O QUE É O UMBRAL?
A
ideia do Umbral sempre provocou fascínio entre os espíritas e não espíritas.
Desde que o médium Francisco Cândido Xavier revelou pela primeira vez a
existência do Umbral na obra Nosso Lar, em 1944, muitas pessoas vêm procurando
mais e mais informações a respeito. Umbral pode ser definido como uma zona ou
região cósmica onde se encontram, por afinidade e sintonia, espíritos que estão
presos aos resultados de suas próprias ações, emoções e pensamentos negativos.
É
onde se reúnem desencarnados que não conseguem se libertar de muitas emoções,
como mágoa, ressentimento, ódio, revolta, ambição, apego, angústia, dor, luto,
decepção, frustrações, etc.
É
preciso deixar claro que o umbral não é uma região situada no espaço, mas sim
uma zona mental, de consciência, que é criada e construída psíquica e
emocionalmente pelos espíritos que nele se encontram. É um plano extremamente
negativo, com variados graus de densidade, que vão do mais denso ao menos
denso. Não se trata de uma área geográfica, de algo delimitado espacialmente.
Trata-se, antes de tudo, de criações mentais coletivas de grande desarmonia.
Para
o Umbral vão espíritos cuja frequência é muito baixa; espíritos que cometeram
erros terríveis em vida ou que se desgarraram em paixões, vícios, sexo, drogas,
perversões, maldades e toda sorte de qualidades inferiores, como orgulho,
egoísmo, vaidade, medo, tristeza profunda, dentre outros. Os espíritos vão para
o chamado umbral não porque alguém os enviou para esta zona, mas por que com
sua sintonia, com a ressonância de seus pensamentos, emoções e intenções, eles
são automaticamente atraídos para as camadas de consciência de suas simpatias e
inclinações.
Diz
o espírito André Luiz em Psicografia de Chico Xavier:
“O
plano está repleto de desencarnados e de formas-pensamentos dos encarnados,
porque, em verdade, todo espírito, esteja onde estiver, é um núcleo irradiante
de forças que criam, transformam ou destroem exteriorizadas em vibrações que a
ciência terrestre presentemente não pode compreender. Quem pensa, está fazendo
alguma coisa alhures. E é pelo pensamento que os homens encontram no umbral os
companheiros que afinam com as tendências de cada um. Toda alma é um imã
poderoso (…)”
Aqui
o espírito André Luiz deixa claro que o pensamento, ou a consciência do espírito
se irradia criando o ambiente que ele vai viver, e esse cenário externo,
projetado por ele mesmo; é quase sempre sombrio, degradante, odioso e sofrido.
Dessa
forma, compreendemos como, após a morte, os pensamentos têm a capacidade de
criar formas externas, que se assemelham a coisas físicas, porém de matéria
etérea. Essas são as formas-pensamentos, muito conhecidas no esoterismo. Como
disse Edgar Cayce: “Pensamentos são
coisas”.
Isso
significa que nossas criações mentais coletivas podem gerar espaços subjetivos
onde futuramente estaremos vivendo após a morte, quando todos os laços físicos
forem rompidos e sobrar apenas a realidade de nossas criações mentais.
No
entanto, é preciso esclarecer que os espíritos permanecem no Umbral apenas
temporariamente. Na concepção do inferno cristão, dogma sustentado até hoje
pela igreja católica e pelas igrejas protestantes, as almas que vão para a zona
infernal ficam lá para sempre, por toda a eternidade, sem possibilidade de
redenção, arrependimento, etc. Para muitos, essa ideia é contrária à
misericórdia divina, que sempre dá ou deveria dar novas oportunidades aos seus
filhos. Por isso, na visão espírita, o umbral é uma zona de consciência onde os
espíritos não estacionam para sempre, mas apenas por um determinado período.
Esse tempo não é o mesmo para todos os espíritos. Ele varia de espírito para
espírito, dependendo dos erros que cometeu, dos vícios que ele mergulhou, do
quanto agrediu, matou, estuprou, ofendeu ou prejudicou de diversas formas seus
semelhantes. Por outro lado, no Umbral também existem espíritos presos a mágoa,
raiva, angústia, depressão, etc. Essas almas não conseguem se desprender dessas
tendências negativas, que criam um verdadeiro “inferno” em suas consciências.
Vamos
dar alguns exemplos para que isso fique mais claro. Um espírito pode ficar um
determinado tempo no umbral até se desprender da mágoa que sente de uma pessoa
que a traiu em vida. Essa mágoa pode baixar sua vibração e leva-lo a se
sintonizar com essa região cósmica de consciência para onde vão espíritos que
também sentem mágoa de seus desafetos. Há muitos espíritos que vão ao umbral
porque não conseguem perdoar aqueles que lhes fizeram mal. Em outro caso, uma
pessoa pode ir ao umbral pela raiva que sente de alguém que a matou, que
“tirou” a sua vida. Mal essa alma sabe que sua vida não foi tirada, mas sim que
ela continua viva em outro plano de existência.
