. Quando o não ser se desarticula ele se liberta. Quando a sombra se dilui e desaparece, a energia vibra. Se olharmos um raio de luz, por exemplo, veremos que tem variações, porque é constituído de energia e corpúsculos. Energia é matéria, que se transforma em energia”.
Destas duas versões concluímos que somos uma energia que tanto pode pulsar no lado negativo quanto positivo, ou seja; temos nosso lado Luz, mas também temos nosso lado Sombra.
É como se fosse uma árvore em que para cada galho erguido para cima houvesse outro, equivalente, direcionado para baixo. Cada galho erguido para cima representa uma qualidade, ou seja, seu lado Sombra.
Vibramos nosso lado Luz quando emitimos as ondas radiosas do amor e seus derivados, como o seja a compreensão, a bondade responsável, e, dentre outras, a ausência do egoísmo.
Mas, vibramos também o lado Sombra quando emitimos as ondas magnéticas e deletérias da raiva, da inveja, do orgulho, ou, dentre outras, as da vingança.
No entanto, toda vez que buscamos trabalhar nossas dificuldades com a coragem de nos aceitar como pessoa humana, mas ainda frágil em nossas assertivas, com direito de errar, mas que tem, também, o dever de levantar-se aprendendo com os próprios erros, a vida, inegavelmente, nos oferecerá oportunidades de transformações infindas, onde, reparando os desacertos, fortalecemos pouco a pouco a transição de nosso lado Sombra, em direção à Luz da evolução a que somos destinados.
Santo Agostinho, venerado pro nossos irmãos católicos como Santo e pelo Espiritismo como Espírito de Luz, que inegavelmente é, há seu tempo tinha por hábito, a cada noite, refletir sobre todas as coisas boas que fizera durante o dia (lado Luz) dando-lhes continuidade no dia seguinte, e, obviamente, sobre as atitudes não tão boas que também praticara naquele mesmo dia (lado Sombra), pelas quais pedia perdão a Deus, dispondo-se a repará-las e corrigi-las no dia seguinte.
Seria essa uma tarefa fácil?... Com certeza que não!
Mas vale a pena tentar, até conseguir que a luz do galho de cima possa ir, aos poucos, diluindo a sombra correspondente ao galho de nossas iniquidades representado pelo galho que fica exatamente abaixo.
Esta inegavelmente é a maior e mais renhida luta da humanidade de todos os tempos, porque, quando Deus criou o Espírito que habita em cada um de nós, deu-nos também o livre arbítrio e a consciência que, habitando o mais profundo de nosso cerne, faz com que cada um de nós, de alguma forma, saiba o que é certo.
Na questão 321 do O Livro dos Espíritos, Kardec interroga aos Espíritos venerandos: “Onde está escrita a Lei de Deus?” e a resposta sucinta como a verdade: “Na Consciência”.
E o Cristo, Maior Psicoterapeuta da Humanidade, afirmou: “Mais se dá a quem mais quer e mais se pedirá a quem mais se deu.”
É de se pensar que talvez por fora dessa mesma frase, erroneamente, nos acovardamos e nos negamos a enfrentar de perto a responsabilidade de se buscar saber mais, evoluir, pois que isto, se por um lado nos leva à evolução, em contrapartida nos dá uma responsabilidade que BipolaridadeNosso Lado Sombra e Luz não queremos assumir, até por que...
“O conhecimento se volta contra nós porque perdemos a capa protetora da amoral”
No entanto, enquanto não enfrentamos de perto esta luta continuaremos nesta bicorporeidade cujo lado Luz pouco se libertará da Sombra de nossas fraquezas e iniquidades. Esta é uma não aceitação sem sentido, pois que hoje não podemos negar uma consciência cada vez mais esclarecida...
O lembrete está no ar!
A ciência, o Espiritismo e as filosofias espiritualistas, as mensagens televisivas e radiofônicas, especialmente da Rede Boa Nova de Rádio que possui uma programação voltada ao esclarecimento, as palestras, etc, tudo é fonte desse lembrete e, quer queiramos ou não, abastece de verdades insofismáveis esta mesma consciência que queríamos adormecida!
E se é bom lembrar que “A cada um segundo as suas obras”, também é bom meditar que “Se somos filhos do mesmo Criador... logo somos Luz...” falta acreditar!

AS TRÊS ORAÇÕES


AS TRÊS ORAÇÕES
Instado pela assembleia de amigo a falar sobre a resposta do Criador às preces das criaturas, respondeu o velho Simão Abileno, instrutor cristão, considerado no Plano Espiritual por mestre do apólogo e da síntese: Repetirei para vocês, a nosso modo, antiga lenda que corre mundo nos contos populares de numerosos países...
Em grande bosque da Ásia Menor, três árvores ainda jovens pediram a Deus lhes concedesse destinos gloriosos e diferentes.
A primeira explicou que aspirava a ser empregada no trono do mais alto soberano da Terra; após ouvi-la, a segunda declarou que desejava os tesouros desse rei poderoso, e a terceira, por último disse então que almejava transformar-se numa torre, nos domínios desse potentado para indicar o caminho do Céu.
Depois das preces formuladas, um Mensageiro Angélico desceu à mata e avisou que Todo Misericordioso lhes recebera as rogativas e lhes atenderia às petições.
Decorrido muito tempo, lenhadores invadiram o horto selvagem e as árvores, com grande pesar de todas as plantas circunvizinhas, foram reduzidas a tronco, despidos por mãos cruéis. Arrastadas para fora do ambiente familiar, ainda mesmo com os braços decepados, elas confiaram nas promessas do Supremo Senhor e se deixaram conduzir com paciência e humilde.
Qual não lhes foi, porém, a aflitiva surpresa!... Depois de muitas viagens, a primeira caiu sob o poder de um criador de animais que, de imediato, mandou convertê-la num grande cocho destinado à alimentação de carneiros; a segunda foi adquirida por um velho praiano que construía barcos por encomenda; e a terceira foi comprada e recolhida para servir, em momento oportuno, numa cela de malfeitores.
As árvores amigas, conquanto separadas e sofredoras, não deixaram de acreditar na mensagem do Eterno e obedeceram sem queixas às ordens inesperadas que as leis da vida lhes impunham... No bosque, contudo, as três árvores haviam obtido as concessões gloriosas solicitadas...
A primeira, forrada de panos singelos, recebera Jesus das mãos de Maria de Nazaré, servindo de berço ao Dirigente Mais Alto do Mundo; a segunda, trabalhando com pescadores, na forma de uma barca valente e pobre, fora o veículo de que Jesus se utilizou para transmitir sobre as águas muitos dos seus mais belos ensinamentos; e a terceira, convertida apressadamente numa cruz em Jerusalém, seguira com Ele, o Senhor, para o monte e, ali; ereta e valorosa guardara-lhe o coração torturado, mas repleto de amor no extremo sacrifício, indicando o verdadeiro caminho do Reino Celestial...
Simão silenciou, comovido. E, depois de longa pausa, terminou, a entremostrar os olhos marejados de pranto:
Em verdade, meus amigos, todos nós podemos endereçar a Deus, em qualquer parte e em qualquer tempo, as mais variadas preces; no entanto, nós todos precisamos cultivar paciência e humilde, para esperar e compreender as respostas de Deus.

Extraído do livro Cartas e Crônicas de Irmão X

domingo, 21 de janeiro de 2018

A NECESSIDADE DO ESTUDO

A NECESSIDADE DO ESTUDO

“Quanto mais se agiganta a civilização na Terra, mais amplamente predomina o estudo na extensão do progresso geral. Cientistas e pesquisadores analisam, infatigavelmente, não apenas as realizações alusivas ao domínio das forças da natureza, mas também os poderes da alma, a escarificarem todos os fenômenos do binômio mente-corpo, consagrando a era do pensamento racional. Para isso, multiplicam-se escolas e cursos técnicos, estabelecimentos culturais e anfiteatros de ensino, em que perguntas e respostas sedimentam a renovação do mundo. Natural, transportemos igualmente a questão da dor para os recintos de aula, por disciplina a examinar em regime de urgência...”
O trecho acima, se encontra na introdução do livro Leis de Amor; ditado por Emmanuel e psicografado por F. C. Xavier e Waldo Vieira.
É fácil perceber o quanto às afirmações de Emmanuel está correta, pois que; nos dias atuais estamos vivendo, cada vez mais, a busca do conhecimento nas mais diferentes áreas.
Dentro da literatura espírita, encontramos obras maravilhosas, que nos chegaram há várias décadas e cujo conteúdo é hoje totalmente confirmado. As obras de Emmanuel e de outros Espíritos iluminados, dão-nos testemunho de seu saber e do seu empenho em ajudar a população terrena e evoluir... No livro Leis do Amor, vamos encontrar preciosas orientações sobre variados assuntos que fazem parte da vida humana. E, como diz Emmanuel, tudo precisa ser estudado para acompanhar o progresso e o desenvolvimento do nosso Planeta.
Todavia, como nos encontramos no estágio de provas e expiações, a dor é um ingrediente constante nas nossas vidas e, igualmente deve ser estudada, para que bem compreendida, possamos entender-lhe a função. À primeira vista, é quase impossível aceitar a dor como instrumento necessário à nossa evolução.
Porém, quando lembramos que estamos na Terra em cumprimento de mais um mandato reencarnatório, logo percebemos que ela (a dor) é aguilhão indispensável para nos impulsionar no rumo da evolução, dando-nos oportunidade de reajustes e aprendizados. As dificuldades maiores, os problemas difíceis e toda a repercussão que acarretam, são questões em desacordo com a nossa vontade, pois, somos ainda criaturas imperfeitas, envolvidas pelos sentimentos menores onde predomina o orgulho e o egoísmo.
E, em função dessa nossa forma de pensar, não queremos que a dor faça parte da nossa vida...Somente os Espíritos que já alcançam um certo grau de conhecimento, sabem conviver com a dor de forma saudável. Para estes Espíritos, a dor não é recebida como sinal de sofrimento. Mas como uma circunstância temporária que deve ser aceita a fim de ajudá-los na escola da existência. Eles (os mais esclarecidos), sabem que as dificuldades que enfrentamos estão de acordo com as nossas necessidades de aprendizado e por isso não se revoltam contra as situações adversas.
Confirmando as palavras de Emmanuel, diríamos que, se já percebemos o quanto é importante para o desenvolvimento humano estudar e aprender a respeito dos mais variados assuntos que fazem parte do campo cultural da atualidade, também precisamos conhecer os meandros que A Necessidade do Estudo envolvem o sofrimento, questão esta tão estreitamente ligada ao nosso viver atual.
Todos gostariam de poder desfrutar plena felicidade e bem-estar total, mas, devido ao nosso padrão evolutivo, ainda tão deficiente, é certo que não conseguiríamos avaliar estas condições superiores.
Por enquanto, ainda precisamos comparar para entender as diferenças... Acreditamos que o fato de não conhecermos em profundidade o mecanismo da dor, é que nos leva ao desespero. Ela existe como consequência de atos cometidos em desacordo com as leis maiores, mas Deus, como Pai misericordioso que é, dá-nos a oportunidade de reparar essas infrações. Sendo assim, concluímos que a dor, embora não seja desejada, não é castigo, mas uma decorrência natural do nosso próprio existir de ontem ou de agora.
Falamos da dor, porque ela é uma realidade do nosso mundo e como nos explica Emmanuel, devemos situá-la como disciplina a ser examinada de onde possamos tirar lições que nos ajudem. Quanto mais estivermos instruídos a respeito desta questão, tanto mais poderemos nos libertar dos sofrimentos que em muitas ocasiões nos afligem.
A Doutrina Espírita sustentada pela tríade, Ciência, Filosofia e Religião; é roteiro seguro a orientar-nos nos mais diversos assuntos, ao mesmo tempo em que nos informa a respeito das ligações do mundo material com o mundo dos Espíritos.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