Algumas
pessoas podem ir ao umbral pelo abuso que fazem de entorpecentes de diversos
tipos. André Luiz acabou indo ao Umbral pelo abuso que fazia do cigarro, que
foi considerado um “suicídio inconsciente” pela espiritualidade superior. Além
disso, ele era um médico arrogante e muito voltado para si mesmo, o que fez com
que sintonizasse com a zona umbralina correspondente a esse tipo de vibração.
Agora
vamos esclarecer um ponto importante. Como já dissemos, o umbral, ao contrário
do inferno católico, é um “local” apenas de passagem. Mas poucas pessoas sabem
que o umbral tem uma característica muito importante: ele é uma zona de purgação.
Essa ideia pode surpreender alguns, mas quando meditamos em sua essência,
reconhecemos que ela faz todo sentido. Isso significa que os espíritos que se
sintonizam com o umbral permanecem nele até purgar de dentro de si toda a
negatividade que adquiriram no mundo. Eles precisam se purificar, ou seja,
realizar essa limpeza em suas energias, para que possam ascender aos planos
mais elevados da espiritualidade. Caso os espíritos não consigam se purificar
no umbral, eles devem lá perdurar até conseguirem a libertação de todas as
mazelas humanas que impedem sua entrada nos portões dos planos sutis.
Por
exemplo, quando sentimos mágoa de uma pessoa que nos fez mal, essa mágoa
permanece dentro de nós, e fica constantemente voltando ao nosso pensamento, as
vezes de forma obsessiva, até que consigamos nos livrar dela e perdoar. O mesmo
ocorre no umbral: um espírito que foi prejudicado por outro e sente muita
raiva, deverá permanecer no umbral sentindo essa raiva até conseguir se
libertar dela e perdoar, ou ao menos diminuir o grau desse sentimento. Ao
contrário da Terra, onde temos um corpo físico que abafa nossa natureza
espiritual, os espíritos são livres e manifestam exatamente o que são de forma
muito mais ativa e intensa.
Por
esse motivo, se um espírito desencarna com raiva de alguém, essa raiva pode
permanecer com ele e será muito mais forte comparado ao que era durante sua
estada na Terra. Ele sentirá cada aspecto do seu ser fervilhar de raiva daquele
que o prejudicou, e essa raiva queimará dentro dele até que ele consiga se
desprender dela. O processo funciona mais ou menos assim: o espírito vai
repetindo suas emoções, ecoando seus pensamentos de ódio, mágoa, repulsa, culpa
etc. até, finalmente, conseguir a libertação deles. Ele vai repetindo as
emoções e as situações que o prendem até esgota-las e se livrar delas. Assim
que ele se desapega de tudo, ele pode ascender ao plano espiritual mais elevado
e ir a uma região cósmica que corresponde ao adiantamento de sua alma até a
vida atual.
Dessa
forma, fica claro que o Umbral, antes de tudo, é um local de purgação, onde são
purificadas as nossas imperfeições humanas, para que o espírito que somos possa
se manifestar mais livremente e ascender aos planos superiores. É como se o
espírito fosse a água e as impurezas do nosso ser uma lama misturada a essa
água. Quanto mais impureza precisa retirar da água, maior a previsão de tempo
que ficaremos no umbral. A água precisa se tornar o mais pura possível para que
possa desaguar no mar espiritual de pureza. Dessa forma, podemos dizer que o
Umbral é uma espécie de filtro cósmico, onde se deve despojar toda a lama dos
nossos apegos, ódios, vício, erros, culpa, sofrimento, etc.
O
Umbral é, sem engano, apenas um local de passagem, uma antessala que nos conduz
aos planos celestes.
Algumas
pessoas podem perguntar: mas o que eu posso fazer para evitar minha ida ao
umbral?
A
resposta a essa pergunta é bem simples e até óbvia: cada pessoa deve resolver,
durante a sua vida, todas as suas pendências humanas. Isso significa que,
aquele que tem raiva de alguém, deve perdoar e se libertar dessa raiva; aquele
que se sente culpado por um erro que cometeu, perdoe-se e se liberte da culpa.
Aquele
que tem rixas com seus familiares e nutre sentimentos inferiores, resolva essas
brigas, e transforme o ódio no amor. O plano divino nos concede, na Terra, a
oportunidade desses resgates com nossos irmãos humanos. No caso do desencarne
sem que certos assuntos estejam bem resolvidos, podemos ficar um período mais
ou menos longo no umbral até que nossa purificação se complete. Portanto,
qualquer briga, conflito, raiva, mágoa, vício, apego, sofrimento, etc., deve
ser resolvido ainda em vida, agora, nesse momento…
É
claro que nem toda briga nos levará ao umbral, mas apenas aquelas que nos
marcaram mais profundamente e nos deixaram com sentimentos negativos mais
profundos. No entanto, para que possamos fazer com tranquilidade nossa passagem
ao plano espiritual, vamos tratar de resolver tudo o que nos prende à matéria e
aos sentimentos inferiores da alma humana.
Há
um ditado popular que diz: “Não deixe para amanha o que você pode fazer hoje”.
Há também uma máxima espiritual que diz:
“Não
deixe para depois da morte o que você pode resolver durante sua vida”.