EVANGELHO, VOCÊ SABE O QUE ISTO SIGNIFICA?


Palavra derivada do grego euaggélion,  o Evangelho significa “boa nova”’, ou, boa e feliz notícia, novidade fortunosa. E essa auspiciosa novidade tem a ver com os ensinamentos e exemplos de Jesus.
No início da Religião Cristã, a expressão “evangelho’’ era utilizada, portanto, em relação às palavras e aos atos de Jesus; referiu-se, depois, ao registro escrito que se fez de Seu ensino”.
Muito embora esse vocábulo apareça 75 vezes no Novo Testamento, ele forma um conjunto de quatro livros conhecidos como os Evangelhos de Mateus, de Marcos, de Lucas e de João.
Podem dividir-se em cinco partes as matérias contidas nos Evangelhos, as quais dizem respeito:
1.     Aos atos comuns da vida do Cristo;
2.     Aos milagres;
3.     Às predições;
4.     Às palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; e
5.     Ao ensino moral. [1]
No entanto, o Espírito Emmanuel ressalta:
A grandeza da doutrina não reside na circunstância de o Evangelho ser de Marcos ou de Mateus, de Lucas ou de João; está na beleza imortal que se irradia de suas lições divinas, atravessando as idades e atraindo os corações. É que, porta adentra do coração, só a essência deve prevalecer para as almas. [2]
Em sua essência, o Evangelho representa o mais elevado código de conduta ética existente na humanidade. Fonte de preceitos morais, seu conteúdo nos aponta o caminho da sabedoria e da paz, do progresso espiritual, norteando nossa vida e aspirações. E sua observância seria suficiente para transformar nosso mundo num local de extrema prosperidade.
Para o Espírito Emmanuel, o Evangelho “é a revelação pela qual o Cristo nos entregou mais amplo conhecimento de Deus.” [3] 
É, portanto, “mensagem de salvação, nunca de tormento.” [4]
O Evangelho e nós
Certa vez, perguntaram a Chico Xavier: “Qual a importância do Evangelho de Jesus para a Humanidade?”
E sua resposta foi a seguinte: “Creio que a importância do Evangelho de Jesus, em nossa evolução espiritual, é semelhante à importância do Sol na sustentação de nossa vida física.” [5]
Todos são necessitados dos ensinamentos do Cristo. E quando tomamos contato com sua essência, o foco de nossos interesses e comportamento se altera substancialmente. E por quê? Simplesmente pelo fato de que seu exercício nos possibilita a plena conscientização dos princípios de igualdade, liberdade e fraternidade, condições imprescindíveis à correta e elevada convivência social.
O sentido profundo de todas as parábolas do Evangelho nos possibilita um contato mais direto com nosso próprio íntimo e com Deus, ou seja, conseguimos uma visão mais elevada do Criador, um refletir mais intenso da própria consciência e uma percepção mais ampliada do verdadeiro sentido da Vida.
Allan Kardec anota:
Para os homens, em particular, constitui aquele código [o Evangelho] uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública, o princípio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça.    É, finalmente e acima de tudo, o roteiro infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura[6]
No entanto, muitos evitam tomar contato com o Evangelho,  omitindo-se, assim, de agir em conformidade com os seus fundamentos. Outros já acreditam que a assídua frequência aos seus templos de fé seja suficiente para torná-los plenos de seu conteúdo; todavia, o Espírito André Luiz escreve que “o Evangelho é livro divino e, enquanto permanecemos na cegueira da vaidade e da ignorância, não nos expõe seus tesouros sagrados.” [7]

Este conjunto de livros necessita, portanto, ser conhecido, meditado e sentido, porque seu maior objetivo é nos renovar e aprimorar-nos intimamente.
Richard Simonetti enfatiza:
 A leitura da Boa Nova não se destina ‘aos outros’. Deve falar à intimidade de nossa consciência. Não devemos usá-la para fiscalizar o semelhante e, sim, como orientação para nosso próprio comportamento. 
            (...) No Evangelho, encontramos sempre duas orientações precisas e inconfundíveis:
1.     É preciso edificar o Bem.
2.     É preciso eliminar o Mal.
Para sermos eficientes nesse empenho, é de fundamental importância ter sempre presente que:
1.     No empenho do Bem, somos convidados a pensar no que falta no semelhante...
2.     No combate ao Mal, devemos cogitar do que sobra em nós...   [8]
Podemos afirmar que a mais consistente divulgação do Evangelho ocorre por meio de nossos atos e, ao aplicarmos suas lições, damos a mais perfeita demonstração de que as assimilamos. Devemos, portanto, pregá-lo muito mais através de nossos exemplos do que apenas com nossas palavras.
Ainda do Espírito Emmanuel: “A lição do Evangelho consola e esclarece, encoraja e honra aqueles que a recebem, mas, se não for usada, não adianta.” [9]
O Evangelho e o Espiritismo
 “O Espiritismo cristão é a revivescência do Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo.” [10]
O Espiritismo não traz moral diferente da de Jesus, mas lança novo entendimento sobre Seus ensinos e é neles alicerçado.
Algumas lições do Cristo se apresentam de forma velada.    Foram elas, então, explicadas pela Doutrina Espírita que, através de seus postulados, busca conscientizar o indivíduo:
         – de sua essência imortal;
         – da sua responsabilidade na construção do próprio futuro; e
         – da presença constante do amparo divino em sua trajetória evolutiva.
Em 1864, Allan Kardec publicou O Evangelho Segundo o Espiritismo (inicialmente com o título Imitação do Evangelho), trazendo a explicação de vários preceitos morais deixados pelo Cristo, em consonância, porém, com o Espiritismo, bem como sua aplicação às diversas circunstâncias da vida.
A proposta dessa obra ainda continua sendo de grande importância pela profunda renovação moral que sugere. À época de seu lançamento, no entanto, ela representou uma completa reformulação dos conceitos cristãos vigentes, porque fez desaparecer as proibições e os pecados para fazer nascer a liberdade responsável.
O Espírito Emmanuel declara que:
 tanto na mensagem do Evangelho, quanto na mensagem do Espiritismo, o que prevalece, acima de tudo, é a responsabilidade para cada um de nós.
Responsabilidade de sentir e pensar, de falar e fazer.” [11]
No labor da Doutrina, temos de convir que o Espiritismo é o Cristianismo redivivo pelo qual precisamos fornecer o testemunho da verdade e, dentro do nosso conceito de relatividade, todo o fundamento da verdade da Terra está em Jesus Cristo. [12]
Em seu aspecto religioso, o Espiritismo é o próprio Cristianismo, mas apresentado em sua feição clara e simples, para que Jesus seja compreendido na essência de seus ensinamentos e exemplos.
No estudo concomitante da Doutrina e do Evangelho, temos a aquisição de conhecimentos aliada à sublimação dos sentimentos, porque a pessoa atenta à própria evangelização – ou seja, ao conhecimento e à vivência do Evangelho – está em constante busca de maiores níveis de excelência em sua moralidade e espiritualidade.
São palavras de Chico Xavier: “O Evangelho de Jesus, na Doutrina Espírita, representa uma luz a me mostrar a imensidade do esforço que tenho a fazer para melhorar-me.”  [13]  
Interpretação e análise do Evangelho
Jesus nada escreveu. Todavia, muitos estudiosos defendem a idéia de que o Evangelho de Marcos é nosso relato mais antigo sobre a vida de Jesus, escrito entre 65 e 70 d.C.; que os Evangelhos de Mateus e de Lucas foram elaborados dez ou quinze anos mais tarde, possivelmente entre 80-85 d.C; e que João foi o último a registrar suas memórias, por volta de 90 ou 95 d.C.
Também não se pode negar que os textos que nos chegaram foram vítimas de certas adulterações e adaptações, e que outros documentos, de origem verdadeira acerca do Cristo, foram destruídos por estudiosos e religiosos que deixaram passar para a posteridade somente os textos que lhes interessavam.
Entretanto, o Espírito André Luiz ressalta: O Evangelho, em suas bases, guarda a beleza do primeiro dia. Sofisma algum conseguiu empanar o brilho de “amai-vos uns aos outros, como eu vos amei...”. [14] 
Por aquela época, era comum entre os israelitas, gregos, romanos e outros povos a vigência de parábolas, mitos e lendas. Então, como atesta o próprio Evangelho de Marcos (4:30-34), Jesus também se utilizou de histórias simbólicas e alegóricas para que as pessoas, além de se sentirem estimuladas a ouvi-lo, compreendessem de forma mais consistente o significado de seus ensinamentos. Através, portanto, das parábolas, Ele associava imagens da vida diária com princípios espirituais mais abstratos, de modo a facilitar sua aplicabilidade na vivência do cotidiano. Assim,  “o que poderia apresentar-se complexo para as mentes de seus ouvintes, em se considerando a gravidade do tema, ele simplificava em narrações suaves e claras.”  [15] 
É preciso, porém, considerar que os preceitos morais constantes de Suas parábolas necessitam de interpretações adequadas ao nosso contexto. Muitas dessas histórias, se tomadas em seu sentido literal, se tornam inaplicáveis para nós, pois a cada tempo, o mundo se apresenta diferente. 
Em virtude de os Evangelhos só terem surgido após sua morte, muitas palavras atribuídas a Jesus não condizem com sua forma superior e amorosa de transmitir orientações. Por outro lado, as várias traduções pelas quais esses livros passaram carregam distorções. Bem sabemos que determinada palavra em um idioma pode ter significado diverso em outro; também, dentro da mesma língua, pode esse termo mudar de sentido com o passar do tempo, influenciado pelos costumes vigentes. Sob esse aspecto, portanto, a tradução literal nem sempre é fiel ao significado que a palavra representava no texto original.
Exemplo típico se verifica com a palavra odiar: “Se alguém vem a mim e não odeia seu pai e sua mãe...” (Lc 25:27-33).  Pode-se supor que Jesus a tivesse usado no sentido moderno do termo? Evidentemente que não!
Lícito é acreditar-se que, em casos como este, o fundo do seu pensamento não foi bem expresso, ou que o sentido primitivo, passando de uma língua para outra, há de ter experimentado alguma alteração. Basta que se haja cometido um erro uma única vez, para que os copiadores possam tê-lo repetido. Muitas das aberrações e contradições em certos trechos dos Evangelhos, em parte, podem ser creditadas às traduções e à ausência de vocábulos que expressassem de maneira adequada o que o Cristo pretendia afirmar.
Sendo assim, torna-se imprescindível o conhecimento do valor de muitas das palavras frequentemente empregadas nos Evangelhos, e que caracterizam o estado de costumes da sociedade judia daquela época, para não incorrermos no erro de interpretá-las, passados os séculos, segundo nossos hábitos e características.
A forma de identificação dos verdadeiros ensinamentos de Jesus deve alicerçar-se nos reais sentidos do que seja o amor, a justiça e a bondade divina. Tudo o que contradisser esses princípios necessitará, de nossa parte, de uma abordagem mais racional. No entanto, tais condições não nos devem desestimular do estudo dos textos evangélicos, mas, sim, nos induzir a uma formação mais profunda  em sua temática.
Dessa forma, se ficarmos presos somente às palavras, sem buscar apreender o conteúdo mais profundo de Suas lições; se não meditarmos no que elas têm a ver conosco, dificilmente conseguiremos captar o pleno sentido da mensagem cristã. Tudo nos soará apenas como uma bela filosofia, sem aplicação prática, contudo.
Com isso, surge a necessidade de nos dedicarmos continuamente ao seu estudo, como bússola norteadora de mudanças imprescindíveis em nós, de modo a nos transformar em seres mais conscientes e elevados espiritualmente.
O Espírito Miramez enfatiza: Ler o Evangelho superficialmente é o mesmo que comer um bom pedaço de bolo sem fome, perdendo o seu verdadeiro saber. Importa que o conheçamos em espírito e verdade, para o nosso próprio bem.” [16]   
Para nós, o que deve vigorar, portanto, é a superioridade do Evangelho vivido sobre o Evangelho interpretado. Na prática, é mais fácil ler e julgar entender os ensinamentos de Jesus, do que exercitá-los e, realmente, assimilá-los no dia a dia, aprimorando nossas qualidades morais. Poucos, verdadeiramente, conhecem o poder transformador do Evangelho; talvez o  conheçam na teoria, sem, no entanto, tê-lo provado na prática, pois a prática exige a ação de que a leitura prescinde.
“Os Evangelhos são o roteiro das almas, e é com a visão espiritual que devem ser lidos” [17]

Silvia Helena Visnadi Pessenda
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 [1] KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 195. ed. Araras, SP: IDE, 1996. Introdução.
 [2] EMMANUEL (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). A caminho da luz: história da civilização à luz do espiritismo. 29. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2002. Cap. XIV.
 [3] EMMANUEL (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Seara dos médiuns. 5. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. Cap. III.
 [4] EMMANUEL (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Renúncia. 5. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. Cap. III.
 [5] EMMANUEL (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Entender conversando. Organização e Notas de Hércio Marcos Cintra Arantes. 8. ed. Araras: Ide Editora, 1995. p. 32
 [6] [KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 195. ed. Araras, SP: IDE, 1996. Introdução.
 [7] ANDRÉ LUIZ (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Os mensageiros. 33. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1999. Cap. 11.
 [8] SIMONETTI, Richard. Atravessando a Rua. 15. ed. Araras: Ide Editora, 1998. Cap. 4
 [9] EMMANUEL (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Seara dos médiuns. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. Cap. 72.
 [10] ANDRÉ LUIZ (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Missionários da luz. 31. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1999. Cap. 3.
 [11] EMMANUEL (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Seara dos médiuns. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. Cap. 31.
 [12] EMMANUEL (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). O Consolador. 16. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1993. p. 210.
 [13] EMMANUEL (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Entender conversando. Organização e Notas de Hércio Marcos Cintra Arantes. 8. ed. Araras: Ide Editora, 1995. p. 88.
 [14] ANDRÉ LUIZ (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). No mundo maior. 20. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. Cap. 15.
 [15] ÂNGELIS, Joanna de (espírito); FRANCO, Divaldo Pereira (psicografado por). Diretrizes para o êxito. 2. ed. Salvador, BA: Livraria Espírita Alvorada, 2004. p. 184.
 [16]  MIRAMEZ (espírito); MAIA, João Nunes (psicografado por). Alguns ângulos dos ensinos do mestre. 5. ed. Belo Horizonte, MG: Editora Espírita Cristã Fonte Viva. p. 44.

 [17] EMMANUEL (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). O Consolador. 16. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1993. p. 321.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

QUE É AFETIVIDADE?!


No que consiste a afeição?
Em nossa essência, existe instalada a necessidade de afeto?
A troca de afetos é fator estimulante do progresso?
Por que a repressão de nossa afetividade gera desequilíbrios?
Somos plenamente afetivos, afetuosos?
Por que a aspiração pelo amor causa medo em inúmeras pessoas?
Defluente da lei natural da Vida, a afetividade é sentimento inato ao ser humano em todos os estádios do seu processo evolutivo.
Esse conjunto de fenômenos psicológicos se expressa de maneira variada como alegria ou dor, bem-estar ou aflição, expectativa ou paz, ternura ou compaixão, gratidão ou sofrimento...
Embora no bruto se manifeste com a predominância da posse do instinto, aprimora-se à medida que a criatura alcança os patamares mais elevados da razão, do discernimento e do amor.
Mesmo entre os animais denominados inferiores; vige a afetividade em formas primárias que se ampliarão através do tempo, traduzindo-se em apego, fidelidade, entendimento, como automatismos que se fixaram por meio da educação e da disciplina.
Não obstante os limites impostos pelos equipamentos cerebrais, em alguns é tão aguçada a percepção, que o instinto revela pródromos de inteligência, que são também expressões de afeto.
No ser hominal, em face dos valores da mente, o sentimento desata a emoção, e a afetividade exterioriza-se com mais facilidade.
Imprescindível à existência feliz, por intermédio do tropismo do amor, desenvolve-se e enternece-se, respondendo pelas glórias da sociedade, pelo progresso das massas, pelo crescimento da consciência e pela amplitude do conhecimento.
Na raiz de todo o empreendimento libertador ou de todo empenho solidário, encontra-se a afetividade ao ideal, à pessoa, à Humanidade, estimulando, e, quando os desafios fazem-se mais graves, ei-la amparando o sentimento nobre que não pode fenecer e a coragem que não deve enfraquecer-se.
No começo, é perturbadora, por falta de discernimento do indivíduo a respeito do seu significado especial. No entanto, quando se vai fixando nos refolhos da alma, torna-se abençoado refrigério para os momentos difíceis e estímulo para a continuação da luta.
Sem ela a vida perderia o seu significado, tão eloquente se apresenta na formação da personalidade e da estrutura psicológica do homem e da mulher.
A afetividade proporciona forças que se transformam em alavancas para o progresso, alterando as faces desafiadoras da existência e tornando a jornada menos áspera, porque se faz dulcificada e esperançosa.
Ninguém consegue fugir-lhe à presença, porque, ínsita no Espírito, emerge do interior ampliando-lhe na área externa e necessitando de campo para propagar-se.
A afetividade é o laço de união que liga os indivíduos por meio do sentimento elevado e os impulsiona na direção do Divino Amor. [1]
A afeição, segundo definição, é um “sentimento de carinho, de ternura por algo ou alguém”. [2] Corroborando as palavras de Joanna de Ângelis, quando diz que “a afetividade é sentimento inato ao ser humano em todos os estádios do seu processo evolutivo”, em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, temos que o amor é de essência divina e todos nós, indistintamente, carregamos “no fundo do coração a chama desse fogo sagrado.” E tal fato pode ser constatado, muitas vezes, naquele indivíduo, que, por mais abjeto, vil e criminoso que seja tem por um ser, ou por um objeto qualquer, uma afeição viva e ardente, à prova de tudo que tendesse a diminuí-la, e atingindo, frequentemente, proporções sublimes.  
(...) Mas, qualquer coisa que façam, não saberão sufocar o germe vivaz que Deus lhes depositou nos corações, na sua criação; esse germe se desenvolve e engrandece com a moralidade e a inteligência, e, ainda que comprimido pelo egoísmo, é a fonte de santa e doces virtudes que fazem as afeições sinceras e duráveis, e vos ajudam a transpor a rota escarpada e árida da existência humana. [3] 
Em nossa essência existe a necessidade de afeto, ou seja, das experiências de carinho e de ternura que possamos ter para com o mundo à nossa volta. Amar, bem como sentir-se amado e respeitado, representa, desse modo, a convergência de todos os objetivos humanos. No entanto, muitos são os indivíduos que enganam a si mesmos, acreditando que estão buscando, em primeiro lugar, a sabedoria, o dinheiro ou o poder.
A troca de afetos é também fator estimulante de progresso. Sem esse compartilhar “a vida perderia o seu significado, tão eloquente se apresenta na formação da personalidade e da estrutura psicológica do homem e da mulher.” [1]
Por isso, proibir, reprimir ou mesmo restringir as mais variadas manifestações da afetividade somente tem o poder de desviá-la para alternativas que, na maioria vezes, acabam em desequilíbrios. Porque é o conjunto de nossos afetos – ou seja, a nossa afetividade – que caracteriza a conduta de cada um de nós, expressando-se nos sonhos e desejos, nas expectativas, nas palavras, nos gestos...
Em razão do atual estágio evolutivo da humanidade, a vida afetiva ainda é caracterizada por dois sentimentos bastante antagônicos, o amor e o ódio, e estão sempre presentes na vida psíquica de cada um de nós, de modo mais ou menos integrado. É nesse sentido que de Ângelis afirma que esse conjunto de fenômenos psicológicos – a afetividade – manifesta-se através das polaridades positiva e negativa, ou seja, na alegria e na dor, no bem-estar e na aflição, na ternura e na compaixão, na gratidão e no sofrimento. Em outro momento de suas considerações, ela ensina:
Quando se pode entender e se tem olhos de ver, é possível distinguir a afetividade nos mais variados sentimentos humanos, a saber:
O egoísmo é a afetividade a si mesmo;
O ressentimento é a afetividade egoísta que não foi comprazida;
A bondade é a afetividade que se expande;
O ciúme é a afetividade insegura e possessiva;
O trabalho é a afetividade ao dever;
O ódio é a afetividade que enlouqueceu;
O auxílio fraterno é a afetividade em ação;
A vingança é a afetividade que enfermou;
A preguiça é a afetividade adormecida;
O amor é a afetividade que se sublima;
A caridade é o momento máximo de afetividade... [1]
Tais palavras nos levam a refletir sobre a nossa capacidade de sermos afetivos, afetuosos.
Será que já podemos sair de nós mesmos, dos nossos conflitos e bloqueios, de modo a oferecer à outra pessoa, seja ela quem for uma atenção, uma consideração, um carinho a mais, sem que ela nos peça ou mesmo esteja esperando por isso?
Jason de Camargo enfatiza:
 Dar e receber afeto estão entre as necessidades fundamentais do ser humano. O afeto representa aquele tipo de energia que chega a nós como uma mensagem silenciosa de carinho. No geral, as pessoas que têm dificuldades em receber ou dar carinho é porque possuem bloqueios psíquicos na área da afetividade. Muitas vezes as rejeições afetivas, o desgosto sofrido no passado por pessoas a quem se estimava, as desconfianças demasiadas e outros problemas psicológicos têm levado as pessoas a sofrerem a perda desse contato de capital importância na vida de relações. [4]
A realidade é que a maioria dos indivíduos sofre por questões afetivas, muitas vezes, transformando sua vida numa sucessão de experiências dolorosas pela falta de habilidade para viver em harmonia com os demais. Desse modo, a busca pelo autoconhecimento e a percepção de si mesmo favorecerá a conscientização de que essa inabilidade é a principal responsável pela sensação de vazio interior. Ademais, a solidão somente existe para quem se sente só, mesmo estando rodeado de circunstâncias diversas, capazes, portanto, de propiciarem variadas realizações e satisfações.
O espírito Hammed atesta:
Por não admitirmos nossa incapacidade de amar verdadeiramente, é que permanecemos desestimulados e conformados a viver uma existência com fronteiras bem limitadas na área da afetividade[5]
Amar não significa esperar que alguém nos satisfaça todos os anseios e necessidades que cabe só a nós satisfazer. [6]
 A busca pelo amor é legítimo e saudável, bem como estimula, em cada um de nós, o despertar da inteligência e dos potenciais inatos, a fim de crescermos tanto nos campos da religião, do conhecimento, da ciência, como em outros tantos setores do desenvolvimento humano. A afetividade responde “pelas glórias da sociedade, pelo progresso das massas, pelo crescimento da consciência e pela amplitude do conhecimento.” [1]
No entanto, a aspiração pelo amor causa em inúmeras criaturas uma sensação de inadequação, de medo. E, por esse motivo, elas reprimem sua afetividade, voluntária ou inconscientemente, acreditando que o desejo de amar possa representar motivo de fraqueza, de vergonha ou mesmo de submissão. Tais criaturas, por apresentarem um íntimo inseguro e imaturo para a doação – isso porque a afetividade implica em doação e entrega –, são arredias e apresentam, de maneira geral, dificuldades para estabelecer contatos afetivos. Não apenas são de difícil sociabilidade, como também não sabem expressar seus sentimentos, desejos e necessidades.
Existem aquelas também que somente se unem a outras por medo de ficarem sozinhas. Dessa forma, a busca do amor é mascarada pela necessidade de se sentirem amparadas e cuidadas.
Outras, para compensarem sua insatisfação no campo da afetividade, trabalham incessante e exaustivamente, aspirando à aprovação alheia de tudo o que fazem ou acreditam. Querem ser compreendidas, parecerem perfeitas e importantes, impressionarem as pessoas. Em suma, é o anseio de ser plenamente aceita pelos demais, custe o que custar.
Em outros casos, a afetividade é dirigida apenas à determinada pessoa ou grupo de pessoas (filhos, pais, amigos etc), mas de forma excessiva e compensatória. Com isso, sobrecarrega-se a relação, exigindo do outro mais do que ele pode oferecer em termos de manifestações afetivas, carinho, atenção ou – até mesmo! – obediência.
Não rara, então, é a confusão entre amor e poder. Vários comportamentos são justificados como manifestações de amor, quando, na verdade, o que os motiva é o desejo de controle e de poder. É óbvio que todos esperamos ser correspondidos quanto ao afeto que oferecemos, mas isso nem sempre é possível. Quando as expectativas não se encontram bem ajustadas, doar em excesso, quase sempre, significa cobrar em demasia. Dessa forma, as desilusões afetivas, de modo geral, são ocasionadas pelas ilusórias expectativas que se cria em torno dos relacionamentos.
Em razão de a troca de afetos aprimorar-se à medida que a criatura alcança “patamares mais elevados da razão, do discernimento e do amor” [1], a autêntica afetividade também se encontra associada a um consistente amadurecimento espiritual. Assim, aquela que a possui caracteriza-se pela amorosidade, caridade, generosidade e benevolência, porque seus contatos acontecem em todos os níveis, com todas as pessoas, independente de sexo, idade ou qualquer outra discriminação, propiciando crescimento, sobretudo, àqueles que com ela convive.
Segurança, alegria e sucesso na vida estão diretamente relacionados à capacidade de se estabelecer conexões afetivas caracterizadas pelo comprometimento e desapego. Nessa direção, as palavras finais de Joana de Ângelis são as seguintes:
Em qualquer circunstância libera a tua afetividade desencarcerando-a,  a fim de que se expanda e beneficie os demais.
A afetividade é portadora de especial conteúdo: quanto mais se doa, mais possui para oferecer.
É rica, infinitamente possuidora de recursos para expender.
Jamais te arrependas por haveres sido afetuoso.
Não te facultes, porém, uma afetividade exigente, que cobra resposta, que se impõe, que aguarda retribuição.
Atinge o elevado patamar emocional da afetividade que se esquece de si mesma para favorecer a outrem, conforme Jesus a viveu, sem apego nem decepção, por não haver recebido compensação.
A afetividade se completa no próprio ato de expandir-se. [1]
Amor Sempre
 “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Mt 22:39
O amor é a emoção máxima que o ser humano consegue sentir no atual estágio de evolução em que se encontra. Ao reafirmar a regra áurea bíblica, o Cristo nos trouxe a certeza de que, por enquanto, nenhum outro sentimento se sobrepõe ao amor.
O próximo mais próximo de nós é a personalidade interna e oculta em nosso íntimo, que nos exige atenção e equilíbrio. Isso não se constitui em justificativa para nos isolarmos das pessoas com as quais estejamos em relação direta. O próximo com quem nos relacionamos externamente terá sempre primazia em relação ao “próximo” interno.
O como a ti mesmo significa a necessidade de nos amarmos como somos a fim de podermos entender o amor ao próximo. Só verdadeiramente ama o próximo quem se conhece o suficiente para não realizar projeções enganosas.
(...) Podemos tomar a afirmação acima num sentido psicológico estabelecendo que o amor a si mesmo predisponha a mente a permanecer num estado de consciência que permite a compreensão da totalidade à sua volta. Amar a si mesmo é entrar em contato com sua essência íntima, assumindo-se como ser no universo, responsável total e de forma consciente pelos próprios atos, sem transferir sua responsabilidade para terceiros. É a consciência de ser deus e ter Deus em si mesmo.
Psicologicamente, é mais sensato entregar-se à busca do amor universal do que do amor particular. Enquanto este traz predisposições momentâneas e se presta facilmente às projeções, aquele capacita à vida eterna e elimina projeções inconscientes.
(...) O amor ao próximo não se resume ao sentimento de afeição e ternura que temos para com um companheiro ou companheira, para com um parente ou alguém especial em nossa vida. Ele extrapola os limites da consanguinidade e da sexualidade. O amor ao próximo é o amor indiferenciado, sem face nem rótulo, sem restrições, sem bandeira e sem países. É o amor à Vida em toda sua plenitude. É aquele que se tem ao ser humano na sua humanidade e que possibilita a percepção da obra de Deus através dele mesmo.
(...) Esse sentimento de amor para consigo mesmo serve, ao mesmo tempo, para permitir à mente um estado de paz e felicidade, como também para uma espécie de autoterapia preventiva dos estados psíquicos que impedem o bom desenvolvimento da personalidade. Amar alguém como a si mesmo garante, do ponto de vista psíquico, clareza nas percepções dos próprios processos conscientes e, principalmente, inconscientes.
Quando realizamos projeções, isto é, quando notamos, de forma inconsciente, nos outros, características de personalidade que são nossas, não nos damos conta de que a simpatia ou antipatia que nutrimos por aquela pessoa se refere a nós mesmos. Por este ângulo, quem ama ou detesta alguém, o faz a si mesmo. Amar o próximo como a si mesmo pressupõe que as duas atitudes estão intrinsecamente relacionadas. Quanto mais amo o próximo, indistintamente, mais a mim mesmo amo. Quanto mais amo a mim mesmo, sem exagero narcisista, mais sou capaz de amar meu semelhante.
Do ponto de vista psicológico, amar o próximo como a si mesmo é predispor-se ao equilíbrio psíquico e à possibilidade de trabalhar seus conteúdos emocionais, desta ou de outras encarnações, com a certeza de que será bem sucedido no intento.
(...) Amar o próximo como a si mesmo é permitir a manifestação de Deus em nós. [7]
  
Silvia Helena Visnadi Pessenda

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] ÂNGELIS, Joanna de (espírito); FRANCO, Divaldo Pereira (psicografado por). Diretrizes para o êxito. 2. ed. Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada, 2004. Cap. 26.
[2] iDicionário Aulete. Disponível em: <http://aulete.uol.com.br/afeicao>. Acesso em: 31.10.2012.
[3] KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 195. ed. Araras, SP: IDE, 1996. Cap. 11. Item 9. p. 147.
 [4] CAMARGO, Jason de. Educação dos sentimentos. 5. ed. Porto Alegre: Letras de Luz, 2003. Cap. 4. p. 78.
 [5] HAMMED (espírito); SANTO NETO, Francisco do Espírito (psicografado por). Espelho d’água. 1. ed. Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 2001. p. 88.
 [6] ______. Os prazeres da alma. 1. ed. Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 2003. Cap. “Afetividade”. p. 51.
 [7] NOVAES, Adenáuer. Psicologia do evangelho. 2. ed. Salvador, BA: Fundação Lar Harmonia, 2001. Cap. 11. NOVAES, Adenáuer. Evangelho e família. 1. ed. Salvador: Fundação Lar Harmonia, 2002.